À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 55
Baseado em Fatos Reais


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoinhas! Desculpe pela falta de capítulo no sábado. Novamente não consegui terminar de escrever a tempo >.

Boa leitura!



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Assim que despertei em plena sexta-feira, um único pensamento me veio em mente.

O plano do dia era procurar por Alexander naquele parque depois do trabalho. As chances de encontrá-lo no mesmo banco eram grandes.

Enquanto me trocava, torcia para não encontrar Armand no salão de refeições. Seria um tanto vergonhoso... E eu também precisava pensar em algo para afastá-lo, já que aparentemente ele não aceitava um não sem antes buscar outras formas de me conquistar.

Talvez fosse mais fácil se eu me aproveitasse um pouquinho de Nathaniel. Quem sabe se Armand me visse com ele, sossegasse o facho.

Por sorte, não encontrei o homem no café, então fui tranquilamente para a loja. Questionei Adeline sobre seu admirador, mas segundo ela, ele não mandara mais nada.

É claro que não mandou mais nada. Agora que já está a meio caminho andado, não precisa de tantos poemas, não é?

Assim que fui dispensada, saí rapidamente da loja e segui o mesmo caminho que fiz enquanto seguia Armin para o parque. Caminhei mais devagar pela calçada quando cheguei ao lugar, olhando atentamente para cada pessoa afim de encontrar Alexander.

Felizmente o encontrei, no mesmo banco do outro dia.

Agora o problema era: O que eu falaria? Que assunto puxaria?

Tentava pensar enquanto caminhava, e assim que me sentei, Alexander desviou o olhar de seu caderno para mim e abriu um sorriso de reconhecimento.

— Senhorita... Novamente por aqui?

— Olá, senhor Fabre. Como vai? — Sorri para ele.

— Muito bem, obrigado. E a senhorita?

— Estou ótima... Resolvi vir dar um passeio. Gostei muito deste parque. É agradavelmente calmo.

— Concordo. É meu local favorito... Desde menino venho para cá, seja para ler, escrever, pensar ou apenas aproveitar o ambiente.

— Então o senhor nasceu aqui mesmo?

— Sim, nasci nesta mesma casa onde moro hoje. E, apesar de sempre ter vivido aqui, não pretendo ir embora.

— Por quê?

— Apego à cidade, imagino. Não consigo me visualizar morando longe ou mesmo em outro local... Meu irmão, por outro lado, sempre quis se mudar. Sempre achou esta cidade tediosa... E agora, está morando na América do Norte. A vida é engraçada — disse, pensativo.

— Bom... mudanças são necessárias, às vezes. Sair da nossa zona de conforto nos proporciona novas perspectivas e sensações.

Alexander me encarou, refletindo sobre o que ouvira, como se percebesse que aquilo fazia total sentido.

— A senhorita tem razão... Talvez... seja por isso que não consigo mais escrever como antes.

— Está com bloqueio criativo?

— Bloqueio criativo...? — pensou alto, desviando o olhar. — Creio que sim, deve ser isso.

— Acredita que esteja sem criatividade para escrever coisas novas porque não costuma sair daqui?

— Talvez. É uma possibilidade... A última vez que escrevi algo realmente interessante, foi quando viajamos para Saint-Denis.

— Nossa mente funciona na base de experiências... Se você não costuma ter experiências novas, não tem no que se basear.

Ele me olhou novamente. — Sim, tem razão... Como a senhorita chegou a essa conclusão? Experiência própria?

— Também... Mas também possuo amigos escritores. Acabo compartilhando do sofrimento deles por conta do bloqueio criativo. Grande parte deles têm mais ideias quando viajam, quando fazem coisas diferentes... Quando realmente saem de suas zonas de conforto.

— Entendo...

Talvez eu possa começar a tocar no assunto agora...

— Eu acabo vendo todo o processo de escrita deles. Eles me contam suas ideias, eu ajudo com mais algumas, depois opino de como o esqueleto do texto está... Também ajudo a revisar, encontrar erros gramaticais... E principalmente a ajudar a espalhar a história, claro.

Alexander riu. — Isto que é uma verdadeira amiga.

— É isso o que os amigos fazem. Apoiam. Inclusive, sofro junto quando o livro não vende, ou quando são plagiados. É muito frustrante.

— Eles já foram plagiados? — perguntou, surpreso.

— Infelizmente já. Um dos meus amigos descobriu que seu amigo roubou seus poemas e tentou publicá-los em seu nome... Eu presenciei uma briga feia naquele dia.

— Uau... Eu também ficaria enfurecido se roubassem meus poemas, por mais antigos que fossem. É realmente frustrante outra pessoa levar créditos por algo que você se esforçou para fazer.

— Sim! E quando pedem para você escrever algo para eles? É muito chato.

— Pelo menos desse mal nunca sofri. — Ele riu, brincando.

Como não? — Não?

— Não.

— Nem um poema? Um textinho bonitinho... Nunca?

— Não, nunca. Até porque, eu não gosto de escrever coisas para os outros, nesse sentido. Prefiro que seja algo espontâneo.

Hm... então será que seu irmão roubou seus poemas...?

— Sim, quando a escrita é espontânea é muito melhor... — O vi fechar seu caderno. — Me perdoe por te atrapalhar, não foi minha intenção.

— De forma alguma. — Sorriu. — Nossa conversa está sendo maravilhosa. Eu... — Olhou para o chão. — Não pude evitar de observá-la com seu parceiro, naquele outro dia, depois que entrei em casa. Vocês formam um lindo casal... Até me inspirei e tentei escrever algumas coisas.

— É mesmo? — questionei, animadamente.

Suas bochechas coraram. — S-sim, mas não consegui ir além de algumas linhas.

— Ah... que pena. Adoraria ver.

— A senhorita não se incomoda...? — Me observou.

— Claro que não. Fique à vontade. Serei uma personagem?

Alexander deu um sorrisinho sem jeito. — Sim... Pensei em escrever um romance.

— Uau! Escreva, te dou meu total apoio.

Ele riu. — Agradeço... Me perdoe, esqueci meus modos e de lhe perguntar sua graça.

Acabei rindo. — Heloise Dumas.

— Dumas...? — Suas sobrancelhas se ergueram. — E-então é parente de Alexandre Dumas?

— Ah... — Eita... — Parente distante, sim. O conhece?

— Claro! Quer dizer, não pessoalmente, mas... Suas obras são famosas. Minha obra favorita é Memórias de um Médico, só não me pergunte quais dos livros. Tenho dúvidas até hoje — explicou, entusiasmado.

Dei risada. — Eu ainda não tive a chance de ler, então não se preocupe que não lhe perguntarei nada — brinquei. — Então... O senhor não disse seu nome completo.

— Ah, sim! Me perdoe. Sou Alexander Fabre, muito prazer. — Fez uma pequena reverência com a cabeça.

— Igualmente. — Sorri com sua animação repentina.

— Então... a senhorita realmente não se incomoda se eu me inspirar e criar uma personagem à sua base?

— Não, pode até dar a ela meu nome. Seria extraordinário.

Alexander sorriu, ficando animado. — E seu parceiro? Como se chama?

— Nathaniel Berger.

— Ah... seu nome não me é estranho, já ouvi em algum lugar.

— Ele é psicólogo. Tem um consultório não muito longe daqui. Se algum dia estiver com a cabeça fora do lugar, é só marcar uma consulta com ele.

— Claro, agradeço a indicação. — Riu. — Ele também não se incomodaria em ter seu nome em uma história?

— Com certeza não. Assim como eu, tenho certeza de que ele gostaria de receber um pagamento.

— Pagamento...?

— Uma cópia do livro, é claro — brinquei, rindo.

Ele riu de forma aliviada. — Ah... Me pegou desprevenido. É claro que lhes presentearia com cópias, seria o mínimo.

— Então trato feito. Já possui alguma ideia sobre a história?

— Não, apenas imaginei os dois personagens principais... Alguma sugestão?

— Hm... Que tal se escrevesse sobre a vida de Heloise a partir do momento em que ela decide consultar um psicólogo? Não porque é louca, mas porque está com a cabeça cheias de dúvidas sobre o que fazer da vida.

— Foi o que aconteceu com a senhorita?

— Mais ou menos.

Ele concordou e reabriu seu caderno, começando a anotar as ideias. — Gostei bastante... O que mais?

— Bom, o psicólogo a atende a primeira vez e percebe que ela é... diferente. Criativa, fora de seu tempo e principalmente amigável. Ele fica interessado em ajudá-la como puder, e conforme as consultas acontecem, percebe que começa a criar sentimentos por ela.

Alexander assentia enquanto escrevia avidamente.

— Só que Heloise não é daqui... É de outro lugar, bem longe. E como é uma pessoa sedenta por liberdade e que não quer saber de relacionamentos... fica na dúvida se se deixa levar pelo que sente pelo psicólogo ou não.

— Mas... eles têm um romance...? — Me olhou, interessado.

Deixei escapar um sorrisinho. — Sim... Mal conseguem permanecer juntos sem se tocar.

Ele sorriu, como se imaginasse a cena e voltou a escrever. — E afinal... Eles ficam juntos?

— Bom, aí eu já não sei. Essa parte pode ficar sob sua vontade.

— ... Ela não se deixaria levar pelo sentimento? Largar o que fosse onde mora apenas para conseguir ficar com sua paixão? — Novamente, fechou o caderno e me encarou.

Observei o movimento sutil da rua, pensativa. Suspirei. Eu sabia que aquela pergunta já não se referia mais a personagem.

— Não, por mais tentadora que fosse. As... coisas que a prendem em sua casa são muito fortes... Não é tão simples. — Voltei a olhá-lo. — Mas claro que pode mudar isso, se quiser.

— Entendo... — respondeu, também pensativo. — Refletirei sobre as opções... Espero conseguir deixá-la ciente sobre tudo.

Sorri. — Também espero. Na verdade, é sua obrigação me deixar ciente de tudo — brinquei, o fazendo rir. — Sinta-se livre para me procurar na pensão dos Pierre, depois das quatro da tarde, que é o horário que saio do trabalho.

— Tudo bem, farei isso quando tiver mais coisas para mostrar.

Concordei e notei alguém atravessando a rua em nossa direção. Quando ergui o olhar, vi que era Armin. Ele se aproximou, ficando a nossa frente.

— Avise a mamãe que irei jogar. Mais tarde voltarei.

— Ok — respondeu Alexander calmamente.

Armin me cumprimentou com um aceno de cabeça e saiu andando. Olhei para Alexander, que observava o irmão se afastando, e suspirou.

— Aparentemente, tenho um irmão masoquista — comentou, desviando o olhar.

E você acabou de atiçar minha curiosidade.


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Notas finais do capítulo

Aaah eu amo colocar fatos reais na história!

E aí, o que estão achando de Alexander? Ele parece ser um rapaz muito bom e inteligente. Será que tem ideia do que seu irmão faz? ~suspense

Mas e aí, o que estão achando de tudo até agora? Têm dúvidas? Teorias? Me contem! Adoraria saber!

Nos vemos no próximo capítulo o/



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