SuperGrimm – Uma Caçada Wesen escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 6
Macadâmia, não camomila


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente *-*

Desculpem pela demora. A vida anda passando por cima de mim, tem sido difícil me organizar, sentar, escrever, ficar satisfeita com o que coloco no papel (Word, na verdade).

Aos poucos, chego lá e finalizo a fic. Fé em Cher. Amém.

Boa leitura!



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A voz dura de Sam, ordenando que Nick e Monroe fiquem longe do seu irmão, ecoa em meio ao estacionamento do Englewood Hotel. A tensão paira no ar gelado da madrugada. De repente, é como se o tempo tivesse parado. Como um filme em pausa, ninguém se move ou diz qualquer palavra em resposta por longos segundos. Depois, como se alguém finalmente tivesse acionado o botão play, o Blutbad se vira devagar, com as mãos erguidas na altura do peito.  

Tentando dissipar a tensão, ele comenta: 

— Ah, esse cheiro de macadâmia não me engana. Você deve ser Sam Winchester, acertei?  

Sem acreditar que ouviu mesmo uma observação aleatória sobre a fragrância do seu shampoo, o caçador franze o cenho. Antes que ele pense no que responder, Nick — que ainda mantém a sua arma empunhada na direção de Dean —, sorri de uma maneira ácida e vai direto ao ponto: 

— Irmãos, hein? E falsos federais. Família unida até o fim, inclusive no crime. 

Os Winchester trocam um rápido olhar, até que Dean se levanta do chão com as mãos erguidas e diz afiado: 

— Então você já sabe. Grande coisa.  

— Grande coisa mesmo — Nick retruca num tom intimidador. — Algo assim poderia fazê-los apodrecer na prisão. Aliás, eu já tenho provas suficientes para fazer isso acontecer. 

Mais uma vez, o momento parece ficar em suspenso. O silêncio predominante da madrugada impera por toda a parte e só é estremecido quando Sam expõe uma conclusão: 

— É por isso que você veio até aqui? Para nos prender? 

Nick esboça um meio sorriso antes de negar: 

— Para minha surpresa, não. Ainda não, pelo menos. Acontece que o fato de vocês terem morrido numa prisão em Ohio há alguns anos e, milagrosamente, estarem bem aqui na minha frente me deixou curioso. Isso sem falar no tipo esquisito de pergunta que andaram fazendo para a família de Jacob Johnson e aos vizinhos. Quem são vocês afinal? 

— Eu pensei que você já soubesse. — Dean estreita o olhar na direção dele e sorri de um jeito torto. — Em todo caso, lá vamos nós. Dean Winchester, seu criado. E aquele cabeludo de dois metros ali é o meu irmão, Sam. Você é Nick Burkhardt, certo? — Ele olha para o sujeito que o derrubou no chão a alguns passos de distância. — E a sua graça é? 

— Monroe, muito prazer. Eu apertaria as mãos de vocês, se pudesse. 

A resposta polida deixa Sam e Dean intrigados. Porém, antes que eles decidam se ele está sendo irônico ou se realmente está falando sério sobre cumprimentá-los, Nick segura a arma com mais força e eleva um pouco a voz: 

— Certo, eu vou reformular a pergunta, acho que não ficou claro. O que vocês são? Eu já sei que não são Wesen. Grimms, quem sabe? Mas como sobreviveram à decapitação? Forjaram a própria morte? Como conseguiram? 

— Espera um pouco. — Sam balança a cabeça, cada vez mais confuso com a situação. — Grimms? Você quer dizer, como os Irmãos Grimm? 

Dean pensa por um momento, tentando se lembrar exatamente aonde ouviu esse termo. Quando mata a charada — ou pensa que a matou —, se pronuncia também: 

— Aqueles alemães dos contos de fadas? Não, eu não sou muito fã de livros. O Sammy gosta de literatura, claro, mas eu prefiro as adaptações. Adoro a versão pornô da Branca de Neve, por exemplo. Ah, a madrasta malvada... Que atuação. 

Há um momento de silêncio um tanto constrangedor no estacionamento durante o qual Sam fecha os olhos e Nick arqueia as sobrancelhas sem acreditar no que ouviu. Com as suas unidas, Monroe diz ao amigo: 

— Bom, acho que isso responde a sua pergunta, Nick. Eles não são Grimms. É claro que não têm a menor ideia do que você está falando. 

De pronto, Sam propõe: 

— Por que você não explica?  

— Ótima ideia — Dean fala em concordância, voltando-se para Monroe. — Começando por que tipo de criatura você é. Uma mutação de lobisomen? Um híbrido, talvez? 

Um breve riso escapa da garganta do Blutbad. 

— Desculpe, mas se vocês não sabem o que é um Grimm de verdade, eu não acho que estejam prontos para uma ampla explicação sobre o mundo Wesen.  

— Pelo menos, não aqui nem agora — Nick acrescenta. E depois de ponderar tudo o que aconteceu e foi dito até esse momento, toma uma importante decisão. — É por isso que eu vou abaixar a minha arma e te pedir para fazer o mesmo... Sam. Algo me diz que não somos inimigos. 

A proposta de trégua surpreende o próprio detetive. Ele sabe que está jogando em território desconhecido e que dar um voto de confiança aos dois homens na sua frente é um risco. Ainda assim, não volta atrás.  

Em contrapartida, um sentimento de descrença atinge Sam em cheio. Justamente por causa dessa descrença, não consegue reagir por ora. Talvez Nick esteja mais inclinado a confiar nele do que ele em Nick.  

Também com um pé atrás, e irritado por algo que o policial fez no começo de tudo aquilo, Dean contrapõe com um resmungo amargurado:  

— Você mexeu com a minha Baby. Isso, por si só, já nos torna arqui-inimigos. 

— Baby? — o Grimm repete, olhando para ele de um jeito questionador. Leva alguns instantes para entender do que se trata. — Ah, você quer dizer o Impala? É só um carro. 

Se olhar matasse, certamente Nick Burkhardt cairia duro no chão agora mesmo.  

Entredentes, o Winchester esclarece: 

— Não é  um carro, é praticamente uma vida. Um easter egg nosso. Você não é capaz de entender... 

— Dean. — Sam chama a atenção do irmão, prevendo que o tempo pode fechar caso a conversa prossiga por esse caminho. Então, ele torna a se concentrar em Nick e resolve pagar para ver. — Trégua aceita, mas se você trapacear... 

O Grimm abaixa a arma antes que ele conclua o raciocínio, ao mesmo tempo em que lhe assegura:  

— Sem trapaças.  

Surpreso e agora convicto de que fez bem em acatar a oferta, Sam também guarda a sua. Em seu olhar meio perdido, a desconfiança se dissipa de vez. 

— Ah, que bom que tudo se resolveu sem violência. — Monroe relaxa de imediato e abaixa as mãos. — Muito bom. Fico feliz, rapazes. Somos todos cavalheiros afinal, não é? Pessoas civilizadas? 

De um jeito ácido e acusatório, Dean faz questão de lembrá-lo: 

— Engraçado você dizer isso, sendo que partiu pra cima de mim, como um animal, há menos de cinco minutos. 

— Foi mesmo, mas você está inteiro. Além disso, eu só estava defendendo o Nick. Era você que tinha uma arma apontada para ele. 

— Defendendo por quê? Por acaso, você é o cãozinho de guarda dele?  

O tom de provocação de Dean não passa despercebido ao Blutbad. Definitivamente, ele não gosta nenhum pouco de ser comparado a um cachorro de forma pejorativa. As mãos se fecham com força ao lado do corpo. E seus olhos chegam a ficar perigosamente vermelhos enquanto ele responde com uma falsa calmaria: 

— Um amigo, na verdade. E estou começando a achar que ele não devia ter abaixado a arma tão rápido. 

Dean sorri desdenhoso. 

— Ei! — Nick eleva a voz para chamar a atenção de ambos. E quando os olhos de Monroe voltam ao seguro tom de castanho, ele encara Sam e Dean e retoma de maneira pragmática: — Como eu estava dizendo, algo me diz que estamos do mesmo lado. Me corrijam se eu estiver errado, mas vocês estão atrás da criatura que matou Jacob Johnson, certo? Porque desconfiam que o criminoso não é humano e têm interesse em desvendar o mistério.  

Os irmãos Winchester se entreolham num tipo de comunicação inconsciente. Os dois lembram como Nick Burkhardt fez questão de olhar o desenho esboçado por Ted Johnson e da forma interessada e analítica como observou cada traço sobre o papel. Agora eles têm certeza que o detetive queria gravar cada detalhe porque, no fundo, talvez não tenha achado a teoria da criança tão absurda. A teoria de que um monstro foi o responsável pela tragédia. 

Querendo ter certeza de que Nick sabe da existência do sobrenatural e é disso que está falando, Dean pergunta: 

— E como diabos você sabe que o assassino não é humano? 

O detetive abre a boca para esclarecer de vez essa questão. Entretanto, antes que o faça, Sam junta todas as peças e responde por si só: 

— Porque ele está atrás dessa coisa também. E não é a primeira vez que faz isso. — Analisa o semblante de concordância de Nick. — Você é um caçador. 

Com um leve sorriso de satisfação, este toma a palavra: 

— Ótimo, pelo menos um Winchester é inteligente. — Ignorando o olhar azedo de Dean, emenda: — Isso mesmo, Sam. Eu sou um Grimm. E vocês são...? 

— Caçadores. Só caçadores, sem o lance Grimm. Seja lá o que Grimm significa por aqui... 

Ainda irritado pelo detetive ter questionado sua inteligência com o comentário anterior e com tantos termos misteriosos que serpentearam a conversa até aqui, Dean dispara com impaciência: 

— Por falar nisso, o que Grimm significa? E Wesen? O que tem de errado com esse lobisomen? E, já que estamos falando abertamente sobre o assunto, o que você acha que matou aquele pobre infeliz? 

— São muitas perguntas, Dean. Eu também tenho as minhas — Nick diz, ponderado. — É nítido que todos nós precisamos conversar e explicar certas coisas uns aos outros. Mas não podemos fazer isso no meio de um estacionamento de madrugada. 

Assumindo uma postura ainda mais defensiva, Dean avisa sem cerimônia: 

— Eu não vou convidá-los para entrar. Sem ofensa, mas não confio em vocês.  

Tentando ajudar, Monroe volta-se para o amigo e sugere: 

— A Loja de Especiarias está de portas abertas, Nick.  

Entretanto, Dean está relutante e deixa isso claro ao se esquivar: 

— Sem chance. Eu não vou segui-los, sabe-se lá para onde, no meio da noite. 

Diante do impasse, o Grimm decide ser mais incisivo. Mesmo que para isso precise blefar um pouco como, de fato, faz: 

— Então, talvez seja melhor conversarmos na delegacia. O único problema é que, nesse caso, vocês não sairão de lá. A escolha é de vocês. 

Sem esperar por resposta, ele dá as costas aos dois e segue rumo à saída do estacionamento.  

Enquanto Sam e Dean se olham em silêncio, Monroe resolve incrementar a última cartada do amigo com um empurrãozinho: 

— Ele está falando sério. Se vocês não vierem por bem, logo uma viatura virá buscá-los por mal. Eu ouvi dizer que o detetive Griffin e o sargento Wu estão loucos para prender os irmãos criminosos que, misteriosamente, foram decapitados numa delegacia em Ohio e sobreviveram.  

— Nós não somos criminosos — Sam nega, defensivo. — Não do tipo que o seu amigo está pensando, pelo menos.  

— Só fraudamos uns cartões e documentos, nada de mais — Dean emenda. — E certamente não fomos decapitados de verdade, embora eu esteja por um triz de perder a cabeça agora. Essa cidade é maluca e o seu amigo, um tremendo pé no saco. 

Mais sensato, Sam dá um passo à frente e continua sua explicação: 

— Olha, nós não matamos aquelas pessoas em Ohio. Nós fazemos justamente o oposto disso, salvamos pessoas.  

— É o negócio da nossa família — Dean acrescenta. — Caçar coisas. Como essa que matou Jacob Johnson. Como... você. 

Monroe respira fundo ao ouvir a última parte. Faz um esforço para relevar a segunda provocação de Dean Winchester. Do jeito mais calmo que consegue, esclarece:  

— Eu não sou nada parecido com o Wesen que matou aquele pai de família. Se eu fosse, acredite, você não estaria falando agora. Ou o seu irmão.  

Desta vez, é Dean quem não gosta do que ouve e retruca no mesmo instante: 

— Isso é uma ameaça, lobinho? 

Monroe ri. Em parte, para dissipar a tensão; em parte, porque acha mesmo engraçado que o Winchester continue se referindo a ele como um lobisomen comum. Ele ergue um pouco as mãos, como um sinal de rendição, e argumenta do jeito mais claro possível: 

— Longe disso. Eu não tenho o menor interesse em partir para a violência, acredite. Sou um Blutbad reformado, cem por cento vegetariano e adepto da paz na maior parte do tempo. E como tal, aconselho que você e o seu irmão tomem a decisão certa. Nick tem razão sobre vocês possuírem algo em comum com ele. Então, que tal deixar o ego um pouco de lado e aceitar que talvez possam se ajudar? 

Monroe se afasta na sequência, tomando a mesma direção que o amigo e deixando dois hesitantes caçadores para trás. Um deles está muito insatisfeito com o rumo que a conversa tomou. 

— Foi impressão minha ou ele nos chamou de egocêntricos, Sammy? 

— Eu acho que foi mais para você do que pra mim, Dean — ele rebate, fazendo o outro lhe lançar um olhar torto. — O que foi? Eu estou disposto a conversar e não destratei nenhum deles até agora. 

— Engraçado, pensei ter te visto apontando a arma para os dois. 

— Sim, viu bem. Mas só porque eu pensei que você estava correndo perigo. Quando me convenci que não estava, eu abaixei a arma. Você viu isso também, não? — Sam arqueia as sobrancelhas e, antes de seguir rumo ao Impala, aconselha: — Está na hora de você abaixar a postura defensiva. No fundo, você sabe que eles podem nos ajudar a entender o caso. 

Dean permanece estancado no lugar pelos instantes seguintes. Revira os olhos e expira com força ao perceber que o irmão tem razão. Ao perceber que o próprio Monroe e o detetive podem mesmo estar certos. Eles precisam conversar porque há muitas perguntas soltas e, claramente, existe algo maior em jogo. Uma caçada, pessoas em potencial perigo, o maldito bodecórnio. 

Sem conseguir disfarçar a expressão insatisfeita, no entanto, ele caminha com passos firmes até o Impala, bate a porta ao entrar e debocha: 

— Então um cara elogia o seu cheiro de camomila, o outro te acha inteligente e assim já te conquistam? Às vezes, você parte o meu coração, Sammy. 

Desta vez, é este quem solta a respiração com força.  

— Só dirige, Dean. Sem gracinhas — baixinho, ele ainda ressalva contrariado: — Macadâmia, não camomila. 

Seu irmão ergue as mãos em rendição, controla um riso de escárnio e depois liga o carro. O rugido do Impala 67 ecoa mais alto à essa hora da madrugada e logo eles cruzam o portão de saída do Englewood Hotel.  

Já no quarteirão adiante, os faróis do carro de Nick piscam duas vezes para mostrar o caminho que os caçadores devem seguir.  

Deixando a relutância de lado, Dean faz os pneus de sua Baby cantarem na direção indicada. 


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Notas finais do capítulo

Só queria dizer que eu amo esse quarteto demaiiiiiiiiiiiiiiis ♥



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