Égon: A Origem escrita por GJ Histórias
O Grande Palácio de Plasmodammus localiza-se no 1° Distrito de Hogún. Além de servir como um belo cartão postal e ser o maior símbolo da realeza hoguniana, ele atua como sede do reino e moradia de Plasmodammus e toda sua coleção de preciosos artefatos, incluindo a Vymena, conquistados através da exploração das mais remotas áreas de Hogún e guerras galácticas. A construção é dotada de inúmeros guardas, no entanto, boa parte de sua segurança é feita por componentes eletrônicos, como sensores e câmeras, monitorados por agentes cujas posições são desconhecidas.
Nas imediações do edifício, encontra-se um dos mais importantes geradores de energia de planeta, o gerador Swequa, que, através da queima dos poderosos cristais Qyter, concede energia o suficiente para alimentar os quatro primeiros distritos de Hogún. Contudo, a principal mineradora que fornece esses cristais para o Palácio, a Empresa Lythlen, foi saqueada, há algumas semanas, por Égon e um grupo de bandidos. Em decorrência disso, o Palácio, em um ato desesperado, solicitou carregamentos de cristais de várias mineradoras pequenas, até a Lythlen conseguir se reestruturar. Os veículos dessas companhias entram e saem periodicamente do prédio, fraqueza que Égon e Flass almejam explorar na tentativa de invadir o Palácio e roubar a Vymena.
No domínio de Klynsuff, em meio aos prédios da cidade velha, um jovem hoguniano abandona uma estrutura, similar a um armazém, e caminha rumo à rua Ryu, muito conhecida entre os habitantes da cidade velha por conter inúmeros estabelecimentos comercias, predominantemente restaurantes, apresentando iguarias dos vários cantos de Hógun. Já é final de expediente, muitas lojas estão fechando as portas, mas o hoguniano parece ter a esperança de encontrar alguma coisa.
Uma loja de carnes de Bathur, um típico animal do planeta, encontra-se aberta, o hoguniano senta, faz o pedido e aguarda sua refeição. Olhando os arredores, ele observa um sujeito encostado em um muro, o qual parecia estar assistindo o hoguniano com muita atenção. Ignorando o rapaz, ele recebe sua comida e alimenta-se como se estivesse morrendo de fome. Ao sair do estabelecimento, o hoguniano nota que o mesmo rapaz estava seguindo-o, ele então, trêmulo, apressa seus passos até sair do alcance da rua Ryu e, a partir desse instante, ele corre desesperadamente.
Com o intuito de despistar o sujeito que o perseguia, o hoguniano entra em um beco a sua direita e caminha em direção a uma escada a qual concede acesso ao topo do prédio. Ao colocar as mãos no primeiro degrau, um disparo de aviso é feito próximo ao corpo do hoguniano, ele assusta-se e cai no chão. O atirador em questão era Wonthur, um dos guardas de Flass, localizado no final do beco.
— Belo tiro Wonthur! – Exclamou o sujeito que perseguia o hoguniano.
No momento em que o hoguniano nota que Égon era o rapaz que o seguia, o desespero toma conta de seu rosto e ele gagueja:
— É-É-Égon!
— Você sabe quem eu sou? – Perguntou Égon.
— O pior criminoso de Hogún! – Exclamou o hoguniano.
— Isso é o que os oficiais reais dizem de mim – Falou Égon, enquanto esboça um sorriso em sua face.
— O que você quer de mim? Eu tenho quase nenhum recurso para te dar!
— Calma Tiron, eu conheço você! Sei das suas dificuldades e o quanto você está desesperado para conseguir dinheiro o suficiente para evitar que sua família perca a casa. Por isso estou aqui, para te fazer uma proposta! Wonthur, abra a sacola!
Wonthur abriu uma bolsa que estava em seu ombro, mostrando a Tiron uma quantidade considerável de cristais Qyter dentro dela. Ele fica atônito, de boca aberta, sem saber o que responder.
— Assim como você, eu também estou em uma situação delicada -Exclamou Égon- Roubar a Vymena é minha única saída, no entanto, para que eu tenha ao menos uma chance de realizar isso, precisarei da sua ajuda!
— O que você almeja é quase impossível! – Falou Tiron- Como eu poderia ajudar?
— Meu último roubo deixou o reino aflito, Plasmodammus solicitou carregamentos desses cristais para muitas empresas pequenas. O que poucos sabem, meu caro amigo, é que aquele armazém, o qual você abandonou a um tempo atrás, abriga uma quantidade modesta de Qyter de uma humilde mineradora chamada Wayne. E, pelo o que eu sei, você será o encarregado de transportar esses minérios ao Palácio daqui a dois dias!
— Creio que você quer que eu te leve para dentro da construção! – Exclamou Tiron.
— Imaginou certo! -Falou Égon, enquanto mantinha um sorriso no rosto.
— Ainda não sei como isso irá ajudar, mas eu topo!
— Apenas faça o que eu pedi! – Disse Égon, enquanto coloca a mão nos ombros do hoguniano- Se você agir conforme o planejado, garanto que sua família irá receber esses cristais!
Tiron balançou, silenciosamente, a cabeça, como se estivesse concordando com Égon. Tirando um papel do bolso, Égon entrega-o ao hoguniano dizendo:
— Compareça nesse endereço amanhã, no turno da noite, leve seu veículo de carga, nós iremos fazer algumas modificações!
Égon e Wonthur se retiram e caminham de volta à sala de Flass. No caminho, Égon pergunta enquanto dá um tapinha no braço de Wonthur:
— Como está o braço?
— Ainda doendo, senhor! Obrigado por perguntar.
— Tomou aquele analgésico que eu indiquei? Paracetamol ou sei lá o que...
— Tomei sim!
— Confia em mim, vai melhorar! Já quebrei o braço algumas vezes... Muitas, para ser sincero!
Ao chegarem na sala, eles se deparam com Flass trabalhando em uma esfera metálica. Égon pergunta:
— A arma já está finalizada?
— Quase, só estou fazendo alguns ajustes! – Respondeu Flass- E o motorista? Falou com ele?
— Sim! – Disse Égon- Ele aceitou o trabalho!
— Perfeito! -Exclamou Flass.
— Desculpe o incômodo! –Manifestou Wonthur- Mas, com todo o respeito, como pretendem fazer com que o senhor Égon consiga capturar a Vymena? Estou por fora dos planos, durante essas 5 semanas eu apenas servi como um guarda na porta dessa sala!
Égon e Flass voltam-se na direção de Wonthur.
— Graças a um contato subornado de Flass, nós tivemos acesso às plantas do edifício! – Respondeu Égon- Apesar de a construção possuir muitos guardas hogunianos, ela depende muito de componentes eletrônicos, como sensores, armadilhas, portas automáticas e câmeras! A central de computadores que coordena esses equipamentos, monitorada remotamente, se localiza em uma sala bem acima de onde ocorre a vistoria dos caminhões que entram e saem do Palácio.
Apontando para a esfera metálica, Flass exclama:
— A ideia que nós tivemos foi a de criar essa mini bomba nuclear, ela libera um pulso eletromagnético de alcance reduzido. Se o caminhão estiver bem posicionado, ela será o suficiente para atingir a central e danificar os aparelhos, desligando todo o castelo! Nós construímos um suporte que irá permitir o deslocamento da bomba de forma estável, dentro do caminhão! Égon irá utilizar uma roupa de proteção para poder ficar próximo da arma!
— Após a bomba liberar o pulso, através de um sistema de segurança, algumas portas e entradas do castelo serão fechadas automaticamente! – Disse Égon- Por esse motivo, analisei e decorei todos os tubos de ventilação e saídas alternativas, como as câmeras e sensores estarão inoperantes, não correrei o risco de ser encontrado ou pego por alguma armadilha. Contudo, será uma questão de tempo até os guardas atacarem o caminhão e os técnicos consertarem o apagão, então tudo deverá ser feito muito rapidamente! Por debaixo da roupa de proteção, estarei usando um uniforme de oficial real, isso irá ajudar a me misturar!
— Assim que Égon entrar na câmara dos artefatos e roubar a Vymena, ele deverá correr para o hangar real, onde estarão localizadas as naves da tropa real! – Exclamou Flass- Eu montei um chip que, ao ser introduzido no sistema de uma nave pequena, irá implantar um vírus capaz de destruir todo o sistema e inserir meu próprio complexo de bordo! Égon usará isso para “hackear” uma das naves e escapar do Palácio.
— Vocês são corajosos! – Disse Wonthur.
— Estamos mais para desesperados! – Exclamou Égon- Vamos descansar um pouco, já está tarde. Amanhã precisarei da sua ajuda Wonthur, nós iremos instalar o estabilizador no caminhão do Tiron!
No dia seguinte, como o combinado, Tiron apareceu na sala de Flass com o veículo de carga. Ele abriu a traseira, onde se localiza alguns cristais Qyter, e Égon, Flass e Wonthur trouxeram os equipamentos necessários para instalar o suporte da bomba. Enquanto desempenhavam a instalação, Tiron, curioso, pergunta:
— O que vocês estão fazendo?
Égon, com um sorriso estampado no rosto, responde:
— Isso, meu amigo, é um suporte para estabilizar uma bomba!
— Uma bomba!? – Perguntou Tiron- Vocês estão loucos? Como eu vou transportar isso? É perigoso!
— Por isso estamos instalando o estabilizador! – Respondeu Flass.
— Relaxa Tiron! – Exclamou Égon- Confie em nós! Apenas faça o seu trabalho!
Tiron faz uma cara de preocupação. Égon entrega a ele uma mala, dizendo:
— Isso é um uniforme de oficial real, vista-o por debaixo da roupa de sua empresa! Assim que seu caminhão for vistoriado, essa bomba irá provocar um apagão no Palácio, aproveite o momento, se misture no meio deles e fuja para sua família!
O hoguniano, ainda preocupado, apenas concorda com a cabeça. Após horas de trabalho, todos os equipamentos são colocados no caminhão. Já está próximo de amanhecer, o veículo deverá partir nos próximos minutos, os irmãos voltam-se um para o outro.
— Está preparado irmão? – Perguntou Flass.
— Com medo, mas estou confiante! Obrigado por tudo irmão! – Exclamou Égon, enquanto seus olhos lacrimejavam.
— Eu te devia essa, devia a nossa mãe! As chances de não nos vermos depois de hoje é grande, mas espero que sobreviva e consiga executar sua missão!
Os dois se abraçaram fortemente e se despediram. Égon entra no compartimento de carga do veículo.
— Você não virá aqui na frente? – Perguntou Tiron- Tem espaço!
— Sou um procurado, não posso ser visto! Aqui eu ficarei bem, não se preocupe! – Exclamou Égon.
— Você é quem sabe! – Disse Tiron.
A traseira fecha-se e eles partem rumo ao 1° distrito.
Decorrido um dia, após a saída de Klynsuff, os dois finalmente chegam no Palácio. O caminhão de Tiron encontra-se na fila para ingressar na construção, eles irão entrar no turno da noite.
— Lembre-se Tiron, eu irei detonar quando estivermos exatamente no túnel de vistoria. Tente chegar lá pelo menos. – Disse Égon, da traseira do caminhão, usando um ponto eletrônico de escuta.
— Certo!
— Retire os pontos da orelha um pouco antes, eles serão danificados com a explosão e poderão te ferir.
Ao atingir o horário certo, os portões do Palácio abrem-se, dando início à coleta dos cristais. O veículo passa pela entrada e percorre o imenso jardim real, composto por plantas de inúmeras espécies, belíssimas estátuas, bancos e fontes. O túnel de vistoria fica logo no final do jardim, ainda há dois caminhões na frente. O semblante de Tiron esbanja tensão e impaciência, ele está desesperado e com medo.
— Estamos próximos Égon! – Disse Tiron, através da escuta- Dentro de alguns minutos você poderá ativar.
— Quantos veículos existem pela frente?
— Dois! Um deles está sendo checado agora.
Um guarda nota algo de estranho, Tiron estava inquieto e falando, mas havia ninguém ao seu lado. Ele chama um colega de serviço e ambos caminham na direção do veículo.
— Têm dois guardas se aproximando, o que eu faço? – Perguntou Tiron.
— Mantenha a calma! – Respondeu Égon.
Os guardas se aproximam, um deles pergunta:
— Está tudo bem, senhor?
— Sim! Tudo tranquilo, apenas estou aguardando a minha vez! – Exclamou Tiron, enquanto tremia de medo.
— Iremos verificar o seu caminhão agora, se não se importa. – Disse um dos guardas- Abra a traseira!
Égon escutou o que foi dito.
— Droga, serei descoberto antes da hora! – Pensou Égon.
Ouvindo os passos dos hogunianos se aproximando da traseira, ele grita:
— Corra Tiron!
Virando o veículo para o lado esquerdo, Tiron acelera e caminha em direção ao jardim, quebrando vasos e esculturas. Em um brusco movimento, o caminhão derrapa para o lado direito e se desloca rumo ao túnel, ultrapassando o veículo da frente. Ao adentrar o túnel, o caminhão de Tiron colide violentamente com o veículo que estava sendo vistoriado, tal choque faz ambos capotarem. O impacto foi intenso o suficiente para retirar a bomba do estabilizador, detonando-a. O pulso eletromagnético propagou-se e foi capaz de desligar todo o Palácio, contudo, provocou uma reação em cadeia, desligando o gerador Swequa e, consequentemente, todo o distrito.
Égon, desorientado em função da batida, abre a traseira do caminhão e se depara com a escuridão.
— O estrago foi maior do que eu imaginei! – Pensou.
O veículo começa a pegar fogo, percebendo que uma explosão está prestes a iniciar, ele corre em direção à cabine, com o intuito de verificar o estado do motorista. Tiron já havia fugido. Égon então coloca lentes de visão noturna, caminha, em passos largos, na direção de uma pilha de caixas contendo cristais Qyter e se esconde por entre os caixotes. O caminhão explode e, de uma porta próxima à localização de Égon, saem uma tropa de guardas, utilizando lanternas, para observar o caminhão.
Aproveitando o ensejo, ele retira o seu traje de proteção, expondo o uniforme real, e corre para dentro da porta pela qual os guardas haviam saído. O bandido depara-se com um vestuário, contendo armaduras e um arsenal de armas da tropa, e, na parte superior da sala, havia um tubo de ventilação, conforme ele esperava. Subindo nos armários, Égon obtém acesso à grade do tudo e, fazendo o mínimo de barulho possível, retira-a e a coloca em cima do armário. Caminhando pelo tubo, obliquamente inclinado, ele sente um aumento de temperatura.
— Devo estar me aproximando da central de computadores. – Pensou.
Égon sai em uma grade bem acima dos computadores, muitos técnicos já estavam analisando e reparando os defeitos. Tendo ciência de que seu tempo está se esgotando, ele apressa seus passos, mas com muita cautela para não ser ouvido. Subindo uma escada a sua frente, Égon depara-se com uma ponte acima de um grande ventilador, usado para refrigerar os equipamentos. Do outro lado, há uma porta de elevador de serviço, ao atravessar a ponte, usando a força bruta, Égon abre a porta e pula nos cabos do fosso do elevador, escalando-os. O ruído chama a atenção dos técnicos, no entanto, eles ignoram logo em seguida.
Após escalar três andares, ele alcança a lavanderia e, através de sucessivos chutes, consegue abrir a porta e saltar para dentro do cômodo. Pela planta que Égon analisou, para chegar até a Vymena basta entrar e caminhar pelo tubo de ventilação a sua direita. Como não havia trabalhadores por perto a essa hora, ele utiliza os tiros de sua pistola laser para abrir a grade e sobe no túbulo.
Enquanto se desloca, Égon passa por muitas salas como a academia e o quarto de piscinas e orgias de Plasmodammus.
— Nossa, cada vez mais eu perco o respeito que tenho por você Plasmodammus! – Disse o hoguniano enquanto esboça um sorriso.
Depois de tanto se arrastar, ele finalmente chega à sala de artefatos reais. Égon retira a grade, cai no salão e caminha por entre os objetos. Ele remove as lentes de visão noturna, uma vez que não há a necessidade de usá-las, uma luz monocromática vermelha foi acionada como medida de emergência.
— O Grande Martelo de Mungar, O Arquiteto e o precioso Colar da Vida de Mysstralys, já ouvi falar dessas lendas quando criança, têm uns itens legais aqui. Contudo, é você quem me interessa! – Exclamou Égon enquanto aponta para a Vymena.
Ao pegar a pedra, ele guarda-a em uma caixa. Em um rápido instante, um golpe acerta Égon por trás, derrubando-o, dois guardas se encontravam dentro da câmara de artefatos, tal informação não foi repassada a ele. Um dos sentinelas tenta fincar uma lança em Égon, no entanto, velozmente, ele rola para o seu lado direito, levanta-se e, aproveitando o momento em que o guarda tenta tirar sua lança do chão, Égon soca-o no rosto. Ao o guarda recuar, Égon pega a lança fixada no piso e a crava no abdômen do sentila.
O segundo guarda aparece logo atrás e tenta acertar um golpe no bandido usando a sua própria lança, Égon segura-a e chuta a canela do sujeito, afastando-o. O sentinela, enfurecido, corre, agarra e pressiona Égon contra a parede. Com o intuito de escapar dos braços do guarda, ele, através de uma pancada com a cabeça, atinge o guarda e empurra o peito do mesmo. Servindo-se do fato de o sentinela se encontrar, momentaneamente, atordoado, Égon encaixa um gancho de direita no indivíduo e salta, dando-o uma voadora. Ambos caem, no entanto, o guarda está, agora, desmaiado.
Égon, ofegante, levanta-se e recolhe a Vymena. Nesse exato instante, a luz retorna e a porta que protege a câmara é erguida, revelando Plasmodammus e dois guardas com armas de fogo. O rei, em pessoa, decidiu verificar o estado de seus artefatos. Ao visualizar Égon com a Vymena nas mãos, ele grita:
— Seu imundo!
— Olá, meu rei! – Exclamou Égon.
— Atirem nele! – Disse Plasmodammus aos guardas que o seguiam.
Os sentinelas atiram, Égon corre e se esconde atrás do pedestal que guarda um artefato. Os guardas acompanharam o movimento dele e acertaram o vidro que armazenava o objeto, quebrando-o. Plasmodammus dá um tapa em um dos sentinelas dizendo:
— Cuidado com a coleção seu idiota!
Égon retira uma granada de fumaça do bolso e a joga próxima dos hogunianos. A nuvem formada dispersa os guardas e, aproveitando a situação, ele abandona sua cobertura e dispara, precisamente, contra os sentinelas usando sua pistola. Em um ato desesperado, Égon abandona a sala e corre em direção ao hangar da tropa real, uma vez que Plasmodammus chamou reforços para detê-lo.
A poucos metros do hangar, Égon avista um guarda que acabara de sair da um pequeno caça. Ao se aproximar, ele soca o indivíduo, tombando-o, entra na nave aberta e implanta o chip criado por Flass. Logo em seguida, uma mensagem de voz surge, dizendo:
— O sistema estará pronto em 60 segundos!
O barulho de passos se torna cada vez mais intenso, uma tropa de sentinelas se aproxima. Impaciente, Égon olha constantemente para a entrada do hangar.
— O sistema estará pronto em 30 segundos! – Disse a voz eletrônica.
Os guardas, dotados de múltiplas armas, surgem e apontam para a nave de Égon. O capitão da tropa começa a contagem regressiva.
— 1. – Gritou o Capitão.
— Vamos, vamos, vamos! – Exclamou Égon, trêmulo.
— 2.
— Sistema iniciado, Boa noite senhor Égon! – Disse a voz eletrônica.
— 3. Atirem! – Gritou o Capitão.
Nesse exato instante, os propulsores da nave são acionados e Égon é lançado para longe do Palácio a uma alta velocidade.
— Uhu! – Gritou o hoguniano, esbanjando felicidade.
— Parabéns senhor! – Disse a voz eletrônica.
— Obrigado! – Exclamou Égon- Mas quem é você?
— Sou uma inteligência artificial programada pelo senhor Flass, irei orientá-lo ao longo da nossa viagem!
— Certo!
— Desculpe incomodá-lo, senhor, mas três caças reais estão se aproximando!
A felicidade de Égon logo é interrompida. Olhando para trás, ele observa as naves caminhando e atirando em sua direção.
— Mude os controles para o manual, tentarei abatê-los! – Disse Égon.
Égon se dirige rumo ao espaço. Virando sua nave para bombordo, ele navega no sentido contrário ao das naves inimigas, como se estivesse tentando confronta-las. Ao se aproximar de uma delas, ele dirige-se para baixo, permitindo a passagem do inimigo e redireciona seu veículo para estibordo, mantendo-se atrás dos adversários. Através de rápidos disparos, Égon elimina dois caças, transformando-os em incríveis bolas de fogo.
— Outras sete naves se aproximam senhor! – Exclamou a inteligência artificial.
— Droga, são muitos! – Disse Égon- Ei! Posso te chamar de Jonas?
— Claro senhor! – Disse Jonas.
— Esta nave tem combustível o suficiente para um salto na velocidade da luz?
— Sim, senhor!
— Excelente! Programe um salto para o planeta Lauss, é um astro esquecido, irei me misturar entre habitantes de lá!
— Se me permite opinar, senhor, um salto direto para um determinado planeta seria fácil de os guardas reais rastrearem!
— Tem razão!
Égon estava desesperado, ele desvia dos tiros enquanto pensa em um plano.
— E se criarmos uma reta indireta? – Perguntou Égon- Realizamos sucessivos saltos, em planetas completamente diferentes, até chegarmos ao Lauss. Isso ajudaria a despistar os soldados.
— É possível senhor! Eles demorariam um bom tempo até te encontrarem, mas, para embaralharmos os sensores de maneira eficiente, os planetas devem estar em sistemas a uma distância considerável entre si.
— Faça os cálculos!
— É para já, senhor!
Dois tiros atingiram a lateral da nave, os veículos inimigos estão se aproximando cada vez mais e Égon está ficando sem saída.
— Vai mais rápido Jonas!
— Encontrei planetas perfeitamente posicionados, Freith, Yua, Allen, Terra e, finalmente, Lauss. Mas não sei se o combustível aguentará!
— Tudo bem, trace a rota e inicie o salto!
— Mas senhor, não sei se a nave suportará o trajeto!
— Não temos tempo! Vamos morrer se passarmos mais tempo decidindo! Inicie o salto!
— Como quiser!
Jonas programa a nave e, em rápido flash de luz, o veículo desaparece da vista dos sentinelas reais. No caminho, a nave, em função dos danos realizados pelos disparos e da falta de combustível, sofre uma grande instabilidade.
— A nave está se desestabilizando, senhor! – Disse Jonas.
— Aguente o máximo que puder! – Exclamou Égon.
O motor, não suportando a pressão, estoura. O veículo, já encontrado próximo ao planeta Terra, é desligado e sofre a interação gravitacional do astro. Ao ser atraído pelo globo, a nave passa por um grande aumento de velocidade e cai violentamente no chão. O forte impacto atordoa Égon, o qual desmaia.
Algumas horas depois, atordoado, ele levanta-se e abandona o veículo destruído, levando consigo o chip criado pelo seu irmão.
— Onde estou? – Pensou Égon- Me sinto estranho, a gravidade aqui parece ser menor!
Observando os arredores, ele não vê nada além de uma mata densa e úmida. Caminhando por entre a floresta, Égon sobe um morro e visualiza o que parece ser uma pequena vila, há construções e luzes acesas.
— Deve haver formas de vidas inteligentes alí! – Disse o hoguniano.
Ao descer o aclive, ele depara-se com um garoto de pele morena e cabelos escuros, sentado perto de uma árvore, observando o céu estrelado e afastado da pequena civilização. Ao o garoto notar a aproximação do alienígena, ele grita e corre com medo. Não querendo perder a oportunidade de se esconder, Égon persegue o indivíduo, agarra-o pelas costas, abre a mão do menino e encosta a Vymena. Por um momento, só o que se vê são lembranças compartilhadas, as mentes dos dois seres estavam sendo trocadas, depois, um apagão. Quando o garoto acorda, ele se sente esquisito e confuso, seu corpo já não era mais o mesmo.
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