À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 76
Reunidos


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Preparados para o começo da festa de despedida? Lágrimas cairão, talvez.

Boa leitura.



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Nos despedimos com certo pesar, na noite de domingo. Sabíamos que nosso último encontro seria na festa de despedida. Eu não sabia se era o melhor jeito ou não. Se seria pior nos vermos pelo resto da semana ou não. Em todo caso, achamos melhor nos vermos somente no dia.

Na quinta-feira, antes de eu ir trabalhar, Oliver informou que todos já estavam sabendo da festa e que todos confirmaram presença. Eu agradeci sua rapidez e quase nos emocionamos de novo, mas seguramos e eu fui para a loja. Adeline me contou, toda corada, que tinha sonhado com Jean, que eles passeavam em um jardim de mãos dadas. Eu a incentivei a entrar em contato com ele, mas ela tinha vergonha. Prometi que falaria com ele para que combinassem de sair para algum passeio, e claramente a menina ficou radiante o restante do dia.

Não sei o porquê, mas Viviane contratou um fotógrafo para tirar fotos da loja. Talvez ela quisesse criar um jornal ou revista, para divulgar ainda mais o comércio. As fotos não foram somente das roupas, mas dos funcionários também. Tivemos que posar na frente de uma das maiores vitrines, e Adeline fez questão de cruzar seu braço com o meu para a fotografia.

Como levaria um tempo para revelar as fotos, eu não conseguiria pegar uma cópia.

A sexta-feira também passou rapidamente e, no final do expediente, fui para a pensão apenas para pegar o colar de Jean e fui até a casa de seu irmão. Falei que Adeline estava esperando um convite e disse que era o momento certo para ele presenteá-la com o colar. Informei que eu partiria para casa no domingo e o fiz prometer que ele continuaria conquistando Adeline, a levando para passear no parque, no centro ou em qualquer lugar que fosse, desde que ele fosse sempre sincero e romântico. Ele prometeu.

Viviane, que sempre se mostrou durona, se despediu de mim aos prantos no sábado, assim como as outras funcionárias. Até o senhor Legrand apareceu para me desejar uma boa viagem de volta. Adeline também já estava chorando, mesmo garantindo que estaria na festa. Me despedi de todos e fui para a pensão com os olhos vermelhos, já tendo um gostinho do que me esperava no dia seguinte.

Não sei se era impressão minha, mas o clima do lugar estava um pouco para baixo. Oliver não estava tão sorridente como sempre, mesmo que ficasse feliz quando me via. Dava para notar sua tristeza. Até mesmo os outros funcionários da pensão pareciam um pouco desanimados, mas talvez não fosse por mim.

Quando despertei na manhã de domingo, suspirei, tentando não pensar que nunca mais acordaria naquela cama novamente, ou que nunca mais ficaria naquele quarto. Me levantei antes que começasse a chorar e passei no banheiro. Voltei ao quarto, parando no centro, olhando tudo, tentando memorizar cada mínimo detalhe daquele lugar que me acolheu tão bem.

Resolvi começar a arrumar minhas coisas. Tirei a mochila do guarda-roupa e joguei tudo o que eu tinha para guardar em cima da cama. Comecei dobrando os vestidos, as meias, os sapatos e arrumei o resto das tralhas. Em uma hora consegui guardar tudo.

Troquei de roupa, usando a peça que eu já tinha separado, e guardei o pijama na mochila. Calcei os sapatos de sempre, arrumei o cabelo e sai do quarto para ir almoçar. Tudo estava como sempre, os hóspedes comiam e conversavam tranquilamente, alguns funcionários continuavam com suas caretas nervosas, outros acenavam quando me viam e assim a vida continuava.

Tentei aproveitar ao máximo aquela última tarde. Passei um tempo com Oliver na recepção, com Denise na cozinha, e até com Kentin, ajudando a arrumar alguns livros na estante da sala de estar.

Lá para as cinco, Denise me fez subir para me aprontar. Ela me fez tirar os vestidos da mochila para escolher um para a noite, e ainda fez questão de pentear e arrumar meus cabelos, com um semblante levemente triste. Provavelmente ela não queria me deixar mal e fazia um grande esforço em não demonstrar seu aborrecimento.

Denise era o tipo de pessoa que merecia o mundo... Eu queria muito poder deixá-la feliz, mas sabia que não tinha outro jeito.

— Denise...

— Hm? — murmurou, enquanto ajeitava os grampos em minha cabeça.

— Eu... só queria dizer que uma das melhores coisas que me aconteceu nessa viagem foi ter conhecido você. — Senti suas mãos parando de trabalhar. — Eu sei que todos estão tristes por eu ter que ir... Sei que é egoísta, mas... Se eu pudesse, faria tudo de novo, exatamente do mesmo jeito, apenas para passar todo esse tempo com vocês. Acho que foi a melhor viagem que eu já fiz na minha vida — comentei, com um sorriso.

Como não tive resposta, achei melhor não me virar. Não sabia qual fora sua reação. De repente, ouvi um soluço e me virei rapidamente, já me levantando. Denise cobria o rosto com as mãos, enquanto chorava. Não me contive e a abracei, sendo correspondida no mesmo instante, também permitindo que as lágrimas viessem.

Ficamos ali, sei lá quanto tempo, abraçadas, chorando e tentando matar a saudade que ainda nos tomaria, ou que já estivesse tomando. Em um momento, Denise deu um suspiro trêmulo e se afastou.

— Heloise... Você foi a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci... — falou, com a voz falhando. — Você me inspirou tanto, mas tanto... Você é minha heroína e inspiração. Eu quero ser igual a você quando crescer. — Riu, com os olhos brilhando de lágrimas. — Para mim parece que faz muito mais tempo que te conheço, muito mais do que apenas um mês... Eu te amo tanto.

Cruzei nossos dedos e ergui suas mãos, dando um beijo em cada uma delas. — Eu te amo também, Denise, como se nos conhecêssemos há séculos, milênios. Como se... nos conhecêssemos de outras vidas.

Ela sorriu, concordando. Fugou algumas vezes e enxugou as lágrimas. — É melhor descermos, já estamos atrasadas.

— Sim, vamos.

Demos as mãos e descemos. Eu estava com uma sensação de nervoso no estômago, sem entender muito bem. Era como se tudo dependesse daquele momento. Andamos pelo corredor, ouvindo conversas baixas. Assim que chegamos à entrada do salão de refeições, houve silêncio, com todos os olhares caindo sobre nós.

Oliver, Kentin, Diane, Antoine, Franceline, Remy. Clarisse, Castiel, Hector, Herve, Neville, Justine e Maurice. Adeline e Jean. Todos ali, me olhando, uns, sorrindo, outros, já com uma carinha de choro.

Levei a mão até a boca, a cobrindo, segurando ao máximo a emoção de ver todos ali, reunidos por minha causa. Senti os braços de Denise cercando minha cintura, me confortando de alguma forma. Clarisse foi a primeira a vir me abraçar, seguida de Castiel, Oliver e todos os outros, um de cada vez. Claro que eu não aguentei, me deixei chorar até o último abraço.

— Que tal animar um pouco essa festa? — Remy se pronunciou, me olhando. — Será que eu posso tocar algumas músicas?

— Claro, estamos precisando de mais animação por aqui — concordei, secando as lágrimas.

Ele se dirigiu ao piano e começou a tocar, enchendo o salão com notas alegres, automaticamente deixando o ambiente mais festivo. Bebidas foram servidas junto de petiscos e todos começaram a conversar. Peguei uma taça de vinho e admirei a vista de longe, vendo como era bonito a interação de todas as famílias.

Onde Nathaniel está? Ele é tão pontual... Espero que esteja tudo bem.

Comecei a ir de grupo em grupo, conversando sobre assuntos cada vez mais aleatórios. Como as receitas novas de Clarisse, Castiel dizendo que ia colocar Denise para fazer pão junto dele depois que casassem, Justine, Diane e Franceline imaginando como seriam os netos e quais características teriam.

Os garotos mais velhos dos Riviere estavam sentados a uma mesa, próxima ao piano, conversando e rindo. Fazia tempo que eu não via Neville, e me perguntei se ele estava bem, se tinha esquecido a mancada que eu dera com ele ou se guardava algum ressentimento. Seria bom se eu tentasse descobrir? Eu não queria deixar nada para trás.

Me aproximei do grupo e eles me viram, me dando sorrisos de boas-vindas.

— Heloise — disse Herve —, Nicollas ficou chateado por não estar aqui para se despedir de você.

— E onde ele está? — indaguei, curiosa.

— Na Itália. Foi ficar um tempo com a noiva.

— Ah, entendo. Tudo bem. Quando ele voltar, diga que mandei lembranças.

— Claro, direi... Eu... vou pegar alguma coisa para comer. — Levantou.

— Também vou — disse Hector, seguindo o irmão.

Neville encarou as costas deles, sem saber o que fazer. Me olhou rapidamente e baixou o olhar para a mesa. Me sentei no lugar de Herve, ao seu lado.

— Tudo bem? — Deixei minha taça no tampo.

— Sim — respondeu depois de uns segundos, e me olhou. — E você?

— Bem, na medida do possível. — Soltei o ar de uma vez pelo nariz, querendo falar logo o que eu tinha para dizer. — Neville... eu vou embora e... não quero ir sem resolver coisas pendentes. Talvez nem tenha algo, mas... De qualquer forma, eu quero pedir desculpas por... Bom, você sabe.

Ele analisou meu rosto por um tempo. — Não se preocupe, eu compreendi... Sei que seria impossível, tanto por você ter que ir embora quanto... não corresponder o interesse. — Os cantos de seus lábios se ergueram, em um sorriso pequeno e sincero. — Eu não sou um adolescente, Heloise, sei lidar com uma rejeição — disse, compreensivamente.

Encarei minhas mãos, envergonhada. — Eu sei que não é... Mas gosto de deixar as coisas claras. Espero que não guarde ressentimentos.

— De forma alguma. Eu a admirei desde o primeiro momento em que a vi. No fundo, sabia que era muito provável que... não fosse correspondido. A primeira característica que notei em você foi o gosto pela liberdade. E não deixei de admirá-la, muito pelo contrário.

Sorri, feliz por não ter nenhum sentimento negativo entre nós. — Obrigada. Você é um perfeito cavalheiro, Neville. Eu também o admiro por ser do jeito que é.

— Agradeço por ter resolvido conversar sobre isso. — Sorriu, pegando sua taça e a erguendo entre nós. — Espero que tenha uma ótima viagem.

Também ergui minha taça, a batendo levemente com a dele. — Obrigada.

Tomamos um gole de vinho ao mesmo tempo e mudamos de assunto. Os irmãos voltaram, trazendo alguns petiscos, que atacamos no meio da conversa.

Duas horas haviam se passado e nada de Nathaniel chegar. Estava começando a ficar aflita e, aparentemente, Oliver percebeu. Em um momento, me puxou de canto.

— Quer que eu ligue para Nathaniel? — Ele questionou. — Era para ele estar aqui, não era?

— Sim, era. Ele é sempre muito pontual, não consigo pensar em um motivo para esse atraso.

— Vem, vou ligar para ele.

Escapamos do salão para ir à recepção. Oliver pegou o telefone e aguardou ser atendido. O típico sino da porta soou e olhamos ao mesmo tempo, vendo Nathaniel entrando, quase de forma apressada. Ele sorriu, como se estivesse aliviado em ver que eu ainda estava ali.

— Perdoe meu atrasado. Aconteceu um imprevisto e... — falou, se aproximando.

— Tudo bem, o importante é que você veio. — Me joguei contra ele, o abraçando. Ele me apertou entre seus braços, suspirando. — Aconteceu algo grave?

— Hm... Depende do ponto de vista.

Acabei rindo e me afastei para olhá-lo. — Ei, essa frase é minha.

Nathaniel sorriu, segurando minha cintura. — E é algo que vou levar para o resto da minha vida... Grave, não. Lysandre retornou hoje cedo. Resolveu me fazer uma visita surpresa à tarde e eu demorei para me livrar de sua companhia... Sinto muito.

— Uau... Depois dessa, eu te perdoo sim. Mas por que você não o chamou para a festa? Tenho certeza que ele iria adorar.

Ele riu. — Não tenho dúvidas disso. Eu também demorei por quê... Estava procurando uma coisa para te dar. — Enfiou a mão no bolso do colete.

Fiquei surpresa e esperei, ansiosa e curiosa, para o que quer que ele tiraria daquele bolso.


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Notas finais do capítulo

Já choraram um pouquinho? Fiquei com o coração mole, mas as lágrimas não vieram kkk

Espero que tenham gostado. Até quarta o/



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