À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 4
Refeição


Notas iniciais do capítulo

Olááá! Como vão, senhoras e senhores? De boa na lagoa?

Mais um capítulo da viagem no tempo da querida e boca aberta Heloise!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760597/chapter/4

— Minha família mora no Sul, não tenho muito contato com eles.

— Por quê?

— Não sei. O tempo foi passando, as cartas diminuindo... Hoje em dia mal nos comunicamos.

— Veio para cá para trabalhar?

— Primeiramente, estudar, depois trabalhar.

— E mora sozinho?

— Sim. Tenho apenas uma governanta para me ajudar em casa.

— Entendi...

— Por falar em casa, a senhorita tem um lugar para dormir?

— Não. Eu só ficaria por aqui em último caso, e mesmo assim não achei que fosse necessário procurar por um hotel ou algo do tipo.

— Por que não?

— Porque achei que poderia resolver tudo em um dia, ou no máximo em alguns.

— Tenho um amigo que é dono de uma pensão, caso queira. Posso conseguir algum desconto, se não tiver muito dinheiro.

— Pode ser. Pelo jeito vou ter que ficar aqui e esperar Adeline voltar. Não compensaria voltar para minha casa e depois vir para cá de novo.

— É realmente tão longe assim?

— Muito longe... — Peguei a taça em um movimento automático, mas lembrei que o vinho tinha acabado.

De longe, vi Castiel atendendo outra mesa, e quando ele se virou, olhou em minha direção, e aproveitei para indicar a taça, tentando fazer uma carinha fofa. Se ele fosse do mesmo jeito que o Castiel que eu conhecia, provavelmente faria uma cara emburrada e me ignoraria. Entretanto, aquele Castiel acenou uma vez com a cabeça e entrou, logo voltando com a mesma garrafa que tinha nos servido.

— Seu vinho, madame — disse com um leve tom irônico, começando a encher a taça.

Eu sorri, percebendo as semelhanças. — Agradeço. — Ele fez menção para encher a taça de Nathaniel, mas ele deu um aceno negativo. Fez menção de sair, mas peguei a garrafa de sua mão. — Pode deixar aqui.

Castiel franziu o cenho levemente, mas riu. — Como quiser. — E saiu de novo.

Tomei um bom gole do vinho e encarei meu companheiro de mesa, que parecia um tanto surpreso pela minha ação. — Eu pago pela garrafa, tenho dinheiro para isso. Eu acho.

Ele sorriu. — Não se preocupe. — Então também encheu sua taça e deu um gole. — Afinal eu que te chamei para comer.

Também sorri. — Bom para quem é rico, não é mesmo?

Com uma risada, deu mais um gole da bebida. — Não sou rico, apenas... posso me dar ao luxo de certas coisas, às vezes.

— Claro.

Só percebi a volta de Castiel quando um prato foi colocado à minha frente.

— Obrigada. — Lancei um sorrisinho a ele, que retribuiu com uma piscadela, que Nathaniel não viu, e logo se retirou. — O que é?

Boeuf Bourguignon. — Pegou os talheres.

Era um prato com carne em pedaços, cozida com cebolas, acompanhado de cenouras e cogumelos. Parecia ótimo. Comecei a comer, saboreando aqueles sabores. Sentia o olhar do loiro sobre mim. Talvez eu não estivesse tendo os modos que deveria ter, mas provavelmente ele estava se acostumando.

— Gostaria de ir à pensão que falei, à tarde? Preciso voltar para que Rosa vá comer. Tenho um paciente no começo da tarde, e depois terei um tempo livre.

— Tudo bem... A quanto tempo ela trabalha para vo... o senhor?

— Rosalya trabalha lá... — Pensou. — Creio que há uns dois anos.

— E quanto tempo faz que trabalha nesse ramo?

— Cinco anos.

— Quantos anos tem mesmo?

— Vinte e sete.

— Hm, não parece. Aparenta ser mais novo.

— É mesmo? — Sorriu, um pouco tímido.

— Sim, eu te daria uns... — Analisei seus traços. — Vinte e três.

— Obrigado, então. A senhorita também aparenta ser mais nova. Te daria vinte anos.

Sorri, me sentindo um pouquinho convencida. — Muitas pessoas me dão essa idade. — Terminei de comer e dei o último gole de vinho.  — Agora sim fiquei cheia. — Me recostei na cadeira, colocando a mão sobre a barriga.

Um garçom veio retirar nossos pratos.

— Ainda tem a sobremesa. — Nathaniel comentou, também se recostando.

— Sempre sobra espaço para a sobremesa — brinquei.

— Concordo. — Sorriu.

De repente, me lembrei que não escrevia no diário fazia algumas horas.

Eu tenho muito o que escrever... Quem diria que as coisas estariam assim agora. Provavelmente Nathaniel estaria almoçando sozinho, se eu não tivesse esbarrado nele.

— O que foi? Lembrou de algo? — Nathaniel indagou.

— Sim... Eu... preciso anotar algumas coisas, para não esquecer quando... voltar para casa. Meus amigos querem saber das novidades.

— E tem onde anotar...?

— Sim, tenho. Trouxe um diário para isso.

— Acho que poderá escrever quando voltarmos, enquanto eu estiver com meu paciente, se quiser.

— Claro, verdade. Farei isso.

— Temos um pequeno jardim de inverno, pode ficar lá o quanto quiser.

— Obrigada... Na verdade, obrigada por toda sua ajuda — falei com toda sinceridade. — Não sei o que estaria fazendo agora se não tivesse te conhecido, então agradeço muito, muito mesmo.

Nathaniel sorriu e balançou a cabeça brevemente. — Não há de quê. Fico feliz por ajudar. Trocamos um olhar contente, e nossa sobremesa chegou nas mãos de Castiel.

— Creme brulée! — exclamei, feliz. — Minha sobremesa preferida!

Castiel riu, como se tivesse dado um presente a uma criança, e saiu. Dei uma colherada naquele creme com a casquinha de açúcar e suspirei ao comer. Era até melhor do que eu estava costumada a comer.

Raspei aquele prato e lambi a colher. — Bom demais.

— Vai tomar o restante do vinho? — Nathaniel pegou a garrafa.

— Pode tomar, se quiser.

Ele dividiu o resto da bebida em nossas taças e tomamos um gole ao mesmo tempo. Quando um garçom passou por nós, pediu a conta. Pouco depois, Castiel surgiu e entregou uma caderneta para o loiro, que pegou o dinheiro e colocou dentro dela, levantando e entregando ao moreno.

— Obrigado pelo serviço.

— Agradecemos a preferência. Tenha um bom dia. — Olhei para ele, estranhando aquela cordialidade toda. Nunca que o Castiel falaria daquele jeito. Ele estranhou meu olhar, enquanto me levantava. Empurrei a cadeira.

— Obrigada por tudo.

— Eu que agradeço pelas risadas — disse mais baixo. — Nos vemos por aí. — Acenei e me afastei, indo ao encontro de Nathaniel que esperava próximo à rua.

— Satisfeita?

— Muito. Obrigada pela refeição. — Voltamos ao escritório em silêncio.

— Voltamos, Rosa. — Nathaniel avisou assim que entramos. — Desculpe a demora.

— Tudo bem! — E ela saiu da sala ao lado. — Posso ir almoçar?

— Claro, pode ir.

Ela entrou e voltou com seu chapéu, que combinava com o vestido. — Até mais tarde.

— Até — falei, a vendo sair.

Nathaniel entrou em sua sala e eu o segui, indo para o sofá. — Seu cliente chegará logo?

Ele olhou para a estante a sua direita, para um relógio de ponteiro. — Daqui a meia hora. — Tirou seu casaco. — Se quiser ficar aqui nesse meio tempo, pode ficar.

— Okay.

Me sentei e cacei meu diário na mochila. O peguei, junto da caneta e me ajeitei, cruzando as pernas. Abri na página que tinha começado o texto, e continuei desde onde parei até o momento. Dava algumas paradas para pensar no meio do processo, repassando cada detalhe das memórias para não esquecer nenhum detalhe, e fechava os olhos para isso.

Claro que sentia o olhar de Nathaniel sobre mim, e ainda ouvia uma outra caneta escrevendo. Provavelmente ele estava anotando mais coisas sobre mim. Então para deixar as coisas iguais, escrevi um pouco sobre ele.

“Nathaniel Berger, vinte e sete anos, psicólogo e anota cada coisa sobre mim. É loiro, bonito e parece que sabe de cada coisa que eu penso.”

Escrevi também sobre Castiel. Eu com certeza mostrarei para ele quando voltar.

“O Castiel daqui é mais educado, simpático e menos sarcástico. Ou talvez ele fosse assim porque o dinheiro do salário dependia disso... Só sei que ele riu de algumas falas minhas.”

Virei um pouco o rosto, vendo Nathaniel com a cabeça baixa, ainda escrevendo.

Era bem provável que ele tivesse arquivos para cada paciente, certo? Será que ele me vê como uma paciente? Louca, que fala coisas estranhas e sem sentido?

Nathaniel levantou de repente, carregando seu caderno e se sentou na poltrona a minha frente.

— Senhorita Dumas, provavelmente acha estranho o fato de eu escrever tanto, estou certo?

— Hm... Acho que sim. Um pouco.

— Me perdoe por isso, mas... Eu... achei a senhorita muito interessante. O seu jeito de ver as coisas é muito diferente do que eu estou acostumado e eu não me contive em escrever sobre o que percebi. A senhorita se incomoda com isso?

— Acho que... não. — Dei de ombros.

— Então posso continuar a estudá-la? Se não se incomodar também, gostaria de fazer mais perguntas... Considere um acompanhamento psicológico gratuito.

Dei uma risada. — Me acha louca?

— Claro que não! — disse rapidamente. — A senhorita é apenas diferente.

Ouvimos o barulho do sino da porta. — Senhor Berger? — Alguém chamou da sala da recepção.

— Podemos continuar essa conversa depois? — Ele pediu, fechando seu caderno.

— Claro. — Peguei minhas coisas do sofá e levantei, saindo de lá.

— O jardim de inverno fica por ali. — Indicou o corredor da sala ao lado. Me adiantei e entrei na sala. Segui para a esquerda, para o corredor e já vi a porta no final dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o senhor Nathaniel acha a senhorita Dumas interessante... ~le carinha pensativa

Será que esse "acompanhamento psicólogo gratuito" pode dar ruim? Veremos.

No próximo capítulo iremos conhecer a pensão que o Nathaniel indicou. Qual será o próximo personagem conhecido a aparecer? Alguém tem um palpite? xD

Espero que estejam gostando! Favoritem a história, gente! Se não gostam de comentar, pelo menos deem um favoritinho e/ou coloquem nos acompanhamentos, para eu saber quem e quantas pessoas estão por aqui :3

Nos vemos lá o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "À Procura de Adeline Legrand" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.