À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 73
Cartas Suspeitas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Vocês querem ver o circo pegar fogo? Acho que vocês ficarão surpresos com uma descoberta!

Boa leitura!



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A terça-feira passou em um piscar de olhos. Talvez porque eu estivesse ansiosa para a minha folga, ou talvez justamente porque eu não queria que os dias passassem rápido demais. E, além disso, eu precisava avisar Nathaniel que iria embora no domingo e que ele me ajudaria na viagem de volta.

Assim que despertei, vi que era quase onze horas da manhã. Me revirei na cama, ainda sonolenta, quando algumas batidas ansiosas na porta me assustaram. Joguei as cobertas para o lado e fui abrir, quase sendo atropelada por Denise, entrando.

— Desculpe, Heloise, mas, mas... — Ela parecia aflita e confusa.

— O que aconteceu? — perguntei, alarmada.

— Feche a porta — pediu, indo para perto da escrivaninha.

Fiz o que ela pediu e me aproximei. — O que foi?!

Ela me encarou com os olhos arregalados. Suas mãos se mexiam para cima e para baixo, como se não soubesse o que fazer.

— Denise! Você está me deixando preocupada!

— Eu não sei se eu devo falar! Isso é contra as regras! Mas, mas eu vi e eu não sei o que fazer.

— Dane-se as regras, fala logo. É tão grave assim?

— Eu não tenho certeza, mas achei muito estranho...

— Será que eu terei que te torturar para você falar de uma vez?!

— Tudo bem! Por favor, não diga para ninguém que eu fiz isso. — Acenei afirmativamente e ela respirou fundo. — Eu... estava arrumando o quarto do senhor Burnier. Ele entrou no banheiro e eu comecei a arrumar algumas coisas que estavam na mesa. — Se virou, ficando de frente para a escrivaninha, como se estivesse recordando seus passos. — Havia uma carta aberta, e como a letra era muito bonita, eu a peguei apenas para ver de perto... Eu vi seu nome, Heloise. O dono da carta falou sobre você.

Quê?!

— Como assim? — Me desesperei. — O que mais estava escrito?

— Eu não consegui ler mais nada. O senhor Burnier saiu do banheiro e eu tive que colocar a carta no lugar — explicou rapidamente, em desespero. — Sorte que ele não percebeu, eu fiquei mais vermelha do que uma rosa.

Por quê? Por que ele escreveria sobre mim e esse alguém ainda falasse? Será que ele está tramando alguma coisa? Meu Deus, eu preciso saber o resto dessa carta!

— Denise, você precisa me ajudar a entrar no quarto dele. — Segurei seu braço, sentindo um misto de ansiedade e medo.

— O quê? Não. Não posso! Isso é totalmente errado!

— Me escuta. E se ele pretende me sequestrar? Depois de todos os foras que eu dei nele. E se ele está planejando com outra pessoa para me pegar? Para que ninguém suspeite dele?

Denise arregalou os olhos, assustada, receosa. — Eu... — Passou as mãos no rosto. — Se ele ou outra pessoa nos pegar...

— Ninguém vai nos pegar. Você não sabe os horários que Armand sai?

— Eu... acho que sei. Sempre acabo o encontrando descendo, mais ou menos ao meio dia.

— E sabe que horas ele volta?

— Das poucas vezes que o vi, uma da tarde, uma e meia...

— É tempo de sobra. Imagino que vocês tenham cópias de todas as chaves dos quartos, não é?

— Sim... — afirmou, amedrontada.

— Por favor, pegue a chave do quarto dele. Assim que ele descer, você vem me avisar e vamos até o quarto. — Denise fez uma careta, morrendo de medo. — Não seremos pegas, Denise... Já que você está com tanto medo, eu entro sozinha. Você pode ficar no final do corredor, perto das escadas, para ver se ele vai chegar.

— E se ele aparecer?

— Você corre, bate na porta e eu saio rapidinho.

Ela não parecia nem um pouco confiante, entretanto, afirmou, apreensiva.

— Obrigada por vir me avisar. Provavelmente você salvou minha vida.

— Ainda não salvei. — Andou para a porta. — Mas irei. — E saiu.

Depois dessa bomba não conseguirei dormir mais... Armand, Armand... o que você está aprontando...

Fiquei enrolando, deitando, levantando, sentando, até dar meio dia. Pouco depois, Denise veio me chamar já com a chave em mãos. Fomos até o quarto de Armand. Enquanto eu abria a fechadura, Denise ficou no topo da escada. Destranquei a porta e entrei, a fechando atrás de mim, já observando o quarto todo.

Não havia nada em cima da mesa, a cama estava arrumada e haviam algumas roupas dobradas no banco na frente da cama.

Andei para perto da mesa, olhando em volta. Olhei debaixo da cama, nas gavetas da escrivaninha, onde só havia um bloco de folhas e algumas canetas. Algo chamou minha atenção acima do guarda-roupas. Uma maleta marrom. Tentei alcançar, mas não chegava nem perto de conseguir pegar. Puxei a cadeira da mesa para lá, subi e peguei a mala. A descansei no colchão e abri as duas travas. Tinha algumas roupas e uma pasta de couro. A peguei e abri, vendo vários papeis dobrados no meio. Os peguei e olhei a primeira folha.

“Querido,

Fico feliz que tenha chego bem. Estava ficando preocupada pela demora em me dar notícias, mas agora estou mais aliviada.

Já conseguiu localizar a família? Não é tão difícil assim, eles são conhecidos na cidade inteira. Sei que você vai conseguir.

Não demore para me dar notícias.

Burnier.”

 

Localizar a família...?

Peguei a próxima carta.

“Querido,

Tem certeza de que é uma boa ideia? Nós planejamos tudo tão certinho. Acha mesmo que vale a pena trocar? Sei que disse que ela aparenta ser bem de vida, mas... não sei. Ainda acho que é melhor ficarmos no nosso planejamento.

De qualquer forma, sei que você vai fazer tudo direitinho, conforme eu mostrei, confio muito no seu potencial e você sabe disso.

Burnier.”

Li a terceira carta.

“Querido,

Estou tão contente em saber disso! Tudo bem, eu tinha minhas dúvidas, mas também sabia que você se sairia tão bem como sempre!

Continue assim, não se esqueça do par de brincos. Eles fazem qualquer mulher se apaixonar!

Burnier.”

 

Par de brincos?! Eu não estou acreditando nisso!

Rapidamente fui para a próxima e última carta.

“Querido,

Eu não estou acreditando ainda. Como ela pôde devolver o presente? Isso nunca aconteceu! Ela é mesmo uma tola.

Tudo bem, mantenha a calma. Você precisa voltar ao nosso plano inicial. Aliás, já que que essa Heloise não aceitou seus presentes, você poderia oferecer sua amizade, assim pode visitá-la enquanto ela estiver trabalhando e assim se aproximar de Adeline. Talvez a moça fique com raiva por você tentar conquistar a amiga, mas é uma das consequências para alcançarmos nossos objetivos.

Seja mais rápido dessa vez. Não podemos perder mais uma.

Burnier.”

 

MEU DEUS! ELE É O NÃO-MAIS-FUTURO-EX-MARIDO! COMO EU PUDE SER TÃO CEGA?! MALDITO ARMAND! ELE ME ENGANOU ESSE TEMPO TODO!

Larguei os papeis em cima da mala, levando as mãos para a cabeça, completamente chocada.

O objetivo dele era encontrar Adeline, mas eu apareci e ele achou que eu seria um alvo mais fácil! Ele não estava apaixonado por mim coisa nenhuma! Só estava tentando apelar para os meus sentimentos se fazendo de vítima!

Será que ele vai mesmo tentar se aproximar de Adeline agora?

Olhei a última carta novamente. Não tinha data. Também não havia mais nada na pasta, nem mesmo os envelopes das cartas. Ele deve ter jogado fora.

Será que ele já escreveu a carta de resposta?

Me lembrei do bloco de papel na gaveta da escrivaninha e fui até lá para pegá-lo. Folheei, e bem no meio, achei uma escrita. A folha já estava destacada e eu a peguei.

“Mamãe,

Heloise não é tola, muito pelo contrário. Ela sempre pareceu desconfiada de mim, parando para pensar. Cheguei a considerar que ela seria uma esposa muito mais animada do que qualquer outra que já tive. É uma pena que ela tenha me recusado.

Sei que disse para seguir o plano, mas acho que encontrei um pote de ouro ainda maior. Tenho duas moças no alvo e ambas parecem interessadas em mim. A família de uma delas é dona de um grande bar e restaurante, bem famoso por aqui.

Estou pensando em qual delas darei o próximo passo, quero ter certeza antes de...”

E a carta acabou ali.

Maldito! Eu preciso dar um fim nisso AGORA!

Recolhi os papeis e os dobrei. Seriam as minhas provas contra esse infeliz. Revirei a mala e achei a caixinha dos brincos. Só dei uma olhada para ter certeza que eram. Larguei as coisas do jeito que estavam. Quando ele visse, saberia que alguém mexeu e viu as cartas. Queria ver se ele teria coragem de reclamar.

Guardei a caixinha no bolso do vestido e saí do quarto, fechando a porta. Encontrei Denise na ponta da escada. Quando ela me viu, pareceu espantada com a minha expressão.

— O que você descobriu...?

— Esse maldito dá golpes em moças ricas. Ele planeja tudo com a mãe dele! Esse estúpido vai ver só! — Comecei a descer as escadas.

— Espera, o que você vai fazer? Heloise! — Denise teve que correr para me acompanhar.

Preciso perguntar para Oliver se esse idiota saiu ou está aqui.

Cheguei na recepção com passos pesados, me deparando com uma senhora baixinha de bochechas vermelhas e um lenço no cabelo, que tentava esconder os modeladores de ondas, segurando um rolo de macarrão, parecendo muito brava enquanto discutia com Oliver, que estava totalmente perdido. Havia um homem atrás da senhora que mais parecia um armário careca.

Os três olharam em minha direção e foi Oliver quem falou, confuso.

— Heloise... você sabe quem é Alain Guerin?

— Não...

— Ei, cuidado. — Ouvi a voz de Kentin e me virei, o vendo recolhendo alguns panos do chão e um outro homem andando rapidamente para a saída do pátio. Reconheci na hora aquela silhueta.

— ELE ESTÁ FUGINDO! — gritei, soltando as cartas e comecei a correr.

Armand olhou para trás e acelerou o passo para fora.


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Notas finais do capítulo

Queeeeeeimaaa!

E aí, chocados com essa revelação bombástica? Alguém suspeitava de que Armand fosse o ex-marido? Confesso que estava esperando ANSIOSA para revelar esse momento saushuas Foi quase um alívio finalmente escrever isso!

Será que ele vai conseguir fugir? Será que Lolo vai conseguir pegá-lo? Saberemos sábado, sem falta.

Até mais o/



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