À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 41
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas!

Vamos ver o que a Lolo anda aprontando.

Boa leitura!



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Assim que pisei na loja dos Legrand na manhã de sexta-feira, Adeline veio correndo me encontrar.

— Heloise...! — Cruzou seus dedos em frente ao peito, parecendo ansiosa. — Eu... recebi uma carta.

— De quem? — Franzi o cenho.

— Não sei, não tinha nome. Escreveram um pequeno texto elogiando minha atitude como vendedora e... sobre mim. — Suas bochechas ficaram avermelhadas.

— Sobre você?

— Sim... Compararam meu sorriso a luz da lua, e o brilho dos meus olhos ao primeiro raio de sol... — comentou, sonhadora. — Eram lindas palavras... Me lembrei do que você tinha dito... mas não consegui não ficar feliz. É a primeira vez que um admirador me manda uma carta!

Ai, caramba... — Estava assinado como “admirador”?

— Sim. Admirador secreto...

— E você não tem ideia de quem possa ser?

— Não, afinal de contas, é um admirador secreto.

— Claro... — sussurrei, olhando ao redor, tentando raciocinar. — Eu sei que você está feliz, mas tome cuidado, está bem? Se algum rapaz tentar se aproximar de você, me avise.

— Você saberá se ele é alguém ruim?

— Saberei. Não sei o porquê, mas tenho um bom pressentimento quanto a homens, sei quando eles são bons ou não.

— Uau... Será que um dia saberei também?

— Talvez. Isso é algo que se adquire com o tempo e experiência.

— Eu realmente gostaria muito de saber sobre suas experiências — disse, com os olhos brilhando de curiosidade e estima.

— Um dia te contarei tudo o que quiser saber. — Dei um sorriso a ela. — Agora vamos trabalhar, ou sua mãe chamará nossa atenção novamente.

Adeline deu uma risadinha e concordou, e assim nos separamos para fazer nossas tarefas. Novamente o dia passou rapidamente, e quando percebi, já estava voltando à pensão, perdida em pensamentos. Assim que passei pela recepção, vi Oliver atrás do balcão fazendo algumas anotações.

— Oi, Oliver.

— Olá, Heloise, como vai? — Me lançou um sorriso. — Desculpe, preciso terminar algumas coisas, mas pode falar que sou todo a ouvidos.

— Ah, então não se preocupe. — Sorri. — Eu vou bem. Cansada com o emprego temporário, porém muito feliz. E você?

— Emprego temporário? Nem sabia sobre isso.

— Ah, eu acabei esquecendo de comentar, mas sim, estou trabalhando de vendedora na loja dos Legrand até domingo. Estou no lugar de uma moça que está doente.

— Entendo. Que legal, fico feliz por você estar feliz, então. Eu estou bem e cansado também, com a cabeça cheia.

— Ainda pensando em como pedir Clarisse em casamento?

— Sim, ainda não decidi como será. Sei que uma hora vou pensar em alguma coisa.

— Vai sim, tenho certeza disso. Bom, vou deixá-lo trabalhar. Até qualquer hora.

— Até.

Subi e fui para meu quarto. Me deitei na cama e comecei a enrolar mexas de cabelo nos dedos, pensando.

É hoje o jantar que Denise comentou... Será que eu devo aparecer por lá...? Não, né? Seria muita intromissão. Por mais que eu quisesse fazer uma cena e ajudar Denise, seria errado.

Preciso pensar em outro jeito...

Será que Castiel realmente não considerou nem sequer uma palavra que eu disse a ele? Não se importa nem um pouco sobre não poder mais ver Denise? Hm... Será que eu devo tentar falar com ele de novo? Pelo menos uma última vez... O tempo está acabando e esse pedido de casamento está cada vez mais próximo.

Ai, Deus, o que eu faço? Estou completamente perdida...

Eu sei que não deveria me meter em mais nada além da minha missão principal, mas... Não tem como ficar parada vendo isso.

Decidi que tentaria falar com Castiel uma última vez. Iria até sua casa depois das seis ou sete, talvez ele já tenha saído da padaria esse horário.

Arrumei o quarto para matar o tempo, pensei um pouco sobre Nathaniel para não perder o costume, fiquei um bom tempo fantasiando sobre um possível relacionamento, e quando vi a hora, levantei. Eram seis e meia.

Respirei fundo, juntando coragem para enfrentar o mau-humor de Castiel e sai do quarto. Desci até o térreo, e assim que pisei no corredor, vi Armand entrando.

— Boa noite, senhorita Dumas. — Ele sorriu, simpaticamente.

— Boa noite, senhor Burnier. — Parei no lugar, nem um pouco ansiosa para falar com Castiel. — Tudo bem?

— Tudo ótimo, e a senhorita? Está indo jantar?

— Ah... Sim, tudo bem, e não, ainda não.

— Que pena, iria chamá-la para se juntar a mim. Pelo jeito o jantar de hoje será bem agradável.

Fiquei um pouco surpresa com aquilo e tentei focar em outra coisa. — Por que mais agradável?

— Colocaram um piano no salão. Imagino que alguém tocará enquanto os hóspedes jantam. Acho uma atitude admirável.

— É mesmo?

— Sim, pois sempre havia música nos jantares de minha família. É nostálgico, para mim.

— Que bonito. Me parece que te traz ótimas lembranças.

— De fato. — Deu um sorriso. — Bom, já que a senhorita ainda não poderá aceitar meu convite, me abstenho em lhe desejar uma boa noite.

Poxa, ele foi tão legal comigo e eu faço isso... — Quem sabe outro dia em que eu não esteja ocupada e mal-educada? — Tentei brincar e ele riu. — Me perdoe por isso.

— Não há porque lhe perdoar, nem sempre estamos livres, não é mesmo? Não se preocupe, lembrarei de sua proposta outro dia.

— Então tudo bem. Boa noite e bom jantar. — Ele acenou cordialmente e virou o corredor, indo para o salão de refeições.

Fiquei parada ali, olhando de uma ponta a outra do corredor. Eu não estava com um pingo de vontade de ir falar com Castiel, ainda mais sabendo que ele era alguém que, após um dia de trabalho, voltava para casa estressado. De repente, vi Diane, mãe de Kentin e Oliver, virando o corredor, andando rápido para o pátio com uma travessa na mão.

Tive uma sensação estranha na boca do estômago e, sem pensar, a segui, mantendo muita distância para que ela não me percebesse. Ela seguiu para a casa, e eu fui logo atrás. Assim que entrou na cozinha, me aproximei tentando não fazer barulho e fiquei debaixo da janela.

— Denise, querida, deixe que eu cuide disso. Por que não volta à sala?

— Eu não quero ficar lá mais do que o necessário, tia — respondeu Denise com pesar na voz. — René não para de falar sobre como é habilidoso em convencer as pessoas a fazerem seguros de vida.

Diane riu baixinho. — Ah, querida... Se tudo continuar desse jeito, você terá que acostumar, e eu sinto muito por isso. — Denise suspirou desanimadamente. — Tudo bem, se perguntarem digo que pedi sua ajuda, pois suas mãos fazem mágica com a comida.

— Melhor não dizer isso, ou René ficará mais interessado. Ele come muito — comentou um pouco mais animada.

— Ok, ok, apenas direi que pedi sua ajuda. — Riu. — Vou apenas dar um pulo no banheiro.

— Tudo bem.

Ouvi passos se afastando, e silêncio. Pouco segundos, ouvi Denise fungando e suspirando, como se estivesse segurando o choro.

Não, Denise...

Sem aguentar, fui até a porta e entrei, fazendo Denise pular de susto, mas relaxar ao perceber que era eu.

— Helô... — sussurrou, quase aliviada. Uma lágrima escorreu em sua bochecha. — Me tira daqui, por favor.

Mordi o lábio e passei as mãos no cabelo nervosamente, sem saber o que fazer.

— Denise...? — Ouvimos uma voz masculina chamar, se aproximando.

Denise olhou rapidamente para a porta com os olhos arregalados, e me encarou, pedindo socorro em silêncio. Engoli seco, e agindo rápido, segurei sua mão e a puxei para fora. Corremos pela lateral da casa e seguimos para a pensão. Só paramos ao chegar na recepção vazia.

— Obrigada, Heloise... — Denise falou entre uma fungada e outra, secando seu rosto com as costas das mãos.

— Você sabe que não vai adiantar muita coisa, não sabe? — Me aproximei dela e esfreguei seus braços, tentando confortá-la de algum modo.

— Eu sei, mas ainda assim já me sinto um pouco melhor.

A maquiagem de seus olhos havia saído, uma parte borrou, e outra escorreu junto das lágrimas. Com a ponta dos dedos, comecei a tentar limpar o rastro que ficou em suas bochechas.

— Ah, Denise... — cochichei, chateada. — Eu queria tanto, mas tanto poder te ajudar...

— Eu percebi que isso não está ao nosso alcance, Helô... Não tem nada que possamos fazer para impedir isso... — falou com a voz chorosa.

Eu odeio vê-la desse jeito... Por que eu não consigo fazer nada?!

— Denise... — Nos viramos, vendo um rapaz entrando no cômodo. — O que está acontecendo?

— Nada, René. — Virou o rosto, tentando escondê-lo.

— Como nada? Por que está chorando? — Se aproximou e segurou seu braço, a fazendo se virar. — O que aconteceu?

— Eu já disse que nada. — Tentou se afastar, mas ele a segurou mais forte.

— Ei, solte ela agora — exclamei, vendo Denise fazer uma careta de dor.

— Não se meta do que não é da sua conta, eu sou o futuro marido dela. Ela precisa aprender a confiar em mim e em mais ninguém.

Segurei o pulso de René em um ponto especifico, apertando, e assim ele a soltou, puxando seu braço e segurando onde eu havia pegado.

— Se encostar nela desse jeito de novo, você que vai aprender a confiar somente em sua própria sombra — ameacei, puxando Denise para perto de mim.

— Denise, vamos voltar para o jantar. Nossos pais estão esperando. — Tentou puxá-la, mas ela se esquivou, indo para trás.

— Não! Eu não quero voltar! — disse alto, firmemente.

René cerrou o maxilar. — Denise... se você não vier comigo agora...

Minha mão começou a coçar de vontade de esmurrá-lo...

— Se ela não for com você o quê? — Ouvimos o sino da porta tocar e alguém falar ao mesmo tempo. Virei no mesmo segundo, vendo Castiel entrar, segurando uma embalagem quadrada, já encarando seriamente René.

— Mais um para se meter onde não é chamado? — René falou, irritado.

— Se continuar tratando Denise desse jeito, verá onde eu vou meter meu punho. — Castiel ameaçou.

René não pareceu intimidado e apenas olhou para Denise. — Vamos ver o que os mais velhos pensam dessa situação. — E se retirou.

Denise escondeu o rosto com as mãos e começou a chorar. Castiel deixou a caixa no balcão para poder abraçá-la de modo protetor.

Deus do céu...


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Notas finais do capítulo

Eitaaaa!

Castiel apareceu de repente e já mandou uma daquelas! Será que ele resolveu mexer o traseiro?

Bom, para quem sentia falta de um personagem odiável, lhes apresento René xD

Espero que estejam gostando! Nos vemos sábado o/

Obs: GENTE ACONTECEU UM MILAGRE. EU ACHEI O HOMEM PERFEITO PARA REPRESENTAR O NATHANIEL. MAL ACREDITEI QUANDO VI!

https://br.pinterest.com/biahmastrocollo/%C3%A0-procura-de-adeline-legrand/

Até achei um ótimo carinha para ser o Castiel e outro para ser o Lysandre (foi o cara mais semelhante com ele que já vi até agora) O que acharam? :3



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