À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 62
Devolução


Notas iniciais do capítulo

Estamos de vooolta!

Hoje teremos muitos assuntos no capítulo e alguém fazendo um drama xD

Vocês lembram o que aconteceu no último capítulo? Heloise foi conversar com Jean para convencê-lo a ficar na cidade e tentar conquistar Adeline.

Boa leitura!



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Deixei Jean após pagar meu consumo e fui para a pensão. Subi diretamente para meu quarto, me deparando com aquela caixinha com os brincos na cama. Olhei para eles novamente, percebendo como eram bonitos, mas eu sabia que aquilo era demais. Eu precisava devolver e dar um basta naquela situação.

Suspirei, me deitando na cama e peguei meu celular, o ligando. Abri o calendário para ver que dia era e me surpreendi levemente por ver que já era dia seis de maio. Meu tempo estava acabando e ainda tinham muitas pontas soltas para resolver. Eu não podia mais ficar de bobeira por aí.

Agora que encontrei as duas principais pessoas da missão, não posso enrolar. Preciso agir logo antes que chegue meu último dia aqui. E pensar que... depois disso tudo, de tantas histórias, de tanto drama, amizade, amor... Eu terei que partir. Eu não quero pensar nisso, mas é inevitável...

Não, ainda não vou pensar nisso. Preciso me concentrar no que preciso fazer, nada de ficar matutando isso!

Levantei e peguei a caixinha com os brincos, saindo do quarto e fechando a porta. Eu não tinha ideia de qual era o quarto de Armand, então pediria para alguém colocar a caixa lá.

Desci para o térreo, encontrando Kentin indo para o pátio com algumas caixas de madeira.

— Kentin! — chamei e ele se virou, alarmado.

— Ah... que susto. Achei que era minha mãe... — Ele riu, aliviado. — Como vai, Heloise?

— Estou bem, e você?

— Cansado, como sempre, mas bem. Precisa de algo?

— Sim. Depois que você estiver desocupado, será que poderia colocar isto no quarto do senhor Burnier?

Ele observou a caixa, estranhando. — Por quê?

— Ele me deu esse presente, mas... eu não posso aceitar, se é que você me entende.

— Ah... — Suas sobrancelhas levantaram. — Claro, tudo bem. Pode colocar aqui em cima, assim que levar essas caixas para o quintal, deixarei no quarto dele.

— Muito obrigada, você é um amor. — Deixei a caixinha dentro da caixa maior.

— Por nada. Nos vemos depois.

— Claro, até mais.

Kentin voltou a andar em direção ao pátio e eu me senti um pouco mais tranquila, como se um fardo tivesse saído de meus ombros.

Espero que Armand entenda esse recadinho sem precisar vir falar comigo.

Coloquei as mãos na cintura, pensando no que fazer. Não queria ficar na pensão.

Fui fazer uma boquinha rápida no salão de refeições e saí para a rua, procurando o que fazer. Meus pés me levaram até o parque onde costumava encontrar Alexander, porém, ele não estava lá. Escolhi um banco distante do que costumávamos ficar e me sentei, admirando a paisagem. Conseguia ouvir o canto dos pássaros e algumas crianças brincando por perto, o que me trazia um pouco de paz.

Meu olhar foi atraído por um movimento, notando que era um adulto e um menininho brincando de pega-pega. Ele devia ter uns cinco ou seis anos, e era cheio de energia. Assim que olhei para o adulto, percebi que era Armin, e fiquei surpresa, não esperando por vê-lo daquele jeito.

Ele realmente parecia se divertir correndo do garoto, o que era extremamente fofo.

E, naquele momento, me peguei pensando se ele era realmente uma pessoa ruim. Será mesmo que ele pegaria o dinheiro de Adeline? Ou ele era muito bom em esconder sua personalidade vigarista, ou eu estava extremamente errada e ele não era nada disso.

Caramba, por que eu não consigo me decidir? Ele me deixa muito confusa! Eu preciso de mais provas para ter certeza se ele é ou não é alguém ruim...

— Heloise?

A voz de Armin me tirou de meus pensamentos e eu ergui o rosto, o encontrando com o garotinho no colo, ambos ofegantes.

— Olá. — Dei um sorriso, acenando para o menino de olhos tão azuis quanto do homem que o carregava.

— Está tudo bem? Parece... preocupada.

— Sim, está tudo bem, estou apenas pensativa. Quem é esse garoto bonito?

— Fala seu nome para ela. — Armin pediu para o menino, que corou.

Ele olhou para suas mãos. — Louis — disse, envergonhado.

— Oi, Louis, meu nome é Heloise, muito prazer.

Louis sorriu, mostrando uma janelinha nos dentes.

— Ah! Seu dente caiu? — perguntei, animada.

O menino se mexeu, querendo descer e Armin o colocou no chão. Ele apoiou o quadril no banco e me olhou.

— Sim, caiu... Eu ganhei dinheiro da fada do dente.

— É mesmo? Você deixou o dente debaixo do travesseiro?

— Sim!

— Eu também fazia isso quando era pequena, sabia? A fada dos dentes ainda deve ter todos os meus dentinhos.

— Mas o que ela faz com tantos dentes?

— Hm... Eu não sei, talvez ela construa casas, brinquedos... Teria que perguntar para ela.

— Mas ninguém nunca viu ela! — Ele exclamou, arregalando os olhos. — Minha mãe falou que ela é muito rápida!

— Eu sei. Eu tentava ver ela, mas nunca consegui.

Armin sorriu, tocando os cabelos do menino. — Ele ficou acordado para tentar ver a fada. Quer dizer, tentou ficar acordado.

Dei risada. — Ele é o que seu?

— Meu primo. Filho da irmã da minha mãe...

— Ele é igualzinho a você.

— É, todos falam isso... — Se sentou ao meu lado. — Eu comprei as passagens hoje cedo.

Me surpreendi com a mudança brusca de assunto. — Sério? Para quando?!

— Dia dez, sexta-feira.

— Mas... você devia ter comprado...

— Eu sei, eu esqueci desse detalhe. Me empolguei na hora.

— Bom... agora você vai ter que avisar a todos logo. Quanto antes, melhor.

— É... — Olhou para Louis, que tinha ido analisar um tronco de uma árvore. — Irei ao pub hoje e comentarei com meus colegas que partirei amanhã à tarde. Posso dizer à minha mãe que estou doente e que não estou bem para sair de casa.

— Isso. Se precisar me dizer algo, peça para seu irmão me procurar.

— Claro. — Observei suas expressões. Ele parecia um pouco para baixo.

— O que foi? Preocupado com algo?

Armin cruzou os dedos, os mexendo ansiosamente. — Sim. Estou ansioso com tudo isso... Foi loucura aceitar sem planejar direito...

— Por que diz isso?

— Melody e eu não nos conhecemos tão bem assim. E se... não dermos certo? E se brigarmos e ela querer ficar em outro lugar depois que se estabilizar?

— Sinceramente, não acho que vocês não darão certo. Vocês têm personalidades parecidas... E eu sei que os dois vão se empenhar em fazer tudo dar certo. E lembre-se de uma coisa. O diálogo é essencial para um relacionamento saudável. É sempre importante saber o que o outro acha ou sente.

Ele afirmou. — Por favor, diga a Melody a data. O navio sai as seis da manhã.

— Que horas nos encontraremos?

— Não sei. Não seria melhor ver com ela qual o melhor horário para ela sair de casa sem que ninguém veja?

— É, seria melhor. Verei com ela amanhã de manhã e falo para Alexander. Diga para ele ficar no parque a partir das quatro da tarde, assim posso encontrá-lo facilmente.

— Falarei. Preciso ir... — Vimos Louis se afastando. — Até mais.

— Até.

Armin seguiu o menino para mais dentro do parque, sumindo entre as árvores.

Bom, logo teremos a viagem tão esperada e terei uma coisa a menos para fazer. Que tudo continue dando certo assim.

Levantei e caminhei vagarosamente pela calçada, perdida em pensamentos. Voltei à pensão e fui para o quarto. Me deitei na cama e fechei os olhos para descansar um pouco. Nathaniel apareceu em minha mente, me lembrando de que o vira a última vez no domingo, mas que parecia fazer mais tempo. O que me preocupou, pois percebi que estava me afundando cada vez mais naquele sentimento.

Estar ao lado dele era bom. Uma sensação difícil de explicar que eu não sentia há tempos... Era difícil largar e eu sabia que não esqueceria, mesmo no presente.

Será que vai ser muito complicado? Pensar em um amor que não teve chance de continuar... Meu coração batia dolorido em pensar na situação e eu sabia que não teria outro jeito. Teria que encarar a dor de deixar tudo aqui, onde devia ficar.

Maldito dia em que esbarrei com você, Nathaniel... E bem-dito aquele dia em que te derrubei no chão... O que teria sido de mim sem sua ajuda? Eu queria tanto agradecer de alguma forma...

Assim que abri os olhos, notei que o quarto estava escuro. Olhei o horário no celular, vendo que passava das sete. Meu estômago roncou, dando protestos de fome e eu levantei, me espreguiçando.

Lavei o rosto e saí do quarto, indo para o salão de refeições. Fiz um prato farto e comi sozinha, ouvindo um dos funcionários tocar piano.

Agradeci por Armand não estar por ali para encher o saco, então aproveitei o momento. Depois de terminar, tomei um copo de água e fui ao corredor. Ouvi vozes altas vindas da recepção e estranhei a movimentação, já que era sempre calmo naquele horário.

Andei até lá, me deparando com Oliver totalmente perdido junto de dois homens, um sendo carregado pelo outro pela cintura, que parecia estar muito mal.

— Está tudo bem...? — Me aproximei da cena, percebendo que o homem quase caído era Armand. — Armand? Você está bem?

Assim que ouviu minha voz, ele levantou o rosto corado e sorriu.

— Heloise...!

O homem que o segurava soluçou. — Ah, então essa é a moça que você tanto falava? — Ele riu histericamente. — E você ainda se dá ao luxo de ter esperança!

Fiquei ali sem entender e Oliver tentou puxar Armand para ajudá-lo.

— Não! Eu preciso falar com ela! — Armand recusou a ajuda, tentando tirar Oliver de sua frente. — Heloise, por favor...

Naquele segundo constatei o óbvio: Ele estava bêbado.

— Senhor Burnier, por que bebeu tanto? — Oliver perguntou, preocupado. — Deixe-me ajudá-lo a ir para o quarto.

— Não, eu quero falar com Heloise. Ela precisa me ouvir! Ela recusou meu presente, isso deve ser um engano!

Passei as mãos no rosto, tentando me controlar.

— Escuta aqui, Armand. — Puxei Oliver para ficar na frente do embriagado e o segurei pelo colarinho. — Eu NÃO QUERO ficar com você, entendeu? Não importa quantos presentes você me dê, não importa quantas cervejas ou restaurantes me pague, eu NÃO TE QUERO. VÊ SE COLOCA ISSO NA SUA CABEÇA BÊBADA! — O larguei com raiva e me virei para sair dali antes que resolvesse socá-lo.

— Espera... Heloise...!

Segui para o quarto sem olhar para trás, furiosa.


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Notas finais do capítulo

E aí, se vocês fossem a Heloise fariam o que com o Armand? Davam na cara, xingavam, ignoravam...? xD

Espero que tenham gostado desse capítulo! Até mais o/



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