À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 8
À Vontade


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!

Desculpe, era para eu ter postado ontem, mas esqueci xD

Acontece que estou trabalhando de babá agora, aí acabo esquecendo de fazer as coisas quando fico de boa hauhauha

Mas aqui estamos! Já sabem quem vai aparecer hoje? Um certo vitoriano!

Boa leitura!



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Nathaniel e o homem deram um abraço apertado, e Rosa assistia aquilo como se fosse um filme de reencontro.  Me sentei novamente e deixei os pés no chão. Aproveitei e tomei o restante do chá.

— Você nem me avisou que chegaria hoje. — Nathaniel falou, todo contente.

— Decidi de última hora. Estava cansado da correria de Londres. — Sua voz era grave e suave ao mesmo tempo. — Me perdoe por interromper sua consulta... Vim apenas te entregar uma coisa...

— Não precisam se preocupar comigo — falei e todos me olharam. — Não estou pagando, então não é bem uma consulta.

O rapaz olhou para Nathaniel, estranhando o que eu tinha dito.

— Ela é uma voluntária... A propósito, se chama Heloise Dumas.

Deixei a xícara na mesa e levantei, ignorando completamente meus pés descalços, e fiquei de frente para eles.

— Prazer — falei, analisando seu rosto e vendo muitas semelhanças com Rosa.

— Igualmente. — Ele pediu minha mão e a dei, naquele processo de sempre. — Lysandre Lange.

— Vocês são parentes, não são? — Olhei para os dois.

Lysandre sorriu. — Sim, somos irmãos.

Rosa era alta perto de mim, mas ele nem se falava. Era mais alto até do que Nathaniel.

— Bom, podem ir conversar, colocar o assunto em dia — falei para Nathaniel. — Se quiserem eu vou para o jardim e...

— Não. — Lysandre me interrompeu suavemente. — Não precisa ir para outro lugar, pode ficar aqui. Preciso apenas falar algumas coisas com meu amigo, mas prometo que logo o devolvo.

— Se vai devolver, tudo bem — brinquei, sorrindo. Ele sorriu e deu uma última olhada para o outro, saindo da sala.

— Eu já retornarei. — Nathaniel avisou.

— Não se preocupe. — Ele também saiu, deixando apenas Rosa e eu ali. — Seu irmão estava fora há muito tempo?

— Sim, quase dois meses. Estava morrendo de saudades! Estou muito feliz que ele voltou.

— Que bom, fico feliz por você.

— Obrigada. — Sorriu, toda meiga. — Vou voltar para o meu trabalho, pode ficar aí mesmo.

Afirmei, e ela fechou a porta. Andei até a mesa, olhando pela janela. Dava para ver os dois caminhando lentamente enquanto conversavam animados. Aquele era um lado do Nathaniel que eu ainda não tinha visto. Ele não parecia um profissional sério. Parecia apenas um rapaz que estava revendo seu melhor amigo e estava muito feliz por isso.

Era até fofo vê-los daquela forma.

Lysandre estava com uma bolsa de mão, e quando chegaram perto do banco, a deixou ali e procurou algo dentro dela. Tirou um pacote médio, enrolado em um papel pardo e amarrado com uma corda fina, e entregou ao amigo. Nathaniel abriu o presente, e vi que era um livro. Agradeceu o outro com um breve abraço e continuaram a conversa, não tão animados como antes, apenas interessados no assunto.

Em um momento, ambos olharam em direção a janela, como se soubessem que eu estava olhando, e eu abaixei, apesar de saber que de onde eu estava, eles não podiam me ver. Resolvi fingir estar fazendo algo, e fui olhar os livros dispostos nas estantes. Na grande maioria eram livros de psicologia, mas acho que tinham de outros assuntos, eu só não tive curiosidade de pegá-los para ver. Já tinha dado a volta na sala, quando parei perto da mesinha de centro e vi o caderno que Nathaniel estava anotando nossas conversas.

Uma parte de mim queria ler, e a outra dizia que era errado.

Encarei aquela capa azul escuro, sentindo a mão coçar para pegá-lo. Me curvei sobre a mesa, mas voltei em um segundo, já que a porta tinha sido aberta. Nathaniel e Lysandre entraram e eu tentei tirar minha cara de quem estava aprontando.

— Desculpe a demora. — Nathaniel disse, indo até sua mesa.

— Tudo bem.

Me virei, os acompanhando, e Lysandre parou próximo da mesa. Nathaniel vasculhou sua gaveta, a procura de algo.

De canto de olho, observei as roupas de Lysandre, vendo como ele era elegante com um casaco que ia até abaixo dos joelhos. Tinha um lenço branco amarrado na gola da camisa que sumia por baixo do colete verde escuro. Seus cabelos quase brancos estavam bem arrumados para os lados, mas uma mecha ou outra da franja estava em seu rosto.

Seus olhos verdes se viraram para mim, como se analisasse minhas roupas, e se demoraram abaixo, provavelmente nos meus pés.

— Isso ajuda no meu processo de relaxamento — expliquei, e ele corou levemente, como se percebesse só naquele momento que estava me olhando.

Um homem desse tamanho corando... que fofo.

— Aqui. — Nathaniel estendeu um caderno fino para ele.

— Obrigado. — O pegou e o guardou em sua bolsa. — Domingo mesmo o devolvo.

— Sem pressa. Já vai?

— Sim. Larguei as malas em casa e vim direto para cá, preciso arrumar tudo e descansar um pouco.

— É, você está com cara de cansado mesmo. — Deu risada.

Lysandre riu e se virou para mim. — Foi um prazer conhecê-la, senhorita Dumas.

— O prazer foi meu, senhor Lange.

Nathaniel o levou para a recepção, e pude ouvi-los se despedindo. Logo o psicólogo voltou e fechou a porta.

— Desculpe por isso, fazia muito tempo que não o via.

— Tudo bem. — Voltei a me sentar. — Pelo jeito vocês são grandes amigos.

— Sim, estudamos juntos, cursamos a faculdade juntos.... Muitos anos de amizade. — Se sentou na poltrona. — Bom, onde paramos?

— Hm... — Parei para pensar e me lembrei. Voltei a me deitar. — Chá?

Ele pegou o caderno e abriu na folha onde a caneta estava, e leu o que tinha escrito. — Ah sim... sobre o fato de conseguir ficar à vontade em ambientes estranhos.

— Isso.

— Antes, tinha dito que onde mora não se tem o costume de chamar as pessoas pelo sobrenome?

— Tem, mas não se fala com qualquer um. Por exemplo, usamos “senhor” para pessoas de idade, mais velhas, e senhora é a mesma coisa. É mais uma forma educada e respeitosa de chamar alguém, mas só usamos esse termo, sem usar o sobrenome.

— E como se dirigem a pessoas mais novas?

— Por “você”.

— Sem formalidade? — Estranhou.

— Sim. Todos se chamam de “você”. Há quem não tenha o costume e chame pessoas idosas de “você”.

— E esses senhores não pensam que é falta de respeito?

— Alguns sim, outros não. O pensamento é bem variado.

— Curioso... — Anotou algumas coisas. — E você, o que acha disto?

— Tenho a mesma forma de pensar. Costumo usar “senhor” ou “senhora” apenas para pessoas mais velhas.

— Mas vejo que, pelo menos na minha presença, costuma usar o substantivo seguido do sobrenome, certo? — Afirmei. — Teve dificuldade com isso?

— Sim, quase falei “você” para você várias vezes. — Dei risada.

— É, eu percebi. — Sorriu. — Cheguei a ponderar que você estava querendo ser mais próxima, mas vi que acaba usando o pronome com todos.

— Sim, pelo costume.

— Certo... — Continuou escrevendo. — Pelo que percebi, não tem dificuldade em fazer amizades. Consegue puxar assunto tranquilamente mesmo com quem não conhece.

— Sim.

— Sempre foi assim?

— Nem sempre. Eu sempre fui tímida, tinha dificuldades em conversar com estranhos, apesar de me esforçar, mas sempre preferi ficar quieta.

— E quando isso mudou?

— Acho que... foi uma mudança gradativa. Fui me soltando mais a partir dos dezesseis anos, e depois que terminei os estudos, já não era do mesmo jeito.

— Tem ideia do que te levou a mudar?

— Não. Acho que a convivência com pessoas mais carismáticas, talvez. Ou o fato de eu conseguir ser mais extrovertida na internet também ajudou e.... — Ai, o que eu acabei de falar?

— Internet? O que seria isso?

Gente, como vou explicar isso agora? — É... como se fosse... uma reunião de muitas pessoas. Uma reunião onde há conhecidos e desconhecidos... e você precisa... interagir com todos.

— Como uma assembleia?

— Isso, exatamente.

Ele considerou. — Nunca tinha ouvido nada com esse nome.

— Coisa de onde eu moro. Quase tudo é diferente por lá.

— Pode dar alguns exemplos?

Olhei para o teto, tentando pensar em algo, mas nada me vinha em mente. — Ah... eu não sei... pensando bem não tem tanta coisa diferente assim... alguns costumes são diferentes, mas... nada muito oposto.

É tão difícil não falar sobre tecnologia, é a única coisa que tem de diferente, tirando certos modos que estão faltando nas pessoas do futuro.

Dá aquela vontade de dizer “onde eu moro não usamos mais cartas, usamos um negócio chamado celular, onde você fala com qualquer pessoa, em qualquer lugar, esteja ela em um ponto da terra e você em outro”. Mas claro que eu não posso falar algo assim, não teria como explicar sem que eu parecesse ainda mais louca.

— Você ficou realmente pensativa quando toquei nesse assunto. Algo a incomoda sobre?

— Não me incomoda. Eu só não sei o que falar.

— Vou tentar lhe ajudar. Vou dizer algumas palavras e você me diz o que vem a sua mente no mesmo instante, tudo bem?

— Sim.

— Chá.

— Casa.

— Sofá.

— Descanso.

— Titanic.

— Jack.

— Quem é Jack?

Oh, merda.


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaaaah peguem essa referência ~le meme do Capitão América.

E agora hein, dona Heloise? Como vai sair dessa? xD

E cada vez mais ela deixa escapar coisas que não devia falar haushayghs

Pronto, Lysandretes estão felizes agora? :p

Espero muito que tenham gostado e nos vemos no próximo o/



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