Heartbeat escrita por Ana


Capítulo 11
Learning to ride a bike


Notas iniciais do capítulo

Não dá para deixar links aqui porque ele não ficam clicáveis, mas o capítulo de hoje tem uma música que é Love da Lana Del Rey, e eu gostaria muito que vocês escutassem no momento indicado.
Perdoem os erros que passam despercebidos e boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/761090/chapter/11

Como tinha dito que iria fazer, Alice desceu na frente para esperar Emma lá em baixo, e encontrou Robin, a garota que tinha pedido para ver os seus desenhos, a mulher ruiva, e junto delas estava um garotinho, que Alice imaginou ser o menino que a sua irmã tinha encontrado, o filho da editora chefe, e que quando Alice chegou no térreo correu até ela, falando de uma tal foto que ela mal entendeu.

Regina tem muito o que me contar, Zelena que esperava Regina com Robin, Henry, e a garota loira que o seu sobrinho tinha identificado como a irmã da sua amiga, o que aproposito não pareceu fazer sentindo nenhum, pensava.

Quando as duas saíram do elevador no saguão, pelas caras que tinham, as suas irmãs logo deduziram o que poderia ter acontecido lá em cima.

— Emma. — Henry gritou e saiu correndo, se soltando da tia e indo em direção aos braços da sua amiga.

A loira e Henry se abraçaram tão forte, que Zelena até sentiu ciúmes por não ter sido recebida da mesma maneira quando pegou ele na creche.

— Oi amigão. — Emma se agachou ficando na altura dele. —  Não fugiu mais, não é?

Regina ficou olhando os dois, algo quentinho pareceu lhe afagar por dentro.

— Não — balançou a cabeça em negativa. —, lembra que eu prometi de dedinho?

— Ah, é verdade. Como você está? — Emma afagou os cabelos dele.

— Eu tô bem. Aquela é a moça da foto, não é, A Pintora? — apontou para Alice.

— É ela sim, é a minha irmã.

— Espera aí, você conhece a irmã da Emma, Henry? — Regina perguntou ao filho.

— Eu vi ela em uma foto da Emma, mamãe, e eu vi ela hoje quando a gente chegou também. Eu falei para você mamãe, você não lembra?

— É mesmo, você me disse. — Regina estava feliz por Emma nem sequer imaginar o que ela tinha pensando, chegava a embrulhar o estômago.

— Não imaginei que ele fosse lembrar. — Emma disse a Regina quando ficou de pé.

— Quando que você vai me levar para tirar fotos de novo? — Henry perguntou com os seus grandes olhos amendoados voltados para Emma.

— Quando você quiser, ou quando a sua mãe aqui deixar.

— Por favor mamãe, deixa. — começou a pular e a pedir. — Ela não quis me deixar subir no outro dia.

— Henry! — Regina ralhou e Emma riu.

— Você agora está ficando com Granny, não é?

— Uhum.

— Está gostando dela?

— Ela é legal — falou meio sem jeito. —, mas eu queria ficar com você.

— Se a sua mãe deixar, nós podemos tirar muitas fotos algum dia, e talvez até andar de bicicleta. Você sabe andar de bicicleta?

— Eu sei sim! Você deixa, mamãe?

— Porque que sempre sobra para mim, heim? E você não está esquecendo de contar nada a Emma?

— É... a minha bicicleta tá na casa do vovô.

— Ah, nisso nós podemos dar um jeito. Quando tiver um tempo livre, nós podemos ir a algum parque, quem sabe.

— Você deixa, não deixa mamãe? — Henry perguntou saltitante.

— Deixo, deixo sim.

Regina não saberia dizer quem tinha o sorriso mais vitorioso no rosto, se era o seu filho ou se era Emma.

— Ah, essa aqui é a minha irmã mais velha, Emma, Zelena. Zelena, Emma. — se atentou que ainda não as tinha apresentado.

— É um prazer. — curiosa como estava, Zelena estendeu a mão prontamente.

— O prazer é todo meu — Emma a apertou. —, eu sou irmã da Alice.

Saíram todas para o estacionamento externo, Emma com Henry segurando em sua mão e na de Regina, dizendo tudo que queria fazer quando fossem andar de bicicleta, Alice e Robin conversando sobre faculdades e Zelena atrás, tentando decidir o que lhe deixava mais confusa, se era a irmã com a loira mais velha e Henry parecendo conhecê-la há anos, ou se era a sua filha conversando abertamente sobre faculdades com a loira mais nova.

 

— Você vai me contar exatamente tudo que aconteceu aqui nos últimos meses, quem é aquela mulher? — Zelena disparou entrando no quarto de Regina depois do jantar e da sua irmã ter colocado o Henry na cama.

— Fala baixo, a Robin está na sala.

— Tenho certeza que não ela vai ouvir nada, ela não larga daquele celular desde que nós chegamos. Achei que você fosse estar me atualizando em tempo real das coisas.

— E eu achei que se o papai voltasse a ficar com alguém, você me contaria. — durante o jantar Robin deixou escapar que o avô estava namorando, e que tinha levado a nova namorada para conhecer os netos e tudo mais.

— Ele que queria contar para você.

— Mas não me contou, e você devia ter obrigado ele a me dizer.

— Várias foram as vezes que mandei ele te contar, o Robin está de prova.

— Sei. — rolou de olhos.

— Eu estou percebendo que você está me enrolando, viu. Quando eu cheguei na redação até com a cara amarrada você estava, e de repente no elevador decide que vai voltar lá para cima e daí voltou outra quando desceu com a Emma. Vi até um sorriso nos seus lábios.

Ouvindo aquilo, Regina sorriu mais ainda sem conseguir se conter.

— Eu quero saber de tudo.

— Eu não deveria contar nada, você não cumpriu com a sua parte na irmandade.

— Não me faça implorar.

—Ok! Então, eu saí em uma noite dessas, duas na verdade, fui para um pub com amigas do trabalho, bebi, cantei em um karaokê e até dancei, eu me diverti tanto... — falando animada, via o queixo da irmã cair, enquanto os olhos verdes lhe diziam o quanto estavam orgulhosos —, e eu beijei na boca. — dito isso, se jogou na cama de cara para o colchão.

— Você o que? Não acredito, Regina! — falou tentando virar Regina, que ria — Foi a Emma, não foi! — não era uma pergunta, era uma afirmação.

— Foi. — se sentou na cama prendendo o lábio inferior com os dentes e com o rosto corado.

— E você apresentou ela para o Henry?

— Não, foi ela quem encontrou ele naquele dia.

— Então foi daí que surgiu tudo?

— Foi sim, quer dizer, acho que sim. — Regina não sabia como dizer que a atração que sentia por Emma tinha se feito presente antes mesmo de saber o nome dela, na primeira vez em que os seus olhares se cruzaram em seu primeiro dia na revista, então respondeu aquilo.

— Já ficaram quantas vezes?

— Zelena!

— Quantas vezes?

— Três.

— Então vocês já...?

— Não, quase, mas ainda não. Foi hoje, quando eu subi de volta.

— E eu lá em baixo feito uma boba te esperando.

— Mas não foi, nós paramos, por motivos que você sabe.

— Ela sabe que você já foi casada e tudo mais?

— Não, ainda não, mas ela parece saber que tem algo, sabe?

— Não, na verdade eu não sei, mas que bom que não avançaram nenhum limite emocional seu.

— É. — Regina suspirou boba.

— E como você está se sentindo com isso?

— Você está me analisando?

— Eu só quero saber se você está bem, só isso.

— Eu estou bem, pensei que quando isso fosse acontecer de novo, de eu me envolver com alguém, se é que fosse acontece, achei que eu iria me sentir culpada, sentir que eu estava traindo ela.

— Mas você não sente isso?

— Não, parece tão natural, tão certo que as vezes me assusta. A relação dela com o Henry, como me sinto amparada quando estou com ela, como ... — pensou no ciúmes que sentiu, mas preferiu omitir.—, sei lá, a Emma é tão singular.

— Quando anos mesmo você tem?

— O que?

— Está parecendo ter menos que a Robin, suspirando apaixonada.

— Para. — riu batendo de leve no braço de Zelena.

— É tão bom ver você assim, sabia? Rindo, feliz, vivendo a sua vida.

— Obrigado por praticamente me obrigar a aceitar esse trabalho, estar aqui não tem sido tão ruim quanto eu pensei que fosse ser.

— Estou vendo que não.

 

Quando chegaram no apartamento, a primeira coisa que Alice fez foi se jogar no sofá da sala e pegar o celular na bolsa.

— Vou fazer o jantar. — Emma anunciou, mas a garota nem sequer ouviu.

 

— Alice? Alice! Você não está me ouvindo? Eu estou te chamando tem cinco minutos. — falou acertando a irmã com um guardanapo da cozinha.

— Que? — tomou um susto — O que foi? A cozinha está pegando fogo?

— O apartamento poderia estar pegando fogo, você não estaria nem aí.

— Eu estava distraída.

— É, isso eu acho percebi. Agora levanta e vem me ajudar.

À contragosto, Alice se levantou e foi com Emma até cozinha para ajudar ela com o jantar.

— Ah, muito bonita a sua chefe nova. — Alice comentou enquanto cortava as batatas para Emma.

— Você achou?

— Aham, e o que vocês ficaram fazendo lá em cima depois que eu saí? Voltaram com umas caras suspeitas...

— Nada — corou ao lembrar de onde a sua mão tinha ido parar.

— Sei... Você falou de mim para aquele menino, o priminho da Robin? Foi ele que você chegou em casa dizendo que tinha encontrado na rua, não foi?

— Foi ele sim, e ele prometeu que nunca mais faria aquilo de novo. Ele te reconheceu porque eu já mostrei uma foto sua que eu tinha tirado a ele.

— E o que vocês estavam fazendo para você ter mostrado uma foto minha a ele? — inquiriu.

— Ele ficou comigo na minha sala depois da creche, Regina estava ocupada trabalhando, então eu fiquei com o Henry.

— Eu não sabia que vocês já estavam nesse nível, você ficando com o filho dela e tals.

— Que nível? Eu não fiquei com o Henry por estramos tendo algo, fiquei porque gosto dele, e eu estou falando sério. — completou quando viu a cara que Alice fazia de quem não estava creditando em nada daquilo.

— Se você diz.

— Ele é uma criança incrível, é inteligente, doce, curiosa e sensível.

— Assim como o que você gostaria de ter.

— É. — suspirou. — Mas eu e a Regina combinamos que iríamos com calma.

— Você já contou para ela sobre você sabe o que?

— Bebidas, drogas e o transplante? Não! Não quero assustar ela tão rápido assim.

— Mas você sabe que ela precisa saber? Não sabe? Tipo, se você está mesmo gostando dela, acho que deveria ser honesta.

— E eu estou sendo, eu estou sendo com o que sinto e... Mas com quem você aprendeu isso, heim?

— Acho que é algo o que a mamãe diria, algo legal e positivo, mas que te desse uma dura ao mesmo tempo, eu sou só estou dizendo absurdos e sandices. — Emma revirou os olhos.

— Eu não disse que não vou contar, é só que não é essa a primeira impressão que eu quero que ela tenha de mim. Me sinto um pouco insegura, como se tudo pudesse escorrer por entre os meus dedos... Eu só quero que dê certo, é pedir muito querer que a primeira vez que volto a gostar de alguém seja perfeito?

— Eu não acho, mas... — esqueceu o que dizia quando o celular em seu bolso apitou com a chegada de uma notificação.

— Quem é, Allie? — perguntou ao ver um sorriso bobo surgir nos lábios da irmã.

— Uma amiga da faculdade falando sobre um trabalho.

— Uma amiga da faculdade? — perguntou desconfiada, sabia bem que Alice não tinha muitos amigos no curso, e os que tinha, conhecia todos.

— Qual delas?

— Ah, é uma nova, você não conhece. — bloqueou o celular e o coloco no bolso novamente.

— Hum... Não sei se você percebeu, mas você está com a mesma cara que disse que eu estava no outro dia.

— Não estou não!

— Está sim!

— Essa sua paixão está fazendo com que você veja coisas onde não tem.

— Será mesmo? Porque se as minhas suspeitas estiverem certas, você vai estar me devendo cinco dólares.

— E se você estiver errada, me deve dez.

— Dez?

— Claro, você é assalariada.

— Ok, mas com quem era que você estava falando mesmo?

— Não estou entendendo essa insistência.

— Se não é nada, porque esconder?

— Era a Robin. — revirou os olhos.

— A sobrinha da Regina?

— É.

— Alice, Alice...

— Não é como se ela já fosse a sua sobrinha.

— E não é, é só que...

— Só que nada, ela só estava me perguntando sobre o MIT, ela está decidindo onde vai estudar.

— Tudo bem, se você está dizendo. — deu de ombros.

Em sua sala, Emma rabiscava em um bloco de anotações as suas ideias para o editorial de beleza da semana, olhava em um folder online os produtos da coleção que iria fotografar de uma loja que estava patrocinando a edição daquela semana, e que estariam nos rostos de todas as modelos, e que depois da edição do dia das mulheres, também pediu que o casting contratado não seguissem padrões, que possuísse diversidade, para que pudessem mostrar os seus produtos em diferentes peles e fisionomias.

— Olá, estou te atrapalhando? — Regina perguntou parada na porta da sala da fotógrafa.

— Mas é claro que não, pode entrar, estava vendo o catálogo com o qual vamos trabalhar essa semana. — afastou a cadeira da mesa mas se manteve sentada — Uou, eu amei o cabelo. — disse ao notar o novo penteado da editora chefe.

— Ele secou sozinho, conversando com a minha irmã essa manhã eu acabei me atrasando um pouco e não tive tempo de secar. — fechou a porta e se encostou na mesa do lado que Emma estava, ficando praticamente de frente para ela.

— Mas eu gostei, eles parecem mais livres, você parece mais selvagem com eles assim.

— É mesmo?

— Aham, pelo menos eu acho.

— Só não fique muito feliz, não tenho o costume de perder a hora assim. — Emma riu.

— A sua e irmã e sobrinha voltam para casa quando?

— Hoje à tarde depois de visitar o MIT, mas não é sobre isso que vim falar. A contabilidade mandou para o meu e-mail o relatório de vendas da edição do dia das mulheres.

— E então? — Emma se levantou ficando de frente para Regina.

— As vendas foram 156% maiores do que a do ano passado, e o cantador ainda escreveu que esse número pode aumentar porque a revista normalmente ainda é vendida no decorrer da semana após o lançamento.

— OMG, eu te disse, eu falei para você! — agarrou Regina tirando ela do chão.

— Você vai me derrubar, Swan. — bateu nos ombros de Emma por mero reflexo, não tinha medo algum de que ela lhe derrubasse, na verdade, ali se sentia mais segura do em qualquer outro lugar — Obrigada por me fazer continuar com a essa ideia e por não ter me deixado desistir. — disse quando foi posta no chão.

— Enquanto eu estiver aqui, nunca vou deixar que isso aconteça. E você e os seus obrigadas.

— Eu já disse, se não gosta deles, para de me ajudar.

— E eu tenho certeza de que já disse que isso é impossível.

— E eu até acho que não quero que isso realmente aconteça. — passou as mãos nos braços de Emma. — Vem cá, você malhar?

— Ando de bicicleta todas as manhãs antes de vir trabalhar.

— Como que você consegue fazer isso enquanto eu nem tenho tempo para secar os meus cabelos?

— Ah, isso me faz lembrar uma coisa, que você prometeu para mim e para o Henry que iríamos andar de bicicleta.

— Achei que seria o Henry quem me cobraria isso. — riu.

— Pode ser nesse final de semana, por favor?

Emma já tinha pensado em tudo, estava esperando apenas o aval de Regina.

— Emma, nós não temos bicicletas.

 — Isso é o de menos, se você disser que sim, eu posso dar um jeito.

— Está bem, sim Emma, sim, porque eu sei que se a minha resposta for outra, nenhum de vocês vai me deixar em paz.

— Que bom que você sabe. — estreitou os olhos. — Você cuida dos lanches e eu das bicicletas.

— Ok então.

Olhando Regina de um jeito que ela já conhecia, Emma se aproximou ainda mais, prendendo a morena entre ela e a mesa. Se apoiando no tampo da mesa, Regina se sentou e abriu as pernas institivamente para que Emma de encaixasse entre elas, que colocou as mãos na cintura de Regina e teve o seu pescoço enlaçado pelos braços dela.

O beijo era lento, suas línguas se buscavam e o lábios se chupavam, Regina desceu as suas mãos percorrendo os braços de Emma, apertando e arranhando as costas dela de leve por sobre o tecido da camisa, fazendo com que ela gemesse entre os beijos.

Emma tinha as pernas de Regina presas ao seu quadril e se debruçava sobre ela à medida que Regina ia se deitando sobre a mesa. Todo o seu corpo era percorrido por arrepios, tanto é que soltou um gemido em desagrado quando Regina parou beijá-la.

— Você ouviu isso? — ficaram em silêncio enquanto Emma tentava ouvir.

— Parece que estão brigando.

— Será que é na rua? — Regina perguntou.

— Não, parece estar muito próximo para ser lá em baixo do lado de fora do prédio, isso é aqui dentro.

— É na redação.

Quando saíram da sala de Emma, o que viram foi a redação inteira de pé como suricatos na savana, e ao se aproximarem conseguiram ver o que o tanto prendia a atenção deles, Gold agarrado a gola da camisa de Will, o freelancer e motoboy da revista, que segurava nos punhos do mais velhos tentando enfraquece-los, não iria agredir ele, mas também se deixaria apanhar de graça.

— Me solta senhor Gold. — o mais jovem disse com a voz esganiçada.

— Mas o que...? Gold, solta ele! — Regina ordenou ao chegar perto o suficiente, mas sego e surdo de raiva como estava, Gold não ouvia ninguém, muito menos Belle, que implorava para ele soltasse o Will.

Gold nem ao menos piscava, e deixando se levar pela raiva que corria como sangue em suas veias, preparou o punho para acerta o rosto do motoboy em cheio, e foi nesse exato momento em que Regina se colocou no meio dele, como uma tentativa de acabar com aquilo.

— Não! — Emma gritou, e em uma fração de segundos estava em cima do dono da revista, segurando o braço dele à centímetros de machucar Regina.

Regina engoliu em cego enquanto uma fina camada de suor se formava em sua testa, se não fosse por Emma, ela é quem teria sido nocauteada.

— Gold, olha para mim. — virou o rosto Gold em sua direção depois de Emma ter baixando o braço dele — Solta o Will. — e aos poucos viu as mãos dele afrouxarem e liberarem o rapaz.

— Will, pega esse elevador e sai daqui agora. — Emma recomendou a ele, que o fez prontamente.

— O que foi aquilo Gold? — Jekyll perguntou ao chegar avoando, mas Gold nem sequer lhe deu atenção, tinha o olhar fixo em Belle que tremia e recebia a atenção de Emma.

— Me ajuda a tirar ele daqui. — Regina falou por entre dentes para Jekyll, que pegou em um braço de Gold e Regina no outro, e os levaram para a sala dela.

Na sala da editora chefe, Gold se jogou em uma das cadeiras e enterrou o rosto nas mãos.

— Mas o que foi aquilo, Gold? Você enlouqueceu, cair no braço no meio da redação com um funcionário? — Jekyll reclamou.

— Jekyll, com todo respeito, mas saia daqui! — Gold brandou.

O produtor executivo da revista olhou para Regina esperando haver algum riso de deboche em seu rosto, mas tudo que encontrou foi uma expressão de preocupação. Não acreditando que estava sendo substituído até naquilo, saiu da sala batendo a porta.

Regina mudou o peso nos pés, mas quando falou foi direta.

— Há algo entre você é a Belle, Gold? — a pergunta era retórica, as flores sobre a bancada, a maneira informal como Belle falava o nome dele e prontamente se corrigia, tinham deixado a dúvida no ar, e agora o ataque de fúria de Gold sobre o Will seguido pelo silêncio dele diante da pergunta só comprovaram tudo.

— Você partiu para cima dele daquele jeito no meio da redação por um ataque de ciúmes, não foi?

— Eu me exaltei, perdi o controle, vi ele todo cheio de dedos para cima dela e não aguentei, e ela é educada de mais para dizer alguma coisa, e quando dei por mim eu já estava em cima dele.

Regina lembrou dá vez em que chegou na revista e viu o Will praticamente pulando o balcão da recepção.

— Vocês têm uma...uma relação? — Regina perguntou, mas ele não respondeu — Gold — puxou uma cadeira e se sentou de frente para ele. —, me deixa tentar te ajudar como você me ajudou.

— Não temos nada, e não é por falta do meu querer.

— E é por causa de que então?

— A Belle não quer ter nada com o chefe dela, ela acha que as coisas vão se complicar, que vão dizer que estamos juntos por interesse dela no que eu tenho.

— Espera aí, é por isso que você tem se afastado da empresa, que tem esvaziado a sua sala?

— É, eu não posso largar tudo de uma vez, mas eu queria mostrar a ela que eu a entendo e que estou fazendo isso por nós, para que possamos ter um futuro onde ela não se sinta constrangida por dizer que estar comigo.

— Mas ela sabe que é por vocês que você tem feito isso? — ele negou com a cabeça. — E porque não conta isso para ela?

— Porque ela pediu que eu não me aproximasse mais, que mesmo também estando apaixonada por mim, isso nunca daria certo, e ela também acha que posso acabar diminuindo ela de alguma maneira, mas eu nunca permitiria que isso acontecesse, eu quero que ela cresça, que faça um curso superior, que se dedique ao que ela realmente gosta de fazer.

— Gold — afagou o braço dele —, conta isso para ela, deixa ela saber de tudo isso, que mesmo diante das adversidades e ela te mantendo longe, você tem lutado por vocês.

— Talvez ela esteja certa e eu deva desistir, eu estou velho, cansado, minha chance foi há mais de duas décadas, mas eu estava ocupado demais construindo isso aqui.

— Não diz isso, porque isso não existe. Não existe hora certa para ser feliz, se ela bate na nossa porta, nós temos mais é que aproveitar, correr atrás, viver isso, e eu sou a pessoa mais indicada para te dizer isso.

— É?

— Sou — sorriu um pouco —, porque não há muito tempo eu me senti um pouco como você.

— Você está dizendo que... Regina...

— É Gold, e ela é tão incrível quanto a sua Belle, ela faz com que eu me sinta vida, faz o meu sangue correr mais rápido e o meu coração bater acelerado, e é por isso que eu digo para você não deixar essa chance passar. Sei que tem o fato de como ela se sente, mas se é algo que vocês podem trabalhar e resolver, não tem porque ficarem separados.

 

— Senta aqui Belle — Emma indicou o sofá da sua sala —, você quer uma água? — Belle afirmou com a cabeça e Emma saiu de pressa para pegar na copa.

— Obrigada, Emma. — agradeceu após sorver o líquido.

— Está se sentindo melhor?

— Um pouco.

— Eu posso perguntar o que aconteceu?

— O Gol... O senhor Gold ouviu o Will me dando uma das cantadas baratas dele e se irritou.

— Mas o Will foi desrespeitoso com você?

— Não, ele não foi. — disse olhando para as mãos.

— Tem algo acontecendo entre vocês dois ou estou muito enganada, Belle?

— Entre mim e o Will?

— Não, entre você e o Gold.

— Não, claro que não, ele é o meu chefe, e eu... eu... — passou as mãos nos cabelos. — Eu...

— Calma Belle, está tudo bem, eu só estava tentando entender o que tinha acontecido ali, eu não estou aqui para julgar nada e nem ninguém.

— Você não vai conta nada para ninguém da redação, vai?

— Eu prometo que não.

— Eu... Eu e o Gold nos apaixonamos, até tentamos há um tempo atrás, mas isso nunca ia dar certo, somos de realidades tão diferentes, e ele é o meu chefe. Você conhece todo mundo aqui, e já pode até imaginar o que eles iam pensar de mim caso assumíssemos algo, iam falar um monte pelas nossas costas, iam me julgar, você mesma deve estar fazendo isso agora, então eu pedi que ele se afastasse.

— Absolutamente não, Belle, eu não estou te julgando, mas queria saber onde entra o Will nisso tudo.

— Saímos alguma vezes depois que as coisas entre mim e o Gold acabaram, mas nada sério, nem para mim e nem para ele, foi só...

— Uma válvula de escape?

— É, e isso é horrível.

— Na verdade não, bem, se os dois estavam conscientes, não era.

— O Gold não devia ter feito aquilo, todo mundo agora deve estar falando e supondo um monte de coisas.

— Você era correspondida na mesma intensidade, pelo Gold? — Belle afirmou com a cabeça — Nunca vou entender porque que duas pessoas que se gostam não podem ficar juntas. — falou mais para si mesma do que para a recepcionista.

— Eu não quero que as pessoas pensem que tudo que eu possa vir a conseguir foi por causa dele e do dinheiro dele, ou que eu pretendo dar o golpe da barriga ou que estou com ele por interesse e todas essas coisas absurdas que as pessoas costumam falar, Emma, eu não pretendo passar o resto da minha vida aqui, quero fazer uma faculdade, e eu não quero esse fantasma me assombrando.

— Você já pensou que ele só te assombra porque você deixa?

— O que você dizer com isso?

— Belle, é a sua vida, são os seus sentimentos e os dele, idade ou status não deveriam importar, não se o que existe for real. Essas coisas sempre vão atrapalhar se você deixar, se você der ouvidos as opiniões alheias em vez de ouvir o seu coração, de ouvir o que você sente, vale mesmo apena não estar vivendo esse amor por causa dessas coisas? Ok, talvez as coisas possam não dar certo, você pode gostar de dormir no lado esquerdo da cama e ele também, ou você detestar cebolas e ele amar, mas como que você vai saber se você nem ao menos tentou de verdade?

— O que você faria se estivesse no meu lugar, Emma?

— Se a sua mão soa quando estar perto dele e a sua boca seca, se até o ar parece ficar rarefeito quando ele se aproxima e o seu coração dentro do meu peito parece errar a batida, eu sem sombra de dúvidas tentaria.

 

Depois de todos os acontecimentos e de todo o falatório entre os andares da revista a respeito da cena que Gold tinha feito e da possível relação dele com Belle, um dos finais de semana mais esperado por Emma chegou. Por mensagem Regina tinha lhe mandado o seu endereço e o número do apartamento, e agora animada, Emma tocava o interfone.

— Estão prontos?

— Vou interfonar para o porteiro para ele liberar a sua entrada.

— Não precisa, vou esperar vocês aqui em baixo, não demorem.

— Emma. — Henry gritou e saiu correndo em direção a ela quando saiu do prédio com Regina, que estava encostada no carro parado em frente ao prédio.

— Oi amigão — Emma o pegou nos braços. —, está pronto para o nosso passeio?

— Muito. — ele jogou os braços para o alto.

— Quero ver que jeito você deu para as bicicletas, porque os lanches estão aqui. — falou pegando nas alças da mochila.

— Oi para você também, Regina.  — colocou o Henry no chão e se aproximou para dar um beijo na bochecha dela — Venham aqui.

Levou os dois até a parte de trás do carro, onde em um suporte estavam presas duas bicicletas, uma amarela e outra vermelha com uma cadeirinha presa ao bagageiro.

— Qual que é a sua?

— A amarela, e você vai nela, então cuidado com a Bug.

— Bug? Você deu nome à sua bicicleta? — gargalhou.

— Sim, e você vai cuidar bem dela, prometa.

— Ok, eu prometo.

— Rum! E eu vou na vermelha e levo o Henry na cadeirinha, acho que estou melhor preparada para isso.

— O que você está querendo dizer com isso? — bateu de leve no braço de Emma.

— Nada, na volta você traz ele.

— Vamos logo. — Henry disse saltitante.

— Espera, antes eu posso colocar a minha câmera na sua mochila?

— Claro.

Emma entregou a câmera a Regina e deixou o carro no estacionamento do prédio, para então seguirem pela ciclovia, Emma na frente levando Henry que com os braços estendidos para o alto pedia para ela fosse mais cada vez mais rápido, e Regina que vinha logo em seguida, ficando ao lado deles sempre que as pistas se alargavam, mas preferia vir atrás, afinal, a sua vontade era parar, pegar a câmera de Emma na mochila e fotografá-los.

Love ♪

 O clima daquela tarde era ameno, a brisa que soprava era leve, as nuvens cobriam o sol impedindo que o dia ficassem muito quente, e as ciclovias eram quase todas cobertas por as sombras das copas das árvores.

Não tinham partes muito íngremes durante o caminho, mas Regina precisou pedalar e fazer um pouco mais de esforço para conseguir acompanhar Emma, que mesmo levando Henry, ainda conseguia manter o ritmo, porém o vento no rosto era delicioso, e sabia que o filho também sentia o mesmo.

Ele olhava para trás acenava e mandava beijos para a mãe, enquanto ria com os cabelos sendo bagunçados pelo vendo. Ora ou outra Emma também se permitia olhar para trás, e o que via aquecia o seu coração de tal forma, que até o peso das marchas parecia sumir.

Não demorou muito para que chegassem ao parque para o qual Emma queria leva-los, escolheram uma área grande e gramada sob a sombra de uma árvore e de frente para o lago, onde alguns patos e cisnes nadavam, e se sentaram, e lá Regina estendeu a toalha que tinha levado na bolsa.

— Precisou correr muito para me alcançar? — Emma provocou Regina enquanto a ajudava a estender a toalha.

— De forma alguma, estive o tempo todo logo atrás de você. — disse convencida.

— Emma, a mamãe trouxe o meu tapete de twister para gente brincar, não foi mamãe?

— Oh meu Deus, sério? Faz muito tempo que não brinco com isso, eu quero ver a elasticidade de vocês. — Emma se sentou na toalha e chamou Henry para em seu colo, enquanto Regina tirava as coisas de dentro da mochila.

— Eba! — Henry comemorou.

— Ninguém me ganha nisso, venho treinando desde que a Robin nasceu.

— Vamos ver. — Emma disse estreitando os olhos. — Vamos estender o tapete, Henry?

Emma e Henry se levantaram e pegaram o jogo e a roleta, que o garoto entregou a mãe para que girasse, enquanto ele e a sua amiga brincavam.

— Vamos lá. — Regina girou a roleta. — Henry, mão direita no amarelo.

— Essa daqui? — ele levantou a esquerda.

— Não, a outra. — Emma respondeu, e assim Henry fez, levando a mão até o círculo amarelo.

— Emma, pé direito no vermelho.

E assim continuaram a brincadeira, com Regina girando a roleta e dizendo onde eles deveriam colocar seus pés e mãos, e rindo abertamente das acrobacias que tinham que fazer para alcançarem as cores, ao ponto Emma de estar na posição do guerreiro, com um pé na frente na altura em que as mãos estavam e o outro atrás, e Henry em baixo dela, quase dando um nó no próprio corpo.

— Está tudo bem aí? — Regina perguntou não contendo o riso.

— Aqui está tudo tranquilo, e aí em baixo, amigão?

— Não cai em cima de mim Emma. Ai mamãe, gira logo!

— Está bem, Henry, pé direito no azul.

Sendo a fileira de cor azul a mais distante do seu pé, Henry resmungou em desagrado.

— Não vai cair, não pode me dar a vitória assim. — Emma o incentivou, mas quando Henry começou a mexer se para fazer o movimento ordenado, escorregou e caiu deitado no tapete.

— Não valeu. — se sentou fazendo bico.

— Você tem que aprender a perder. — Emma o pegou nos braços e o jogo para cima, fazendo com que ele risse.

— Mas também, olha o seu tamanho, eu sou pequenininho.

— É mesmo, é um pinguinho de gente. — começou a fazer cocegas em Henry, que enquanto gargalhava implorava para que ela parasse.

Logo foi a vez de Regina e Emma jogarem, e girando a roleta era Henry quem dizia onde elas tinham que colocar os seus membros.

— Mamãe, pé es-esquerdo — Henry gaguejou um pouco na leitura da palavra. — no vermelho. Emma, mão direita no azul.

Ao decorrer do jogo iam se enrolando cada vez mais, o passo de que um dos pés de Regina passou tão próximos ao rosto de Emma, que ela realmente acreditou que levaria um chute. O jogo acabou com Emma caindo por cima de Regina, que ria enquanto se gabava por ter ganhado de quem tinha as maiores pernas.

 — Mamãe, eu quero andar de bicicleta. — Henry disse enquanto a sua mãe limpava a sua boca depois de terem lanchado os sanduiches com suco de maçã que ela tinha levado.

— Ué, mas você já não andou com a Emma?

— Em cima, eu queria andar em cima.

— Mas você não alcança nos pedais, filho.

— Bom, se você quiser muito, muito mesmo, eu posso dar um jeito nisso. — Emma disse.

— Você pode? — Henry se levantou em um salto.

— Claro que sim, pergunta a sua mãe se não consigo dar um jeito em tudo.

Henry olhou para mãe com os seus olhos amendoados brilhantes, e sorrindo ela lhe acenou em positivo com a cabeça.

— Me espera aqui que eu volto já.  — dito isso, saiu pelo parque sumindo da vista deles.

— Você acha que ela que ela vai demorar muito, mamãe?

— Não, daqui a pouquinho ela volta. Você está gostando de hoje?

— Muito — respondeu saltitante. —, quando que a gente vai poder vir de novo? Pode ser amanhã? Mãe, a gente pode levar a Emma para casa do vovô para pegar conchinhas na praia? Você acha que ela vai gostar de lá?

— Calma está bem, mas quem sabe mais para frente, ok?

— Ok.

Como Regina afirmou para o filho, não demorou muito para que ela voltasse, e não vinha só, Emma trazia consigo uma bicicleta infantil azul com uma cestinha na frente, onde tinha um capacete e joelheiras.

— Olha mãe! — sem esperar que Emma chegasse até onde ele estava, Henry saiu correndo na direção dela. — É para mim andar?

Regina estava pronta para corrigir o filho, mas ele estava tão alegre e eufórico que deixou passar. Enquanto Emma vinha empurrando a bicicleta para onde estavam sentados, o garoto gravitava em torno, mal se contendo de tanta felicidade, o que via se manifestava no corpo de Regina como um calor acolhedor.

— Ah, mas essa bicicleta é de meninos grandes. — Emma viu Henry esmorecer de repente ao dizer aquilo.

— Porque você está dizendo isso? Não gostou dela?

Ele ficou olhando para baixo enquanto triste chutava a grama.

— É que ele ainda não sabe andar em bicicletas sem rodinhas, e essa ainda não tem o apoio. —  Regina se levantou e explicou.

— Ah... Mas espera, isso não é problema. — Emma deitou a bicicleta no chão e pegando no queixo de Henry erguendo a cabeça dele. — Eu posso ensinar você a andar, aí você também vai ser um menino grande.

— Você ouviu o que ela disse, filho? — Regina tocou o braço dele. — Nós podemos te ensinar hoje se você quiser.

— Podem mesmo?

— Claro que sim.

Emma pegou o capacete e as joelheiras e os vestiu em Henry, que agora estando devidamente equipado, começou a ter as suas aulas. Henry sentado, Emma segurava no guidom e na sela, enquanto explicava sobre os freios.

— Você tem que olhar a para frente Henry. — Regina o advertiu.

As duas ficaram se alternando em segurarem a bicicleta, e cada volta que davam com ele, iam o segurando menos, para que Henry começasse a se equilibrar sozinho.

— Agora você vai vir de onde a sua mãe está até mim. — Emma disse tomando distância e com a sua câmera apostos. — Está bem?

— E se eu cair? — ele questionou.

— Você está na grama, e de capacete e joelheiras, não vai se machucar, eu prometo. — Regina tentou tranquilizar o filho.

— De dedinho?

— De dedinho.

— Me segura, mamãe. — ele pedia quanto pedalava e Regina o segurava pela sela da bicicleta. — Não me solta. — mas o que Henry não sabia era que a sua mãe apenas caminhava ao seu lado, que não o segurava mais.

— Vem Henry. — Emma gritou de longe.

Queria capturar o momento perfeito, e ele veio exatamente quando Regina parou de acompanha-lo e ele percebeu que estava sozinho.

— Vem cá, olha para mim, não olha para os lados.

— Eu vou cair. — ele amaçou pender para o lado.

— Não vai não, mantenha o guidom para frente. — Regina o instruiu já ao longe.

E conseguindo se equilibrar até o final, Henry conseguiu chegar até Emma, que lhe pegou nos braços e o girou.

— Você conseguiu. — o abraçou.

— Você me soltou, mamãe. — disse depois que Regina se juntou a eles, e o abraçou, também abraçando Emma por consequência.

— E você andou sozinho, mocinho. — tocou na ponta do nariz ele.

— Eu quero andar mais. — fez força para descer para o chão e Emma o soltou.

— Cuidado heim, não vai infringir a lei de velocidade. — a loira brincou.

As duas sentaram na tolha de piquenique enquanto Henry dava voltas de bicicleta no gramado, caiu para o lado algumas vezes, mas se levantou, bateou a grama dos shorts e voltou a pedalar.

— Desde que nós nos mudamos, esse sem sombra de dúvidas foi o dia em que ele mais se divertiu. — Regia disse se aproximando mais de Emma.

— Eu me sinto revigorada só por ver ele brincando, sabia? — Emma passou a mão envolta da cintura de Regina, foi algo natural que nem ao menos se deu conta de que o fizera. — Acho que você deve se sentir assim todas as noites, não é, depois de chegar em casa da revista?

— Sim, mas eu não acho que seja assim como todo mundo, às vezes eu chego tão cansada do trabalho e ele está pilhado, pedindo para que eu brinque junto, e eu brinco, afinal somos só nos dois, brincamos até ele cansar e dormir, e daí eu fico olhando para ele e sinto saudades e tenho vontade de acordá-lo. Loucura?

— Eu não acho, na verdade é aquilo, Deus me livre, mas quem me dera. — riu.

— Você gosta de crianças, não é?

— Gosto. Bastante. — acrescentou.

— Você pensar em ter, você sabe, filhos?

— Acho que uma vez na vida todo deve mundo pensar em filhos, seja pensar em tê-los ou para descartar de vez essa hipótese.

— E qual é o seu caso?

— Independente do meio, tê-los. — olhou encantada para Henry, que acenava para ela.

— Porque independente do meio, pensa em adotar?

— Para mim essa aparece ser uma boa opção.

Emma não respondia olhando para ela, tinha olhar fixo em Henry, o que não passou despercebido para Regina.

Depois de muitas e muitas voltas de bicicleta dadas por Henry, Emma precisou devolver a bicicleta ao locador, e depois de todos os sorrisos que ele tinha dado naquela tarde, ver a carinha de desanimo de Henry quando tirou o capacete e as joelheiras lhe partiu o coração.

— Que tal darmos os restos dos nossos sanduíches para os patos, hum? — Regina sugeriu, e prontamente ele saiu andando na frente em direção ao lago.

— Vem cá patinho, vem cá — ele ficava chamando os animais enquanto segurava os pedações de pão.

— Ele não vai vir, porque ele tem um pouquinho de medo da gente, e mesmo se ele viesse, desse jeito ele ia acabar bicando o seu dedo, Henry, você tem que jogar na água para ele pegar. — Emma explicou.

— Assim? — arremessou o pedaço de pão no lago, e dois patos nadaram até ele para come-lo.

— Isso.

Ficaram alimentandos os patos até que um som muito conhecido por Henry chegou ao ouvido deles, e prontamente o garoto virou a cabeça na direção dele. Era o apito do algodão doce.

— Você que algodão doce, filho?

— É que eu prometi, mamãe.

Regina olhou para Emma e ela logo entendeu o que Henry queria dizer.

— Henry, não tem problema nenhum em você comer algodão doce, você só não pode sair atrás dele sozinho, sem nenhum adulto com você.

E entendendo isso, a promessa de Henry de nunca mais comer um algodão doce, não importando o quanto grande, colorido e doce fosse, foi quebrada.

Quando chegaram de volta ao prédio de Regina já estava escuro, e Henry dava piscadas demoradas indicando o sono iminente. Prendeu as bicicletas no suporte, e ajudou Regina a subir com ele, mas antes mesmo que chegassem ao apartamento, o garoto adormeceu em seus braços.

Emma ficou na porta do quarto dele observando Regina o colocar na cama, e quando ela apagou a luz, deixando apenas a do abajur acesa, adesivos fluorescentes brilharam no teto, nele havia um céu cheio de estrelas e uma lua no centro.

— Tenho certeza que ele amou essa tarde. — Regina disse quando voltaram para a sala.

— E você, gostou? Sei que não foi nada muito elaborado, mas...

— Eu também amei, Emma. — sussurrou antes de levar as mãos ao rosto de Emma e encaixar os seus lábios em um beijo que começou lento, mas se tornou voraz quando os seus corpos se uniram um ao outro.

Regina desceu as suas mãos até a barra da blusa de Emma, e arranhou o pedaço de pele que conseguiu expor, fazendo com ela gemesse em sua boca.

— Você vai me levar a loucura. — disse ao enfiar as mãos nos cabelos de Regina os puxando e separando as suas bocas.

— E isso não bom, porque estando com você eu não consigo pensar em uma forma que não seja. — tentou beijá-la, mas Emma puxou a sua cabeça para trás de novo.

— Emma...

Emma roçou os seus lábios no Regina, que tentava a todo custo toma-los em um beijo, mas todas as tentativas eram falhas.

— Não estamos mais no estúdio. — sua voz estava carregada de tanto desejo, que sua mente já viajava e imagina Emma despida na sua frente.

A cicatriz, Emma, a cicatriz. Como explicar essa cicatriz?

— O que foi? — Regina perguntou ao perceber uma sombra passar pelo rosto de Emma.

— Nada. — sorriu.

Com esse “nada”, Emma ficou com a mesma expressão de quando estava no pub antes de ela lhe contar que Jekyll e Kristin tinham cortado o cabo da internet, mas dessa vez preferiu não insistir.

— O Henry pode acordar e... Eu quero planejar tudo. — olhou para baixo com as bochechas coradas.

— Isso é sério, Emma?

— Porque não seria? — a encarou.

— Eu... eu...

— Mesmo fazendo muito tempo, eu já estive com outras pessoas, e sei que você também, mas quero que realmente seja especial. Vai valer a apena, eu prometo.

— E eu não duvido. — sem ser impedida dessa vez, a beijou com delicadeza, se permitindo sentir novamente cada lugarzinho daquela boca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não deixem de me contar o que estão achando, está bem?
beeijo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Heartbeat" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.