À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 63
Seguir a Vida


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Não tenho o que dizer agora, então, boa leitura!



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Ridículo! Não achei que ele fosse fazer esse drama todo!

Bati e tranquei a porta do quarto, indo ao banheiro para tomar um banho e tentar relaxar. Assim que mergulhei na água quente, respirei profundamente, afundando até o queixo.

Era só o que me faltava, ele beber para chamar minha atenção. Está parecendo alguns homens do presente que eu conheço... Realmente espero que ele se lembre muito bem das minhas palavras pela manhã, porque da próxima vez que eu tiver que fazer algo...

Tudo bem, Heloise, esquece isso. Se concentre nos seus deveres. Você precisa avisar Melody sobre as novidades. Foque apenas nisso.

Depois de uns minutos, me enxuguei e vesti meu pijama. Me deitei e fechei os olhos, tentando não pensar na raiva que passei. De manhã, coloquei meu vestido e guardei as coisas que estavam dentro da cesta, para usá-la novamente. Sai cautelosamente para o corredor e desci, indo para o salão de refeições, quase vazio.

Comi um pouco e fui para a rua no horário certo para encontrar Melody. Dessa vez, ela já estava me esperando próximo ao pub.

— A viagem está marcada! — Cheguei já falando, a fazendo arregalar os olhos.

— O quê? Já?

— Sim. Acho que Armin se empolgou e esqueceu do detalhe que precisava comprar passagens mais para o meio do mês, mas tudo bem. Ele disse que avisaria a todos sobre sua viagem e que iria hoje à tarde.

Melody pareceu elétrica de repente. — Eu... o ouvi falando sobre isso ontem à noite...

 Começamos a caminhar.

— Então, eu preciso ver com você sobre o horário. O navio sai as seis da manhã, então precisamos nos encontrar antes para que eu possa te arrumar, para ficar menos reconhecível.

— Ah... tudo bem. Sugere algum horário?

— Você que precisa me dizer. Qual o melhor horário que não tenha riscos de alguém te ver?

— Bom... Em minha casa todos dormem até as seis. Menos meu pai, ele acorda mais tarde.

— Ótimo. Acho que podemos nos encontrar as quatro, temos tempo suficiente para te arrumar e ir encontrar Armin.

— As quatro? Não é... perigoso sair essa hora?

— Prefere ficar aqui e sofrer o resto da vida ou ter um pouco de coragem e ir para a rua de madrugada?

Ela me olhou alarmada e suas bochechas coraram. — T-tem razão, estou sendo boba...

— Não precisa se preocupar, vai dar tudo certo.

Chegamos à padaria e fizemos o mesmo esquema de antes. Ficamos entre as prateleiras e ela me passou algumas coisas, e eu as escondi na cesta. Depois disso, seguimos nossos caminhos e eu deixei a cesta na pensão antes de ir trabalhar. Assim que cheguei na loja, avistei Adeline arrumando alguns sapatos e fui até lá. Seu nariz estava um pouco vermelho e a ouvi fungar antes de chegar perto, o que me deu certeza de que ela realmente estava gripada.

— Está melhor? — questionei ao parar do seu lado.

Ela me olhou com uma carinha triste. — Ainda estou um pouco ruim, mas minha mãe não quis que eu faltasse de novo.

— Sua mãe é severa demais...

Apesar da cara de gripe, ela não parecia abalada apenas por aquilo.

— Aconteceu algo? Você parece estar... chateada.

— Não, não aconteceu nada — respondeu rapidamente, voltando a mexer nos sapatos para evitar contato visual.

E ainda acha que me engana... Parando para pensar, faz uns dias desde a última vez que ela e Armin conversaram... Será que é por isso?

— Sabe... ontem um rapaz veio aqui, um que aparecia de vez em quando para comprar coisas para sua mãe — comentei.

— Hm, e então? — perguntou, desinteressada.

— Ele perguntou de você.

— E?

Eu vou dar na sua cara, garota. — Ele queria saber onde você estava. Ele gosta da forma que você o atende, sempre muito educada e prestativa...

Ela me olhou de canto rapidamente. — E disse que eu estava doente?

— Disse. Ele lhe mandou melhoras e espera que você esteja bem na próxima vez que ele vier.

— Hm... — Balançou a cabeça afirmativamente.

Mesmo que Armin não esteja mais entrando em contato com ela, parece que ela não vai desistir tão fácil. Provavelmente só daria chance para outro homem se levasse um fora de vez...

Espera, é isso! Armin precisa dar um fim nesse relacionamento, ou ela não seguirá em frente... Caramba, preciso avisá-lo sobre isso. Ele precisa falar com ela antes de “viajar”.

Deixei Adeline com sua cara tristonha e comecei o dia de trabalho. Ficava mais elétrica conforme as horas passavam, e assim que deu uma da tarde, em vez de ir almoçar, corri para a rua em direção ao parque. Parei em frente ao banco de sempre e olhei para o outro lado da rua, tentando lembrar qual foi a porta que vi Armin e Alexander entrando outro dia.

Atravessei e parei na frente da porta, batendo com os nós dos dedos e esperando. Segundos depois, ouvi barulhos de chaves e a porta foi aberta por uma jovem senhora.

— Pois não? — Ela segurava um pano de prato.

— Boa tarde, senhora... Armin está?

Ela me lançou um olhar rápido dos pés à cabeça e sorriu. — Está, só um minuto.

— Claro, agradeço.

A senhora sumiu por uma porta lateral e um tempo depois Armin apareceu, e pela primeira vez, o vi vestindo roupas informais.

— Você é a senhorita bonita que minha mãe falou? Que susto. — Sorriu, provocativo, cruzando os braços. De repente, ficou sério. — Aconteceu algum imprevisto?

— Não, senhor Fabre — ironizei seu nome. — Vim dizer que você precisa dar um fim no que quer que tenha com Adeline, ou ela não seguirá em frente.

Ele travou no lugar. — Como assim dar um fim? Eu não mando mais cartas para ela...

— Pois é, a bichinha está lá na loja toda cabisbaixa. Eu tenho certeza de que é justamente porque você não mandou mais nada.

— A bichinha...? Mas o que você quer que eu faça?

— Vá falar com ela, ora! Diga que não poderá mais se relacionar com ela porque precisa voltar para o trabalho urgentemente e que não tem previsão para voltar. Diga para ela seguir sua vida.

— Eu não posso mandar uma carta?

— Pelo amor de Deus, seja homem!

Armin passou as mãos no cabelo. — Como vou falar com ela no meio da loja e de tantas pessoas? Você não acha que ela vai começar a chorar? E se a mãe dela ver?

É, eu não tinha pensado nisso...

— Bom... ela também está no horário de almoço agora. Posso puxá-la para o beco ao lado da loja e você a espera lá. É o único jeito de vocês ficarem sozinhos hoje.

Ele suspirou. — Eu espero não levar um tapa na cara...

— Sinceramente, você merece um — murmurei, desviando o olhar. — Enfim, pode ser ou não?

— Sim, pode — concordou de mau-humor.

— Ótimo. Leve uma mala para dar mais dramaticidade e para ela ter certeza de que você está indo embora. Eu vou voltar para a loja e comer alguma coisa. Esteja no beco antes das duas em ponto.

— Ok, ok.

— Tudo bem, até daqui a pouco.

Saí andando rapidamente de volta para a loja. Fiz um prato com as comidas servidas e comi rapidamente, olhando para o relógio a cada minuto. Faltando dez minutos para as duas, fui até a sala de estar onde Adeline estava sentada, lendo um livro.

— Adeline? Tem alguém te procurando. — Fui objetiva para não enrolar.

Rapidamente sua cabeça levantou. — Quem?

— Melhor você ver com seus próprios olhos. — Fiz sinal para que ela me seguisse.

Adeline largou o livro no sofá e veio atrás de mim. Atravessei a porta para o beco e saí, já procurando Armin, o vendo encostado na parede com as mãos no bolso e uma maleta no chão ao seu lado. Assim que nos viu, desencostou e se aproximou.

— Senhor Fabre...? — Adeline perguntou, surpresa, e me olhou rapidamente, como se temesse que eu soubesse de algo.

— Eu... vou deixar vocês conversarem — falei, voltando para dentro e fechando a porta.

Eu queria muito ouvir o que ele vai dizer, mas sei que seria errado. Melhor deixá-los sozinhos, assim as chances de serem sinceros são maiores.

Voltei à sala e me sentei no sofá, esperando, batendo o calcanhar no chão e tamborilando os dedos no estofado. Minutos depois, Adeline voltou, enxugando os olhos e, ao me notar, parou de andar.

— Eu sinto muito...

— Você sabia...? — Ela questionou com a voz falhando.

Levantei e fui até ela. — Sabia. Eu sei de tudo, Adeline, e eu só queria evitar o pior, mas não consegui.

— Como? Como você sabia?

— Eu desconfiei do que você falava. Posso ter cara de boba, mas não sou. Você deixou muito na cara que estava escondendo algo. Eu só tive que segui-la na quarta-feira passada no cinema, seguir Armin, puxar assunto com seu irmão, Alexander... Aos poucos fui conseguindo as informações. Eu não queria que você caísse em papo furado, Adeline, mas você não me ouviu.

— E-eu achei que ele era diferente... — Fungou de novo.

— Eu... não acho que ele é um homem ruim, daqueles que eu te contava... Ele só não é... o homem certo para você.

Adeline continuou chorando. — M-me desculpe, Heloise... Eu devia ter te ouvido...

— Sim, devia mesmo, mas agora já foi. Você precisa se concentrar em seguir sua vida.

— Eu estava... imaginando nosso futuro juntos... Como vou seguir minha vida agora?

— Seguindo, como todo mundo que já teve uma decepção amorosa já fez. Acha que eu nunca me decepcionei? Já tive inúmeras! E olha eu aqui, firme e forte.

Ela me observou e passou as mãos nas bochechas e olhos, secando as lágrimas. — Você tem razão... Eu quero ser igual a você, Heloise, um dia.

— Então comece agora, eu sei do que você é capaz. — A segurei pelos ombros, dando força. — Você já é forte, Adeline, só precisa sentir isso.

— Sim... — Afirmou com a cabeça. — Heloise... você descobriu tudo... realmente para que eu não sofresse...?

— Sim, eu não poderia vê-la se envolver com alguém e não pesquisar a fundo sobre a pessoa. É para isso que servem os amigos. — Dei uma piscadela.

Adeline sorriu. — Desculpe por não te ouvir, prometo que não farei mais isso e seguirei fielmente suas palavras.

— Tudo bem. — Sorri e abri os braços.

Nos abraçamos apertado e logo fomos interrompidas por Viviane nos mandando trabalhar. Saímos da sala rindo, fazendo a senhora nos olhar de forma estranha.


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Notas finais do capítulo

Sentiram dó de Adeline ou pensaram "bem feito, quem mandou não ouvir a Heloise"? sauhsu

Até mais o/



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