À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 70
Interrupções


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas!

Última parte do baile, finalmente kkk

Boa leitura!



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— Senhor Berger. — Segurei o tecido de ambos os lados do vestido e abaixei, com a graça de sempre, ao parar em sua frente.

— Senhorita Dumas. — Ele falou quase rindo, também abaixando. — Não imaginei que estaria aqui.

— Digo o mesmo a você. Eu vim com a família de Adeline para... Bom, você sabe. — Baixei o tom da voz. — O conde está procurando uma noiva, seria tolice minha deixar essa garota vir apenas com os pais, agora que está tudo caminhando para dar certo.

— É mesmo? Deu tudo certo com a viagem...?

— Sim. — Sorri, orgulhosa de mim mesma. — Acabou que uma outra irmã de Melody também decidiu fugir. Elas ainda pegaram uma parte do dinheiro do pai, que eu tinha sugerido a fazer. Fiquei bem surpresa, mas muito feliz. As duas, Armin e seu irmão partiram na sexta de manhã.

— Que ótimo, bom saber disso. E quanto a Adeline?

— Bom, depois do que aconteceu com Armin, ela disse que não se deixaria levar por qualquer homem. Teve um dia que Jean foi até a loja e eles se apresentaram “oficialmente” e eu toquei no assunto com ela, depois, e ela não parece que vai... se deixar levar por ele, digamos assim. Teremos que trabalhar juntos para conseguir conquistá-la, mas acho que vamos conseguir.

— Espero que sim. E também espero que o conde não a conquiste primeiro...

Percebi que ele olhava para outro lugar e, o seguindo, vi que ele observava Adeline, que ainda estava conversando com Pierre.

— Tem tantas moças nesse lugar e ele quer conversar com ela — resmunguei, respirando fundo. — Eu estou quase puxando Adeline para a rua, só assim para acabar com essa confusão.

— Eu estava quase fazendo isso quando a vi dançando com outro homem — disse com tom brincalhão, com aquele fundinho de verdade.

Eu ri, ficando um pouco envergonhada, de repente, e passei as mãos em seu terno, o alisando na altura das clavículas. — Eu não me importaria de fugir com você.

— Adoraria fazer isso agora, mas imagino que você esteja gostando do evento, além de estar de olho em Adeline.

— Estou mais de olho do que gostando do evento.

— Você parecia se divertir dançando.

— Sim, foi divertido, mas confesso que preferia estar na minha cama.

Nathaniel olhou para baixo, como se segurasse para não dizer alguma coisa. Analisei seu rosto, já conhecendo suas expressões. Cheguei um pouco mais perto para falar em seu ouvido.

— Imagino que você tenha pensado em dizer algo... indecente? Bom, eu não vou obriga-lo a dizer. Não hoje. — Vi uma sombra de um sorriso em seus lábios. — Tive uma ideia, vou puxar Adeline para cá, assim vocês dois se conhecem e quem sabe ela fique conosco ao invés de ficar com aquele homem.

Me afastei dele, indo em direção ao casal indesejado.

— Com licença? — E os dois me olharam. — Eu preciso roubar Adeline por um momento, preciso apresentá-la a alguém.

Conde Pierre não pareceu gostar muito da minha intromissão, mas acenou levemente com a cabeça, e eu segurei a mão da garota, a puxando dali.

— Sobre o que vocês estavam conversando? — questionei assim que estávamos a uns passos de distância.

— Nada específico. Ele perguntou sobre minha família e falou sobre a dele. — Pelo jeito que dizia, não pareceu ser a conversa mais animada do mundo. — Um pouco tedioso, devo dizer.

Ótimo, quanto mais tedioso, melhor.

Paramos na frente de Nathaniel e ele prontamente fez uma reverência para Adeline.

— Senhorita Legrand. Muito prazer em finalmente conhecê-la. Nathaniel Berger.

— Igualmente, senhor Berger. — Ela também se abaixou levemente. — Heloise sempre fala sobre o senhor. Sinto que o conheço há muito tempo.

Ele riu. — Tenho essa mesma sensação sobre a senhorita.

— Que bom, parece que eu só sei falar sobre vocês, não é mesmo? — brinquei e eles riram. Até que não era completamente mentira.

— É quase isso. — Adeline tocou meu braço, me olhando com um sorrisinho divertido. — Acho que estou começando a ficar com sono. — E deu um bocejo, cobrindo a boca com a mão.

— Por que não pede para seus pais irem embora? Eu também estou ficando cansada.

Nathaniel me encarava, provavelmente sacando todos os meus planos e falas. Dei uma piscadela e ele desviou o olhar, envergonhado. Precisei me segurar no lugar, ou poderia pular nele mesmo com o salão cheio de gente.

— Talvez eu faça isso... Mas não sei onde eles estão. — Adeline ficou na ponta dos pés, tentando localizá-los. — Acho que vou procurar...

— Não, fique aqui. Eu os procuro para você. — Não quero arriscar te deixar solta por aí, vai que o conde resolve ir atrás de você. — Fique conversando com o senhor Berger, eu já venho.

Dei uma olhada firme para ele, dizendo silenciosamente para que ficasse de olho nela, e ele afirmou rapidamente. Saí andando, desviando de pessoas já alteradas pelo álcool, rindo e falando mais alto do que a música da orquestra. Atravessei o salão, indo para o próximo, tendo que ficar na ponta dos pés, às vezes.  Notei que uma outra área tinha sido liberada para os convidados e fui para lá, me deparando com uma mesa extraordinariamente grande cheia de pratos diversos, além das várias mesas redondas espalhadas, já ocupadas por pessoas tendo suas refeições.

Felizmente achei os pais de Adeline, de pé em um dos cantos, conversando com outros adultos. Me aproximei e sem precisar interromper, Viviane me notou.

— Senhora... Adeline está cansada. Quer ir para casa.

Ela suspirou. — Até que hoje ela aguentou mais tempo. Tudo bem, eu também estou ficando cansada. Meus pés estão doloridos... Diga a ela que logo iremos. Podem nos encontrar na porta principal.

Sorri, mais aliviada, e concordei. Voltei ao salão da orquestra e me esbarrei com alguém, que me segurou pelos ombros.

— Me perdoe, senhorita Dumas. — Era Jules. Por acaso ele estava me perseguindo?

— Tudo bem, eu estava distraída. Me desculpe também. — Me afastei, me sentindo incomodada com o contato, e ele abaixou as mãos. — Eu... vou embora.

— Já? — Jules ficou surpreso, talvez até um pouco decepcionado. — Mas ainda está tão cedo.

— Eu estou muito cansada. Trabalhei o dia todo e ainda trabalharei amanhã. Nesse ritmo estarei só o pó amanhã cedo.

Ele estranhou a escolha de palavras. — Ah... é uma pena. Devia ter convidado a senhorita para outra dança mais cedo.

Lá vai eu me sentir mal... Não faça essa cara de cachorro abandonado, menino!

— Quem sabe na próxima...

— Heloise? — Olhei para o lado, encontrando Adeline e Nathaniel. — Encontrou meus pais?

— Sim, encontrei. Vamos encontrá-los no hall de entrada para ir... — Notei o breve olhar que Jules e Nathaniel trocaram. Parte de mim ficou receosa e a outra queria ver algumas faíscas saindo de seus olhos. — Vamos? Foi um prazer conhecê-lo, Jules. Obrigada pela dança e pela conversa. — Puxei os dois pelos pulsos.

— Claro, senhorita Dumas. Agradeço também...

— Jules, é? — Adeline debochou. — Já estava o chamando pelo primeiro nome?

— Eu não sei se você percebeu, mas eu tenho o costume de chamar todo mundo pelo primeiro nome — falei enquanto andávamos e lembrei de os soltar.

— Isso é verdade — concordou Nathaniel.

Os pais de Adeline já estavam próximos à porta e eu apresentei rapidamente Nathaniel a eles antes de sairmos para a rua. Os mais velhos seguiram na frente, com sua filha em seus encalços, reclamando da dor nos pés. Eu e o psicólogo seguimos atrás.

— Será que... seria muito se eu pedisse que você fosse comigo? — Ele cochichou.

O olhei, sem responder nada. Pouco depois, chegamos ao carro do senhor Legrand.

— Ah... Eu vou embora com o senhor Berger, se vocês não se importarem.

Viviane e seu marido se entreolharam e ela deu de ombros. — Tudo bem.

— Obrigada mais uma vez pela noite, foi muito boa.

— Eu que agradeço, Heloise. — Adeline veio me dar um beijo na bochecha. — Até amanhã.

— Até.

Enquanto eles entravam no carro, nos afastamos pela calçada. Nathaniel disse que alugou um carro e que não estava estacionado muito longe dali. Pouco depois, chegamos e entramos.

— Sabe, Adeline estava me dizendo algumas coisas lá dentro... — começou Nathaniel, girando o volante para sair da vaga.

— Lá vem...

Ele riu. — Ela apenas disse que você estava sempre falando de mim e que... eu devia fazer alguma coisa antes que você fosse embora.

— Ai, Deus... Essa menina, viu. E o que você respondeu?

— Que você não queria se envolver, não agora, pelo menos. Seu espírito aventureiro não a permite criar raízes em um único lugar, a não ser com a própria família... Eu comecei a falar algumas coisas nesse estilo.

— Ah, sim. Aproveitou seus conhecimentos de psicólogo para isso. — Sorri, erguendo a mão para mexer em seu cabelo.

— Basicamente isso.

— Bom, não é totalmente verdade. Eu já criei raízes aqui, sem nem perceber. — Deitei a cabeça em seu ombro e ele segurou rapidamente minha mão.

Seguimos a viagem, conversando ora ou outra, apenas aproveitando a companhia um do outro. A rua da pensão estava vazia, e quando estacionamos na frente do prédio, tudo ficou completamente silencioso.

— Obrigada pela carona. Se a casa fosse minha poderia te chamar para comer alguma coisa.

— Imagino que sim. — Nathaniel sorriu, segurou minha mão e beijou meus dedos e o anel. — Mesmo que nosso tempo hoje tenha sido curto, foi agradável.

— Sim, foi mesmo. Queria ter te visto antes, poderíamos ter dançado.

— É, poderíamos.

Nos olhamos de forma hesitante, como se não soubéssemos o que fazer ou estivéssemos envergonhados de fazer algo. Naquele silencio todo, eu só conseguia ouvir os batimentos do meu coração, quase tampando meus ouvidos.

Me aproximei e encostei meus lábios nos dele, em um beijo singelo. Sem que eu esperasse, Nathaniel segurou meu rosto, me beijando com mais firmeza. Levei minhas mãos para seu pescoço e nuca enquanto aprofundávamos o beijo. O carro estava começando a ficar abafado. Ou era somente eu?

Os lábios de Nathaniel Berger eram viciantes. Eu não conseguia me impedir de mordiscá-los e o sentir retribuindo. Ele me deu mais um beijo demorado e se afastou, com a respiração um pouco mais ofegante.

— Desculpe...

Sorri e lhe dei mais um beijo. — Não se desculpe. Melhor eu subir antes que... Enfim. Boa noite.

— Boa noite.

Abri a porta do carro antes que eu voltasse a beijá-lo de novo e saí. Atravessei para a calçada e, antes de entrar na pensão, acenei. Ele sorriu e quando eu entrei, ouvi o carro dando a partida.

Oliver não estava ali, então subi direto para o meu quarto, sentindo as mãos formigarem levemente, junto com as penas meio bambas.


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Notas finais do capítulo

Ui, tá calor, não tá? shaushu

Espero que tenham gostado.

Até mais o/



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