Destiny escrita por oicarool


Capítulo 7
Capítulo 7




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Aquele beijo não saiu mais da cabeça de Elisabeta. Darcy não fora o primeiro homem a quem beijara, mas não tinha dúvidas que havia sido o único beijo de sua vida a tirá-la completamente do chão. E nos dias que se seguiram, Elisabeta pegava-se frequentemente revivendo aqueles momentos.

Não sabia mais como lidar com seus sentimentos. Não tinha dúvidas que estava atraída por Darcy, embora não entendesse como um homem tão irritante podia causar aquele efeito em sua vida. O pai de Lizzie não saia de seus pensamentos, e agora era presença constante também em seus sonhos.

E a assustava a intensidade do que Darcy despertava. Sonhava com seu beijo e seu toque, e despertava com o perfume dele em seus sentidos. Nos últimos dias Darcy era seu primeiro pensamento ao acordar e o último ao adormecer, e não sabia mais o que fazer. Mais uma vez via-se evitando a fazenda de Julieta, ainda que secretamente esperasse um motivo para revê-lo.

O motivo veio alguns dias depois, na empolgação de Ema ao organizar um baile de máscaras. A animação da amiga contagiou suas irmãs, e não demorou para que a confirmação da presença de Camilo e Darcy chegasse, em forma de uma sorridente Jane. E um baile era um excelente local para encontrar Darcy, pois poderiam fingir que nada havia acontecido e Elisabeta poderia tirar aquele beijo de sua mente.

Mas os dias passaram mais rápido do que Elisabeta gostaria, e quando o dia do baile chegou, sua ansiedade dominava suas emoções. A vontade de desistir e ficar em casa era cada vez maior, e mesmo quando foi convencida a comparecer, o plano era ignorar completamente a existência de Darcy.

Por isso, duas ou três taças de espumante foram necessárias na chegada, e com suas emoções um pouco mais sob controle, Elisabeta aproveitou-se da máscara para observar as pessoas. Não demorou a avistar Darcy, afinal ele era o homem mais alto que já vira no Vale do Café, e seu sorriso era inconfundível. Colocou-se no lado oposto ao dele no salão, torcendo para que não precisassem conversar.

Darcy tentou ler as expressões de Elisabeta por trás da máscara vermelha que ela usava. Não precisara de dois segundos para reconhece-la, tamanha sua ansiedade para rever a mulher que dominava suas emoções. Pensara em procurar por ela muitas vezes nos últimos dias, mas não sabia o que dizer. Elisabeta sumira da fazenda antes do amanhecer, e Darcy se perguntava se deveria pedir desculpas pelo acontecido.

Mas não era um homem de pedir desculpas pelo que não se arrependia, e embora estivesse confuso, tinha certeza absoluta de que não se arrependia daquele beijo. Talvez evitasse beijá-la para não complicar ainda mais sua situação, afinal não parecia inteligente envolver-se com alguém de quem a filha gostava tanto. Mas não estava arrependido.

Agora ela permanecia do outro lado do salão, praticamente imóvel desde que chegara. Conversava animadamente com todas as pessoas que se aproximavam, mas parecia tensa, e vez ou outra olhava em sua direção. E Darcy não podia decidir se ela queria que ele se aproximasse ou não. E, por via das dúvidas, apenas observou.

E a viu dançar com o pai, e minutos depois, com o mesmo sorriso, concedeu uma dança à Brandão, o coronel da cidade. Por alguns minutos, sentiu-se hipnotizado, incapaz de tirar os olhos de Elisabeta e de seus movimentos. E então o ar lhe faltou quando um movimento do coronel fez com que os olhos de Elisabeta se unissem aos seus, as faíscas do primeiro encontro se acendendo, a medida que o sorriso dela diminuía.

Elisabeta engoliu em seco ao vê-lo se aproximar, com passos largos e decididos. A música não havia terminado ainda, mas ali estava a conexão deles, aquele impulso que a levava para ele, que o levava para ela. Um tapinha amistoso nas costas do coronel foi o suficiente para que seu companheiro de dança fosse substituído.

Darcy levou uma das mãos as costas de Elisabeta, a outra trilhando seu braço em direção a mão dela. Puxou-a para perto, e seus olhares se desconectaram brevemente, antes de um novo choque. Ela prendeu a respiração quando ele a puxou para perto, muito mais perto do que estava de Brandão.

A música já fazia pouco sentido, e a proximidade de Darcy a confundia. Lá estava o perfume dele novamente, e seu corpo formigando onde ele encostava. Instintivamente seus olhos procuraram a boca dele, e ele fez o mesmo com a sua. A mão na nuca de Darcy se apertou um pouco, em um carinho involuntário.

Ele entrelaçou ainda mais seus dedos na mão dela, incapaz de dizer qualquer coisa. O perfume de Elisabeta fez com que ele fechasse os olhos, e a verdade é que estar tão próximo fazia com que Darcy percebesse que nunca em sua vida alguém tivera tanto efeito sobre ele.

A música terminou, e outras se seguiram, sem que conseguissem sair daquela atmosfera. Nenhuma palavra foi trocada, e nenhum deles sentiu necessidade de quebrar o silêncio. Era um momento único, em uma sintonia que nenhum deles esperava. E o momento só foi quebrado quando Xavier colocou-se entre eles, solicitando uma dança.

Elisabeta viu Darcy se afastar, não sem antes depositar um beijo de leve na mão dela. Ele voltou para o mesmo local em que estava no bar, com um sorriso contido ao ver que ela também não conseguia desviar o olhar do seu.

— É ele, então? – Xavier perguntou, triste, surpreendendo Elisabeta.

— O que? – ela perguntou, apreensiva.

— Eu imaginei que houvesse alguém... – ele continuou.

— Não é nada disso. – Elisabeta tentou parecer segura.

— Eu quero que você seja feliz, Elisa. – ele sorriu, a deixando ainda mais perdida em pensamentos.

Quando a dança terminou, Elisabeta sentiu o ar faltar. Despediu-se de Xavier e rumou para os jardins internos na Fazenda Ouro Verde. Era acostumada a brincar com Ema desde nova naquela casa, e a conhecia como se fosse sua. Sentou-se em um banco de pedras, observando o céu estrelado.

Darcy se aproximou cauteloso. Não sabia o porque de estar ali, apenas que precisava estar. Precisava conversar com Elisabeta, precisava estar perto dela. Ela se sobressaltou ao notar sua presença, soltando a respiração ao perceber que era Darcy.

— Linda noite, não? – ela perguntou.

— Sim. Linda. – Darcy respondeu, sem encarar o céu, incapaz de tirar os olhos dela.

— O que? – seu rosto virou-se rapidamente, encontrando os olhos dele novamente.

— Você. – Darcy se aproximou, segurando as mãos de Elisabeta e a fazendo ficar de pé.

— Darcy...

Ele se aproximou, sem aviso, seu nariz tocando o dela de leve. Elisabeta fechou os olhos, sabendo o que estava por vir, incapaz de definir se deveria correr ou ficar. Mas quando a respiração de Darcy tocou sua pele, a cautela foi deixada de lado. Foi Elisa quem cruzou a barreira, quem tocou os lábios nos dele.

E o incêndio foi imediato, Darcy a segurou pela cintura, puxando-a para ele. Seus lábios se partiram, e suas línguas se tocaram, ao mesmo tempo em que o ar faltou. Elisabeta segurou firmemente a nuca dele, em um beijo cada vez mais profundo e mais sem controle. Beijar Darcy era cair em um vulcão, e quando o frio na barriga diminuía, todo o resto era lava.

As mãos dele invadiram os cabelos de Elisabeta, em leves puxões. Expôs o pescoço dela e sem aviso beijou a pele intocada, fazendo Elisa respirar pesadamente, segurando os braços de Darcy para que não caísse. Com um rastro de mordidas, voltou a beijá-la com intensidade. Seus corpos colados, quase sem nenhum espaço entre eles. Ele desacelerou o beijo, de repente, soltando-se dela com um selinho leve.

Suas respirações aceleradas tentaram normalizar, e Elisabeta deu um passo para trás, a mão dele ainda em sua cintura, as dela ainda nos braços de Darcy.

— Não podemos. – ela disse, seu olhar no dele.

— Eu sei. – ele segurou-se para não beijá-la novamente ao ver os lábios de Elisa vermelhos pelo que havia acontecido.

— Lizzie... Lizzie não entenderia. – Elisa fechou os olhos.

Ele ficou em silêncio alguns instantes, observando Elisabeta. Os lábios inchados, a respiração descompassada. Acariciou o rosto dela de leve.

— Eu acabei de perder Mary. – ele disse, de repente, fazendo Elisa abrir os olhos. – Lizzie gosta de você.

— Você não precisa explicar. – Elisa disse, segura.

Ela afastou-se dele, tentando recuperar a sanidade.

— Nós nem gostamos um do outro. – ela riu, passando a mão pelos cabelos. – Só brigamos, nos desentendemos a cada segundo.

— Não nos desentendemos agora. – ele sorriu.

— Mas vamos... Basta um de nós dizer a coisa errada. – ela também sorriu.

— Não precisamos... – Darcy se aproximou, abraçando-a por trás e cheirando seu pescoço.

— Nós vamos. – Elisa segurou a mão dele que descansava em sua barriga. – E então qualquer hora Lizzie ficará no meio de uma discussão.

Ele concordou, mas puxou os cabelos de Elisa, começando a beijar seu pescoço.

— Algo me puxa para você. – ele sussurrou no ouvido dela. – Eu continuo sem entender.

— Eu também sinto. – ela fechou os olhos. – Mas não podemos.

— Não... – ele beijou o pescoço dela com mais intensidade.

— Isso tudo vai acabar mal. – Elisa suspirou.

Darcy a virou bruscamente, colando seus lábios nos dela, pedindo passagem sem dar a Elisabeta chance de reagir. Ela segurou-se a ele, deixando seu corpo comandar suas ações, beijando-o com o furor de quem sabe que o faz por uma última vez. Seu corpo todo se aqueceu, e as mãos de Darcy pareciam estar em todos os lugares. Eles se aproximaram ainda mais, incapazes de controlar o que sentiam, o que faziam.

Foi só quando Elisabeta ouviu Ema chama-la que se separaram. Elisa arrumou os cabelos, trocando um último olhar com Darcy antes de voltar para a mansão. Ela precisava parar de ver Darcy, parar de beijá-lo, porque ficava claro que não conseguia ser racional quando estava perto do pai de Lizzie.

E então amaldiçoou-se por querer tanto aquele encontro. Tudo o que sentia apenas se intensificava, e agora percebia que era mentira que não gostava dele. Gostava de quem ele era com os amigos, gostava do jeito cordial que ele agia com desconhecidos, e o admirava por quem ele era como pai. Gostava de Darcy Williamson, e isso só piorava tudo.


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