À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 60
Presentes


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo!

O capítulo de hoje terá uma surpresa muito esperada!

Boa leitura!



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Assim que saí do quarto, pouco antes das oito e meia, percebi a cesta de vime ao lado da porta.

Obrigada, Denise ou Oliver!

Peguei um lençol do guarda roupa e o abri o suficiente para esconder o fundo da cesta. Deixei minha bolsa de dinheiro dentro dela, passei no salão de refeições para pegar alguns pães e comi no caminho até o pub.

Esperei próximo a parede, e assim que me virei, vi Melody andando na calçada. Acenei, e ela me notou, abrindo um sorriso e andou mais rápido.

— Bom dia, Heloise.

— Bom dia, Melody. Como se sente?

— Ansiosa, nervosa, animada. Sinto muitas outras coisas, só não consigo colocar em palavras.

Dei risada. — Eu sei como é. Vamos andando.

Começamos a caminhar calmamente.

— Eu... queria saber uma coisa. — Ela começou, um tanto envergonhada. — Como... o senhor Fabre reagiu ao ouvir sua ideia?

— Ele deve ter achado que eu era louca, só que eu vi que ele ficou muito tentado a aceitar, mas claro que não era algo tão simples... Eu falei com ele no sábado, e ele disse que iria pensar. Ontem apareceu na pensão com seu irmão para bolarmos o plano.

— Ele... realmente quer fazer isso, então?

— Claro que quer. Ele está tão ansioso quanto você. Claro que ele também tem medo de ser morto por seu pai, mas... Ele quer arriscar, por você.

As bochechas de Melody se tornaram vermelhas e desviou o olhar para a rua. — Eu... mal vejo a hora... Será como em um sonho...

— Imagino... Agora, me diga, pretende levar muitas coisas?

— Não, levarei poucas roupas. Não que eu tenha muitas... Quero levar alguns livros, algumas fotos de minhas irmãs... Poucas coisas... O problema será depois.

— Como assim?

— Eu não tenho dinheiro. Sei que o senhor Fabre vai custear minha viagem... Claro que sou extremamente grata, mas não quero depender dele para tudo, entende?

— Entendo... Você não ganha nada trabalhando no pub?

— Não. Meu pai diz que trabalhar lá é a mesma coisa que trabalhar em casa. São serviços domésticos e que não devemos ganhar por isso...

— Eu nunca vi seu pai, mas tenho uma vontade imensa de quebrar a cara dele.

Melody me olhou espantada, como se esperasse essa frase de um homem, não de mim.

— Olha... Eu imagino que seu pai ganhe muito dinheiro. Parte dessa riqueza é sua e das suas irmãs por direito. Por que você não pega uma parte?

— O quê?! Você quer dizer roubar?! — questionou, alarmada. — Eu não posso fazer isso!

— Por que não? Melody, você não tem raiva desse monstro que obrigou suas irmãs e a você a vender o corpo? Não entende que isso é um absurdo sem fim?

Ela mordeu o lábio, fazendo uma careta preocupada. — Eu... Eu sei que... É difícil, Heloise... É muito difícil...

— Eu sei que é, só que você precisa analisar tudo o que acontece na sua família. Não é porque ele é seu pai que tem o direito de fazer o que faz. Ele é um monstro, Melody, com todas vocês. Vocês têm todo o direito de pegar aquele dinheiro, e suas irmãs também têm o direito de fugir. Todas vocês merecem uma vida melhor.

Notei uma lágrima escorrendo de seu olho, que rapidamente a secou. Ela estava segurando o choro.

— Melody... Todas vocês são extremamente fortes, eu sei disso apenas por saber o que passam. Eu tenho certeza que cada uma de vocês conseguiria viver fora daqui, terem vidas de verdade... E se vocês conseguissem pegar esse dinheiro e dividir entre si, com certeza conseguiriam fugir, mesmo que não fossem para o mesmo lugar.

Chegamos à padaria, que não era dos Riviere, e Melody fungou, secando os olhos úmidos. Entramos, fazendo o típico sino tocar. Já haviam algumas pessoas fazendo suas compras, e segui a garota, enquanto ela pegava, em silêncio, o que estava acostumada. Assim que paramos entre duas prateleiras grandes, indiquei sua cesta e a minha.

Ela entendeu e passou algumas coisas que estavam ali, para a minha cesta, e eu os cobri com o lençol.

— Pense nisso, mas se não quiser pegar o dinheiro, tudo bem. Sei que Armin a ajudará como puder — sussurrei quando entramos na fila de pagamento.

Melody apenas afirmou, balançando a cabeça.

— Ainda não sei a data que ele viajará, mas vai anuncia-la logo para os amigos e no pub. Assim, quando vocês forem, todos saberão que ele já viajou e não poderiam suspeitar dele. Assim que ele comprar as passagens, te avisarei.

Afirmou novamente.

— Vai dar tudo certo, eu sei disso.

Ao pagar sua conta, Melody seguiu na frente para a rua, perdida em pensamentos.

— Bom, eu preciso trabalhar. — Parei em sua frente. — Amanhã venho te encontrar nesse mesmo horário para pegar mais coisas, tudo bem?

— Claro.

— Fique bem, Melody. Tenha um bom dia.

— Você também, Heloise. — Me deu um sorriso. — Obrigada.

Afirmei e sai andando para a loja. Caminhei apressadamente, pois já estava atrasada. Assim que cheguei, fui para os fundos deixar a cesta e voltei à loja.

— Me perdoe, senhora — falei com Viviane, que estava próximo ao caixa.

— Onde estava?

— Eu... Tive... Um probleminha com... sangue e... dor de barriga. Sabe como é.

Suas sobrancelhas se ergueram. — Ah... tudo bem. Sem problemas. Vá trabalhar.

— Sim, senhora.

Me afastei, aliviada pela desculpa ter funcionado. Procurei por Adeline, poré, não vi sinal dela. Viviane estava arrumando algumas araras e me aproximei.

— Onde está Adeline?

— Amanheceu gripada e com febre, a deixei dormindo.

— Ah... Obrigada.

— Deixei chá para ela, imagino que amanhã já esteja nova em folha.

— Sim, espero que ela melhore logo.

Espero que seja gripe mesmo. Não me surpreenderia se ela tivesse feito de propósito para sair escondida.

A manhã seguiu tranquila, almocei e voltei ao trabalho.

— Senhorita? — Alguém chamou e eu me virei. Abri um sorriso ao notar que era aquele rapaz das meias e fitas de sua mãe.

— Olá, senhor, como vai? Faz tempo que não o vejo.

Ele deu um sorriso tímido. — Sim, é verdade.

— Então... veio comprar o que para sua mãe, dessa vez?

— Nada. Na realidade, eu... — Ergueu as mãos com duas caixas pequenas de madeira. — Queria entregar isso para a senhorita e para a senhorita Legrand. Aqui, veja. — Me estendeu uma.

Surpresa, peguei a caixa e a abri, me deparando com um colar de duas voltas, com pequenas pérolas intercaladas com mini cristais. Minha boca se abriu, não conseguindo conter o fascínio.

— Acho que a senhorita se recorda do meu irmão, que veio comigo na primeira vez... Ele é ourives e eu pedi para ele fazer algo que eu pudesse lhes presentear. Acho que ele exagerou um pouco, mas... Espero que gostem.

— Eu... Claro que eu estou maravilhada, mas... Por quê? — O olhei.

— Porque vocês são anjos que nos ajudaram, e eu queria retribuir de alguma forma.

Admirei aquele colar, tocando as pedrinhas e perolas, ansiosa para colocá-lo em meu pescoço.

— É maravilhoso... Eu nem sei como agradecer...

— Não é necessário. Eu que estou retribuindo sua gentileza... Onde está a senhorita Legrand? — Olhou ao redor.

— Ela não veio trabalhar hoje... É uma pena.

— Ah... realmente. Queria muito ver sua reação. — Fez uma carinha triste.

— Por que não volta amanhã? Ela está gripada, mas provavelmente estará melhor amanhã para vir trabalhar.

— Infelizmente não posso. Voltarei para minha casa amanhã de manhã. Por isso vim nesse horário, meu irmão havia terminado há poucas horas.

— Ah... — Fiz um bico. — Eu queria muito que o senhor visse a reação dela.

Ele deu um pequeno sorriso. — Tudo bem, o importante é que a senhorita gostou, e imagino que ela também irá.

— Sem dúvida alguma. Eu agradeço por ela o seu gesto.

— Então fico muito grato.

— Onde o senhor mora? É longe?

— Um pouco, moro em Orléans. São algumas horas de viagem.

— Entendo... Seu irmão e sua mãe irão junto?

— Apenas minha mãe. Meu irmão mora aqui com sua esposa. Estávamos instalados na casa deles nessas semanas.

— Então o senhor sempre vem os visitar.

— Quando posso, sim.

Afirmei, dando uma última olhada ao colar e fechei a caixinha.

— Bom, melhor eu ir. Não quero atrapalhar seu trabalho. — Deu um sorrisinho.

— De forma alguma, o senhor é cliente.

— Agradeço. Aqui. — Me entregou a outra caixa. — Espero que a senhorita Legrand goste tanto quanto a senhorita.

— E irá. Muito obrigada pelos presentes.

— Eu que agradeço. Até mais. — Antes que ele se virasse, me lembrei de algo.

— Espera. — Ele me olhou. — Nós nem nos apresentamos... Meu nome é Heloise Durmas.

— Ah, que grosseiro eu sou, me perdoe. Eu sou Jean Hubert.

Ao mesmo tempo que minha boca abria em grande surpresa, meus olhos se arregalaram.

— J-Jean?!

Ele estranhou minha reação. — Sim... Por que o espanto...?

EU O ENCONTREI! FINALMENTE!


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Notas finais do capítulo

Aaaaah, achamos o futuro marido, minha gente!

E agora, Heloise, o que vai fazer? Essa realmente foi uma grande surpresa kkk

Aqui a imagem que usei de inspiração para o colar. A única diferença é que no colar do Jean não tem essa parte de baixo, somente as duas argolas de pérolas e cristais.

https://i.pinimg.com/564x/1d/4c/36/1d4c363b8e69b4ebb8b1e6ee1d2632d7.jpg

Bom, espero que tenham gostado de mais um capítulo!

Nos vemos na quarta o/



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