À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 66
Despedida


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

Teremos um capítulo um pouquinho emocionante.

Boa leitura!



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Continuamos o passeio no parque durante um tempo, depois fomos tomar café da tarde em um bistrô e passamos o resto do fim do dia em uma das salas de estar da pensão, conversando sobre diversas coisas. Nos despedimos na recepção e eu fui para o quarto, toda feliz, me sentindo uma adolescente que acabou de ter o primeiro encontro com o namorado.

Depois de tomar banho, capotei na cama e, apesar de ter deitado cedo, dormi rapidamente, só acordando no outro dia para trabalhar. Fui encontrar Melody como nos outros dias e ela me passou as últimas coisas que eu deveria guardar. Ressaltei novamente o horário que iríamos nos encontrar e assim ficou combinado.

Na loja, Adeline parecia um pouco mais contente e me cumprimentou de forma mais animada e, inclusive, me contou todos os detalhes do que fez em sua folga. Não que eu tivesse perguntando, mas ouvi e palpitei de bom grado por ela estar mais aberta comigo.

A quinta-feira passou rapidamente, sem que eu precisasse ver ou falar com Armand, felizmente. De noite, me deitei já me sentindo ansiosa pelo que teria que fazer. Parecia que eu é que estava prestes a fugir para outro país. Demorei para dormir e ainda acordei antes do despertar tocar, mas era melhor acordar adiantada do que atrasada.

Me troquei e saí de fininho do quarto. Não havia um barulho sequer nos corredores. A luz da recepção estava acesa, entretanto, não havia ninguém ali. Fui para a rua escura, vazia e silenciosa, sentindo um leve nervoso no estômago.

Tudo bem, vai dar tudo certo. Apenas ande rápido e sem fazer barulho.

Comecei a andar rapidamente em direção ao pub, xingando mentalmente os sapatos que faziam barulho. Não demorou muito para que eu chegasse ao local, porém, não fiquei aliviada, pois Melody não estava ali. Ergui o rosto, localizando a janela da garota. Havia uma luz muito fraca vinda de dentro do cômodo, mas não tinha como saber se ela já estava acordada ou não, e não havia nada que eu pudesse jogar na janela sem fazer barulho.

Me abracei, tentando bloquear a brisa gelada que soprava e fiquei parada, até que ouvi alguns sons baixos. Segundos depois, ouvi um barulho de porta sendo aberta, fechada e alguns passos. Se não fosse Melody, seria estranho uma mulher estar parada ali na calçada, no meio da rua, então me encostei na parede do pub, torcendo para a sombra ser o suficiente para me esconder.

Os passos iam ficando mais altos, até que vi duas silhuetas virando a esquina e reconheci Melody. Respirei aliviada e fui de encontro a elas.

Encarei a outra moça, estranhando sua presença. Ela também estava com uma mala na mão.

— Heloise... essa é minha irmã. Giselle. — Melody apresentou. — Ela... também vai fugir.

Levei as mãos na cabeça, não sabendo se ficava feliz ou nervosa.

— Mas e se não tiver mais passagens?

— Se não tiver, eu irei para outro lugar e depois encontro minha irmã — explicou Giselle, com um sorriso animado.

— Tudo bem, mas vamos logo.

Andei na frente, as mantendo perto. Felizmente chegamos à pensão sãs e salvas e subimos rapidamente. Tranquei a porta do quarto e acendi a luz, conseguindo notar melhor a semelhança das duas irmãs.

— Então... você conseguiu dinheiro para a passagem? — perguntei a mais velha.

— Sim. Na realidade... — Olhou rapidamente para a irmã. — Nós pegamos o dinheiro do nosso pai. Melody me contou sua ideia.

Arregalei os olhos, surpresa.

— Ela ficou receosa em fazer isso, mas eu acabei por convencê-la depois de ouvir sobre você.

— Mas... e como você descobriu sobre a fuga?

— Eu contei. — Melody falou, se sentando no banco. — Eu não poderia fugir sem contar a ela... Ela é a minha melhor amiga.

Giselle sorriu e sentou-se ao lado dela. — E eu não poderia deixá-la sozinha. Claro que essa fuga veio muito a calhar. Confesso que sempre sonhei em fugir, mas nunca tive coragem de realmente fazer isso. Não que eu pensasse que minha irmãzinha resolvesse ir para outro país, mas... Temos muito o que te agradecer, Heloise.

Eu estava começando a me emocionar. Pelo menos agora seriam duas que fugiriam daquele pesadelo.

Agachei na frente delas. — Eu fico muito feliz em ter ajudado de alguma forma e espero que vocês sejam muito felizes. Agora vamos a arrumar vocês, ou eu vou começar a chorar aqui.

Peguei as coisas de Melody no meu guarda-roupa e deixei na cama para que ela guardasse em sua mala.

— Vocês querem trocar de roupa? Para não reconheceram as suas?

— Não precisa, esses vestidos são novos. — Melody disse, arrumando a mala. — Compramos ontem, ninguém nos viu usando.

— Ótimo. Posso maquiar vocês?

— Para quê? — Giselle questionou, confusa.

— Eu consigo fazer alguns truques de luz e sombra com maquiagem, assim vocês ficam mais irreconhecíveis.

— Uau, essa eu quero ver! Pode começar comigo.

Peguei algumas maquiagens que trouxera e pedi para que ela se sentasse na cadeira da escrivaninha. Comecei a maquiá-la, sem exageros, apenas esfumando alguns contornos que já modificaram um pouco a estrutura de seu rosto, o que a fez ficar chocada com o resultado. Maquiei Melody também e reparei em como seus cabelos estavam presos.

— Seu cabelo é grande, não é?

— Sim, por quê?

— Talvez fosse bom cortar um pouco.

Ela arregalou os olhos azuis para mim e olhou para Giselle, como se quisesse saber o que ela achava.

— Eu acho uma boa ideia. Caso nosso pai mande pessoas à nossa procura, ele nos descreverá, e você sabe que ele sempre preferiu nosso cabelo longo... Ninguém nos reconhecerá se estivermos com cabelos curtos.

— Sim, e logo as mulheres usarão cabelos curtíssimos, batendo na orelha — comentei, concentrada no meu trabalho.

— E como sabe disso? — Melody indagou, começando a soltar seu cabelo.

— Eu... vi... em alguns lugares. Vi em revistas também... Sabe como é esse pessoal da moda, sempre prevendo o que vai estar em alta.

— Hm... Tudo bem, mas não quero cortar tanto assim...

— Sem problemas. Podemos cortar na altura do ombro, já será uma grande diferença.

Apesar de tensa, Melody me deixou cortar os fios que estavam na altura do quadril até quase o meio das costas. Giselle já me deixou cortar acima dos ombros, pois ela estava cansada de ter que cuidar do cabelo.

— Então... o pai de vocês preferia que suas filhas ficassem com cabelo longo? — perguntei enquanto dava os últimos cortes nos fios de Giselle.

— Sim. Ele... sempre disse que homens preferem mulheres de cabelo grande... E... bom, acho que você sabe da nossa história.

— Sim e eu já falei para Melody que tenho vontade de socar esse monstro.

Giselle deu um pequeno sorriso. — Imagine eu.

— Vocês não precisam deixar o cabelo de vocês grandes por causa de homem. Agora que vocês estão livres daquele inferno, saibam disso. Vocês precisam ser o que vocês querem ser. O homem que te escolher, vai te amar do jeito que você é. E se nenhum homem for bom à altura, vocês podem muito bem viver sozinhas. Vocês são fortes e capazes disso.

— Obrigada, Heloise... — Giselle parecia emocionada. — Acho que nunca me disseram algo assim... Você é um anjo.

Não me aguentei e a abracei pelos ombros, ainda sentada. Ela retribuiu, apertando meus braços.

— Bom, terminei.

Giselle pulou da cadeira para ir até o banheiro.

— Meu Deus! Isso está maravilhoso! Eu nunca me vi com o cabelo tão curto assim! Me sinto até mais leve!

— Não é à toa, eu devo ter tirado mais de cinco quilos de cabelo — brinquei, as fazendo rir. — Melhor nos apressarmos. Logo temos que sair para encontrar Armin.

As irmãs se ajudaram a prender os cabelos, que ficaram cobertos pelos chapéus que colocaram antes de sair.

A rua já estava um pouco movimentada, apesar de ainda estar um pouco escuro, mas pelo menos caminhamos mais tranquilas. Andamos em direção ao parque, e já ao longe, vi uma carruagem estacionada na frente da casa de Armin. Nos aproximamos e assim que paramos, a porta da casa se abriu e Alexander saiu, indo guardar uma mala no bagageiro. Assim que se virou, nos viu ali e sorriu.

— Heloise!

— Oi, Alexander, bom dia. Vim trazer algumas bagagens.

Ele olhou animado para as duas, e estranhou a presença de outra pessoa.

— Essa é Giselle, irmã de Melody. Ela também vai viajar... Giselle, esse é Alexander, irmão de Armin.

— Muito prazer. — Ela cumprimentou.

— Igualmente. — Alexander fez uma reverência e me encarou. — Heloise, eu... Também vou viajar.

— Sério?

— Sim. Eu estava refletindo muito sobre nossas primeiras conversas. Você tem razão, novos ares nos traz novas inspirações. Eu decidi ir com Armin.

— Nossa. Eu... fico muito feliz por ter ajudado de alguma forma... Mas também fico triste, já que não saberei dos seus escritos.

— Eu posso te mandar cartas.

Assim eu vou acabar chorando... — Eu... logo voltarei para casa e não é muito fácil chegar ou mandar cartas... Mas eu espero muito encontrar livros seus nas livrarias. Me promete que você vai se empenhar?

Seu cenho de franziu em uma careta de choro. — Sim, eu prometo. Eu mal te conheci e você me deu um incentivo tão grande... A única forma que tenho de te agradecer é publicar um livro em sua homenagem.

— Ah, não é para tanto. — Acabei rindo. — Só espero que você sempre esteja em constante aprendizado e sempre publique livros novos.

— Obrigado...

Como Alexander parecia desconcertado, não esperei outra reação e me joguei em seus braços. Nos abraçamos apertado, como se fossemos amigos de longa data. Armin saiu da casa e viu aquela cena, um pouco tocado.

— Oi, Armin. — Alexander e eu nos soltamos. — Trouxe a viajante e sua irmã que também vai fugir.

— Nossa, você inspirou muita gente, pelo jeito... Bom dia, senhoritas — cumprimentou as moças. — Estão prontas? Temos que ir.

Melody afirmou, um pouco envergonhada e se aproximou de mim. Nos abraçamos, já com lágrimas nos olhos.

— Obrigada por tudo, Heloise. Nunca, nunca vou te esquecer.

— Digo o mesmo, Melody. Espero que você seja muito feliz.

Sorrimos uma para a outra, já chorando. Abracei Giselle, Alexander novamente e por último, Armin.

— Eu sei que não fui a melhor pessoa para você, mas... acho que valeu a pena nossa aventura — comentei, tirando um sorriso dele.

— É, valeu a pena... Obrigado. — Estendeu a mão para mim.

— Eu que agradeço.

Trocamos um aperto de mão e ele subiu na carruagem, dando sinal para o homem guiar os cavalos. Todos acenaram e eu acenei de volta. Esperei até que estivessem mais afastados e sequei as lágrimas.

Voltei para a pensão e deitei, cansada e feliz.


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Notas finais do capítulo

:')

Ai gente, chorei um pouquinho.

Mais uma etapa concluída! Espero que tenham se emocionado também.

Até quarta o/



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