À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 40
Cuidado com Salafrários


Notas iniciais do capítulo

Oi, xuxus!

Demorei um pouquinho, mas cá estamos. Hoje tá corrido por aqui.

Enfim, teremos um belo momento de surto da Lolo (que eu ri horrores) e mais umas conversas com a senhorita Legrand.

Boa leitura!



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Ai, Deus, isso foi tão errado! O que eu farei com esse sentimento? Isso não devia ter acontecido, mas eu me sinto tão feliz...!

Fazia tanto tempo que não sentia meu coração bater dolorido desse jeito de tão nervoso, tanto tempo que minhas mãos não ficavam geladas, tanto tempo que... Eu me senti apaixonada desse jeito, como se fosse a primeira vez.

— Senhor... — resmunguei em voz alta. — O que eu faço?

Eu não conseguia parar de passar as mãos no rosto, nos braços, morder o lábio. Meu corpo não queria parar de se mexer e meu cérebro não queria parar de lembrar das sensações que tive. Ainda sentia os lábios de Nathaniel nos meus, como se ainda estivéssemos nos beijando. Sentia sua mão em meu rosto, e em minha cintura, costas... A textura de sua pele e cabelos ainda estava impregnado em minhas mãos.

E era lógico que eu não queria que passasse. Mas a parte racional de minha mente me martelava dizendo que eu não devia me levar por isso.

— MERDA! — gritei rindo, sem conseguir me conter.

Que saco...

Toques na porta me despertaram de meu surto quase interno e eu fiz uma careta, pensando que tinha berrado alto demais. Levantei e fui até lá, a abrindo, dando de cara com Armand.

— Senhorita, está tudo bem por aí? — Ele perguntou preocupado. — A ouvi gritando.

Comecei a rir e Armand me encarou como se eu estivesse doida.

— Me desculpe — falei entre respirações, tentando controlar o ataque de riso. — Não foi nada. — Mais uma risada escapou. — Eu estou precisando dormir e não consigo, só isso.

— Tens ataque de riso quando está com sono? — Estranhou.

— Não, quando fico frustrada. — E apaixonada, mas isso você não precisa saber. — Desculpe se o preocupei. — Consegui parar de rir.

— Ah, tudo bem. Como estava passando no corredor acabei a ouvindo, achei que poderia ter acontecido algo grave. Mas se é assim, fico mais tranquilo.

— Sim, sim, desculpe de novo. Se acontecesse alguma coisa com certeza meu grito seria mais agudo.

Ele riu. — Certo, ficarei atento da próxima vez. Boa noite.

— Boa noite.

Fechei a porta e neguei com a cabeça para mim mesma.

Parabéns, Heloise.

Agora parece que tudo está bagunçado. Agora tenho mais essa “preocupação”, não sei o que fazer para ajudar Denise, preciso ficar atenta à Adeline e aquele cara... Não são coisas complicadas — tirando o caso de Denise—, mas por que parece um monstro de sete cabeças agora?

Vai, Heloise, você precisa dormir. Tem que trabalhar amanhã... Mas como vou conseguir dormir elétrica desse jeito...? Talvez um banho me ajude a relaxar.

Enchi a banheira e me despi, entrando quando estava cheia. O relax foi momentâneo, por que minutos depois Nathaniel estava em minha mente novamente.

Ah, me deixa em paz, seu psicólogo lindo e cheiroso!

Tentando ignorar os pensamentos inquietos, terminei o banho e fui tentar dormir. Felizmente não demorou, já que eu estava cansada pelo dia agitado. Despertei sozinha e já fui me trocar. Tomei café da manhã rapidamente e no horário, fui para meu primeiro dia oficial de vendedora.

A loja já estava aberta e eu entrei, procurando por Adeline ou Viviane, e encontrei a primeira conversando com a moça do caixa. Me aproximei.

— Bom dia, senhoritas — desejei.

— Bom dia, Heloise! — Adeline disse alegremente. — Chegou na hora, mamãe vai gostar.

— Eu não gosto de atrasos, então faço de tudo para que não aconteça. Por onde começo?

Seguindo as instruções de Adeline, tive que pegar algumas peças no estoque da loja e colocá-las para exposição. Demorou um pouco para o movimento começar. Lá para as dez horas, os clientes apareceram, e eu as ajudei como pude, sempre sendo simpática e atenciosa. Assim que terminei de atender uma senhora, vi que Adeline estava atendendo dois rapazes, e notei que eram os mesmos que eu havia ajudado com as meias finas. Pelo jeito, estavam comprando casacos daquela vez.

Eu não estranhava que eles olhassem Adeline tão... admirados. Ela parecia uma boneca de porcelana, toda delicada e encantadora. Seria impossível um rapaz não ficar maravilhado por ela.

Adeline falava segurando dois casacos em frente ao corpo, como se explicasse as especificações de cada um, e aparentemente, os rapazes não prestavam atenção nas dicas que ela dava, somente em seu rosto e gestos.

Espera aí, Heloise, não é para você ficar achando graça. Presta atenção, qualquer um que olhar demais para ela é suspeito de ser o futuro-ex-marido. Até um desses dois bocós pode ser ele...

Melhor eu ficar esperta.

Atendi mais uma mulher, sempre prestando atenção nos três, e assim que terminei, vi Adeline levando os rapazes ao caixa e depois se afastar. Fui até ela.

— Como vão as vendas hoje? — Puxei um assunto bobo para começar.

— Vão bem. Espere para ver amanhã e sábado. São os dias de mais movimento.

— É mesmo?

— Sim, pois normalmente as famílias se reúnem, fazem festas... As pessoas querem roupas novas para ocasiões especiais.

— Sim, sim, claro... — Percebi um dos irmãos dando uma rápida olhada em nossa direção. — Adeline... — E ela me olhou. — Por acaso você conhece aqueles dois rapazes que você estava atendendo?

— Não. Por quê? — Seus olhos brilharam e abriu um sorriso. — Ficou interessada em algum deles?

— Quê? Não, não...

— Se ficou, eu posso me aproximar deles — interrompeu. — Adoro dar uma de cupido! Posso me aproximar, ficar amiga deles e falar de você, e...

— Não, Adeline, se acalma. — A segurei pelos ombros. — Eu só fiz uma pergunta, respira.

Ela riu. — Que medo é esse?

— Não é medo. Eu realmente só perguntei pois eles vieram aqui ontem e hoje, e ficaram te admirando.

— Me admirando?

— Você não percebeu?

— Não... Eu estava explicando sobre a diferença dos tecidos dos casacos e como a mãe deles poderia combiná-los com alguns vestidos... Achei que eles estavam prestando atenção para falar para a mãe...

Dei risada. — Se eles gravaram uma frase inteira já seria muito. Homens não costumam ligar para esses detalhes que nós ligamos. Eles vão direto para o principal. Se é confortável e veste bem.

— Nossa... Você entende bem de homens?

— Acho que sim.

Ela deu uma olhada para outro lugar e acenou, e eu vi que os rapazes tinham se despedido e ido embora. — Eles parecem ser legais...

— Adeline, não se deixe levar por aparência. Nunca se sabe quando um homem pode ser um salafrário.

— Salafrário? — Me encarou, surpresa.

— Sim. Você precisa ter muito cuidado.

— Mas por quê? Você já... — Pousou as mãos em seu peito.

— Eu... A avó de uma amiga conheceu um homem que parecia ser perfeito. — Melhor contar a verdade para ser mais convincente, só vou encurtar algumas gerações da família. — O homem a cortejou, a fez se apaixonar por ele... Pediu a mão dela em casamento para seus pais, e eles se casaram... Depois, o homem fugiu com o dinheiro da família.

Adeline tapou a boca com a mão, perplexa. — Que horror...

— Pois é... Todos confiavam nele, e aí... — Dei de ombros, sem precisar terminar a fala. — Depois disso, até eu comecei a ter cuidado com os homens que conhecia.

— Minha nossa... Acho que você tem razão... Você acha que... aqueles dois homens eram...?

— Não sei. Não gosto de julgar ninguém, sabe? Mas é sempre bom ficar esperta.

— Mas como eu poderia reconhecer um homem desse tipo?

Epa, nem eu sei. — Hm...

— Vocês duas vão ficar conversando ou vão trabalhar? — Viviane apareceu atrás de nós, nos repreendendo.

— Desculpe, mamãe. Já estamos indo. — Adeline falou, saindo dali. Eu fiz o mesmo antes que levasse outra chamada.

Adeline tinha razão... Como conseguir reconhecer um cara dessa laia? Como eu vou reconhecer o ex-futuro-marido? Isso que eu disse para ela serve totalmente para mim também...

Meus pensamentos foram interrompidos por mais uma cliente, e assim fui ajudá-la.

O resto da manhã passou rápido, logo fui almoçar na pensão e voltei à loja. Fiquei o restante do tempo atendendo e respondendo uma pergunta ou outra de Adeline sobre homens. No final do expediente, peguei meu pagamento e fui embora.

Passei pela recepção e subi. Assim que cheguei no meu andar, dei de cara com Denise.

— Denise... Está melhor?

Apesar de estar mais corada, ela não parecia totalmente melhor. Aparentava desânimo.

— Da gripe, sim, estou. — Deu um pequeno sorriso. — Você não apareceu mais depois daquele dia...

— Sim e eu sinto muito por isso. Aconteceram tantas coisas...

— O que você foi fazer, afinal? Quando saiu do meu quarto.

— Eu fui... falar com o Castiel.

— Quê?! — Sua voz aumentou, arregalando os olhos. — Por quê?!

— Ora, não é óbvio? Eu precisava tentar fazer com que ele acordasse para vida antes que te perdesse.

Ela engoliu seco. — E... o que ele disse?

— Nada que prestasse. Falar com uma parede é mais fácil.

Seus ombros caíram. — Nada de novo sob o sol.

— Não desanima, Denise, eu não desisti de te ajudar. Eu ainda pensarei em algo.

— Bom... Eu acho que você ainda tem um tempo... Amanhã René e sua família virão para o jantar, mas acho que será uma reunião qualquer, sem a intenção de falar sobre o casamento.

— Eu realmente espero que seja assim.

Ela sorriu levemente. — Eu preciso ir, ainda tenho que arrumar algumas coisas na cozinha. Depois conversamos, tudo bem?

— Claro. Me procure quando estiver livre.

— Farei isso. — E desceu as escadas. Suspirei e encarei o teto.

Ah, Deus... ela está tão desanimada... Eu não sei o que farei para ajudá-la. Não é possível que ela realmente vá se casar com esse cara.

Fui para o quarto e me joguei na cama, pensando em mil maneiras diferentes de tentar ajudar Denise, mas nada de útil vinha a minha mente.


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Notas finais do capítulo

Ai que vontade de puxar a Denise para o futuro :c

Será que a Heloise vai mesmo conseguir pensar em alguma coisa para ajudá-la? Esperamos que sim.

O que acharam do papo com a Adeline? Ela fica impressionada muito fácil, tadinha hsaush Ela é um amorzinho.

Enfim, espero que tenham gostado! Nos vemos quarta-feira o/



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