Heartbeat escrita por Ana


Capítulo 5
Without internet


Notas iniciais do capítulo

Vamos a mais um capítulo.
Perdoem os erros que passam despercebidos e boa leitura!



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Naquela manhã Henry acordou mais cedo do que a sua mãe, animado e pulando em um pé e outro no quarto dela, pedia que ela se levantasse, porque não queria chegar de jeito nenhum atrasado na aula.

— Você ao menos dormiu, Henry? — perguntou preguiçosa, enquanto se espreguiçava sob os lençóis e esfregava os olhos.

— Sim! Muito! — falou eufórico, para depois pular em cima da cama e ficar olhando para ela com aqueles olhos amendoados sempre tão afetuosos. Regina não resistia a eles.

— Tinha formigas na sua cama, heim? — saiu das cobertas e o garrou, fazendo cócegas e enchendo de beijos. — Hum? Tinha muitas formigas nela?

— Ai, mamãe, você vai arrancar a minha bochecha? — passou a mão no rosto depois de Regina ter dado uma mordida de leve na bochecha dele.

— Isso é por você ter me acordado tão cedo. — falou fingindo estar brava. — E já que você está acordado, banho, já para o chuveiro mocinho.

No café da manhã, Henry mastigava como uma máquina, se é que estava realmente mastigando.

— Henry, a comida não vai correr de você, ela vai continuar no seu prato.

— É que eu tô com fome, mãe, muita fome. — falou com a boca cheia.

— Você vai acabar se engasgando, isso sim, se não começar a comer direito. E engole primeiro para poder falar — a sobrancelha esquerda erguida era um claro sinal de aquela era uma ordem.

Mastigou devagar o restante da comida que estava em sua boca e a engoliu com ajuda do leite com achocolatado no seu copo de canudo do Hulk.

Abriu a boca e colocou a língua para fora dizendo "Ah".

— Eu já posso falar? — mesmo já estando falando, perguntou.

— Pode sim. — sorriu e sorveu o líquido preto e forte da sua xícara depois de uma mordida em sua torrada.

— É que a gente não pode chegar atrasado hoje, mamãe. — colocou o copo na mesa e gesticulou com as suas mãozinha de modo a fazer com que a sua mãe realmente lhe entendesse.

— Isso eu já entendi, mas o que você ainda não entendeu, é que graças a você, mocinho, nós acordamos bem mais cedo, então nós não vamos nos atrasar.

— Não?

— Não, filho.

Quando saíram de casa, Henry disparou na frente, correndo no corredor entre os apartamentos, puxando a sua mochila de rodinhas e a lancheira batendo nas costas. Impaciente, ficou apertando o botão do elevador até que ele chegasse no andar.

Caminhando atrás, Regina ria, qualquer semelhança entre os dois, certamente não era mera coincidência.

— Porque tanta pressa de chegar na creche hoje, Henry? — perguntou olhando para o filho pelo retrovisor do carro. Ele estava preso na cadeirinha.

— Porque eu quero ver os meus amigos. — respondeu como se aquela fosse uma resposta óbvia.

— Ah, agora eu entendi. Então quer dizer que você já fez muitos amigos na creche? — ela ficava feliz por saber daquilo, já que uma das suas maiores preocupações era a adaptação dele na escola nova. — Acho que o Roland vai ficar com ciúmes.

— Sim, eu fiz sim — falou orgulhoso — e o nome dela é Violet.

— O que? — olhou para trás quando parou em um sinal vermelho. — Mas eu achei que eram amigos!

— Mas ela é a minha amiga, mamãe.

— Okay, mas tem mais amigo além da Violet?

— Tem o Philip, e a Lucy, e a Alex, e o Bael. — ia contando nos dedos da mão. — E a Violet.

— Henry, Henry... — o sinal abriu ficando verde e eles saíram.

Quando chegaram ao prédio da revista, assim que entraram, Henry soltou da mão de Regina e correu até as portas da creche, onde uma das professoras o recepcionou e desejou um bom dia.

Ele se soltou tão rápido, que Regina nem ao menos teve tempo de lhe dar um beijo e desejar uma boa aula. Ficou de pé no meio do hall, vendo ele se afastar dos seus braços e entrar na creche, e lá dentro, se encontrou com uma garotinha de cabelo comprido e castanho escuro, com duas tranças caindo em seus ombros. Observou eles conversarem alguma coisa e depois caminharem para sala de aula com a professora.

A musiquinha ambiente que tocava no elevador quando Regina entrou nele para subir para revista, não dava nenhuma pista do que acontecia no andar da redação.

Quando entrou no andar, uma Belle muito ansiosa veio ao seu encontro.

— Nós estamos sem internet. — disparou afobada.

— O que? Como assim sem internet?

— Não tem internet e nenhum lugar do prédio, já conferi na portaria, na creche e nas prensas. Não temos internet.

— Mas nós íamos começar a finalizar a edição semanal hoje... — contraiu os lábios e fechou as mãos com força — Nós podemos atrasar o número! — Não, não posso atrasar a minha primeira edição como editora chefe. — Eu vou ligar agora mesmo para o fornecedor de internet, o Gold me deixou o número de fornecedores e tudo mais, inclusive o de lá.

— Não acha melhor ligar para ele, para o Gol... O senhor Gold?

Regina encarou Belle, Ela está mesmo achando que eu não tenho a capacidade nem de ligar para uma empresa de internet? Olhando mais um pouco para a jovem, percebeu que ela realmente estava preocupada com a situação da revista e só queria ajudar, e era Regina quem estava acostumada a estar sempre na defensiva, bem antes de começar a trabalhar ali.

— Não, Belle, não é necessário, eu não vou incomodar o Gold só com um problema de internet. Eu vou ligar agora para o fornecedor, avisar que estamos sem internet e pedir que venham o quanto antes.

Regina se retirou para sua sala, onde buscou na agenda que Gold tinha lhe deixado com números importantes, procurava o número da internet, que estava anotado em um post-it verde na contracapa da agenda.

— Bom dia, eu estou ligando da revista Gold’s Magazine para avisar que nós estamos sem internet.

— Você é a contratante?

— Não, mas sou editora chefe e responsável pelo lugar. Você pode olhar aí e me dizer qual é motivo dessa falta de internet?

— Bem, senhora, ninguém mais ligou reclamando desse mesmo problema, mas vou checar aqui no nosso sistema... — Regina permaneceu na linha enquanto ouvia o som de botões de teclados serem pressionados. — Então, é como disse antes, o nosso sistema diz que está sendo mandado internet para o bairro, não é nenhum problema com o nosso gerador, e ele também diz que o pagamento do nosso serviço também está em dia...

— E porque que nós estamos sem internet?

— Para isso, eu vou estar direcionando um atendimento técnico para aí, para checar a fiação ou ver se não é um problema no roteador principal do prédio.

— E quanto tempo isso vai demorar?

— Logo encaminharemos os técnicos, não se preocupe. 

— Okay!

Permaneceu em sua sala mexendo no computador, vendo quais os arquivos que estavam salvos na memória do PC e que ela poderia trabalhar em cima, mas a maioria já tinha sido editada, e a programação daquele dia era receber os que faltavam e montar a edição propriamente dita. Respirou fundo massageando as têmporas, não era técnica, e o que estava ao seu alcance já tinha sido feito, e aproveitando o tempo ocioso, começou a anotar à mão em seu planner algumas ideias que tinha tido para edição da Gold’s Magazine para o dia da mulher, a edição que seria realmente sua, do início ao fim.

Anotou os nomes de possíveis mulheres para serem entrevistadas, pautas que a revista abordaria, militância feminina, feminismo, sororidade, local de fala, igual idade de gênero e muitos outros. Não queria que a edição desse ano fosse encoberta por um véu cor de rosa e lilás, o mundo não era esse, em especial o feminino, que era muito mais negro do que as propagandas e núncios felizes mostravam. No final da folha anotou “#nãoéminhaobrigação”.

Quando terminou os seus devaneios criativos, subiu a manga do seu blazer para olhar as horas no relógio de pulso e viu que boa parte da manhã tinha se passado. Tentou acessar a guia inicial do google, mas tudo que apareceu na tela foi um dinossauro e “você está off-line”.

Saiu do seu escritório e foi a recepção na entrada, para saber como as coisas estavam por lá e na redação, e o que encontrou por ali era quase um pandemônio.

Ruby, Killian, Kristin e outros redatores falavam alto e gesticulavam exasperados, o que só se intensificou quando Regina se aproximou.

— Regina, não dá para os redatores enviarem os textos para você e nem para mim, também não dá para imprimir, não tem internet para mandar os arquivos paras as impressoras para você ler poder eles impressos. — Ruby nem ao menos esperou ela chegar onde eles estavam, foi falando e caminhando na direção dela. — E também não dá para usar os programas de correção.

— Ruby, eu já... — começou a dizer, mas foi interrompida por Killian.

— Como que eu vou terminar os textos das minhas reportagens, love? Está tudo salvo na nuvem, e não tem como fazer o download!

— Olhem, eu não trabalho na empresa, e nem sou técnica de TI, mas como eu estava tentando dizer, liguei para o nosso servidor de internet assim que eu cheguei aqui hoje pela manhã.

— Mas daqui a pouco vai dar meio dia! — Kristin falou com a voz afetada e irritada. — Olha, se você queria o layout hoje, sinto muito informar, mas não vai dar — bufando, cuspiu as palavras em Regina — nem todas as ferramentas são off-line, só as mais básicas, e elas não servem para muita coisa, as de maior utilidade são online. Se quer que o design saia hoje, arranje internet.

— Quantas vezes você ligou, Mills? — Jekyll perguntou indiferente com as mãos nos bolsos da frente da calça, como se a falta de internet também não afetasse o seu trabalho.

Tinha saído de sua sala a tempo de ver todos encherem Regina de reclamações, e então aproveitou para se juntar e malhar o judas.

— Uma, e já deixei a empresa a par da situação.

— Uma? — indagou fingindo incredulidade — Você ligou só uma vez? Se fosse o Gold, já teria ligado ao menos umas cinco. Na última vez que faltou quem ligou fui eu, e eu não fiquei apenas sentado com as minhas pernas cruzadas esperando a boa vontade deles aparecerem. Você tem que ligar de novo, Regina. — falou como se fosse alguém dando um conselho, alguém que tivesse autoridade sobre ela.

Regina soltou o ar com força pelas narinas, mas mesmo com a nítida provocação no tom de voz de Jekyll, sabia que ele estava certo, tinha que ligar de novo, e dessa vez ser menos amigável.

Tirou o celular do bolso da frente da saia, e no registro de chamadas rediscou a última ligação feita. Com o celular no ouvido, enquanto chamava na linha, ela encarava Jekyll, que apoiado no balcão de Belle com Kristin ao seu lado, tinha um sorriso debochado nos lábios.

— Alô? Bom, eu liguei mais cedo avisando que nós da Gold’s Magazine estávamos sem internet, e isso já faz algumas horas. Nós trabalhamos com um sistema inteiramente wireless, o que você deve saber muito bem que quer dizer sem fio, e não datilografando página por página como devem achar que é feito, já que ainda não mandaram a assistência técnica.

— Senhora...

— É para isso que pagamos por um sistema caríssimo, para não termos o produto? A empresa tem meia hora para a aparecer aqui no prédio e resolver esse problema...

— Mas...

 — Ou, nem que passemos mais um dia sem internet, eu cancelo com vocês e contrato alguém que me ofereça um serviço melhor, e que não negligencie atendimento.

— Mas senhora, não estamos negligenciando ning...

— Meia hora. Passar bem. — bloqueou o celular e olhou para todos que piscavam meio atordoados pelo monologo dela com a atendente da internet. — Me chamem quando eles chegarem daqui a meia hora.

Virou de costas e voltou para a sua sala. Na redação, alguns funcionários tentavam fazer o que dava sem internet com os arquivos que estava na memória ram e não no drive, outras mesas estavam vazias e as portas das salas estava abertas ou entreabertas, menos uma, e desistindo de ir para o seu escritório, Regina caminhou até ela.

Com os nós dos dedos, bateu três vezes na porta, e sem nenhuma resposta vinda de dentro, abriu uma brecha na colocou a cabeça para dentro da sala, e uma música surpreendentemente alta atingiu os seus ouvidos.

— Swan? — a chamou

 Mexendo no notebook distraída e sentada atrás da mesa dançando no ritmo da música e cantando desafinada, Emma não percebeu que alguém a chamava.

Regina olhou para trás e viu que algumas pessoas olhavam para lá, com a porta aberta, a música podia ser ouvida na redação, então entrou e frechou a porta. Nesse momento percebeu que a música no estúdio de fotografia no dia anterior não era porque ajudava a descontrair os modelos, mas sim porque ela gostava de trabalhar daquela maneira, ouvindo música.

— Emma? — rindo da forma como ela trabalhava, chamou mais alto dessa vez, o que fez com ela quase caísse da cadeira pelo susto.

— O-oi. — baixou a música de pressa.

— Eu bati na porta, mas como você não respondeu, eu entrei. — se explicou.

— Tudo bem, eu... Foi a música. — esfregou a nuca.

— É, eu sei. Está trabalhando?

— Estou sim, estou fazendo uns ajustes necessários nas fotos.

— A internet não impediu o seu trabalho? — sem se sentar, apoiou as mãos no encosto da cadeira a frente da mesa de Emma.

— Não, eu não passei as fotos de ontem para a nuvem, ainda estavam todas nos cartões de memória das minhas câmeras, e os programas de photoshop que uso, todos funcionam off-lines. Consigo trabalhar em qualquer lugar.

— Que bom, ao menos alguém está conseguindo fazer alguma coisa aqui hoje.

— É, e além do mais, eu preferi ficar aqui do que ir crucificar você.

— Você viu?

— Nem precisei, é sempre assim que as coisas se desenrolam por aqui quando isso acontece, mas talvez, dessa vez, tenham feito com um pouco mais de drama por ser a sua primeira vez lidando com isso.

— Essa foi a minha prova de fogo? Meu rito de iniciação?

— Provavelmente. — riu — Já ligou para a empresa fornecedora?

— Já, e se for perguntar quantas vezes, duas, e também disse que se eles não mandassem logo os técnicos, eu cancelaria a internet com eles. — falou rápido, o que fez com Emma lembrasse da forma como Henry lhe contou o porquê de ter saído da creche, como um trem descarrilhando.

— Bom, levando em consideração quanto o Gold paga com a internet, eu teria mando alguém vi aqui no mesmo instante.

— Mas parece que eles não pensam da mesma forma. — suspirou. — Como está com as fotos?

— É... Não tem muitas coisas para corrigir, a não ser o de sempre. O anunciante não quer nem a sombra de estrias ou celulites nas fotos.

— E você está tirando tudo?

— Estou, quem manda é quem paga, e eu também estou mexendo no brilho e contraste, realçando as cores das peças. Quer ver?

— Uhum. — antes que Emma virasse o notebook para que ela pudesse ver, Regina caminhou e se postou atrás da cadeira de Emma, se apoiando ali e olhando por cima do ombro dela.

Um cheiro de cabelo recém lavado se apoderou do nariz de Regina, que precisou se controlar para não inspirar fundo o ar.

— Se eu não soubesse, não diria que você mexeu na foto. — a voz de Regina tão próxima do seu ouvido fez com que a boca de Emma ficasse seca, ao precisar puxar mais ar com a boca.

— Mas foram sim — olhou para trás e o seu olhar recaiu sobre o dela, que sorriu com o canto direito da boca, Emma sorriu de volta e voltou a sua atenção a tela do notebook. — Olha, consegue ver a diferença? — perguntou depois de clicar em um botão que revelava o “antes”, a foto não editada.

— Vejo diferença nas cores, estão mais vivas, você realçou elas, mas não vejo diferença nas celulites. Na verdade, não vejo nada disso.

— Espera para ver. — deu o zoom na cocha de uma das modelos do ensaio de lingerie e novamente apertou no botão do “antes”. — E agora?

Então Regina pôde ver as diferenças entre as imagens, a tratada e a crua, conseguia ver alguns buraquinhos e listras das estrias. Pessoalmente, nada daquilo lhe incomodava, nem nela e nem nos outros, mas sabia como funcionava aquela indústria.

— Depois de impressa, só daria para ver isso com uma lupa. — ironizou.

— Olha que mesmo depois das imagens tratadas, as pessoas ainda olham. — Regina riu pelo nariz e negou com a cabeça.

— Alguma da coleção militar com potencial para capa?

— Separei essas três, o cliente disse que prefere um casal. — colocou as três fotos uma do lado da outra.

— Quando a internet voltar, mandamos para o cliente. — disse saindo de trás da cadeira e se encostando de costas na mesa, ficando ao lado de Emma, que quando voltou a pegar o mouse sem fio, percebeu que as suas mãos suavam.

— Você trabalha aqui a muito tempo, Emma?

— Dois anos.

— Gosta daqui?

— Gosto do que faço, então eu... — Emma levantou a cabeça, e como se um ímã agisse sobre eles, os seus olhares foram atraídos um para o outro, mas dessa vez não houve risinho, só a compenetrância dos olhares trocados. — Eu ...

Eles eram verdes e vívidos, profundos e ainda sim acolhedores. Eram quase como se a convidassem; como se convidassem Regina para algo que ela sabia não estar pronta, e achava que jamais iria voltar a estar, mas mesmo assim não conseguia desviar o seu olhar do dela.

A mão de Emma saiu do mouse, e enquanto se olhavam, ela se aproximou da de Regina que estava apoiada na mesa, e quando faltavam milímetros para que se encostassem, alguém entrou na sala.

— Regina? — Belle entrou ao bater e não obter resposta nenhuma.

— S-sim Belle? — Regina saiu de perto de Emma, que recolheu a mão de volta, e foi até a porta.

— Interfonaram lá de baixo, os técnicos chegaram.

— É... Eu vou descer lá.

— Eu vou com você. — Emma se levantou tão rápido, que a cadeira fez um barulho alto quando arrastou no chão.

— Você não precisava ter tirado a música quando eu entrei na sua sala. — Regina falou quando estavam no elevador.

— Eu não tirei, eu só baixei. — Regina olhou para ela com a sobrancelha direita erguida. — Baixei até ficar mudo. — Emma confessou.

No hall, dois jovens fardados em macacões azul escuro, com mochila nas costas e maleta nas mãos esperavam.

— Bom dia. — o de olhos claros disse quando Emma e Regina de aproximaram.

— Quase boa tarde. — Regina respondeu séria, e então Emma imaginou perfeitamente como ela tinha falado com eles ao telefone.

— Eu sou August e esse é o Neal, nós somos os técnicos que a empresa mandou.

— Já não era sem tempo, não acham?!

— Nós pedimos desculpas por a demora, mas vamos procurar resolver a causa da falta de internet.

Os técnicos foram checar primeiro a caixa da fiação que entrava no prédio, essa caixa ficava no alto de um poste na calçada, eles pegaram uma escada dobrável que estava presa no teto do carro, e enquanto Neal analisava para dar o seu parecer técnico e ver se nenhum fusível tinha sido queimado, August segurava a escada para caso ela escorregasse.

Emma e Regina os acompanharam, e enquanto olhavam para cima, Regina tinha a mão sobre os olhos, protegendo eles da luminosidade, e Emma as das dela postas na cintura.

Quando Neal desceu da escada, disse que nada na caixa de fiação externa estava queimado ou quebrado, e que o problema possivelmente seria dentro do prédio, no painel de distribuição central.

Como Gold tinha apenas comentado com Regina sobre a localização do painel, foi Emma que os levou até lá. O painel central de distribuição de internet ficava no mesmo andar que prensas, onde as revistas eram impressas e grampeadas, em uma salinha no fim do corredor.

Uma vez lá, August não demorou a descobrir o que tinha causado a queda da internet no prédio.

— O cabo de fibra ótica que vem lá de fora foi cortado.

— O que? — Emma e Regina perguntaram juntas, o que fez com que se olhassem.

— Olhem, o plug adaptador está preso no painel, e o cabo é esse aqui — ele puxou um cabo preto que estava solto — Vocês estão vendo?

— Será que foi bicho? Um rato? — Neal sugeriu ao amigo.

— Não, esse corte está muito regular para ter sido cortado por dentes, isso foi uma tesoura ou um alicate.

Emma olhava para Regina esperando alguma reação, mas só viu uma veia saltada na testa dela e as mãos fechadas, como ela se estivesse pronta para derrubar alguém com um soco bem no meio da cara.

— E vocês conseguem resolver isso? — Regina perguntou com os dentes trincados.

— Aham, vou só colocar outro plug no cabo e conectar ele novamente ao painel de distribuição.

 

— É, mas que belo rito de iniciação, em Swan. — disse quando as portas do elevador se fecharam com os dois técnicos dentro — Você sabia disso? Você também participou dessa brincadeira estúpida, Swan? — perguntou acusativa.

— Mas é claro que não Regina, eu nem fazia ideia de que a falta de internet era por causa de um cabo cortado. — franziu o meio das sobrancelhas.

— É bem difícil de acreditar, levando em consideração que eu sou a desconhecida que tomou o cargo de um dos seus amigos de trabalho.

— O que eu falei antes sobre querer o melhor para revista, era sério, e o Jekyll não é nem colega, quanto mais amigo de ninguém. Ah, e eu estou falando o nome dele porque sei que foi nele que você pensou. — Regina abriu a boca para contestar, mas Emma a interrompeu. — Eu não sou time Jekyll, Regina. — bateu o pé. — Já te disse isso.

Regina virou de costas para Emma e passou as mãos no rosto, estava cansada, mentalmente cansada.

— Hoje foi um cabo de internet, Emma, e mesmo sabendo o quão importante ela é para o funcionamento de toda a revista, ele ou alguém muito irritado com a minha presença fez isso, e amanhã, vai ser o que? — falou se voltando para ela.

— Você não está pensando em... Está? Você não daria esse gosto a ele?! — perguntou um pouco mais aflita com aquela possibilidade do que queria transparecer.

Mas era exatamente na palavra omitida por Emma que Regina estava pensando, em desistir. Pensava nisso desde o momento em que aceitou o convite de Gold, mas, por mais estranho que aquilo pudesse parecer, era bom sentir raiva de algo que não fosse o destino, ou, Deus, para variar.

— Na verdade, isso me passou pela cabeça. — confessou em um suspiro, mesmo não sabendo porquê de fazer isso, apesar da sensação de já conhece-la de algum lugar, a verdade era que mal a conhecia.

— Por favor, não faça isso — se aproximou e com a mão macia tomou as mãos de Regina nas suas, fazendo o que queria ter feito quando estavam em sua sala — Tem um motivo para o Gold ter escolhido você para assumir isso aqui, acredito que ele acha que você pode fazer muito pela revista. Não sei se te serve de muita coisa, mas pode contar comigo para o que precisar aqui dentro, ou em qualquer outro lugar. — terminou a frase em quase um sussurro.

Regina ficou um silêncio alguns instantes, observando as suas mãos unidas, e a sensação de acalento e conforto que isso trazia.

O que essa mulher tem?

— Certo, eu não vou, mas não comente nada com ninguém lá dentro, okay? Eu não tenho provas de nada, e só serviria para dizerem que sou paranoica e que isso é teoria de conspiração.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Agora é com vocês!
Beeijooos e até o próximo



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