À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 64
Dia de Folga


Notas iniciais do capítulo

Oi, xuxus!

Acabei de terminar de escrever esse capítulo. Quem aí estava com saudade do Nathaniel levanta a mão o/

Boa leitura!



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Ao despertar, me espreguicei na cama, aliviada por ser meu dia de folga. Talvez essas fossem as férias mais cansativas que eu já tive, já que estou trabalhando mais do que no meu próprio trabalho. Voltaria para casa exausta como se não tivesse tido férias.

Mas tudo bem. São as melhores férias que eu já tive, mesmo correndo para lá e para cá feito uma doida. Pelo menos hoje posso ficar tranquila.

Olhei o relógio, vendo que ainda eram nove e alguma coisa da manhã. Levantei, preguiçosamente, fui me trocar e ir ao banheiro. Meu estômago roncou no caminho, e visualizei a mesa de café da manhã. Eu merecia uns três croissants e uns muffins.

Acelerei o passo e saí para o corredor, trancando a porta.

— Heloise...?

Ah, não...

Me virei com cara de desgosto e encarei Armand, que parecia constrangido. Coloquei as mãos na cintura, já demonstrando insatisfação.

— Eu espero que você não tenha vindo dar outro show.

Ele pareceu estranhar a palavra e pigarreou. — Eu vim pedir perdão por meu comportamento inconsequente e tolo. Eu lhe garanto que não estava com a mente sã.

— Disso eu tenho certeza. Tem noção da vergonha que passou na frente de todos? E na vergonha que me fez passar?

Armand baixou o olhar, ainda mais envergonhado. — Sim, eu sei. Eu peço milhões de perdões. Eu raramente me deixo levar pela bebida e acabei sendo incentivado por alguém depois que comecei a falar de meus problemas e... Enfim. Não era para aquilo ter acontecido. Eu sinto muito mesmo.

Suspirei. — Eu te perdoo, Armand, mas espero que isso não volte a acontecer.

Abrindo um sorriso esperançoso, me olhou novamente.

— Agradeço muito, Heloise. Prometo que nunca mais irá se repetir... Eu... fiquei aborrecido quando vi os brincos em minha cama...

— Eu não posso aceitá-los, Armand. Eles devem valer muito e eu não estou disposta a... aceitar o que vem com ele.

— Mas...

— Eu já disse, eu não posso aceitar. — Tentei dizer de forma compreensiva, começando a ir para a escada.

— Está contra os meus princípios desistir tão fácil! — Ele falou sorrindo.

Fechei os olhos por dois segundos e ignorei, indo para o andar debaixo. Ele que faça o que quiser, eu cansei de dizer. A partir de agora só será ignorado.

Assim que senti o cheiro vindo do salão de refeições, tentei esquecer da irritação. Fui direto para a mesa de comida e me servi de tudo o que tinha direito. Enchi um prato, deixei na mesa e voltei para encher uma xícara de chá. Me sentei e comecei a comer, calmamente, observando o movimento baixo.

Quando terminei, pensando no que faria naquele dia, levei minhas louças para a bancada da cozinha e, ao me virar, vi Oliver entrando no salão, vindo em minha direção.

— Bom dia, Heloise! — Ele sorriu, bem-humorado. — Telefone para você.

— Bom dia, Oliver. Telefone de quem?

— Por que você não descobre? — Deu um sorrisinho divertido, já me fazendo sorrir de volta.

Corri para a recepção e vi o telefone descansando sobre o balcão. O peguei, posicionando na orelha e boca, sem conseguir conter a animação.

— Alô...?

Bom dia, Heloise. — Nathaniel desejou do outro lado da linha, fazendo meu coração acelerar um pouquinho.

— Bom dia, senhor psicólogo. Como está?

Ele riu. — Muito bem, e você? Eu estava pensando como é engraçado que eu tenha conseguido uma folga, justo hoje...

— Ah, você conseguiu uma folga? Que chefe bonzinho você tem.

Acho que ele acordou de bom-humor. Por acaso você também está de folga?

— Por acaso, sim, estou.

Hm... Ótimo. Gostaria de passear comigo?

— Olha, depende de qual for o lugar. — Fiz uma gracinha.

Ah, é? Bom, eu não tenho um lugar definido ainda. Podemos escolher depois de almoçarmos juntos.

— Tudo bem, você me convenceu. Onde nos encontramos?

Eu te buscarei as onze e meia.

— Ok, aguardarei, então.

Certo... Até daqui a pouco.

— Até...

Mordi o lábio e coloquei o telefone no lugar, tentando não dar um gritinho. Aproveitei para ver a hora no relógio da recepção. Marcavam dez e meia.

Voltei para meu quarto e fiquei escolhendo o vestido ideal, os sapatos e meias... Até terminar de me arrumar, faltavam dez minutos para o horário combinado. Passei perfume, dei uma última olhada no espelho e saí. Como estava um pouco animada demais, logo fui para a calçada esperar. Não demorou muito para que eu visse Nathaniel caminhando, um pouco distraído. Somente me notou a cinco passos de distância.

O sorriso em meu rosto foi involuntário. Provavelmente o dele também.

— Senhorita. — Nathaniel fez uma pequena reverência, pedindo minha mão.

Como eu adoro quando ele faz isso...

Assim que deixei minha mão na dele, Nathaniel a beijou, fitando meus olhos.

— Senhor — falei, sentindo as bochechas quentes. — Há quanto tempo.

— Sim, muito tempo. — Se endireitou e dobrou seu cotovelo, para que eu pudesse cruzar nossos braços. — Animada para este belo dia?

— Com certeza. Então... o plano é comer primeiro, certo? — Começamos a caminhar.

— Sim. Ou prefere fazer algo antes?

— Não. Comer é comigo mesmo.

Ele riu. — Sim, eu percebi. Acho que vai gostar do restaurante que eu escolhi.

— Hm, então você fez um dever de casa, é?

— Fiz. Fiquei pesquisando restaurantes e bistrôs com boa popularidade, ontem à noite.

— Bom garoto. Então decidiremos o que fazer depois?

— Sim, mas eu estava pensando hoje cedo... Provavelmente você já conhece o Parque Luxemburgo, não é?

— Conheço, mas o do presente.

— Isso quer dizer que você quer ir?

— Claro. Adoraria conhecer o parque dessa época.

— Ok, iremos para lá. O restaurante fica perto... Então... conte-me as novidades.

— Hm... deixe-me ver. Nos vimos no domingo...

Contei a ele tudo o que tinha acontecido. Sobre o progresso com Adeline, sobre ter encontrado Jean e o convencido a ficar e tentar conquistar a garota, sobre ter feito Armin dar um fim no relacionamento deles e sobre Melody. Nesse meio tempo, chegamos ao restaurante e tomamos nossos lugares.

Depois que meus assuntos tinham acabado, Nathaniel falou um pouco sobre como estavam as coisas em seu consultório enquanto comíamos. Contou que recebeu uma carta de Lysandre, dizendo que estava bem e que demoraria um pouco mais para voltar do que o previsto.

Fiz um brinde quanto a última informação, brincando, e Nathaniel segurou o riso, como se sentisse culpado por rir também. Enquanto ríamos e eu tomava mais um gole de vinho, lembrei que logo teria que deixar aquele lugar. Teria que deixar todos, a pensão, a loja e, principalmente, Nathaniel.

— Heloise...? — Ele chamou, notando minha mudança repentina de expressão. — O que foi?

Encarei meu prato de sobremesa, já vazio. — Eu... Às vezes me pego pensando que logo terei que voltar para casa...

— Logo...?

— Sim. Eu tenho até dia dezenove para resolver tudo... Preciso voltar ao trabalho. Sou professora, lembra? — Dei um sorrisinho.

— Ah... Sim, lembro. — Observou a taça quase vazia que segurava. — Parece que vai demorar, mas sempre passa rápido demais.

Concordei, arrependida de ter tocado no assunto. — Enfim, eu não quero estragar nosso dia. Temos que aproveitar. Podemos ir?

Nathaniel me olhou, como se quisesse ter certeza de que eu estava bem e acabou sorrindo.

— Sim, vamos.

Nos levantamos assim que o loiro deixou o dinheiro na mesa. Saímos para a rua e caminhamos de braços dados. Não demorou muito para que passássemos a entrada do parque, que não tinha mudado tanto assim no presente.

— Eu gosto de vir aqui no final da tarde — comentou Nathaniel, olhando ao redor. — É mais calmo, não é muito quente... Normalmente venho com algum livro ou minhas anotações do consultório.

— É um ótimo lugar para ficar e ler, ter um momento de paz... Para mim, locais assim são quase como santuários. A natureza recarrega nossa energia...

— Sim, é verdade.

Seguimos pelo caminho até chegarmos no espaço aberto, onde havia um lago gigantesco centralizado. Andamos até próximo e notei diversas pessoas sentadas nos bancos, nos murinhos do lago, conversando, lendo ou mesmo observando a paisagem.

O ar perto da água era mais fresquinho. O sol não estava forte, mas o ambiente estava um pouco abafado.

— Eu devia comprar um leque, igual essas moças. — Me abanei com as mãos.

— Melhor ficarmos na sombra, não acha? Tem alguns bancos por ali. — Indicou.

Do outro lado do lago, de onde viemos, abaixo das árvores, tinham bancos desocupados e fomos até lá. Me sentei, ainda me abanando, porém, achando melhor a temperatura. Algumas pessoas ocuparam um dos bancos próximos, parecendo também buscar por sombra.

Ficamos uns minutos admirando a vista que tínhamos do Palácio de Luxemburgo.

— Sabia que este palácio, no futuro, é a sede do Senado da França?

— É mesmo? Interessante. Continua aberto ao público?

— Sim, mas somente os jardins. Não permitem entrada no prédio sem permissão.

— Entendo...

Me senti incomodada, de repente, como se estivesse sendo observada. Virei o rosto e no mesmo segundo encontrei um par de olhos sobre nós, que desviou rapidamente.

Parei para observar melhor a moça que abanava um leque em seu rosto tão rápido que mal era visto. Seu cabelo louro escuro estava coberto por um chapéu rosado que combinava com o vestido, tirando um fio ou outro que escapava. Notei que ela falava com duas crianças que brincavam agachadas no chão.

Desviei o olhar, apenas o suficiente para ela não perceber que eu ainda estava prestando atenção pela visão periférica. Novamente, seu rosto se virou em nossa direção e eu soube o porquê.

— Nathaniel...

— Sim?

— Eu achei.

— Achou o quê? — perguntou, confuso.

O olhei. — Eu.


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Notas finais do capítulo

Quem será que Heloise achou? xD

Gostaram desse capítulo? Que saudade, Nathaniel ♥

Nos vemos quarta o/



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