SuperGrimm – Uma Caçada Wesen escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 5
Contando até três


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente ♥

Cheguei com mais um capítulo :-)

O capítulo 6 está praticamente pronto, então seguindo minha meta de focar nessa fic até o fim, resolvi postar o 5 logo hoje.

A saber, dei uma reformulada na sinopse.

Boa leitura!



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A princípio, Nick Burkhardt fica surpreso quando vê, a uma distância segura e dentro do seu carro, Sam Winchester abordando uma das vizinhas de Jacob Johnson. Ele acompanha, com certa revolta, o misterioso homem mostrar a identificação falsa para a senhora de meia idade na soleira e ser convidado para entrar na residência logo depois.

Cerca de dez minutos se passam, até que o falso agente federal se despede dela educadamente, desce os degraus da varanda com suas pernas compridas e caminha rumo a casa ao lado.

A essa altura, o detetive não está mais surpreso. Agora entende que o tal Winchester teve a mesma ideia que ele e decidiu sondar possíveis testemunhas do crime ocorrido no bairro há duas noites.

Nick aguarda, com uma paciência que desconhecia, Sam entrar, demorar o tempo que é preciso para fazer perguntas que julga importantes e sair de cada uma daquelas casas. Estacionado numa rua próxima e oculto pela sombra de uma enorme nogueira, ele estreita o olhar e consegue vislumbrar a frustração no semblante do sujeito toda vez que uma porta é fechada a suas costas no final de cada interrogatório.

Quando Sam volta para o Impala e dá partida, Nick aguarda um pouco por medida de segurança. Depois, deixa o seu veículo para trás, bate na porta da primeira vizinha e se apresenta formalmente.

Ele faz isso em todas as outras casas. Encontra certa resistência dos moradores porque, afinal, eles acabaram de responder perguntas de um agente do FBI. Então por que precisam passar pelo mesmo processo de novo?

Cada vez que ouve essa queixa, aquela revolta inicial pela intromissão do impostor volta a incomodar o Grimm. Disfarçando a insatisfação como pode e com firmeza, ele explica que houve um desencontro entre as jurisdições, mas que suas perguntas serão breves.

A verdade é que, no momento, está muito mais interessado em descobrir que tipo de questões Sam Winchester dirigiu àquelas pessoas do que com o que elas tenham a dizer sobre o assassinato do Sr. Johnson. Mesmo porque, pela expressão desanimada de Sam, Nick não acredita que alguém no bairro tenha fornecido alguma pista relevante a ele.

Cerca de uma hora depois, o detetive está de volta ao seu carro. Mais confuso do que nunca porque o mesmo tipo esquisito de pergunta que Sam fez, junto com o irmão, aos familiares da vítima foi repetido para aquelas pessoas. Se elas tinham notado quedas bruscas de temperatura na vizinhança, visto ou ouvido algo fora do comum, sentido um cheiro putrefato como de enxofre.

Está claro para Burkhardt que Sam e Dean não estão procurando uma explicação natural para aquela morte. Talvez eles sejam mesmo Grimms. Mas que tipo de Wesen estão pensando encontrar ali? E que tipo de Grimms sobrevivem à decapitação?

Por falar em Wesen e Grimms, infelizmente ninguém que foi abordado por Nick fez woge ou pareceu suspeito de alguma maneira, deixando-o tão frustrado quanto o impostor federal ficou.

Com a tarde começando a cair, Nick percebe que não comeu nada até agora. Sem real apetite, almoça qualquer coisa num restaurante perto dali e depois dirige de volta à delegacia. No caminho, ele passa em frente a padaria onde Monroe comprou a torta de frutas vermelhas para Rosalee. E nem pode imaginar, mas Sam Winchester também passou pelo lugar há pouco.

O caçador comprou mais cerveja e sanduíches ali. E deixou para trás, como sempre, algo que o irmão tanto lhe pediu para não esquecer.

[...]

Com um olhar vidrado e enquanto revira as sacolas sobre a pequena mesa dentro do quarto, Dean questiona aflito:

— Cadê a torta, Sammy?

Ele abre a boca para assegurar que a sobremesa deve estar ali em algum lugar, porém desiste ao se dar conta de que, na realidade, nem chegou a passar o item pelo caixa ou pegá-lo da prateleira.

O semblante culpado e sem jeito, que em muito parece com um cachorrinho que caiu do caminhão de mudança, não amolece o coração de Dean, tampouco o seu estômago cheio de fome. Ele simplesmente fecha a cara. Não está realmente surpreso, mas desapontado como sempre fica toda vez que Sam comete esse deslize.

[...]

Enquanto isso, do outro lado de Portland, Wu apoia-se na mesa de Nick e cruza os braços. Tomando cuidado para não ser ouvido por outros colegas de equipe que passam pelos corredores e trabalham nas mesas mais próximas, indaga baixinho:

— Então, o que você decidiu fazer sobre os nossos impostores favoritos?

Antes que Nick pense no que responder, Hank, que está acomodado na mesa em frente a dele, inclina-se um pouco e também sussurra:

— Mesmo que sejam Grimms, isso não muda o fato de que eles estão se passando por federais. Muito menos apaga os crimes hediondos que cometeram no passado. Isso é muito grave, Nick. Temos indícios suficientes para prendê-los. Uma palavra, um mandado, Sam e Dean Winchester vão parar atrás das grades. Parece ser mesmo o lugar deles, você não acha?

Há um excesso de ansiedade na voz do detetive Griffin. Não se trata apenas de prender dois potenciais criminosos. Essa questão já está virando algo muito pessoal.

Nick não pode negar que se sente do mesmo jeito. Ele teria muito prazer em buscar os dois agora. Faria questão de colocar as algemas e trancá-los em celas separadas para que não pudessem se comunicar nunca mais. No entanto, algo o impede de iniciar o trâmite para que isso aconteça. Algo que ainda não se encaixa nessa história. Algo de que ele quer ter certeza, antes de tomar a atitude que se espera de um policial nesse cenário.

Apesar de todas as evidências, no fundo Nick Burkhardt não acredita que Sam e Dean Winchester sejam os vilões. Não sabe explicar por que pensa assim, apenas sentiu a boa intenção por trás de cada palavra que eles disseram até agora, por mais tortas e estranhas que algumas tenham sido.

É por isso que o Grimm toma uma decisão completamente diferente do que se esperaria. Recostando-se na cadeira, ele expõe essa escolha de imediato:

— Uma chance. Eu vou dar uma única chance pra que Sam e Dean me contem a verdade.

Hank e Wu se entreolham. E, quase em uníssono, dizem:

— Você não está pensando em...

— É exatamente o que eu estou pensando — Nick interrompe os dois, já que pela expressão em seus rostos sabe muito bem que eles adivinharam qual é o plano. Mesmo assim, para que não reste dúvidas, ele conclui:  — Chegou a hora de retribuir e fazer uma visita aos falsos agentes John Hetfield e Robert Hammett. Confrontá-los, para ficar bem claro.

O sargento e o parceiro de Nick trocam um novo olhar. Um olhar de quem já não acha a ideia tão má assim. Um olhar de quem apoia o plano e quer participar efetivamente dele.

— Você vai precisar de reforços — Hank insinua primeiro.

— Por favor, não me prive do prazer de desmascarar aqueles dois babacas — Wu emenda.

Nenhum deles esperava uma resposta negativa. Por isso, ficam visivelmente surpresos e sem dúvida decepcionados com a demora do detetive em aceitá-los como backup.

A verdade é que nem Nick sabe direito por que está hesitando em abraçar a ajuda. Apenas tem um pressentimento de que precisa lidar com o problema por sua própria conta e risco.

Mais alguns instantes de silêncio se arrastam, até que ele expira sonoramente e tenta explicar o ponto:

— Eu agradeço, mas prefiro fazer isso sozinho. Pelo menos, num primeiro momento.

Exalando discordância e certa preocupação, Wu argumenta numa tentativa de abrir os olhos do amigo:

— Oh, claro. Nada melhor do que pedir ajuda quando você já estiver em maus lençóis. Soa muito inteligente.

— Esses caras podem ser perigosos, Nick — Griffin ressalta num tom mais sério. — Droga, eu tenho certeza que eles são.

Apesar da consternação dos dois, o Grimm parece determinado a prosseguir com o plano do jeito que acha melhor por ora. Não está com medo, nem um pingo sequer. Tem certeza que pode se defender e atacar, caso seja preciso.

Pensando assim, ele afirma com um olhar seguro:

— Vocês estão esquecendo que eu também sou.

No entanto, essas palavras não deixam o sargento ou Hank mais tranquilos. De qualquer forma, eles são obrigados a se conformar. Conhecem Nick muito bem e sabem que ele não vai mudar de opinião mesmo que eles insistam.

Frustrado, Hank indaga:

— E quando você pretende abordar os Winchester?

Burkhardt leva poucos segundos para ponderar o questionamento.

— À noite. De madrugada talvez seja melhor, para não chamar a atenção. E eu acho que... vou dar uma olhada no Impala primeiro. Se Sam e Dean Winchester são Grimms, devem ter alguma arma especial no porta-malas.

— Nada melhor do que começar uma abordagem mexendo com o carro dos sujeitos — Wu ironiza baixinho.

— Tenham um pouco de fé em mim, tudo bem? — Nick pede, meio aborrecido. E antes que o assunto se prolongue, muda o foco: — Se vocês querem me ajudar, vamos nos concentrar na investigação principal por enquanto. Mais informações sobre Jacob Johnson viriam bem a calhar agora. Wu, cheque os antecedentes criminais de novo e multas de trânsito. Vamos ver se a vítima se envolveu em alguma ocorrência ou briga nos últimos anos. Algo que possa ter virado uma motivação para vingança. Eu sei que o alvo era a criança, mas vamos esgotar todas as possiblidades de investigação.

— Sim, senhor — o sargento assente com um leve tom divertido e segue rumo a outra área da delegacia.

De pronto, Nick volta-se para o parceiro e orienta também:

— Hank, um pente fino mais amplo nas faturas de cartão de crédito seria ótimo. O Sr. e a Sra. Johnson pareciam ter o casamento perfeito, mas muitas vezes as aparências enganam. Procure por indícios de traição, doações suspeitas, qualquer coisa fora do comum. Eu vou conferir o registro telefônico mais uma vez e sondar contatos dos empregos antigos. Nenhum vizinho parece ser a criatura que eu estou procurando e a esposa afirmou que o marido não tinha inimigos. Talvez o Wesen que estamos procurando não seja de Portland e, por isso, ela não sabe de nada.

— Okay. — Hank se ajeita na cadeira e estala os dedos.

Um instante depois, já está acessando o banco de dados da polícia, abrindo as faturas disponíveis da vítima e solicitando outras para a administradora do cartão de crédito.

Enquanto isso, Nick faz um esforço para se concentrar no trabalho e apenas nisso. Ironicamente, não consegue fazer o que pediu aos parceiros de equipe. Não consegue manter o foco na investigação. Seus pensamentos acabam sempre vagando para o Englewood Hotel. Rumo aos dois sujeitos misteriosos, abusados e intrigantes que ocupam um quarto no segundo andar e não são quem disseram ser.

Essa inquietação não diminui nas horas que se seguem. E, infelizmente, o trabalho não rende novas pistas, nem com a parte de Nick nem com o empenho de Hank e Wu. Contudo, a investigação será retomada no dia seguinte pois ainda há muitas informações a levantar que podem preencher lacunas importantes. Nick acredita que é apenas uma questão de tempo até descobrir quem é o Wesen que matou o pai de Ted e por qual motivação. E então, o Grimm irá atrás dele.

[...]

Passa de duas horas quando Nick abre os olhos, observa Adalind dormindo ao seu lado e levanta com cautela da cama.

Ele se veste em silêncio e no escuro parcial do quarto para não a acordar. Prende a arma no coldre sob a jaqueta antes de dar uma última olhada para a Hexenbiest com carinho. Depois, confere se Kelly e Diana estão bem no berço e na cama que ocupam no ambiente separado do quarto de casal. Sorri para elas e resiste ao ímpeto de fazer um cafuné em cada uma por receio de perturbar o sono seguro que desfrutam.

As duas crianças continuam dormindo pesadamente quando Nick enfim deixa a fortaleza para trás e mergulha na madrugada que se estende do lado de fora.

Dirige pelas ruas e avenidas predominantemente silenciosas e desertas à essa hora. Acessa uma viela lateral que o leva direto para os fundos do Englewood Hotel.

Nick estaciona com destreza e o ruído baixo do motor cessa um instante depois. Ele sai do carro e fecha a porta com muito cuidado. Olha de um lado para o outro e relaxa bastante por constatar que está completamente sozinho ali.

O Grimm caminha até a mureta baixa que isola o estacionamento. Lança o corpo com agilidade e pula para o lado de dentro. O solado dos coturnos faz um baque sobre a grama do canteiro. Dá mais uma olhada ao redor antes de avistar o Impala Chevy 67 reluzindo sob a luz suave da Lua.

Infelizmente, esquece de olhar para o alto. Justamente na direção da janela do quarto que Sam e Dean Winchester ocupam. Se tivesse feito isso, Nick teria percebido um vulto em pé e haveria tempo de recuar para reformular o plano. Mas ele não vê ninguém, não pode imaginar que um dos irmãos está sofrendo de insônia essa noite e apenas caminha decidido até o veículo negro.

O Grimm inspeciona o Impala com atenção. Dá uma volta ao seu redor. Confere a placa fria de Ohio. Aproxima-se um pouco mais e vislumbra o interior através de uma das janelas laterais. Há uma bagunça de embalagens de fast food e guardanapos no banco traseiro. E uma pequena caixa de papelão com o que parecem ser fitas K7. Não há sinal de arma alguma ali, porém ele não acredita que aqueles dois sujeitos — aparentemente tão espertos — deixariam algo assim à mostra.

Nick parte então para a parte detrás do veículo. Surpreende-se quando o porta-malas cede facilmente ao seu comando e abre. Aparentemente, Sam e Dean Winchester não são tão espertos assim. Ou a trava está com defeito ou um deles esqueceu de trancar aquela parte.

Por um momento, o detetive imagina que o Impala inteiro pode estar aberto. Acessível para uma investigação mais apurada. Essa possiblidade perde a importância quando o seu olhar é completamente atraído para as coisas que o porta-malas escondia até então.

Armas variadas, galões de querosene, um facão, latas de sal. Ele ainda está tentando entender o que alguns desses itens estão fazendo ali e o que significam os símbolos menores e um maior pintados de branco na parte interna da porta, quando ouve o estalar da grama bem perto dali.

Distraído com a inspeção, Nick percebe a aproximação tarde demais. Ele ouve o engatilhar de um revólver.

— Eu vou contar até três — a voz firme de Dean corta o silêncio da madrugada —, e você vai tirar essas mãos imundas da minha Baby. Um. Dois.

Confuso, Nick franze o cenho, mas obedece. Ergue as mãos em rendição e dá um passo para trás. Logo, vê a silhueta do sujeito contornada pela iluminação suave que chega ali. Uma leve neblina paira ao redor dos dois.

Nick nota a insatisfação perigosa no semblante do homem que aponta a arma em sua direção. Pergunta-se se Dean Winchester atiraria mesmo nele por causa de um carro. Pergunta-se quanto tempo levaria para pegar a própria arma no coldre e reverter esse jogo.

Antes que arrisque a tentativa, Nick vê o sujeito ser atingido em cheio por uma força violenta que sai das sombras de repente. O rosnar animalesco ressoa pela madrugada e mistura-se com o baque pesado de Dean sendo derrubado no chão sem piedade.

Por puro instinto, Nick pega a arma e dá a volta no veículo. Relaxa consideravelmente quando vê o que tirou o falso agente federal do seu caminho. Ou melhor, quem.

Monroe se levanta devagar, desamassando a roupa e deixando um zonzo Dean levar o tempo que for preciso para se recuperar. Parece que vai levar um bom tempo.

Há dois tipos de choque no rosto do caçador. Um por ter sido atingido daquele jeito e perdido a arma. Outro por ter visto a verdadeira face de uma criatura cuja existência desconhecia até esse momento.

O Blutbad percebe a confusão nele e, com um movimento sútil de cabeça, volta à aparência normal. Sorrindo um pouco, ele dá um tapa no ar e se justifica:

— Desculpe, cara, eu não queria te assustar. Mas você não me deu muita escolha, hum? — Vira-se para o amigo Grimm e emenda mais sério: — Nick, eu falei que se você precisasse de ajuda, era só pedir. Não acredito que me deixou fora dessa.

Meio embasbacado, o detetive aponta a arma para Dean e limita-se a dizer:

— Obrigado, Monroe. Foi de grande ajuda. Por falar nisso, como você sabia que eu estava aqui?

Enquanto Dean permanece absorto pelo choque, o Blutbad explica sem qualquer pressa:

— Bom, depois que você revelou com o que está lidando, eu não consegui parar de pensar naquela coisa. Então eu te liguei e caiu na Caixa Postal direto. Sem ofensa, mas eu comecei a ficar preocupado, Nick. Liguei para o Hank, e ele disse que você tinha vindo pra cá. A essa altura, eu já tinha perdido o sono de vez, então pensei “Por que não fazer algo de útil? Talvez ele precise de ajuda, talvez não.” De qualquer forma, aqui es...

De repente, um novo ruído ressoa pela madrugada. Um novo clique. Uma nova arma sendo engatilhada. O som interrompe o final do relato de Monroe. E por sobre o ombro dele, o Grimm vê uma nova figura surgir no estacionamento. Com uma expressão igualmente insatisfeita e um olhar duro.

— Ei! Fiquem longe do meu irmão!

Isso é tudo o que Sam Winchester ordena aos dois.


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Notas finais do capítulo

Nunca, sob hipótese alguma, mexa com a Baby... (Baby é como o Dean chama o Impala hahahah) e nunca mexa com o Dean ou com o Sam porque um sempre vai defender o outro ♥

No próximo capítulo, tretas, provocações e talvez uns tiros :v

Comentários são bem-vindos, bjs!



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