WSU's Raiju escrita por Lex Luthor, WSU


Capítulo 14
Epílogo




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Recife

 

A televisão estava ligada e a moça ruiva assistia tudo apreensivamente, sentada no sofá ao lado de seu namorado.

Após a chegada do velocista Raiju, a singularidade não retornou em ponto algum de Primavera e regiões — disse o repórter, com a seriedade da profissão. — No entanto, já são duzentas e dezessete pessoas confirmadas entre as mortes e desaparecimentos com a chegada da singularidade.

Apreensiva, a garota levou a mão à boca franzindo o cenho. Então, o celular de seu acompanhante tocou.

— É a Karen Maximus, me chamando pra mais uma missão — concluiu ele, ao observar a tela do aparelho. — Estão precisando do Aracnídeo lá. — Sorriu, arqueando as sobrancelhas. — A Frente Unida tem que colocar tudo em ordem em Primavera, o Hur à solta e não se sabe muito sobre essa tal singularidade.

O garoto se levantou e observou o jornal, coçando a nuca raspada, bem como as laterais do couro cabeludo, contrastando com seu topete castanho e liso no topo da cabeça.

 A ANIC acaba de atualizar a lista dos nomes dos desaparecidos. — As más notícias continuaram a serem difundidas. — Caio Fontes, Patrícia Oliveira, Ernesto Vivaldi...

Ela parou inerte, parecia não dar ouvidos ao que seu namorado dissera e nem à reportagem. Olhando para televisão, ele concluiu:

— É a sua cidade natal, não é? — perguntou, quando a garota se virou para ele e acenou positivamente com a cabeça, com os olhos mareados. — Conhece essas pessoas, Serena?

— Jonas... — chamou a ruiva, sem segurar o choro.

O rapaz a abraçou, a fazendo esconder o rosto em seu ombro.

 — Felipe Mourinho, Lívia Dias e Arthur Caesar Brandão.

 

 

 

Atemporal

 

— Espere por mim, morena — cantou o senhor careca dedilhando com ternura o seu violão. — Espere que eu chego já.

Do alto de um prédio, sentado sobre uma cadeira de praia, ele observou a imensidão daquele vasto céu que variava agora em tons escuros de vermelho e púrpura.

— O amor por você, morena, faz a saudade me apressar — suspirou triste, olhando para baixo.

Olhou novamente para os céus e se levantou da cadeira, irritado, pegou o violão pelo braço e, com um golpe tão rápido, o instrumento já estava totalmente destruído no chão.

— Moleque burro! — esbravejou, fazendo seu grito ecoar. — Eu segurei seu punho, não só pra te dizer que não valia a pena sujar as mãos de sangue. — Olhou revoltado para cima, como se soubesse onde o filho estava. — Garoto, o mundo das estátuas é das estátuas!

Soltou o que restou de seu violão no chão e enxugou a lágrima que descia de seu rosto com o punho fechado.

— Queria que você estivesse aqui, Arthur. — Acenou continuamente com a cabeça. — Virou-se e caminhou na direção oposta a que estava. — Queria realmente que estivesse aqui.

Ao se virar de costas, um portal negro se abriu e, deste, um corpo saiu. Logo em seguida o buraco fechou e abandonou à deriva o garoto de cabelos loiros e uniforme azul.

O esguio senhor careca olhou para trás uma vez mais e seus olhos arregalaram-se.

 

 

 

Rio de Janeiro, Base da ANIC

 

O monitor sobre uma mesa de laboratório exibia uma reportagem em vídeo, que Aarseth, fardado com um agente administrativo da ANIC, assistia atentamente. O local era a praça central de Primavera, bastante movimentada e curiosamente...

Azul! — proclamou o repórter, dando um sorriso em seguida. — Essa é a cor que predomina na Cidade das Flores!

Enquanto era mostrada uma sequência com as mais variadas espécies de flores azuis, ele olhou para o porta-retratos em sua mesa. Uma selfie protagonizada por ele, de cara emburrada, Catarina e Arthur na cafeteria.

 — Hortênsias, azuizinhas, violetas — conduziu narrando as imagens, quando câmera cortou para ele próprio. — Tudo isso vem de uma tendência, que surgiu há seis meses!

Pintores e desenhistas exibiam seus quadros com desenhos realistas e também minimalistas do herói da cidade. Tomadas na noite, mostravam os postes com luzes azuis nas áreas centrais da cidade e. ao dia, crianças trajadas como o Raiju.

Todos parecem reconhecer por unanimidade, que o velocista azul de Primavera pode ter sido a causa da solução da maior tragédia da cidade — explicou, segurando o microfone da emissora. — Entretanto, não é dessa data que aparecem as primeiras histórias desse peculiar personagem local.

Mais um corte e, dessa vez, foi para o primeiro entrevistado, anunciado pela legenda.

 

Shilton, motoboy

 

P****, ele apareceu publicamente no banco, né, p****? — falou o rapaz de capacete, montado em seu instrumento de trabalho. — Mas uma vez eu ultrapassei pela direita e senti o “encontrão” da Hilux. — Ele parou, repensando na declaração. — Mas foi só dessa vez, hein? — Sorriu, envergonhado. — E aí, eu tava no hospital.

O Samu foi rápido? — perguntou o entrevistador.

Se foi o Samu, não demorou dez segundos, p**** — respondeu Shilton. — Tenho certeza que foi o anjo da guarda dos motoboys.

As imagens seguiram para a estação, não mais abandonada e finalizada, da cidade. O prefeito, cortando a faixa azul da inauguração, declarou:

É com orgulho, que anuncio que a espera da linha integrada de Primavera está acabada. — Ele seguiu para um dos metrôs, completamente azulado. — Esperem eu dar partida no Raiju Express! — anunciou com bom humor.

A cidade vivia um momento de superação, todos se enchiam de esperança com os tempos de luz trazidos pelo velocista. O repórter e narrador, fez questão de deixar bem claro.

O fato é que coisas boas vieram com o nosso Gladiador Azul! — disse animado. — Não só os motoboys, mas toda a população de Primavera sabe que pode contar com o seu anjo da guarda invisível, sabem que sua cor significa: confiança.

 — Não podem não — retrucou sozinho Aarseth, negando com a cabeça.

Três batidas bruscas de porta ecoaram pela sala onde estava o hacker.

A seguir — o âncora do jornal continuou —, senhora de oitenta e dois anos desaparecida há seis meses em Primavera, é encontrada no Rio. Ela afirma ter chegado no estado vizinho andando.

Olhando para trás, o garoto percebeu o enorme segurança calvo e forte a esperá-lo.

— Tem alguém querendo falar com você — afirmou o homem de cavanhaque.

Aars levantou e abriu os braços, se preparando para uma revista de rotina. O homenzarrão começou a o apalpar desagradavelmente.

— Abre as pernas — ordenou e o garoto apenas o fitou.

A reação instantânea do segurança foi puxar seu cassetete e bater contra ambos os joelhos do rapaz, o fazendo berrar de dor.

— Falei pra abrir!

O hacker abriu as pernas instantaneamente, mas logo percebeu que era em vão. O outro estava sendo contido com uma torção de punho.

— O que está fazendo aí? — indagou Carol Trap, trincando os dentes. — Ele é um agente, não um criminoso.

— Tá legal — falou o segurança, entre gemidos.

— Ele prendeu a Azar sozinho, quantos ladrões de banco cinco estrelas você prendeu? — abusou da ironia, soltando o braço do careca.

O homem olhou para ambos, desconfiado, em seguida deixou a sala. A agente se ajoelhou, levantou uma das pernas da calça do hacker e, com uma chave eletrônica, destravou a tornozeleira que o monitorava.

— O que você tá fazendo, Trap? — indagou o Aars.

— Me agradece depois — respondeu a agente, ao levantar-se. — É o mínimo que eu podia fazer por tudo. — Ela segurou firme as partes íntimas do rapaz, o fazendo perder o fôlego da dor. — Vê se não foge, se não arranco o suas bolas.

Ao soltar, o rapaz levou as mãos à cintura, ofegante. Concordou com um sinal de positivo com o polegar.

— Tem um cara querendo falar com você na recepção — disse Trap, desinteressada. — Psicólogo, psiquiatra... uma merda dessas.

— Tá, valeu — agradeceu, ofegando.

Enquanto ela ria, debochada, o garoto deixou a sala andando como se a bexiga o apertasse. Ao chegar na recepção, um senhor bem vestido apertou sua mão.

— Deve ser o Aarseth. — Apertaram as mãos. — Ouvi falar muito de você.

— Espero que mal — ironizou, arrumando os óculos com o indicador —, doutor...

— Müller — completou o psicólogo. — Seu irmão me falou muito de você nas sessões, meus pêsames.

O hacker agradeceu curvando sua cabeça.

— Ah! — disse, recordando. — Lembro das sessões de depressão.

O senhor abriu sua maleta, o que chamou atenção do rapaz e dela tirou um envelope.

— Isso estava na cena do desaparecimento do pai do Arthur — afirmou o doutor, entregando o lacre. — A polícia de Primavera me cedeu a cópia do conteúdo de uma bola de papel amassada no tapete.

Ao abrir e ver o que tinha dentro, se surpreendeu.

— É a letra do Arthur — falou espantado.

— Sim — concordou o médico —, mas o que me intriga é que ele não teria tal capacidade de escrever naquela época, não assim. Mal estava no jardim de infância. — Franziu o cenho e, apontando para a folha, indagou. — Tem ideia do que significa?

O garoto petrificou diante das palavras escritas daquela fotocópia de uma simples bola de papel amassada:

 

Os perdedores sempre voltam


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Notas finais do capítulo

O fim?



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