À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 81
Exposição de Primavera


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas!

Consegui escrever um capítulo para postar hoje! ~yay

Acho que vocês ficarão mais animados :3

Boa leitura!



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Será que ele conhece Nathaniel? Será que há chances? Ou eu estou ficando louca e achando que existem versões de todo mundo no presente? Eu não queria ter esperanças desse jeito, mas como posso não ter, encontrando o Lysandre do futuro?! Ai, Deus...

Fui na frente e peguei o caixa disponível. Entreguei a mamadeira para a moça que abriu a compra. O celular de Raphael tocou e ele atendeu.

— Oi... Sim, peguei... Não, eu falei que não tinha... — Como ele tinha levantado o braço, a manga de sua camiseta subiu e eu notei alguns traços. Uma tatuagem.

Nunca achei que ele teria uma. Não que eu esperasse que... Ah, deixa para lá.

— Você vai pagar isso, não vai? — Íris questionou atrás de mim.

— Vou. Meu primeiro presente para o bebê.

— ... Eu pedi ajuda, uma moça disse que a marca é boa... — continuava Raphael. — Ele não vai... Ok, tá bom. Tchau. — Desligou a chamada e suspirou, guardando o celular no bolso da calça de sarja preta. — Existe alguma chance de um bebê ter assaduras por causa de fralda ruim? — Nos perguntou, já que o observávamos.

— Talvez — respondeu Íris —, mas é só passar uma boa pomada antiassaduras e trocar de marca quando der.

— Ah... tudo bem.

Paguei a mamadeira com o cartão e entreguei o objeto para Íris. Ficamos ao lado do caixa enquanto Raphael passava o pacote de fralda.

— Então, Lys... Raphael... por acaso você conhece alguém chamado Nathaniel?

Ele considerou. — Creio que não. Por quê?

— Por nada. Só curiosidade.

Claro, as chances de existir um Nathaniel são minúsculas. Sem falar que, se ele existe aqui, pode ter outro nome, pode morar em outra cidade, outro estado, outro país ou em outra galáxia.

Raphael pagou sua compra e caminhamos em silêncio para a rua. Ele se despediu, já que iria para o lado contrário do nosso, e seguimos nosso caminho.

— Quem era aquele, Heloise? — Íris perguntou.

— Ele era muito, muito parecido com um homem chamado Lysandre Lange. Ele era amigo e colega de profissão de Nathaniel. Eu... achei que teria alguma chance deles serem amigos aqui também.

Íris esfregou minhas costas com a mão. — Eu sei que você quer muito encontrar esse Nathaniel... Mas acho que seria melhor você não ficar pensando nisso.

— É, eu sei — concordei, desanimada. — Estou sendo boba. Não tem como saber se ele existe. Não se preocupe, não vou sair pelo mundo procurando por ele. Chega de procurar pessoas de outras épocas.

Ela riu. — Isso aí.

Deixei minha amiga em sua casa e fui para a minha, caminhando pelas ruas tranquilas do bairro. Assim que cheguei, tomei banho, vesti meu pijama e me sentei no sofá, segurando o pingente do colar entre os dedos, considerando se, algum dia, teria alguma informação de pelo menos alguém da família de Nathaniel. Ou dele, de preferência.

A semana passou tão normalmente como eu não achei ser possível depois de uma viagem no tempo. Aliás, as semanas passaram. Um dos melhores dias foi quando Íris teve sua primeira consulta e fez todos os exames necessários. Tudo estava perfeito.

Na escola, os novos alunos se enturmaram, inclusive a garotinha que não falava francês tão bem. Ela conseguiu fazer amigos e começar a falar com maior fluidez. Eu não sabia se era porque eu a ajudava constantemente, mas ela se apegou a mim, assim como a nova coleguinha, Yvette. Bom, não que os outros alunos não fossem apegados, eu tinha que admitir que levava jeito com crianças. No final da aula, sempre apareciam desenhos e cartinhas em cima da minha mesa, que eu lia com todo o carinho do mundo quando chegava em casa.

Era engraçado ler as cartinhas de Maria. Sempre que ela não sabia a palavra em francês, escrevia em italiano e, entre parênteses, falava que não sabia escrever no outro idioma. Felizmente ela estava ficando cada vez mais à vontade nas aulas, fazendo até seus coleguinhas dizerem palavras em italiano. Era muito fofo.

Estava chegando o dia de arte da primavera, onde os alunos faziam desenhos que eles assimilavam à estação e a escola fazia uma pequena exposição no pátio principal. Eu e uma professora de história ficamos responsáveis daquela vez e tivemos que colocar, desenho por desenho, nas paredes, deixando uma plaquinha de papel abaixo de cada um com o nome do aluno responsável.

De tarde, os pais poderiam entrar e ver a exposição. O pátio ficou cheio e eu cumprimentava os pais dos meus alunos com muita alegria.

— Professora! — Ouvi a voz de Maria e me virei, a vendo se aproximar puxando dois adultos em minha direção.

— Oi, Maria, já viu seu desenho?

— Sim! Já... mostrei para os meus pais. — Os indicou com o olhar assim que pararam.

— Olá, muito prazer. — Balancei a mão de ambos, que pareciam felizes.

— A Maria fala muito de você, muito mesmo — comentou a mulher. — Sou Estella, prazer.

— Prazer, senhorita...? — O homem apertou levemente minha mão.

— Dumas, Heloise Dumas, senhor. Muito prazer. Eu fico muito feliz de ser professora da filha de vocês. Ela é um amor.

— Nós é que ficamos felizes por nossa filha ter uma professora tão amorosa — disse Estella. — Obrigada por ajudá-la a se enturmar... Ficamos com certo receio quando nos mudamos. Não a criamos com o francês como língua principal.

— Ela teve um pouco de dificuldade no começo, mas se adaptou bem rápido. Ela foi muito corajosa.

Maria começou a falar algo com os dois, o que me permitiu observá-los melhor. Estella tinha um bronzeado muito bonito e cabelos castanhos lisos. Já o senhor, pele clara e cabelos castanhos claros. Seus olhos cor âmbar contrastavam com a cor dos fios, o que me deixou encantada.

Talvez eu estivesse comparando demais, mas ele lembrava Nathaniel. A cor dos olhos era muito parecida, sem falar do formato dos lábios e...

Ele respondeu a filha e voltou a me olhar, prestes a dizer algo.

— Desculpe... o senhor não disse seu nome.

— Ah, me perdoe. Abner Berger.

Engoli seco, não sabendo se ficava surpresa por ele ter aquele sobrenome ou por Maria ser parente direta de Nathaniel. — Ok... Fiquem à vontade para andar pela escola. — Forcei um sorriso.

— Obrigada. — Estella acenou, começando a ser puxada por uma Maria animada.

Senti um calor subir pelo pescoço e rosto. Enquanto andava, puxei os cabelos para o lado e saí para o pátio externo, que estava mais vazio. Me afastei do barulho e fui até um dos bancos do jardim. Me sentei, esfregando o rosto com as mãos.

Será que era ele? Mas... Caramba. Quão mais velho ele deve ser? Dez, quinze anos a mais do que eu? Será que realmente era ele? Era parecido, mas também não tanto...

Se era, sem chances. Ele é pai de uma das minhas alunas e é casado com uma mulher maravilhosa.

Senti meu coração se apertar com angústia. Era óbvio que não aconteceria nada. Ninguém tem a capacidade de reconhecer alguém que conviveu em outras vidas. É impossível.

Minha garganta apertou e eu não consegui impedir que algumas lágrimas saíssem. A saudade que eu sentia me inundou. Aquela sensação de que não havia mais chances apareceu.

O que eu estava esperando, afinal?

Ok... Pelo menos agora acabou. Chega. Solta isso, Heloise. Pelo menos você tem a querida Maria.

— Professora...? — Funguei, enxugando as lágrimas rapidamente antes de me virar para Maria. — Por que... está chorando?

— Por nada, querida. — Lhe dei um sorriso. — Está aproveitando o dia?

— Sim. Vi os desenhos dos meus amigos... Todos estão muito bonitos.

— Com certeza estão, vocês são muito talentosos.

Ela sorriu, orgulhosa. — Não fica sozinha aqui... lá dentro está mais legal.

— Claro, eu já vou, tudo bem? Só me dê um minutinho.

— Tudo bem... — Maria balançou a cabeça e, me pegando de surpresa, me abraçou, quase me fazendo chorar de novo.

Grazie, Maria. — Ela se afastou, sorrindo, e foi embora.

Passei as mãos no rosto, tentando enxugar qualquer vestígio de lágrimas enquanto levantava. Encarei o céu completamente azul e limpo e suspirei.

É isso.

— Está tudo bem?

Me virei, prestes a afirmar e congelei no lugar. Novamente, aqueles olhos me encaravam. Talvez minha cabeça estivesse me pregando peças. Talvez eu tenha ficado louca com o choque.

— Você é Heloise, certo? Professora de inglês da Maria?

Ok, agora estou sentindo meu coração bater como se eu estivesse correndo a maratona mais exaustiva do mundo.

— Sim... — Minha voz quase não saiu e eu pigarreei. — Sim, sou.

— Tem certeza que está bem? Você está pálida.

— Talvez não. — Tateei o encosto do banco e voltei a me sentar, piscando algumas vezes.

— Quer que eu chame alguém? — O homem agachou na minha frente, me encarando de forma preocupada.

— Qual... Qual seu nome? — sussurrei, não sei por quê.

— Natanael.

— Berger?

— Sim... Como sabe?

Eu não conseguia deixar de analisar cada mísero detalhe do seu rosto. — Você é muito... parecido com...

— Meu pai? — sugeriu. — É, muita gente fala isso, mas tem alguma coisa a ver com você estar passando mal?

— Não... eu só fiquei curiosa.

Parecia que o pingente estava queimando minha pele por baixo da blusa. Senti uma vontade imensa de pegá-lo, mas me contive, assim como contive a vontade de me jogar contra aquele homem na minha frente.

— Eu vim te procurar porque meu pai me falou de você quando eu cheguei. Sabe, seu nome e sobrenome são bem conhecidos pela minha família — disse, mostrando um sorriso divertido que quase me fez desmaiar.

— Como assim?

— A história é longa, talvez ele conte melhor do que eu. Posso chamá-lo?

— Claro.

Natanael se levantou. — Se sente melhor?

— Sim.

Ele concordou e correu para dentro do prédio. Encarei a árvore próxima, ainda sem acreditar no que tinha acontecido.

Que brincadeira de foi essa, Deus?


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaah olha só quem apareceu! É muita emoção!

E que história é essa de que a Lolo tem o nome famoso? Conseguem adivinhar o por quê? :B

Até mais o/



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