À Procura de Adeline Legrand escrita por Biax


Capítulo 31
Camisinha Moderna e Psicologia


Notas iniciais do capítulo

Vocês pensam "Mas que raio de título é esse? Teremos saliências? ( ͡° ͜ʖ ͡°)"

E meus queridos leitores, eu vos respondo:

Só saberão quando lerem.

Boa leitura!



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— Eric — chamei ao chegar perto.

Ele se virou, com o celular em mãos, digitando. — Helô... — E me olhou. — Que cara é essa? O que aconteceu?

— Nada. Você sabe que eu não tenho mais idade mental para aguentar balada — comentei, tentando brincar, sem sucesso.

— É sério... Você brigou com ele? — sussurrou, antes que o loiro chegasse perto.

— Não, não tem nada a ver com ele. Eu só fico irritada com esse povo sem educação mesmo... Olha, obrigada pelas pulseiras, foi legal.

Eric me observou uns segundos. — Claro. Da próxima ficaremos todos juntos para evitar gente sem educação, tá bem? — Deu um sorriso e batidinhas no meu ombro.

Sorri. — É uma boa ideia. Bom, nos vemos outra hora.

— Sim. Ah... Quando você voltará mesmo?

— Amanhã à noite, quando a máquina terminar de carregar.

— Tá, vou ver se consigo ir para a casa do Castiel.

— Ok. Até mais.

— Até.

Dei uma olhada rápida para o loiro e ele me acompanhou para a rua. Respirei fundo mais uma vez, sentindo a raiva do momento esvaecendo e relaxei.

— Está mais calma agora? — Nathaniel perguntou baixo, andando ao meu lado.

— Sim. E eu exagerei, desculpe.

— Tudo bem. Eu também me exaltei um pouco... — De repente, ele riu.

— O quê? — Fiquei curiosa.

— Foi a primeira vez que... me chamaram de “loirinho gostoso”.

Comecei a rir. — Essa foi boa... Aquela menina estava muito bêbada.

— Mas até você me chamou assim. — Me encarou.

— Eu só estava falando a língua dela. — Apesar que não posso dizer que não é verdade. — Precisa de muita habilidade para falar com gente desse jeito, principalmente sarcasmo.

— Pelo jeito está acostumada, então.

— Em ser sarcástica, sim. Em falar com gente bêbada... também. Fazia tempo que não enfrentava esse tipo de situação...

Ouvimos pessoas correndo, e antes que eu me virasse, vi Íris e Castiel nos passando.

— Tchau, Helô! — Íris disse correndo com o urso nos braços.

— Não esqueçam a camisinha!

— Pode deixar! — Castiel respondeu acenando, e logo os dois viraram a esquina.

Dei risada. Esses dois combinavam tanto.

— O que é camisinha? — Nathaniel perguntou.

— Hm... — Estou me sentindo uma adulta que precisa explicar isso para uma criança. — É um método contraceptivo.

Ele pensou uns segundos. — Uma camisinha é um preservativo?

— Sim. — Bom, pelo menos ele sabe o que é. — Já existe isso em mil novecentos e doze?

— Sim... São feitas de borracha. Bem... desconfortáveis.

— Então você já usou uma.

— Já, mas... — Ele ficou corado. — Faz muito tempo. Talvez esteja diferente desde aquela época.

— Aquela época?

— Eu usei quando tinha dezoito anos... Na minha primeira vez.

— Por acaso seu pai te levou em um bordel para sua primeira vez?

— Levou. Por quê?

— Isso é nojento. Ainda bem que essa “tradição” morreu na maior parte dos lugares.

— Mesmo? Não existe mais?

— Existe, mas não é mais comum, felizmente. Sinceramente, você queria ter perdido a virgindade assim?

— Bom... Eu fiquei dividido entre querer e não querer. Eu ouvia meus tios falando sobre a questão de suas filhas terem que casar virgens, mas os filhos não podiam, eles tinham que ir a bordeis sempre que pudessem... Eu sempre achei isso injusto, mesmo tendo a pressão sob a minha cabeça de que era o certo. Eu não pude fazer nada a não ser ir e vê-los comemorando quando voltei para casa.

— Horrível... Enfim, voltando ao assunto. Se os preservativos eram de borracha, vocês não deviam sentir absolutamente nada, não é? — Dei risada. — E os homens ainda reclamam dos preservativos de hoje.

— Por quê? Mudou muito ou pouco?

— Muito... Mas eu vou te mostrar.

— Me mostrar?

— Vou te mostrar uma camisinha moderna.

Já estávamos perto de casa. Poucos minutos e chegamos. Subimos direto, entramos, cumprimentamos os gatos e fomos para o meu quarto. Andei até um dos criados mudos e abri a última gaveta, encontrando algumas camisinhas.

— Olha só. — Peguei a cartela que continham cinco pacotes e destaquei uma, mostrando. — Vem embalada, bonitinha e você abre assim. — Rasguei no meio, deixando o preservativo à mostra. — Pega.

Corando, Nathaniel a pegou, estranhando por estar melada. — Mas... — Ficou olhando, tentando entender como funcionava. — É realmente muito diferente... Como funciona?

Gente... isso está muito engraçado.

— Assim. — Peguei da mão dele e dei a volta, indo até minha cômoda.

Peguei o desodorante aerossol, que era o que tinha de melhor para usar e o deixei ali, me sentindo uma professora de educação sexual.

— Você faz isso. Aperta a ponta para não entrar ar, porque se entrar, pode furar ou vazar, o que não queremos que aconteça. Daí, com a outra mão, você desliza para baixo — expliquei, sem fazer a última parte. — Faz você. — Dei espaço para ele.

Receoso, Nathaniel tomou meu lugar e fez o mesmo. Apertou a ponta e com a outra mão, deslizou para baixo, fazendo o preservativo abaixar.

— Que cheiro estranho...

— É, tem cheiro estranho mesmo.

Ele abaixou o látex até a base do desodorante.

— Olha só, colocou direitinho. Nota dez para você.

Nathaniel riu, um tanto tímido. — E para tirar, é só puxar?

— Sim. — Peguei e puxei. — Mas claro que se tiver cheio você precisa ter cuidado para não fazer sujeira. É só dar um nó na ponta e jogar fora.

— Vocês não reutilizam?

— Eca, claro que não. — Fiz uma careta. — É descartável. Usa uma vez e joga fora. Não presta usar mais de uma vez, olha como ela fica. Toda esgarçada... Nesse caso aqui, já que não está usada, só tem uma coisa a se fazer para aproveitar.

— O quê?

Comecei a assoprar e a camisinha encheu. Nathaniel arregalou os olhos e se afastou, com medo do negócio estourar na cara dele.

— Relaxa, não vai estourar. — Continuei enchendo até triplicar de tamanho e dei um nó, como se fosse uma bexiga. Joguei no alto e bati, dando risada.

Definitivamente, estou me sentindo uma adolescente.

— Nossa...

— Só fica com um gosto ruim, credo. Pega aí. — Entreguei a ele e fui lavar a boca e mãos no banheiro. Depois fui para a sala e me joguei no sofá, ligando a TV.

— Onde eu deixo isso? — Nathaniel apareceu na porta.

— Deixa aí. — Indiquei o outro sofá, cheia da preguiça. — Depois eu jogo fora.

Ele deixou o balão de camisinha ali, saiu e voltou, e sentou do meu lado. — Se cansou?

— Sim, deu preguiça.

Ele observou a televisão uns segundos. — Você conheceu seus amigos na escola, pelo que percebi, não é?

— Foi. Por quê?

— Eu achei tão... bonito. A amizade de vocês ter durado tantos anos... Eu perdi contato com todos meus amigos da época da escola.

— Acontece, é um processo natural. Acho que ultimamente é mais fácil manter contato, sabe? Mas acredito que nosso vinculo foi forte, e por isso nunca deixamos de conversar.

— Vocês quatro nunca perderam contato?

— Nós três, não. Eric não estudou conosco, ele se tornou amigo do Castiel na faculdade, só depois nos conhecemos e ficamos amigos.

— E você não é tão intima dele, pelo jeito. — Me encarou.

— Como assim?

— Sua postura muda quando fala com ele... Sua voz não fica tão calorosa como quando fala com Castiel ou Íris...

Ele está usando sua psicologia para tentar saber sobre isso, não é? — Então fala aí, por que você acha que eu sou assim com ele? — Me sentei de lado, quase de frente para ele e apoiei o braço no encosto do sofá, e a cabeça na mão direita.

Nathaniel pareceu surpreso com a minha reação e pensou enquanto me observava. — Hm... Pode ter vários fatores... — Afirmei, como um gesto para ele continuar. — Você pode não se dar tão bem com ele... Conflito de personalidades diferentes... Podem não concordar em alguns assuntos... Um pode ter rejeitado o outro por algum motivo...

Eu gostava desse joguinho de adivinhação. — E qual fator você acha mais válido?

— Levando em consideração sua postura, por exemplo, deixando os braços na frente do corpo quando fala com ele... Diria que você o bloqueia, talvez porque ele demonstre constante interesse em ser mais próximo.

Sabe aquele meme “Not Bad”? Eu fiz a cara do Barack Obama naquele momento.

— Acertou em cheio, você realmente nasceu para isso.

Ele deu um sorrisinho divertido, que logo sumiu. — Não gosta dele?

— Gosto, mas não sinto atração por ele. Eu sei que ele tem interesse em mim, então eu evito ser muito próxima para não parecer que estou dando esperança, sabe?

— Achei que você fosse do tipo que conversava para resolver os conflitos — considerou.

— Eu sou, mas... concorda que seria chato? Eu prefiro resolver tudo logo, mas é um caso diferente. Ele nunca disse nada, então se eu chegasse e dissesse que eu não gosto dele seria muito chato. Se um dia, ele resolver ser direto, eu também serei.

— Então... você só não o vê como um possível par romântico.

— Exato. Ele não faz meu tipo.

— Seu tipo? — Estranhou. — E qual seu tipo?

Sorri, pensando em uma resposta. — Não sei. Homens que sejam seguros, que sejam inteligentes, sinceros e saibam conversar sobre tudo. E se for falar de físico, tenho uma queda por loiros. — Resolvi brincar com ele.

Nathaniel me olhou, tentando saber se aquilo tinha sido brincadeira ou não.

Eu dei risada. — Mas claro que tudo depende de personalidade, físico não é algo fixo para mim. O importante é que haja uma harmonia entre os dois.

Um barulho de estouro nos assustou, e os gatos saíram correndo da sala. Quando olhei para o sofá ao lado, o balão-camisinha tinha estourado, provavelmente pela unha de um dos dois. Levantei e fui recolher a bagunça. Me espreguicei.

— Vou tomar um banho e faço um lanchinho para nós comermos.

— Ok — respondeu Nathaniel vendo a televisão.


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Notas finais do capítulo

Se alguém realmente acreditou que rolaria coisinhas, digo só mais uma cosia: Haaaaaaaa pegadinha da Biax, iéié!

Eu fui pesquisar sobre a história da camisinha e fiquei chocada. Eu já sabia que muito antigamente usavam intestino de cordeiro/porco e lubrificavam com algum tipo de óleo, mas eu fiquei mais chocada pela versão de borracha que inventaram. O negócio é tão espesso que parece aquelas borrachas de capa de celular kkkkkk

Mas bom, foi engraçado essa aula de educação sexual dada pela professora Lolo, mas Tom e Jerry acabaram com o mostruário-bexiga.

Nathaniel se aproveitando de suas psicolices para entender a relação da Heloise com o Eric. Estamos de olho, viu, Nath?

E gente, por enquanto acho que vou postar só de sábado. Não estou muuuito motivada, são pouquíssimos comentários que recebo, ainda mais se for comparar com o número de visualizações, então dá uma desanimada. Em todo caso, pode ser que eu decida voltar a postar duas vezes na semana, mas não prometerei nada.

Enfim, espero que tenham gostado.

Nos vemos no próximo!



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