SuperGrimm – Uma Caçada Wesen escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 3
Revelações intrigantes


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :-)

Cheguei um pouco antes do previso porque sim. Oi?

Obrigada a todos que estão lendo e curtindo a história, fico muito happy!

Boa leitura ♥



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Quando Juliette se transformou numa Hexenbiest, ela fez coisas horríveis e impensadas. Uma delas foi ter incendiado o trailer que Nick herdou de sua tia Marie. Naquela época, praticamente todo o vasto e inestimável acervo Grimm foi reduzido a cinzas. Livros, armas e venenos raríssimos contra Wesen foram destruídos, sem dó nem piedade, pelo crepitar das chamas incitadas pela descontrolada e cruel Hexenbiest que Juliette havia se tornado.

Ela se redimiu com o tempo, no entanto. E se arrependeu não só pelo trailer, mas principalmente pela armação que levou ao assassinato de Kelly Burkhardt — mãe do seu ex-namorado. Juliette virou outra pessoa e uma valiosa aliada graças à engenhosidade da Muralha de Adriano e ao empenhado Meisner. Ela renasceu como alguém ainda mais poderosa e prática que se intitulava Eve. Algum tempo depois, quando Nick usou o graveto dos Cruzados para salvá-la da morte, a essência da antiga veterinária retornou de alguma forma misteriosa.

Hoje, pode-se dizer que Nick e Juliette — ou Eve — são amigos. Eles lutaram lado a lado e superaram a turbulência do passado. Não deixaram lugar para arrependimentos ou rancor. Viraram a página.

Por falar em virar a página, é isso que o Grimm acaba de fazer agora. Só que literalmente. A página de um livro dos seus antepassados.

Sozinho no silencioso trailer recém reformado, sentado em uma nova cadeira e diante de uma nova mesa que comprou há poucas semanas, ele folheia um livro chamuscado nas bordas. Um livro remanescente daquele incêndio que ficou para trás.

Além dos itens que conseguiu salvar do trágico fim naquela época, Nick também trouxe para o trailer o acervo mais recente. O conjunto valioso de livros, armas e novos venenos que adquiriu do falecido tio de Monroe.

O trailer ainda possui traços do incêndio, como manchas enegrecidas nas paredes externas e o próprio livro chamuscado que Nick examina com um olhar concentrado. Mas, por dentro, ninguém diz que o veículo passou pelo tormento infernal que passou. Tudo foi cuidadosamente limpo, consertado e arrumado depois que a batalha contra o Zerstörer chegou ao fim.

Ansioso, Nick mentaliza por um momento o desenho feito pelo traumatizado Ted Johnson. Aquele que os agentes federais mais suspeitos que já pisaram em Portland lhe mostraram há algumas horas.

Apesar dos traços terem sido feitos sob pressão, por uma criança abalada pelo assassinato brutal do próprio pai, foi um ótimo desenho. Uma pista clara. E Nick Burkhardt tem plena consciência de que já viu, em algum lugar da sua biblioteca participar, uma criatura Wesen como a que o menino descreveu na borrada imagem.

O nome do monstro, seu histórico e ponto fraco estão em algum daqueles livros. Em alguma página amarelada escrita com caneta tinteiro ou bico de pena, dependendo da época e do Grimm que discorreu sobre ela. Uma imagem, retratando a aparência fiel da criatura, apenas esperando ser revelada aos olhos do detetive. Apenas esperando que ele a reencontre e pense: “É isso! Estava aqui o tempo todo. Eu sabia que já tinha visto antes!”

Infelizmente, a revelação que Nick tanto precisa não está nesse livro que acaba de folhear. Frustrado, ele o solta sobre uma pilha com os outros que já destrinchou até agora. Sem parar um minuto sequer para descansar, gira a cadeira na direção de uma enorme prateleira atrás de si e puxa o próximo livro para consulta.

É bem nesse instante que o seu celular vibra, espalhando um leve ruído pela mansidão silenciosa do trailer.

Nick volta à posição inicial e abre o livro que tirou da prateleira. Tateia a confusão de alguns manuscritos dispersos sobre a mesa em busca do aparelho. Atende sem olhar quem é, enquanto vira a primeira página.

— Burkhardt.

— Nick, eu tenho novidades. Está sentado? — Hank responde do outro lado.

— Sim, só um segundo. — O Grimm aciona a opção viva voz do celular e o repousa sobre a mesa. — Sentado e pronto para ouvir, vai em frente.

Ao mesmo tempo em que examina as primeiras páginas do livro, ele escuta o amigo relatar:

— Antes de qualquer coisa, eu finalmente matei a charada dos sobrenomes. Assim que ouvi “agentes Hammett e Hetfield” pela primeira vez, tive a sensação de já ter ouvido eles em algum lugar.

— Para ser sincero, eu também. — Nick vira mais uma página. Passa rápido pela seguinte, já que mostra apenas um Blutbad e esse, definitivamente, não é o suspeito que procura. — Então, qual a resposta para o mistério?

Hank solta uma respiração pesada do outro lado da linha, deixando clara a insatisfação por ter sido enganado.

— Eu me dei conta quando o celular de um dos policiais começou a tocar agora há pouco. O ringtone era Nothing else matters. Um dos clássicos do Mettalica, Nick. Esse é a resposta. James Hetfield, o vocalista. Kirk Hammett, na guitarra. Justo os sobrenomes dos nossos agentes que, aliás, o FBI desconhece. Quais as chances disso ser apenas uma coincidência ou um engano?

Nick para de folhear de súbito. Desta vez, fica mais atraído pelas revelações que Hank fez e ainda tem a dizer do que pela criatura que está tentando encontrar naqueles livros.

— Eu diria nenhuma — opina, também amargando o gosto revoltante de ser enganado. E em sua própria jurisdição, o que fere profundamente o seu orgulho. — Nomes falsos, falsos agentes federais. O que mais sabemos sobre esses caras? E a placa do Impala?

— Mais fria do que a Antártida. É de Ohio mas, segundo o Wu, o código CNK 80Q3 não leva a licença oficial alguma. E a história fica ainda mais esquisita.

Nick ri sem humor e com certa descrença ao soltar:

— Mais?

Exalando um desdém ácido na voz, Hank Griffin prossegue pausadamente:

— Com as imagens internas da delegacia, Wu jogou os lindos rostinhos dos nossos misteriosos amigos no banco de dados do sistema. E adivinha só, temos os nomes verdadeiros agora. Sam Winchester e Dean Winchester. Eles são irmãos.

De alguma forma, essa última revelação faz sentido para Nick. Ele sentiu mesmo algo fraternal entre aqueles dois sujeitos, principalmente quando um deles mencionou algo específico durante o interrogatório da família Johnson. Algo sobre família e sobre irmãos protegerem um ao outro.

Entretanto, ele não entende aonde Hank quer chegar com essa revelação e tenta sondar:

— E isso é importante porque...

— Irmãos problemáticos, Nick — o parceiro é taxativo. — Criminosos sádicos que, de alguma forma que eu não entendo, conseguiram se safar. Os dois têm ficha criminal por roubo e uma série de assassinatos no final de 2011. E tem um detalhe...

Nick não consegue evitar o espanto nas palavras quando diz:

— O quê? A história fica mais esquisita?

Sem pestanejar, Hank faz a revelação final:

— Teoricamente, eles estão mortos.

Há um silêncio sepulcral no trailer e do outro lado da linha. Querendo confirmar se entendeu direito, o Grimm rompe o momento:

— Repete.

— Sam e Dean Winchester foram mortos numa delegacia, em Iowa. Pouco depois de serem detidos pela polícia local, por causa da onda de assassinatos que andaram orquestrando naquela época. Houve algum tipo de confusão e eles acabaram decapitados. Foram feitas certidões de óbito, Nick. Houve laudo de legistas com direito a registro fotográfico dos restos mortais. O curioso é que ninguém sabe informar aonde os corpos foram parar depois disso.

Zonzo com tantas informações, Nick se recosta na cadeira e pondera:

— Ao que parece, vieram parar em Portland. Andando com as próprias pernas.

— E com as cabeças de volta ao lugar — Hank completa. — Você está pensando o mesmo que eu?

Nick está e, por isso, diz na lata:

— Sim, eles podem ser Wesen. Eu só não sei que tipo sobreviveria à decapitação. Além disso, eu confesso que tive uma impressão diferente sobre eles no começo. Percebi que tinha alguma coisa errada com os dois, claro. Mas não consigo acreditar que seja isso. Eles não fizeram woge em nenhum momento e, sei lá, não parecem ser o tipo.

— Talvez saibam que você é um Grimm e decidiram ser mais cautelosos — Hank sugere.

Nick ainda está intrigado. Cada vez mais. Alguma coisa não se encaixa nessa história. Ou talvez muitas.

— Por que eles investigariam um crime Wesen? Por que caçariam criaturas da própria espécie? O Conselho foi extinto há muito tempo.

Griffin respira sonoramente do outro lado da linha e admite:

— Eu não tenho ideia do que tudo isso significa, Nick. Sinto que é só a ponta do iceberg. De qualquer forma, Wu descobriu onde os agentes estão hospedados. Ele ficou tão bravo por ter sido enganado e permitido que os dois tivessem acesso à investigação, que não para de levantar informações sobre eles. Parece que os irmãos Winchester têm um histórico de fraudes com cartão de crédito também.

Nick sorri com amargura e ironiza:

— Eles são mesmo encantadores, não? Estou virando fã a cada segundo.  — Depois de passar o olhar pela bagunça de livros e manuscritos sobre a mesa, ele toma uma decisão e retoma: — Me passa o endereço de onde eles estão por mensagem. Eu vou até lá. Quero ver de perto qual é a desses caras.

— Você sabe onde fica, na verdade. Englewood Hotel.

De fato, Burkhardt sabe mesmo. Ele investigou um caso Wesen nessa hospedagem, há alguns meses. Um monstro, Alpe, andava aterrorizando hóspedes porque se alimentava do sono deles. A figura acabou se revelando como a proprietária do hotel e terminou morta. Morta por acidente, mesmo Nick tendo lhe dado uma chance de parar com tudo aquilo e ir embora de um jeito que ninguém se machucasse.

— Precisa de reforços?

A voz de Hank no viva voz desperta o detetive dessas lembranças. Ele pensa um pouco antes de responder:

— Eu agradeço, mas acho que Monroe pode ser mais útil nesse momento. Ele pode sentir algum cheiro específico e indicar com qual tipo de Wesen estamos lidando.

Há compreensão e certo divertimento na voz do detetive Griffin quando ele assente:

— Tudo bem, sem ressentimentos.

— Agradeça ao Wu por mim. Ele fez um ótimo trabalho, como sempre.

— Ah... Ele supôs que você diria isso e solicita uma caixa de chocolates belga como recompensa. Palavras dele.

Nick sorri, achando graça na exigência do amigo sargento, e encerra a ligação:

— Certo, vou providenciar agora mesmo. Obrigado, Hank.

O silêncio absoluto volta a imperar no trailer, enquanto Nick Burkhardt luta para absorver as novas informações que despencaram em seu colo. É muito para digerir e, ao mesmo tempo, ele deve agir rápido.

O Grimm ainda sente que algo nas informações levantadas por Wu não se encaixam. Não foi com a cara dos tais agentes federais desde o primeiro olhar, porém dizer que os dois pareciam criminosos brutais, isso não pareciam.

Lembrando a si mesmo que as aparências, muitas vezes, são capazes de enganar os olhos mais experientes, Nick se prepara para fechar o livro, sair dali e retomar a pesquisa mais tarde.

É então que uma imagem se destaca na página. Justo na que ele havia parado sem ver, pois a conversa com Hank conquistou cem por cento da sua atenção. Nick tem uma espécie de insight e abre um sorriso de satisfação. Ali está uma representação impecável do desenho feito por Ted Johnson e todas as informações que ele precisa sobre ela.

— É isso! Estava aqui o tempo todo. Eu sabia que já tinha visto antes!

Empolgado com a descoberta, porém ciente de que precisa tratar do assunto “falsos agentes federais, criminosos sádicos, possivelmente Wesen” agora, ele coloca o livro Grimm sob o braço e sai do trailer logo depois. Tranca a sua biblioteca inestimável como de costume e caminha rumo ao seu carro estacionado logo em frente.

No silêncio protegido do bosque e oculto pelas árvores densas ao redor, o trailer fica para trás quando seu dono dá partida no outro veículo e vai embora.

[.. .]

Algum tempo depois, Nick sobe os degraus de uma varanda muito familiar para ele. Perdeu as contas de quantas vezes esteve ali. Na maioria das vezes — ou talvez todas as vezes —, para pedir ajuda.

De certa forma, tudo havia começado naquele lugar, há pouco mais de seis anos, quando Nick investigava seu primeiro caso Wesen, ao mesmo tempo em que tentava entender quem tinha se tornado. O gene Grimm havia despertado nele naquela distante manhã. E sempre que retorna a essa casa, um filme passa em sua cabeça.

Ele bate na porta de Monroe e Rosalee, e logo ouve passos suaves se aproximando da soleira. É a esposa do seu melhor amigo Wesen quem abre, como o Grimm já tinha deduzido com sua audição apurada.

— Nick! Tudo bem? — A Fuchsbau abre passagem, sorrindo para o querido visitante. — Entra.

— Olá, Rosalee. — Ele cruza a porta e cumprimenta a amiga com um toque no ombro. — Como você está? E os trigêmeos?

Ela alisa a barriga ligeiramente protuberante e responde com um sorriso terno:

— Crescendo e mexendo com os meus hormônios. Não vejo a hora de segurá-los nos meus braços. Dois por vez, no máximo, é claro.

— Não se preocupe, nós vamos revezar, querida. — Monroe desce a escada, dá um beijo na testa da esposa e volta-se para o Grimm. — E então, Nick... No que posso ajudar?

Meio surpreso e um pouco sem graça, o detetive questiona:

— É tão óbvio assim que eu preciso de ajuda?

Uma risada escapa da garganta do Blutbad e então ele retruca:

— Está brincando? É só para pedir ajuda que você vem aqui, cara.

Sem jeito, Nick tenta argumentar:

— Isso não é verdade... — E falha miseravelmente, calando-se por um longo momento enquanto o casal o encara com certo divertimento. — Tudo bem, eu preciso da sua consultoria para uma coisa. Da sua habilidade olfativa para ser mais exato. Por favor? Fico te devendo mais uma.

— Eu sabia! — Monroe revira os olhos e dá um beijo de despedida em Rosalee. — Para onde nós vamos exatamente? — pergunta ao Grimm, pegando o casaco pendurado atrás da porta.

— Englewood Hotel.

Ao reconhecer o nome do estabelecimento, Rosalee arregala os olhos e inquere temerosa:

— Não me diga que é outro Alpe?

Prontamente, Nick esclarece:

— Não, parece ser algo pior do que isso. E são dois.

Intrigada, a Fuchsbau abre a porta para eles e encerra:

— Bem, boa sorte, rapazes. Me liguem se precisarem da minha consultoria também.

— Obrigado. — Nick sorri em despedida, saindo para o início de tarde.

Um segundo depois, ele e Monroe entram no carro e partem rumo ao mistério a ser desvendado.


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Notas finais do capítulo

Importante: Para quem não acompanha Supernatural, a morte de Sam e Dean que eu mencionei no capítulo aconteceu na 7 temporada e não eram eles. Eram criaturinhas comilonas (leviatãs) que assumiram a aparência dos dois para causar, roubar, matar e no fim perderam as cabeças literalmente.
Se eu não me engano, na 12 temporada, quando Sam e Dean são presos ao caçarem o presidente dos Estados Unidos (que está possuído por Lúcifer kkkkkkkkkk), essas mortes são mencionadas e vistas como fraude. Não lembro direito hahahah Mas aqui na fic, as mortes na 7 temporada ainda eram as últimas informações que se tinham dos dois.

Esse capítulo ficou mais simples porque eu estava com bloqueio, espero que não tenha ficado muito bléh

O próximo será melhor ♥

Beijos e inté lá!



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