Sentido Aranha escrita por DrStrange


Capítulo 1
Único




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Haviam se passado três semanas desde o incidente com Thanos, o único futuro que poderia salvá-los acabou por ter sido concretizado, e aos poucos tudo parecia se resolver. 
Para Stephen era um pouco atípica a sensação de voltar a vida. Já havia conhecido o próprio inverno durante seu acidente, e morrido inúmeras vezes durante sua barganha com Dormammu, de certa forma não podia comparar com sua estadia na jóia da alma com uma morte verdadeira. 


Estar ali o deixava consciente, e essa consciência era uma rota repetitiva tal como deus lapsos temporais que envolviam somente uma pessoa: Tony Stark. 
Uma e outra vez sua memória refletia e remodelava aquela pessoa durante seu estupor de “morte”. De início pensou que fosse pelo fato de que Tony havia sido seu último contato em vida. Mas, quando o fluxo foi quebrado por uma voz que o remetia a algo familiar, tudo fez certo sentido. 


Peter o encontrou ali, o que fez Stephen perceber que o menino também havia morrido, juntos permaneceram e sério, Stephen nem queria abandoná-lo, mas percebia que nem mesmo a presença agitadas outro tirava o Homem de Ferro de sua cabeça. Até que sua previsão se confirmou e puderam retornar. 
Voltar para o santuário, sentir a capa lhe circular com cuidado, ter novamente a magia em seu corpo, o peso da joia verde no olho de Agamotto era o atual significado de paz. 


Porém, Stephen não queria admitir o desconforto latente de que algo lhe faltava. 
Tal sensação começou a ser aos poucos aplacada desde o dia que um barulho agitou na janela do santuário, fazendo com que o mago trouxesse para dentro da sala a raiz dos ruídos. 


— Senhor... Doutor. — o rapaz se curvou como se não soubesse ao certo como agir frente a ele. 
— Você sabe que existe uma porta aqui, sim? 
— Me desculpe doutor. Eu só... Eu...Você nunca aparece na sede dos Vingadores. 
— Hm, agora é a hora que você percebe que eu NÃO sou um vingador. 
— Eu sei, é que o senhor Stark... — nesse momento Stephen pareceu falhar e voltar rapidamente, só com a simples menção daquele nome. — ... o senhor Stark sempre fala sobre você. 


De repente seja lá o que estivesse fazendo deixou de ser relevante, como assim? Stephen respirou fundo para tentar se reorganizar. 
— Você devia ir vê-lo. — o jovem completou como um conselho óbvio. 


❌ 


Tony Stark, gênio, bilionário, playboy, filantropo. E agora completamente caído por um Merlin médico. 
Não era exatamente sua culpa, bom, talvez só um pouquinho. Na verdade, após toda a batalha contra Thanos, as pessoas retornaram aos seus ambientes, as joias voltaram para seus donos ou guardiões e Tony teve uma série de conflitos para ajustar. 
 
A começar por “aquela” conversa com Steve que talvez fosse a pior parte em tudo. 
Para ser sincero, ele pensou que seria pior, tinha inclusive certeza disso, pelo menos até antes de sair da Terra, até antes de conhecê-lo, até antes de lutarem e juntos. Agora tudo parecia fácil, o diálogo com o Capitão América foi simplório, lotado de “sim”, “aham”, “sei”. Então Steve parou de tentar um diálogo mais abrangente e o assunto se tornou sobre os Vingadores. Isso foi tudo. 


Por falar em Vingadores, Peter agora era oficialmente um. E Tony foi obrigado a se acostumar urgentemente com seu jeito falante, expansivo e irritante. Na real, passou a gostar dessa companhia nos dias que seguiram a derrota de Thanos. 
— Você não vai acreditar senhor Stark! 
— Duvido muito, garoto. 


Ele saltou por cima de Bruce que parecia no meio de uma dura troca de olhares com Nat no sofá, parando em frente a um Tony que ajustava as configurações de um computador. 
— Todos os dias ando passando no Sanctum Sanctorum para visitar o senhor Doutor, acredita que lá dentro tem demônio! Eu pensava que o senhor Doutor tinha dito isso para que eu não voltasse e ficasse com medo, mas Wong confirmou. 


A voz animada preenchia o ambiente, mas a atenção de Stark agora estava na palavra Doutor, nem mesmo a entrada de Steve, Bucky e Wanda que podia ser bem barulhenta, lhe distraiu. 
— Ah, é? 
— Eu pensei que o Doutor podia estar muito solitário após nosso retorno, bom, ele ajudou a salvar o universo e me fez companhia dentro da joia... — murmurou como se fosse motivo o bastante para frequentar o santuário do feiticeiro, e era. — Ele realmente faz magia, tipo, sabe, como as bruxas da Disney, só que sendo do bem... eu acho. 
— É por isso que ele se intitula... — Stark ia ser óbvio em sua resposta, mas foi quebrada pela voz de Peter. 
— Ele sempre fala sobre você. 


Tony realmente não conseguia imaginar o Doutor falando sempre dele, mas era inevitável a curiosidade a respeito do que ele poderia dizer. 
— Você devia ir vê-lo. — Peter concluiu. 


❌ 


A noite não parecia passar e Stephen já havia lido todos escritos argadianos remanescentes que Loki havia trazido a mando de Thor. Ter acesso ao que sobrara de dados daquele povo, tal como umas magias extras foi sua cláusula para permitir que o deus da trapaça pudesse ficar na Terra com o que sobrou do povo de Asgard, até que encontrassem um local para viverem. 
Foi nesse instante que sentir a presença de alguém antes da porta ser batida, seu manto também deve ter sentido, pois agitou-se urgentemente até a entrada. 


Ali estava quem não havia deixado os pensamentos de Stephen desde Titã. 
Sem armadura, sem bloqueio, com aqueles olhos escuros que pareciam agora mais pesados e opacos, tal como Stephen lembrava da última vez que o olhou. Diferente do brilho astuto e malicioso que tinha em seu primeiro contato visual com eles. 
— Entre Tony Stark, a que devo sua visita às... Duas e vinte e sete da manhã? 
— Ham, provavelmente meu relógio está quebrado. Enfim, não precisa se comportar como se tivesse duzentos anos, pesquisei sobre você, não é assim tão velho. 


Stephen automaticamente apertou seus dedos trêmulos ao ouvir que havia sido pesquisado, os olhos de Stark também caíram para as cicatrizes, mas ele não queria dizer isso, não era sobre saber do seu acidente e sim uma forma de contá-lo que tinha pensado nele. 
— O grande Stark deve estar com muito tempo livre ou muito interesse sobre mim. 
— Confesso que um pouco de cada. — admitiu facilmente, irritando o feiticeiro. 
— O que você quer Tony? 


Ok, talvez Stephen não fosse em tudo polido, como quem veio de outras eras e conheceu outros mundos, pior que nem dúvida a disso. E ainda assim, queria conhecer todas suas facetas, todos os atos do feiticeiro. 
— Você tem magia e eu tenho tecnologia. — respondeu em um tom baixo. 
— Não diga, Sherlock! 
— Argh, eu quer dizer, é óbvio que eu ficaria curioso. 
— No seu grupo de defensores tem até mesmo um deus, mas é o feiticeiro quem anda te deixando curioso? — pela primeira vez em muito tempo, Stark ficou sem fala. 


E Stephen apesar de ter resmungado apenas como provocação, desejava uma resposta positiva quanto aquilo. 
— Chá? — perguntou assistindo Tony se assusta ao ter o corpo tombado contra uma poltrona confortável, parando em frente ao Doutor. 


O penteado era organizado demais e nossa, altamente sexy. Reforçando a mente a não seguir esse fluxo pervertido, voltou a lembrar de como Stephen não relutou a seguir seu plano sem sequer ver o futuro, enquanto os outros sempre debatiam as ideias. 
Ou então em como ele abriu mão de seus dois maiores bens: a joia do tempo, e sua vida, em prol de Tony. Nunca fizeram isso por ele antes, era arrebatador. 


 — O garoto disse que você estava querendo saber sobre mim. — Tony viu-se tomando o chá oferecido, e nem lembrava que gostava de chá. 
— Que eu estava... Espera, que? 
— Confesso que também fiquei surpreso, mas... — visto o que haviam passado juntos em Titã, desejou completar, mas o semblante de Stephen era estranho demais, mais do que seu nome. 
— Não. Você não está entendendo, Peter me disse que você era quem sempre falava de mim! 


Tony arregalou os olhos. 
— Oh cara... essa é muito antiga... 


Os dois se encaram como se não acreditassem que Peter tivesse mesmo usado um método de união tão vintage, e pior, eles haviam caído. Duas das mentes mais grandiosas do país foram dobrados por um cupido em forma de aranha. 
— Que tipo de criação você anda dando a ele? — o doutor perguntou como se a culpa dessa brincadeira infantil fosse do mais velho. 
— Escuta aqui, eu não sou o seu.... Aff, se está tão preocupado, por que não participa dessa criação? 


O feiticeiro sentiu um calor em sua face com aquela oferta, mas claro que a mente o forçou a crer que se tratava de uma brincadeira. Tony Stark ficou de pé, agora seria um bom momento para se retirar. A armação de Peter o havia deixado sem jeito frente ao mago. 
Mas não era assim que o manto da levitação pensava, pois esvoaçou até o outro homem, enroscando nele e em seu dono ao mesmo tempo, como se de repente estivessem em um complô com Peter. 


— Eu não posso evitar isso. — Stephen murmurou com a boca perigosamente perto demais da de Tony. Explicando sua inutilidade quanto ao tecido que tinha vida própria. 
— É uma cortina legal... Talvez um pouco inconveniente?! 
— A única coisa inconveniente aqui é você, isso é o manto sangrado da levitação! 


Como se confirmasse as palavras de seu dono, o tecido apertou ainda mais, deixando os dois completamente colados um ao outro. 
— Ok, okay entendi. Já é mais legal do que a capa de Dumbledore. — Stephen revirou os olhos. 
— Primeiro, a capa era de Harry Potter, e segundou, essa piada é a melhor que consegue fazer? 


O doutor o provocou, e Tony achava lindo o azul daqueles olhos frios vistos de tão perto. 
— Estou aguardando ter um pouco mais de intimidade para começar com os trocadilhos sobre pegar na varinha. — admitiu, arrancando uma risada de Strange. 


Cara... era mesmo lindo. 
— Sério Tony, só... cala a boca. 
— Ok, as piadas sobre métodos para se calar uma boca ainda estão be... 


No entanto Stephen nunca escutou o restante daquela frase, e nem mesmo Tony recordava o que ia dizer, já que o mago o silenciou de forma convencional e objetiva, afinal o Doutor também conhecia métodos eficazes para selar retrucares irritantes. 
Eles não se soltaram nem mesmo quando o manto se desenrolou, haviam sido dias angustiantes apesar de terem obtido sucesso, e pela primeira vez em muito tempo, o restante da madrugada que partilharam juntos foi para ambos sem a habitual sensação de inquietação, pânico e angústia. Os dois tinham muitos demônios antigos para exorcismarem e a companhia um do outro era tão reconfortante como o chá que também partilhavam. 


Tony pensou que no dia seguinte deveria agradecer Peter. Repreendê-lo, claro, mas depois sem dúvida, o agradecer. 


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Notas finais do capítulo

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