Égon: A Origem escrita por GJ Histórias


Capítulo 2
Capítulo 1 -O Reencontro




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  Klynsuff é uma famosa cidade do planeta Hogún, talvez a mais movimentada. Ela exerce a função de ser um importante entreposto comercial, recebe indivíduos e cargas dos Sistemas próximos ao Trisia, sistema ao qual pertence Hogún e contém o mesmo nome da grandiosa estrela em seu centro. Ademais, Klynsuff, que está localizada no 4° distrito, apresenta uma marcante característica: a divisão entre a cidade velha e a cidade nova.

  A cidade velha localiza-se na base de Klynsuff, em contato direto com o solo. Ela corresponde aos primeiros prédios que surgiram nesse território, que, atualmente, encontram-se desgastados, precários e são conhecidos como o subúrbio de Klynsuff. A cidade nova, por sua vez, foi construída sobre uma enorme plataforma artificial, acima da cidade velha, e abriga notáveis edificações, gigantes plataformas de pouso e centros comerciais. Muitas sedes de grandes corporações, especialmente as mineradoras, encontram-se alojadas na cidade nova.

  Em meio a um dos vários becos desertos, que fazem da cidade velha um grande labirinto, caminha um indivíduo misterioso. Ele veste uma jaqueta preta, cujo capuz cobre parcialmente o seu rosto, na cintura há um coldre que porta uma bela pistola laser, o desconhecido rapaz parece estar preparado para qualquer encrenca. Seus passos são barulhentos, principalmente pelo fato de a rua estar infestada de lixos e panfletos de aviso, ele se abaixa e coleta do chão um desses panfletos.

  O papel alertava sobre a presença de um perigoso bandido em Hogún, seu nome é “Égon” e ele apresenta enormes riscos para o reino, uma grande recompensa é oferecida para quem o encontrar. O indivíduo misterioso rosna, rasga o papel, levanta e apressa os seus passos rumo a uma pequena porta velha, fracamente iluminada e guardada por um hoguniano, mal vestido, sentado na escada que dá acesso à porta.

   O hoguniano avista o misterioso rapaz caminhando em sua direção, ajeita uma boina em sua cabeça e pergunta ao estranho, que agora se encontra em sua frente:

— O que faz aqui, forasteiro? Tem alguma permissão para passar por essa porta?

  O recôndito sujeito, em um rápido movimento, saca a pistola de seu coldre e a encosta na testa do hoguniano, dizendo:

— Isso aqui deve servir! Aliás, belo rifle escondido por entre esses trapos velhos que você chama de roupa... jogue o mais longe possível, antes que eu exploda sua cabeça.

  O hoguniano, trêmulo, joga o seu rifle, escondido dentro do seu casaco, em uma pilha de lixo próxima. Em seguida, ele aproveita um ligeiro momento de distração provocado no rapaz misterioso e o acerta com um soco na boca, os reflexos do rapaz fazem ele se esquivar do segundo golpe e, velozmente, imobilizar o braço do hoguniano e quebra-lo com um forte acerto no cotovelo. O misterioso rapaz empurra-o contra a porta dizendo:

— Qual o motivo de tanta resistência, hein? O que faz esse lugar, em plena cidade velha, merecer tanto cuidado? Acabei de eliminar dois caras, maiores que você, que não cansavam de vasculhar o perímetro! Abra a maldita porta!

  O guarda, urrando de dor, retira um cartão do bolso e pressiona-o em uma leitora próxima à fechadura, destrancando a porta. Ambos entram e sobem uma longa escadaria, o hoguniano estava gemendo e segurando o seu braço quebrado, enquanto o rapaz misterioso limpava o sangue em seus lábios com as próprias mãos. Eles se aproximam de uma parede, aparentemente sem saída, o rapaz comprime a pistola contra as costas do hoguniano, o qual encaixa as suas digitais em um local específico, motivando o soerguimento da “parede” e concedendo acesso a uma sala.

  Dentro da sala, haviam uma série de equipamentos, televisores, um indivíduo, sentado em uma poltrona, observando tais telas e dois grandes guardas que, imediatamente, apontam armas na direção do encapuzado, obrigando-o a colocar as mãos acima da cabeça.

— Conhece esse cara, senhor Flass? – Perguntou, um dos guardas, ao indivíduo que estava na poltrona.

  Flass observa atentamente o sujeito ao passo que ele, lentamente, retira o capuz. O rapaz em questão era o próprio Égon, adulto, cujo rosto, dotado de cicatrizes, transmitia uma forte tensão.

— Conheço muito bem! – Respondeu Flass- Eu esperava a visita dele faz um bom tempo...

  Olhando o hoguniano machucado, Flass exclamou:

— Ele tem um jeito próprio e diferenciado de tratar as pessoas, peço perdão Wonthur! Agora nos deixem a sós, por gentileza.

—Mas... -Retrucou um dos guardas.

— Por gentileza! – Interrompeu Flass.

  Os três guardas obedecem e abandonam a sala. Flass faz um gesto com as mãos, como se estivesse convidando Égon a sentar. Contudo, Égon ajusta sua arma no coldre e abraça seu irmão, derrubando uma lágrima de seu olho e dizendo:

— Senti saudades irmão!

  Flass também se emociona, dá um tapinha de leve nas costas do seu irmão e fala:

— Quanto tempo parceiro, também senti!

  Se afastando de Égon, Flass olha-o dos pés à cabeça, exclamando:

— Você está acabado amigo, a vida não foi fácil ultimamente!

— Sabe que não foi! – Disse Égon- Você por outro lado, tem uma sala e guardas pessoais. Deve ocupar uma posição importante no reino.

— Sou analista, funcionário real oficial, observo, secretamente, câmeras e arquivos de áudio pertencentes à metade de Klynsuff, reconheço, registro e reporto todas as atividades e aparições consideradas suspeitas, ajudando muitas investigações. Uma pequena sala, localizada nas profundezas da cidade velha, é um bom lugar para manter um importante exercício, como esse, operando em sigilo. Mas, algo me leva a crer que você já sabia de tudo isso...

  Olhando para as telas, Égon visualiza sua imagem registrada em mais de 20 câmeras escondidas pela cidade velha, apenas nos últimos 30 minutos. Sua ficha criminal estava sobre uma mesa, ele está sendo rigorosamente procurado, quase todos os postos de observação em Hogún foram alertados e instruídos a encontrarem Égon. Ele volta o seu olhar para Flass dizendo:

—Acredito que você também possua conhecimento acerca das minhas ações.

—Égon, o bandido mais temido e procurado de Hogún... Sim! Eu conheço suas ações, assim como todo planeta! O que deu na sua cabeça irmão? Adotou essa vida criminosa, realizou façanhas que o fizeram ficar conhecido e, em alguns casos, até adorado por parte da população. Mas, roubar uma mineração que fornece cristais Qyter para a sede do reino... isso ultrapassou os limites. Os principais distritos são alimentados com a energia proveniente desses cristais! Pensou que você iria completar esse ato e sair ileso? Há consequências irmão!

— Eu estava sem saída! – Gritou Égon- Precisava de dinheiro o suficiente para me sustentar e pagar dívidas, a organização dos Futhers não parava de me cobrar e de me seguir... E-esses contrabandistas não perdoam devedores!

— Mas você não precisava seguir essa vida! Deveria ter pensado duas vezes antes de abandonar a fazenda e se aliar a esses delinquentes.

— É fácil, para você, dizer isso! – Exclamou Égon, enquanto aponta o dedo indicador na direção de Flass- Desde o momento em que o seu verdadeiro pai apareceu, 15 anos após ter abandonado nossa mãe, ele levou você para longe, creio que isso te fez esquecer das dificuldades que nós passávamos! Eu, no entanto, não esqueci! Continuei vivenciando as dores dela, nós íamos perder o terreno por conta de dívidas, nossas colheitas eram fracas! Não tive outra escolha, a não ser me juntar a facções e realizar saques a fim de oferecer melhores condições para a Toruna e indivíduos que passam por circunstâncias parecidas!

  Flass senta-se em uma cadeira e inclina a cabeça para baixo, ao passo que esfrega a mão direita em sua testa, como se estivesse tentando processar toda a situação e controlar suas emoções. Égon abaixa-se até sua altura coincidir com a do irmão sentado, ele então exclama:

— Você não percebe, Flass? Tudo o que eu fiz foi para ajudar essas pessoas!  

  Flass, com um semblante triste, olha para o rosto de Égon, dizendo;

— E pensar que, quando éramos pequenos, sonhávamos em ser heróis galácticos...

— Infelizmente nós crescemos, irmão. Agora sou o criminoso número um da lista de Plasmodammus! Eles não irão hesitar em me matar, caso eu seja encontrado! No meu cenário atual, a única pessoa em quem posso confiar é você! Olhe para aquelas telas, você me identificou em inúmeras câmeras, mas não informou as autoridades, seus guardas poderiam efetuar tal ação, porém, foram instruídos a também ficarem calados! Você é o único que pode me ajudar!

— O que você tem em mente? – Perguntou Flass- Como pretende retirar a guarda real das suas costas?

— Usar a Vymena para trocar meu corpo!

  Flass, rapidamente, tira a tristeza de seu rosto e solta uma risada enquanto pergunta:

— Você está de brincadeira?

  Notando a persistência da seriedade no rosto de Égon, Flass percebe que tal afirmação não se trata de uma zombaria. Égon diz:

— Essa é minha única escapatória e minha última façanha, irmão. Não há outro jeito.

— Mas como? Somente Plasmodammus usa esse artefato, há milênios! Ela se encontra muito bem guardada no palácio real!

— Você é um importante funcionário real, atua na área de vigilância e defesa, possui muitos contatos no palácio e no primeiro distrito, eles devem saber como funciona a estrutura do prédio e como podemos adentrá-lo! Não ignore o fato de que a maioria deles é corrupta, eu ainda tenho cristais Qyter que podem servir como pagamento. Eu só preciso de alguns minutos lá dentro!

  Flass balança a cabeça como se não estivesse conformado com a história do irmão. Olhando fixamente para Égon, ele exclama:

— Não concordo com as suas atitudes irmão! Mas devo muito a você e, principalmente, a nossa mãe. Irei ajudar você, contudo, estarei fazendo isso por ela!

— É o suficiente... Obrigado Flass! – Disse Égon.

— Fique na cidade velha até bolarmos um plano, aqui você será vigiado por mim e não correrá o risco de ser denunciado!


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