À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 83
Querida Heloise


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Preparados para sentir MUITAS emoções? Respirem fundo!

Boa leitura!



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23 de maio de 1912

Querida Heloise,

Já fazem quatro dias desde a sua partida. Confesso que fiquei pensando sobre escrever uma carta a você. Por um lado, achei bobo, como se alimentasse uma falsa esperança. Por outro, o anseio de escrever era grande. E agora, cá estou eu, escrevendo porque levei em consideração sua brincadeira. Já sinto falta do seu bom-humor, aliás.

Nada extraordinário aconteceu até então, eu apenas quis escrever um pouco, até para ver se me ajudaria de alguma forma.

Não sei se continuarei escrevendo. Talvez quando acontecer algo diferente.

Já com saudades, Nathaniel Berger.”

Me segurei para não chorar logo na primeira carta, já que Natanael estava me observando. Devia ser importante ou curioso para ele, ter uma pessoa da “família destinatária” lendo aquilo.

De fato, havia somente meu nome e o nome de Nathaniel no envelope.

Deixei o papel no chão de madeira ao meu lado, suspirei e peguei a próxima carta.

27 de maio de 1912

Querida Heloise,

Eu me peguei pensando sobre sua estadia aqui. Me recordo que veio para procurar a família Legrand, porém, os motivos me fugiram da memória. Ao notar isso, tive medo de esquecer sobre tudo o que aconteceu, mas eu conseguia me recordar de todas as outras coisas com maior nitidez. Estranho, não? É como se eu soubesse sem saber, como se esse motivo estivesse no fundo do meu inconsciente e eu não conseguisse alcançar tal memória.

Enfim, se lembra de Armand Burnier? Que tentou lhe conquistar com presentes e flores? Ele foi julgado. A polícia foi até a pensão procurar por testemunhas, e a principal era você. Pelo menos eu consegui ajudar de alguma forma, falei tudo o que eu sabia sobre o caso e, no fim, ele foi preso, graças as outras testemunhas, as outras damas que ele conseguiu conquistar e as que apenas tentou. Confesso que me senti aliviado.

Bom, ontem eu recebi o convite do casamento de Oliver e Clarisse e Denise e Castiel. Estou muito feliz por eles. Oliver disse que a segunda coisa que ele mais queria no mundo era que você estivesse aqui para participar da cerimônia. Claro que a primeira é casar com Clarisse, e acho que ela tem o mesmo pensamento que o futuro marido.

Eu também gostaria que você estivesse aqui, obviamente, não somente para o casamento, mas para qualquer outra coisa. Seria ótimo ter sua companhia na cerimônia e na festa.

Acho que me empolguei nesta carta. Por enquanto acabaram as novidades. Espero que esteja bem.

Com saudades, Nathaniel Berger

 

Eu também adoraria estar aí para ver o casamento deles! Isso é tão triste e injusto… Acho que é normal você ter ficado com algumas memórias falhadas, Nath… Se aconteceu com todos aqui de tudo ter mudado, com certeza aconteceria com você também. E que bom que Armand foi preso. Pelo jeito você acha que foi por acaso que eu entrei no caminho dele… Mas tudo bem, o importante é que ele pagou pelo que fez.

Enquanto eu dobrava e colocava a carta de volta no envelope, Natanael continuava mexendo na caixa, até que retirou de lá um porta-retrato do tamanho de uma folha A4. Eu peguei a próxima carta e de relance vi ele olhando para a foto e para mim várias vezes.

— Uau… — Ele sussurrou e eu o encarei, curiosa.

— O que foi?

— Estou abismado. — E ele virou o porta-retrato para mim, mostrando um desenho que eu conhecia muito bem. O primeiro desenho que Nathaniel fizera de mim. Eu fiquei é surpresa por ainda conseguir ver os traços tão nitidamente. — É muito igual a você. Muito mesmo.

Claro que não posso discordar… — Você acha...?

— E você não? — Ele perguntou, impressionado. — Eu já tinha visto esse desenho, mas obviamente não tinha você do meu lado para comparar.

Se for parar para pensar, não é tão impressionante assim, afinal, sou eu. Impressionante mesmo é a semelhança que você tem com Nathaniel. E seu pai também, claro.

— Você sabe desenhar? — questionei, tentando mudar um pouco o rumo da conversa.

— Não, não sei. Não acho que tenho talento para isso, mas meu pai sabe. Por quê?

— Só para saber. Tem muita coisa que se passa pelas gerações… Seu tataravô era um grande desenhista.

Natanael estranhou ao ouvir aquela informação e olhou novamente para o desenho, até aproximando o porta-retrato do rosto.

— Ah… nossa, você conseguiu ver a assinatura dele aqui. Quase não dá para ver. — Sim, claro, com certeza. — Essa mulher só pode ser sua tataravó, não é?

— Talvez… Pela semelhança...

Ele me observou uns segundos. — Desculpa, pode continuar a ler. Vou ficar quieto.

Deixei escapar um sorrisinho com a vergonha repentina dele. Abri a próxima carta.

5 de junho de 1912

Querida Heloise,

Hoje tive a terceira consulta com Louise Dupuis. Você se lembra dela, suponho. Acho que seria difícil esquecê-la. Sei que não é adequado que eu fale sobre meus pacientes, mas imagino que você tenha algum interesse em saber como ela vai.

Conseguimos uma evolução considerável sobre seus medos. Ela já se sente mais segura perto de homens e está começando a se preocupar em fazer algo, aprender coisas novas, sem depender exclusivamente da mãe. Sem que eu tenha percebido, acabei me inspirando muito em você para lidar com ela. Acho que, no fundo, vocês têm certas semelhanças, mas a diferença é que você tem a liberdade de se expressar, já ela, não.

Não me estenderei muito sobre o assunto.

Agora me lembrei, recebi o convite do casamento de Adeline e Jean. Acho que nunca fui em tantos casamentos como estou indo esse ano. Será que devo este fato a você também?

Com saudades, Nathaniel Berger.”

Ai, que fofo! Finalmente eles vão se casar! E, bom, acho que você deve esse fato a mim, Nathaniel. Só um pouquinho.

A próxima carta estava quase completamente apagada. Apenas era visível o dia, que era treze, e algumas palavras quase apagadas, como “pensei”, “desenhos”, “observando” e uma única frase, “... talvez eu esteja imaginando coisas.”

Que raiva, por que tinha que estar apagado?!

Ao elevar o olhar, percebi que Natanael havia deitado no chão. Estava lendo um livro de páginas amareladas e capa dura.

Não havia outro som no ambiente tirando alguns pássaros que passavam de vez em quando. Nem nossas respirações eram ouvidas. Me peguei observando Natanael concentrado na leitura. Meus olhos passaram por suas pernas, dobradas, o tórax, os braços, pescoço e maxilar. Sem que eu sequer percebesse, ponderei se ele tinha a mesma nuca que Nathaniel, a mesma pele macia ou o mesmo perfume. Corei ao constatar o que eu estava pensando e ao mesmo tempo que ele me lançava um olhar, baixei o meu de volta para as cartas, rapidamente dobrando àquela última e a guardando para partir para a próxima.

— Eu sempre achei engraçado… — Natanael disse, ainda lendo o livro. — O nome de um dos personagens dessa história é Nathaniel… Eu só li esse livro quando tinha uns nove ou oito anos… Agora eu estou vendo que a personagem principal se chama Heloise. Como que pode um negócio desse? — E ele me encarou, chocado. — Será que o escritor conhecia nossos tataravós?

Pisquei algumas vezes, processando aquela informação. — Qual é o nome do autor?

Ele fechou e olhou para a capa. — Hm… Alexander G. Fabre.

Meu Deus, ele conseguiu publicar! Não acredito! — Deixa eu ver! — Estendi a mão, o apressando e ele me entregou.

Apenas dei uma rápida lida na capa, para ter certeza que era o mesmo nome. O título era “O Amor e a Liberdade“. Passei as primeiras páginas e li a dedicatória.

A meu irmão, Armin G. Fabre, que sempre me apoiou. A Melody S. Barbier Fabre, que me ajudou a terminar a história. E, principalmente a Heloise Dumas, que foi a musa de inspiração para a trama e a personagem principal, igualmente Nathaniel Berger. Meus profundos agradecimentos a todos vocês, meus grandes amigos.”

Virei a página ao sentir os olhos ficando úmidos. Havia um texto escrito a mão.

“Caro Nathaniel,

Nem sei exatamente o que escrever aqui. Deveria ser onde eu agradeço, porém, já escrevi os agradecimentos a você na dedicatória. De qualquer forma, obrigado por me permitir usar seu nome. Claro que não só o seu como o de Heloise também. É uma pena que ela não esteja mais aqui para pegar uma cópia. Eu poderia escrever um livro à parte com tantas coisas que aprendi e me inspirei com ela. Já sinto saudades do carisma daquela mulher.

Estou até pensando em escrever uma continuação, talvez precise de sua ajuda, já que não tenho por perto a dama inspiradora. Imagino que você a conheça bem o suficiente para me aconselhar. Espero que você possa me ajudar.

Bom, acho que é isso. Nos veremos logo.

Abraços,

Alexander G. Fabre.”

Rapidamente passei a ponta dos dedos debaixo dos olhos, antes que Natanael me visse chorando. Alexander sempre foi um amor de pessoa e agora eu só consigo afirmar isso ainda mais.

Será que ele escreveu a continuação? Preciso pesquisar depois.

— Será que eu posso pegar esse livro emprestado?

— Claro, não acho que meu pai se importe.

Dei um sorriso de agradecimento e deixei o livro ao meu lado, junto das cartas já lidas. Abri a próxima.

12 de junho de 1912

Querida Heloise,

Eu não sei se devia escrever o que eu estou pensando. Estou confuso, apesar dos conselhos que recebi me incentivando a continuar. Você me disse para ser feliz, mas não sei se é isso o que eu desejo. Quer dizer, obviamente eu quero ser feliz, entretanto, não sei se esse é o caminho…

Louise mostra fortes sinais de que sente algo por mim e eu acho que estou retribuindo esse interesse sem nem ao menos perceber. Agora que eu parei para pensar, parece óbvio e eu me senti mal por notar isso. Estou sendo bobo, não? Eu sei que não existem chances de você voltar. Estou dividido entre continuar com esses flertes e parar por aqui, antes que… piore.

Tudo seria mais simples se você estivesse por perto. Eu não teria dúvidas do que fazer.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

 

Ah, Nath… Eu nem sei o que pensar. Eu também acabo ficando dividida, mas é óbvio que você precisa seguir em frente, eu te disse isso…

16 de junho de 1912

Querida Heloise,

Acabei de chegar do casamento dos nossos casais preferidos. Foi tudo muito bonito. Dancei tanto com Denise quanto Clarisse, e ambas falaram em como queriam que você estivesse ali. Eu apenas pude concordar. Você quase virou o principal assunto entre nós, não só os noivos, mas também toda a família de ambos. Todos sentem sua falta.

Eu apenas queria escrever logo sobre esse dia. Pelo menos você ficará sabendo.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

“24 de junho de 1912

Querida Heloise,

Ontem fui a um jantar na casa da família de Louise, os Dupuis. Eles estavam muito agradecidos por eu ter ajudado a filha mais nova deles e quiseram me convidar. Foi uma noite agradável, apesar dos olhares da maioria para nós dois. Se lembra de como Oliver nos olhava sempre que estávamos juntos? Era esse estilo de olhar. Confesso que fiquei um pouco incomodado, afinal, estava acostumado com este tipo de coisa apenas ao seu lado. No final da noite, Louise me acompanhou até a calçada e beijou-me o rosto, me deixando completamente surpreso. Acho que ela está começando a se sentir mais à vontade comigo…

Enfim. Ainda penso no que fazer. Você deve imaginar que Lysandre está completamente animado com a ideia... Ele pergunta de Louise constantemente e eu respondo de boa vontade, mas sempre que ele começa a compará-la com você, acabo perdendo a paciência. Pelo menos ele está parando com isso.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

 

“13 de julho de 1912

Querida Heloise,

Hoje fui ao casamento de Adeline e Jean, que foi no período vespertino. A senhorita Legrand estava radiante e, como de praxe, veio falar comigo sobre você. Acho que não tem como evitar, não é? Você conseguiu marcar a todos. De um jeito positivo, é claro.

Às vezes imagino o que você está fazendo. É engraçado pensar que... bem, você sabe, em como estamos tão “distantes”. Estaria você brincando com seus gatos? Vendo programas de culinária? Ou enchendo preservativos e os jogando para cima e resmungando sobre o gosto que ficou na boca... Bom, só sei que fico rindo sozinho.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

A próxima carta estava apagada. Absolutamente nada estava visível. Peguei mais uma.

“10 de agosto de 1912

Querida Heloise,

Tenho uma notícia muito boa. Clarisse está grávida. Preciso dizer como Oliver está feliz da vida? Ele não fala de outra coisa senão o filho. Ou filha. Eles querem uma menina.

Por conta disso, Castiel e Denise estão sofrendo pressão para terem logo um bebê, e você deve imaginar as respostas curtas e atravessadas que ele dá, não é mesmo? Ele me disse que querem esperar um pouco, aproveitar melhor a vida de recém-casado. Não acho que eles estejam errados, provavelmente faria o mesmo.

Eu nunca tinha parado para pensar sobre o assunto, mas depois dessa conversa que tive com eles, imaginei como seria ser pai. Será que eu ficaria como Oliver? Tão animado e preocupado com minha esposa e nossa criança? Eu realmente não sei. Não consigo me imaginar em uma situação como essa... Nós nunca conversamos sobre isso. Será que você quer ser mãe? Infelizmente não terei como saber, mas talvez sim, já que você se dá bem com crianças.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

 

Sim, Nathaniel, eu quero ser mãe. Também não consigo imaginar você sendo pai, mas não tenho dúvidas de que seria um pai maravilhoso.

Tive que forçar a vista para conseguir entender o que estava escrito na próxima folha. As letras estavam bem apagadas, mas ainda dava para entender algumas partes.

“12 de... de 1912

Querida Heloise,

Sinto muito por ficar tanto tempo sem escrever, não era minha intenção. Eu realmente sinto como se você estivesse lendo e esperando por estas cartas...

... e mesmo assim não entendo como chegou a esse ponto... Tudo bem, não posso negar que fiquei feliz, mas é um sentimento contraditório. Será que estou sendo muito indelicado ao te confidenciar isso? É muito egoísta? Se for, eu realmente sinto muito.

... até o momento não conversamos sobre relacionamentos anteriores, até porque ela deve pensar que eu tenho certeza de que ela nunca se relacionou com outro homem antes de mim. Eu não quero mentir, mas não sei se devo dizer sobre o que aconteceu entre nós, não quero chateá-la ou fazê-la se sentir insegura de alguma forma.

É muito estranho começar algo novo... acostumado com suas atitudes e... é completamente diferente com ela. Acho que você me deixou mal-acostumado...

Com saudades, Nathaniel Berger.”

Calma aí... Ele começou a namorar com Louise? Ou rolou um beijo ou algo do tipo? Ok, estou com ciúmes, mas vai fundo.

Mais uma carta levemente apagada.

“7 de outubro de 1912

Querida Heloise,

O ambiente está começando a ficar pesado... ouvi relatos de alguns pacientes dizendo sobre o clima nos centros... A cada vez que escuto algo do tipo, me lembro do livro que você me mostrou, sobre a guerra... Estou começando a me preocupar. Notei que alguns pacientes deixaram de vir por motivo de mudança de cidade... não sei quanto tempo teremos até que as coisas... Uma vez você me disse que era melhor ir para outro lugar e, quando escuto sobre uma possível guerra, é a primeira coisa que...

Mas agora que estou com Louise, não posso simplesmente me mudar... e sei que preciso conversar com ela sobre... Eu apenas espero que tudo fique bem e que esse... passe logo. Senão... que apressar... e não sei se estou... para isso.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

 

Apressar o quê? Uma mudança? Ai, Deus...

“30 de... de 19...

Querida Heloise,

Eu realmente pensei muito sobre o assunto e não tive outra opção. Pedi Louise em casamento. Falando assim parece que eu estou infeliz, mas não estou. Nós estamos felizes, apesar de termos que apressar as coisas. Ela sempre sonhou em se casar aqui e pelo menos isso está ao meu alcance. Ainda temos muito o que fazer, cuidar do casamento em si, da festa... e outras coisas.

Nunca imaginei que eu chegaria nesse estágio de vida. Jamais imaginei que eu me casaria de verdade... e quero dar uma vida digna a ela.

... saudades, Nathaniel Berger.”

“... de novembro de...

Querida Heloise,

Estou nervoso. Muito. O casamento será amanhã... Nem sei o que pensar.

Quando isso começou? Eu mal me recordo... Parece que o tempo voou.

Com saudades, Nathaniel...”

Caramba...

“5 de janeiro de 1913

Querida Heloise,

Nos mudaremos daqui dois dias. Está tudo arrumado. A vida de casado tem sido muito corrida como eu nunca imaginei ser possível. Sem falar de toda a papelada sobre... e o apartamento que... Já temos uma nova casa. Lysandre me fez o favor de viajar para procurar boas casas. Quem diria que eu moraria na Suíça com minha esposa...

Não sei quando conseguirei voltar a escrever. Se as coisas estão apertadas agora, não quero pensar em como ficarão depois da mudança. Espero que esteja bem.

Com saudades, Nathaniel Berger.”

 

Não havia um papel no envelope seguinte e o outro estava apagado. Só dava para ler algumas palavras. “casa nova”, “engraçado”, “bem-humorada”, “aprendendo a cozinhar” e “vizinhos legais”.

“27 de maio de 1913

Querida Heloise,

Evitamos o máximo que foi possível, mas... teremos um bebê. Acho que agora entendo como Oliver estava se sentindo... É uma sensação mágica e desesperadora ao mesmo tempo... Espero que... já que todos dizem a mesma coisa, que não vamos... então vou começar a me preparar psicologicamente para... acordado.

... Berger.”

 

Mais um envelope vazio e outra carta apagada, além de estar manchada. Peguei a próxima, endireitando a coluna, começando a sentir dores pela posição desconfortável.

“6 de janeiro de 1914

A pequena Heloise estava com pressa. Resolveu nascer de oito meses e felizmente, muito saudável. Como é possível que um ser tão pequeno seja tão lindo? Estou completamente apaixonado por ela. E sim, eu escolhi o seu nome para dar a ela, espero que não se importe com a homenagem. Louise concordou. Ela está bem, exausta, mas bem. Estou aqui para ajudar com qualquer mínima coisa. Rosa também está aqui para ajudar. Ela, seu marido e Lysandre se mudaram há alguns meses para perto, então ajudam sempre que podem.

...Nathaniel Berger.”

 

Ai meu Deus...! Eu não acredito nisso... Ele ainda deu o meu nome para a primeira filha...

“25 de... de 1914

Querida Heloise,

O clima está cada vez pior. A guerra está começando, todos sentem isso e estão com medo. Obviamente eu também estou. Nunca fui um homem religioso, mas ultimamente estou rezando para que a situação não piore...

Com saudades, Nathaniel Berger.”

Eu sinto muito que vocês tenham passado por isso, deve ter sido uma época horrível...

“18 de novembro de...

Querida...

As coisas pioraram. Nos mudamos ainda mais para o interior da Suíça. Estamos vivendo em uma pequena fazenda, plantando nossa comida e... mas pelo menos estamos juntos. Eu sei que é loucura, mas Louise está grávida novamente, não que tenhamos planejado.

Tenho medo que essa guerra dure para sempre, mas sei que em algum momento ela terá que parar. Preciso ter esperanças de um futuro melhor para a minha família...

...”

 

“... agosto... 1915

Louis e Albert nasceram... É uma alegria em meio à guerra. Eles são muito parecidos comigo... A pequena Heloise está feliz da vida por ganhar irmãos e... Não temos muito, mas temos o suficiente para viver bem... como o tempo passa sem que eu perceba. As memórias daquela época estão nubladas e nem faz... a última vez que... É estranho parar para pensar sobre tudo, pois parece um sonho.

... Nathaniel...”

 

— Caramba, gêmeos?! — exclamei sem perceber, completamente chocada, fazendo Natanael acordar no susto.

— Quê? O que... — Ele se sentou, coçando os olhos. — Nossa, eu acabei cochilando... O que foi?

— Desculpa pelo grito — pedi, envergonhada. — Fiquei muito... abismada que eles tiverem gêmeos no meio da guerra.

— Ah... minha mãe falava a mesma coisa. — Ele sorriu. O observei, imaginando Nathaniel ali. Era loucura. — Eles ainda terão mais um filho e...

— Ei, sem spoilers!

Rapidamente Natanael tapou a boca com a mão. — Ops, desculpe. Me empolguei.

De repente, ouvimos passos na escada. Logo, Estella apareceu segurando uma bandeja grande.

— Alguém está com fome?

Quase beijei suas mãos quando ela deixou a bandeja ao nosso lado, com xícaras de chá fumegante, fatias de pães com manteiga e bolo de chocolate, mas me contive e agradeci quase como uma súplica, começando a bebericar o chá.

Analisei a forma que Natanael pegava sua xícara com as duas mãos e tomava o líquido, mesmo estando muito quente. De alguma forma, senti que ele estava realmente ali, ao meu lado. Eu não sabia se era uma boa ideia deixar aqueles sentimentos tomarem conta de mim. Eu poderia amar Nathaniel e ele me amar, mas não era a mesma coisa.

Natanael me olhou e pela primeira vez, sem sentir algum tipo de incômodo, nos encaramos no silêncio.


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Notas finais do capítulo

MINHA NOSSA. As cartas ainda não acabaram kkk Eu realmente não esperava que tivessem tantas xD

Mas então, o que acharam de tudo o que aconteceu (até o momento) com o Nathaniel? Ficaram surpresos com algo?

Ah, eu acho que fiquei devendo uma imagem do Natanael. Se vocês seguissem a pasta da APDAL no Pinterest, já teriam visto u.u Mas aqui vai:

https://i-h2.pinimg.com/564x/c3/ff/7c/c3ff7cc4f120af7037d4eb98fc1a69c9.jpg?b=t

PRECISO DE UMA AJUDA com o rumo da história. Será que vocês, queridos leitores, poderiam responder essas simples questões? Certas coisas dependerão de vocês, hein?

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeXaEkjvAFelI9uHelGyj-yI7nDZRp_F2Z3WX0h2c8z9aXDhA/viewform?usp=sf_link

Gostaram desse capítulo enorme? Espero que sim kkk

Nos vemos no sábado o/



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