Destiny escrita por oicarool


Capítulo 9
Capítulo 9




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Se Elisabeta ainda possuía alguma dúvida a respeito das mudanças que Lizzie e Darcy traziam para sua vida, prontamente foi sanada com a notícia de que eles passariam algum tempo em São Paulo. Sentiu-se repentinamente triste apenas pela ideia de não vê-los.

A despedida de Darcy foi gelada, acontecendo apenas alguns dias depois da última briga. Apesar do sonho ter feito Elisabeta refletir, ainda engolia o amargo da atitude dele, e seu orgulho impediria qualquer tipo de aproximação, que Darcy também não tentou fazer.

Mas com Lizzie a história foi diferente. Em meio a lágrimas e abraços, Lizzie fez Elisabeta prometer que brincariam com Tornado quando ela voltasse e pediu, por favor, para que Elisa não a esquecesse. Como se fosse possível, como se Lizzie não fosse já uma parte importante de seu ser.

E mais do que importante, nos dias que se passaram sem os Williamson no Vale do Café, Elisabeta os viu como fundamentais. Nos primeiros dias sentia que seu local de nascimento agora estava vazio, que perdera a cor e o brilho. Sentia falta da risada de Lizzie e dos olhos misteriosos de Darcy.

As semanas foram avançando sem notícias de seu retorno, e era visível para todos a mudança de comportamento de Elisabeta. Ela permanecia mais calada, um olhar mais triste habitava seu rosto, e sentia seu coração dilacerado pela saudade. Jamais imaginara se tornar tão dependente de outras pessoas.

Mas Darcy e Lizzie levavam parte dela com eles. Uma parte que Elisa descobria aos poucos que a fazia sentir-se completa. Por mais que sua rebeldia a fizesse sonhar com a vida longe do Vale do Café, só agora percebia que não importava onde estivesse, desde que eles estivessem por perto.

Amava Darcy, e essa era uma realidade que agora aceitava de maneira pacífica. Não tão pacificamente tentava elaborar o fato de que talvez nunca ficassem juntos, que nunca chegassem a um acordo. Mas Darcy perguntara se ela sentia algo por ele, e era esse fio de esperança que Elisabeta carregava, de que talvez o interesse dele fosse por também sentir alguma coisa.

E Lizzie era a pessoa mais importante de sua vida. O sonho com Mary era uma prova de que seu caminho estava ligado com o de Elizabeth, mais do que pela semelhança do nome, pelos laços de amor que se formaram ao conhecer a menina. E queria ser parte da vida dela, independente de sua relação com Darcy.

Sabia que seu temperamento e o de Darcy entravam em conflito mais vezes do que não, e que mesmo que existisse sentimento, isso não garantiria uma relação. Tinha certeza que Darcy jamais arriscaria a felicidade da filha, e o amava ainda mais por isso. E Elisabeta jamais aceitaria uma relação sem a certeza do impacto na vida de Lizzie.

A pequena perdera a mãe há pouco tempo, e Elisabeta entrara em sua vida como uma referência materna. E Elisabeta sentia-se tocada pela confiança e amor de Lizzie. Nunca sonhara em ter filhos, mas vindo de uma família tão grande, e sendo a mais velha entre as cinco, era apenas natural para ela.

Mas os dias passavam tristes, e parte da vida perdera cor. Charlotte mandara uma carta contando sobre São Paulo, e aqueceu um pouco o coração de Elisabeta saber que Lizzie perguntava por ela todos os dias. Charlotte inclusive sugerira uma visita, mas Elisabeta não sentiria-se a vontade, dada a forma como se despedira de Darcy.

Elisabeta respondera a correspondência há alguns dias, mas já perdera a esperança de saber mais notícias. Brincava agora com a ponta dos cabelos, tentando concentrar-se em um livro ao mesmo tempo, sem nenhum sucesso. Jane de repente entrou no quarto, sorrindo.

— Pode tirar essa tristeza do olhar, minha irmã. – disse, empolgada.

— Eu já falei que não estou triste... – Elisabeta bufou.

— Triste ou não, agora você terá novos motivos pra sorrir. Os Williamson chegam ao Vale do Café amanhã.

Elisabeta sorriu abertamente, levantando-se da cama. Finalmente uma boa notícia. Finalmente poderia ver Lizzie novamente, e a perspectiva de abraçar a menina fazia seu coração bater mais forte. E veria Darcy. A ansiedade brotou em seu peito ao pensar no reencontro.

— Ei, o que foi? – Jane perguntou, confusa.

— Darcy... – Elisa disse, simplesmente.

— Ora, Elisa. Você passou o mês inteiro suspirando pelos cantos por causa de Darcy e Lizzie, e agora que eles finalmente estão voltando, você vai ficar assim?

— Jane, eu... gosto de Darcy. – confessou, e Jane revirou os olhos. – Mas só brigamos, e nosso último encontro não foi agradável.

— Pode ser que Darcy também tenha sentido sua falta, Elisa. E você só vai saber se for até lá amanhã, de coração aberto.

— É claro que eu irei. Preciso ver Lizzie, não aguentaria mais um dia sem ver aquele rostinho. Mas não conversarei com Darcy, a menos que ele fale comigo.

— Elisa, é essa cabeça dura de vocês dois que impede qualquer acerto. Se ninguém ceder, minha irmã, vocês nunca serão felizes.

— Como pode ter tanta certeza que é apenas isso? Darcy pode não ter sentimentos por mim.

— Camilo diz que tem. – Elisabeta arregalou os olhos. – Diz que nunca viu Darcy tão fora de si como agora. Que nunca viu ninguém afetá-lo tanto quanto você afeta.

— Pode ser porque eu o irrito. – Elisa cruzou os braços.

— Pois eu duvido. Eu nunca a vi tão afetada por outra pessoa, e tenho certeza que Darcy só a irrita tanto porque morre de vontade de pular nos braços dele.

— Jane!

— É verdade e você sabe disso, Elisabeta.

E com isso Jane saiu do quarto, deixando Elisabeta presa em seus pensamentos. Será que mexia com Darcy Williamson da mesma forma que ele mexia com ela? Será que tantas brigas eram apenas o desejo reprimido? Não negava que parte de sua irritação era aliviada com os beijos de Darcy, mas não podia ter certeza por ele.

Naquela noite, Elisa não conseguiu dormir. Passou a maior parte do tempo revirando-se na cama, até desistir e ficar o resto da madrugada olhando as estrelas. Foi quando o sol dava os primeiros sinais que ela finalmente sucumbiu ao cansaço, com seus pensamentos ainda mais embaralhados do que antes.

Por isso, quando despertou o sol já estava alto no céu e o almoço na mesa. Jane não estava em casa, e Elisabeta imaginava que a irmã traria notícias sobre a chegada dos Williamson tão logo retornasse. Viu-se de repente escolhendo um de seus melhores vestidos – vermelho, como a maioria.

Jane chegou saltitante no meio da tarde, quando Elisabeta já perigava furar o chão do quarto, de tanto andar para um lado e para outro.

— Eles chegaram. – a mais nova disse, feliz. – E passei a última hora ouvindo Lizzie perguntar a que horas poderia ver você.

— A última hora? E você demorou tanto para voltar por que?

— Acalme-se, Elisabeta. Trago um convite de um muito ansioso Darcy Williamson para que vá tomar chá da tarde na fazenda.

Pouco tempo depois, Elisabeta e Tornado rumavam para a mansão de Julieta. Elisa tentava tremer menos e controlar a ansiedade, mas a espera havia sido grande demais e agora mal podia controlar suas emoções.

Quando bateu de leve na porta da frente, não sabia o que esperar. E certamente não esperava um Darcy ansioso abrir a porta quase no mesmo instante. Muito menos esperava seu olhar de alívio ao vê-la, e menos ainda que ele a puxasse para seus braços no mesmo instante. Elisabeta não pode fazer nada além de retribuir o abraço, um misto de sensações a invadindo. Darcy a abraçou com força, respirando o perfume dela o máximo que pode.

Passara o último mês ansioso por encontrar Elisabeta e colocar tudo em pratos limpos. Ainda o perturbava a forma como havia saído do Vale do Café, sem conversar com ela após a discussão naquele mesmo lugar. Pensara em escrever diversas vezes, mas as palavras lhe faltavam e os rascunhos acabavam na lixeira mais próxima.

Não planejava também abraça-la daquela forma ao vê-la, mas também não contava que sua reação seria tão emocional ao pousar seus olhos nela. Sentira falta dos olhos de Elisabeta, de sua opinião sobre tudo, e até das brigas tão rotineiras.

Nenhum deles falou durante o abraço. Elisabeta o apertava contra seu corpo, em um contato físico que tentava impedir que Darcy saísse novamente de sua vida. Mas os segundos se passaram e de repente eles se afastaram, desconfortáveis.

— Que bom que pôde aceitar o convite. – Darcy disse formalmente. – Lizzie está a sua espera.

— Foi gentileza de sua parte. – ela sorriu, tentando quebrar o clima desconfortável. – Mas eu confesso que viria de qualquer forma.

— Eu imaginei, mas você também não recusaria quitutes trazidos diretamente de São Paulo, não é? – Darcy riu.

Ele ofereceu sua mão a ela, e mesmo sem saber se deveria, Elisabeta entrelaçou seus dedos nos dele, um arrepio suave percorrendo os dois. Então ele a guiou até o andar de cima, diretamente ao quarto de Lizzie. Bateu de leve na porta, com Elisabeta atrás de si.

— Lizzie, tenho uma visita para você. – ele disse, e Elisabeta espiou pela porta.

E nada a teria preparado para a emoção que sentiu quando os olhos de Lizzie encontraram os seus e a expressão da menina se iluminou. Foi mais forte e poderoso do que a primeira vez que a vira, e Elisabeta nada pôde fazer além de deixar a emoção agir. Lizzie correu em direção a ela, jogando-se em seus braços como fazia.

Era amor, e só havia essa explicação. A chegada de Darcy e Lizzie trazia vida para sua existência, e Elisabeta não controlou as lágrimas que chegaram a seus olhos com aquele abraço apertado.

— Você está chorando? – Lizzie se afastou, assustada.

— É porque estou feliz em ver você. – Elisa sorriu, abraçando a menina novamente.

— Eu senti sua falta. – a pequena disse, fazendo Elisa ter ainda mais dificuldade em controlar suas emoções.

— E não parou de falar em você. – Darcy informou, da porta.

Elisa soltou Lizzie e virou-se para Darcy, que a encarava curioso, com os olhos marejados. Mal podia acreditar no quanto Elisabeta fizera falta e invejou a filha por poder falar tão abertamente sobre a falta que sentira dela. E o emocionava ver que o efeito em Elisa era tão semelhante ao que ele e a filha sentiam.

— E como estava São Paulo? – Elisa voltou-se para Lizzie.

— Papai trabalhava o tempo todo. – a menina reclamou. – Mas eu fiz compras com tia Charlotte.

— É mesmo? E comprou muitos vestidos, imagino.

— Tia Charlotte me deixou escolher todas as cores. – Lizzie bateu palminhas.

— Lizzie, você está esquecendo de uma coisa. – Darcy entrou no quarto sorrindo.

— Elisa, papai comprou um presente pra você. – os olhos da menina brilharam.

— É mesmo? – Elisa arqueou a sobrancelha em direção à Darcy.

— Nós compramos. – ele informou, mentindo. – Busque o presente de Elisa, filha.

E logo a menina entregou a ela um embrulho pequeno e delicado. Elisabeta sorriu ao receber o presente, abrindo-o logo em seguida. Prendeu a respiração ao ver um colar de ouro com um pequeno pingente de esmeralda, delicado e perfeito para ela. Seus olhos encontraram os olhos ansiosos de Darcy.

— É lindo. – ela disse, sem fôlego. – Mas é demais, não posso aceitar.

— É claro que pode. – Darcy aproximou-se, tirando o colar das mãos dela. – Deixe-me coloca-lo.

Elisabeta ficou calada enquanto ele se posicionou atrás dela. Uma das mãos de Darcy segurou seus cabelos, expondo seu pescoço, e apesar de Lizzie estar presente, um arrepio à percorreu ao senti-lo tão perto. Darcy respirou fundo, contendo a vontade de acaricia-la. A mão de Elisa encontrou a sua em seus cabelos, e Darcy deixou a tarefa com ela.

Delicadamente passou o colar pelo pescoço de Elisabeta, seus dedos em um carinho discreto e roubado. Fechou o colar, novamente segurando os cabelos de Elisabeta e os colocando no lugar. Lizzie já brincava distraidamente com uma de suas novas bonecas, e Darcy virou Elisabeta de frente para ele.

Estavam mais próximos do que deveriam, e ela fechou os olhos, incapaz de manter o olhar no dele. Darcy levou a mão ao rosto dela, acariciando seus lábios e sua bochecha, delicamente.

— Linda. – ele sussurrou.

Elisabeta abriu os olhos, espiando Lizzie distraída, e voltou seus olhos aos dele. Talvez não devesse abrir tanto a guarda, talvez não devesse se deixar levar por seus sonhos e ilusões. Mas ele a encarava com encanto, e Elisabeta não recordava-se de alguma vez em sua vida sentir-se tão acolhida. Nada fez além de repousar a mão em cima da de Darcy, beijando a palma dele.

— Elisa! – a voz de Lizzie fez os dois se afastarem rapidamente, quebrando o momento mágico. – Vamos brincar?

Sentando-se no chão, Elisabeta e Lizzie começaram os preparativos para sua brincadeira de casinha. Lizzie distribuiu suas bonecas, e como sempre uma delas foi parar nas mãos de Darcy. Mas ele não se importava. Tudo estava no lugar novamente, em forma de Elisabeta Benedito.


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