À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 39
Recíproco


Notas iniciais do capítulo

Olááá pessoas!

É HOJE QUE TEREMOS SURTOS! (eu espero não surtar sozinha)

Boa leitura!



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Contei tudo a Nathaniel, sobre o casamento de Oliver e Clarisse, o infeliz casamento que Denise poderia ter, sobre a conversa com Castiel, o encontro com Adeline, as compras que fiz para poder me aproximar dela, e finalmente, o novo emprego.

— Uau... Como aconteceram tantas coisas em um único dia?

— Nem eu sei. Por isso disse que parece que fazem dias que nos vimos a última vez. — Tentei ficar na mesma posição do outro dia.

— Entendi... — Ele pegou seu bloco de papéis com o desenho e começou a rabiscar. — Então aparentemente seu plano de se aproximar de Adeline está começando a funcionar.

— Pois é. Só que eu fico meio desconfiada, sabe? As coisas estão dando certo demais.

— Ora, e você queria que não dessem? — Me olhou rapidamente, estranhando.

— Claro que não, mas... Você nunca teve essa sensação? Quando tudo dá certo desse jeito, parece que a qualquer momento pode acontecer uma catástrofe e desandar com tudo. Como meu pai diz, quando a esmola é grande, o santo desconfia.

Nathaniel riu. — Essa eu nunca tinha ouvido.

— Nath, Nath, se eu te falasse todos os ditados populares que você nunca ouviu... ficaria aqui a semana inteira falando.

— Não me importaria de ficar ouvindo — comentou, divertido.

Aquilo soou tão espontâneo que me fez corar, e eu não soube o que dizer. Nathaniel continuou observando seu desenho por uns segundos, até que me olhou novamente, e ao contrário do que achei, parecia seguro.

— Então... você tem algum plano para se aproximar de Adeline? — Ele perguntou.

— E desde quando eu consigo fazer algum plano decente? — brinquei e ele riu. — Eu só pretendo me aproximar o suficiente para que ela me considere uma amiga, daquelas que você desabafa sobre amores e coisas do tipo.

— E você espera que quando o futuro marido surgir, ela te diga sobre ele.

— Exatamente. Eu não estou muito preocupada, porque ela é bem aberta, logo que me conheceu já falou sobre casamento e em como fica observando os rapazes a procura de um bom marido... Então imagino que não vá ser difícil fazê-la confiar em mim para contar essas coisas...

Entre uma conversa e outra, íamos tomando nosso vinho, e aos poucos, a garrafa ia esvaziando. Nathaniel não se desconcentrou de seu desenho nem um minuto, provavelmente queria terminá-lo logo para não perder o fio da meada.

Eu já estava falando ainda mais pelos cotovelos e parecia que o psicólogo não se importava de ouvir e responder. Até parecia se divertir com isso.

— Acho... que acabei. — Deixou o lápis na mesa e ergueu o desenho à frente dos olhos.

— Posso me mexer?

— Pode.

Levantei e me espreguicei, então fui até ele para olhar também, e ele me entregou a folha. O desenho estava impecável, cheio de detalhes, de luz e sombra, volume, textura...

— Ficou incrível, Nath... — falei admirada, olhando cada detalhe.

— Mesmo? — Ficou ao meu lado, também olhando.

— Sim... Você fez cada detalhezinho minúsculo... Eu nunca teria essa paciência toda.

— Fico feliz, então.

O perfume de Nathaniel invadiu meu olfato e eu respirei fundo sem perceber. Seu corpo estava tão perto do meu que eu sentia seu calor em meu braço, e aquilo fez meu coração aumentar seus batimentos.

— Obrigada pelo desenho, vou emoldurá-lo — brinquei, tentando quebrar o clima estranho.

— Mas quem disse que eu te dei? — Ele sorriu, puxando a folha delicadamente antes que eu pudesse segurá-la.

— Mas...

— Você tem uma fotografia minha, e esse é o jeito de eu ter uma sua. — Nathaniel deixou a folha em cima da mesa e se ergueu novamente.

— Hm... Tudo bem. Mas eu quero tirar uma foto desse desenho.

— Isso eu permito. — Riu e pegou minha mão, dando um beijo em meu dorso. — Obrigado por ser minha modelo.

Minha mão parecia uma pedra de gelo em sua pele. — Eu que agradeço... pela paciência e por não me xingar por eu me mexer demais.

Deu risada. — De forma alguma. — Me soltou. — Foi um trabalho muito agradável de realizar.

Nossos olhares se cruzaram, sem saber mais o que dizer. Nathaniel abriu a boca para falar, mas como eu me movi, a fechou, e eu peguei meu celular no bolso do vestido. Dei a volta na mesa, arrumando a folha e coloquei na câmera. Tirei duas fotos, uma com flash e outra sem.

Assim que me ergui, aproveitei e tirei mais uma foto de Nathaniel, que foi pego de surpresa.

— Ei.

Eu ri. — Para guardar de lembrança.

Por um segundo, aquela palavra pareceu despertar uma memória nele, e assim desviou o olhar, incomodado com algo.

Mordi o lábio, receosa por ter feito algo que ele não gostou, mas antes que eu conseguisse pensar em algo, ouvimos toques na porta.

— O jantar está pronto, senhor. — Senhora Lourdes avisou.

— Obrigado, já iremos. — Nathaniel agradeceu. — Vamos jantar — falou, indo para a porta.

Senti algo gelado em meu estômago e guardei o celular, o seguindo para a sala de jantar. Nos sentamos um de frente para o outro e a Senhora Lourdes nos serviu.

Felizmente o assunto voltou, e comemos conversando sobre várias coisas banais. Depois, fomos para o escritório, bebendo mais vinho e rindo de coisas bestas que falávamos enquanto Nathaniel colocava música para tocar no gramofone.

— Senhorita? — chamou com a mão estendida, já com a música tocando.

— O quê? Você quer dançar? — perguntei rindo.

— Por que não?

Deixei minha taça quase vazia em sua escrivaninha e desencostei nela, aceitando sua mão enquanto nos posicionávamos.

— Algo me diz que você não sabe dançar. — Ele comentou, enquanto me orientava.

— Claro que não, você viu como as pessoas dançam no futuro.

Deu risada. — Elas apenas se mexem para todos os lados, sem ordem alguma.

— Exatamente — concordei rindo.

— E pensar que eu não verei mais uma balada. Não sei se fico triste ou feliz.

— Fique feliz, ninguém merece ver aquilo mais de uma vez.

Nathaniel gargalhou. — Se você diz...  — Se recompôs. — Então... só posso ficar triste por você.

— Por mim?

— Sim. Por não a ver mais, coisa que eu não quero pensar. — Seu sorriso sumiu aos poucos. — Você... tem essa mesma sensação estranha? De que... parece incoerente que não nos veremos mais, e ao mesmo tempo, parece um medo bobo, como se fossemos nos ver sempre.

— Acho que sim. Minha mente me faz acreditar que eu posso sim vir até aqui, como se fosse preciso apenas uma viagem de trem ou algo parecido. Só que...

— Não é tão simples.

Neguei, tentando afastar aquele sentimento que eu tanto queria ignorar. — É... melhor eu ir. Está ficando tarde. — Tirei a mão de seu ombro, mas ele não largou a outra.

— Heloise... Me desculpe.

— Pelo quê? — Franzi o cenho.

— Está óbvio, não está? — Abaixou nossas mãos, ainda juntas. — Desde o começo eu te achei interessante, diferente de todas as mulheres que conheci na vida. Eu a admirava por ser quem era, e isso não mudou, mas depois que voltamos, percebi que não era apenas isso.

Não, Nathaniel, não...

— Eu me apaixonei por você, Heloise, e eu sei que não podia, mas não consegui evitar vendo tantos lados seus, tantas coisas da sua vida pessoal...

Fechei os olhos, sentindo o coração martelando meu peito. Minha garganta secou com o nervosismo, e eu só conseguia senti-lo perto de mim, segurando minha mão.

— Você pode negar... — Ele segurou meu rosto e eu o olhei. — Mas eu sei que você também se envolveu comigo.

De onde saiu toda essa atitude? Por que agora? Meu Deus, isso não era para acontecer.

Notei o rosto de Nathaniel se aproximando, levemente corado. Assim que nossos narizes se encostaram, toquei o rosto dele, o impedindo de continuar.

— Nathaniel... — sussurrei, incapaz de usar o tom normal. — Você sabe que isso não tem futuro... E se... ficar difícil demais para aguentar...?

— Eu... — Sua mão em meu rosto desceu para minha cintura. — Quero ser mais como você, Heloise. Agir sem pensar, agir pelo instinto, pelo sentimento. Agir de acordo com o que eu sinto por você, e eu só quero...

Ele estava tão perto que eu mal ouvia meus pensamentos. Eu não queria pensar no que era certo ou errado, não queria pensar no que eu sentiria depois.

Eu só queria...

Soltei o ar pela boca e o vi se aproximar mais. Eu ansiava por aquele toque mais do que queria admitir. Senti seus lábios sobre os meus e devolvi o beijo no mesmo segundo, abrindo os lábios e o puxando para mim. Seus braços rodearam minha cintura e uma de suas mãos ficou em minhas costas, me dando apoio. Descansei meus antebraços em seus ombros, segurando seu pescoço e nuca, enquanto nossas línguas se tocavam como se já conhecessem o ritmo uma da outra.

Meu corpo todo esquentou junto ao dele, como se fossem ondas sensoriais. Eu sentia cada lugar onde ele tocava, cada mudança de posição de lábios e cada toque que nossos narizes faziam delicadamente.

Com um último beijo, nos afastamos poucos milímetros, nos olhando como se sentíssemos o que o outro sentia. Nos beijamos mais uma vez. Seus braços me cercaram ainda mais, me fazendo me sentir pequena, me fazendo sentir jovem e apaixonada. Me fazendo sentir desejada, ansiada e amada.

Finalizei o beijo, voltando a tocar seu rosto. — Eu preciso ir.

Nathaniel afirmou e beijou-se de novo. — Te levo até a pensão.

— Não precisa. — Dei um pequeno sorriso e me afastei.

— Mesmo?

— Sim... — Saí do escritório, indo até a sala para pegar meu casaco no sofá.

Nathaniel me levou até a entrada do prédio de mãos dadas, e paramos na porta, na calçada.

— Obrigada pelo jantar. — Senti as bochechas quentes pela primeira vez.

— Por nada. Talvez possamos repetir outro dia.

— Claro... Boa noite. — Lhe dei um selinho e sai andando.

— Boa noite...

Droga, Heloise, vai sair mesmo sair assim? Desembucha logo! Ah!

Parei de andar e me virei. — Nathaniel?

— Sim?

Soltei uma lufada de ar pela boca. — Eu também estou apaixonada por você.

Suas sobrancelhas se ergueram e vi seu rosto corando. — Parece que não somos tão espertos quanto achávamos.

Eu ri e concordei. — Até mais.

— Até.

Andei rapidamente, virei a esquina e sai correndo, tentando extravasar toda aquela energia, e só me dei ao luxo de gritar quando enfiei a cara no travesseiro.

Você está perdidamente ferrada, Heloise.


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Notas finais do capítulo

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah e aaaaaaaaaaah

Um milhão de as não seriam o suficiente para descrever minha animação com esses dois!

Heloise está ferrada? Sim. Nathaniel está ferrado? Sim. xD

Gostaram desse jantar tanto quanto eu? Espero que sim!

Nos vemos no sábado o/



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