Pov Bella Swan

Os médicos entraram e logo saíram após explicar sua situação e a examinar. 

Kristin estendeu a mão para mim, minha mãe nos encarava em silêncio. Engoli em seco caminhando até ela e segurei sua mão, gelada. Olhei em seus olhos e não vi emoção ali, mas diferente de antes de seu desaparecimento ela sorria.  

Forcei um sorriso e pigarrei encontrando minha voz. 

—Não é a mim que deve perdão, Kristin. E sim a sua família.  

Mantive meu tom neutro que escondia a dor que sentia.  

—Eu sei. Devo perdão a tantas pessoas. -Disse ela em um suspiro. 

—Não tenha dúvida disto.  

Minhas palavras fizeram com que tanto ela quanto minha mãe me encarassem surpresa.  

—Bella! Reprovou minha mãe e dei de ombros. 

—Fico aliviada em saber que está bem, Kristin... Mãe estarei lá embaixo caso precise de mim. -Falei firmemente enquanto dava as costas.  

Desci as escadas com pressa. Me sentindo sufocada e respirei fundo ao sair para o lado de fora. Estava no estacionamento do hospital que estava deserto no momento e ali me permitir soltar as lagrimas que prendia. As lagrimas grossa corriam por meu rosto e abracei meu corpo com força sentindo meu coração se despedaçar. Ela havia voltado e da mesma forma que me sentia aliviada por minha irmã estar bem eu a odiava por ter voltado após os deixar. E agora voltar de uma hora para a outra.  

A sua mudança repentina não me convencendo em nada.  

Foi quando o vi, ele andava às pressas até mim. Edward parecia confuso e o abracei. Aproveitando cada segundo que ainda tínhamos.  Ele acariciou meus cabelos e beijou minha testa.  

O afastei para olhar em seus olhos. 

—Bella! Está chorando? O que houve? Seu pai me ligou pedindo para vir até aqui. Fiquei preocupado e vim o mais rapido que pude. 

—Ele não te disse o motivo? -Ele assentiu negativamente e sorri sombriamente. —Ela está aqui, Edward. 

—O que?  

Questionou ele não parecendo entender até que um estalo veio a sua mente e notei seu olhar se tornar frio. 

—Ela está bem? 

—Sim, um pouco machucada pelo que parece. Os médicos disseram que ela sofreu um acidente de carro mas que se seguir as recomendações médicas logo estará bem.  

—Ótimo. -Disse ele sem demostrar qualquer reação. Toquei seu rosto. 

—Você está bem?  

Questionei e ele sorriu torto, encostou sua testa na minha e me puxou para perto de si. 

—Sim! Pois você está aqui, comigo. -Confessou ele e não contive as lagrimas enquanto juntava nossos lábios. 

O beijei de forma lenta e intensa. Ele retribui com a mesma intensidade. Esquecendo por alguns minutos da realidade que insistia bater em nossa porta. Nos separei demorando me para me soltar de seus braços, não contendo a alegria de perceber que ele fazia o mesmo.  

—Você precisa ir até ela, Edward. Ela está te esperando.  

Me doía dizer aquilo. Mas uma hora eles teriam que se encontrar. 

—Não. - Discordou me segurando mais forte e ri fraco. 

—Por favor. Estarei aqui te esperando.  

—Promete?  

Questionou ele e assenti fracamente. Ele sorriu torto e bufou enquanto nos separávamos, eu o observava se afastar com o coração apertado. Fiquei ali por alguns minutos. Não querendo lidar com a realidade. E quando senti a chuva fraca cair voltei para dentro do hospital. Tomando coragem de voltar para o quarto em que Kristin estava.   

Caminho até o quarto e então de forma discreta observo a cena em que Kristin chora enquanto segurava sua mão pedindo por seu perdão. Completamente esgotada saiu daquele lugar. Não cumpro minha promessa de o esperar. Me sentia incapaz e temia mais surpresas desagradáveis. Só queria a proteção de meu quarto e um tempo para pensar em tudo que acontecia. 

Cheguei em casa e me joguei em minha cama sem conseguir pregar os olhos a noite toda. 

No meio da noite escuto passos, certamente é meus pais voltando do hospital.  

Não me movo quando escuto a porta de meu quarto se abrir. Fecho meus olhos não querendo falar com ninguém. E então a pessoa se deita ao meu lado, seu cheiro me invadindo enquanto me puxa para seu corpo. Sorriu sem precisar olhar para reconhecer seu cheiro e a forma como meu coração se aquece quando está ao meu lado. Abro meus olhos encarando o seu olhar cansado. 

—Prometeu que iria me esperar. Diz ele e engulo em seco, sorrindo fracamente. 

—Me perdoe, eu não... não consegui.  

Chorei e seus braços me apertaram.  

—Hey! Não chore meu amor. Nada mudou, Bella eu estou disposto a pedir o divórcio. Eu amo você.  

Suas palavras me tranquilizando. O abracei. 

—Eu tenho tanto medo de o perder, Edward.  

—Mas não ira, Bella. Enquanto me quiser. Estarei aqui, ao seu lado.  

Prometeu ele e o beijei. Era o que bastava para eu ter a certeza que deveria lutar por nós.  

Os dias se arrastaram desde o dia que Kristin reapareceu. Com tudo que estava acontecendo quase não via Edward e nem mesmo Renesmee. Por mensagens, Edward me contou que ela já sabia que Kristin estava de volta. E assim que recebeu alta, voltou para casa. É claro que Renesmee estava esplêndida com o retorno de sua mãe. E desejava que Kristin estivesse sendo sincera quanto a sua mudança. Renesmee não merecia passar por outra decepção e eu me encarregaria de a fazer cumprir a promessa que fez a filha.  

Chegando em casa, vejo Renesmee brincando no jardim e Kristin e minha mãe estão ali também. 

Renesmee assim que notou minha presença correu até mim. Sorri pegando a garotinha em meus braços e sentindo seu cheiro que tanto me fez falta.  

Seus bracinhos se enrolaram em meu pescoço e senti seu aperto e me encarou com um lindo sorriso. 

—Senti sua falta, tia Bella.  

—Eu também, meu anjo. Não tem ideia do quanto.  

Confesso beijando seu rosto e a solto quando vejo elas se aproximarem.  

—Bella, irmã... -Diz Kristin com entusiasmo e tento não demostrar minha estranheza. Sua gentileza ainda era uma novidade para mim. —Se importa de irmos até seu quarto, gostaria de conversar com você. - Olho em seus olhos e não consigo desvendar nada, então aceno positivamente e ela pede para que nossa mãe cuide de Renesmee. 

Seguimos para dentro de casa, até meu quarto em silêncio.  

Abro a porta para que ela possa entrar e me sento em minha cama enquanto ela examina o local. 

—Continua exatamente de quando éramos menores. Com a diferença de que não tem mais duas camas aqui.  

Diz ela. Sim, dormíamos no mesmo quarto quando pequenas e ela nunca aceitou dividir o quarto com a irmã mais nova. 

Mas não comentei, estava curiosa em saber o que ela queria comigo.  

Ela percebendo meu silêncio decidiu se pronunciar.  

—Isabella... sei que nunca fomos tão amigas como deveríamos ser já que somos irmãs.  

—Você nunca me permitiu me aproximar.  

—Eu sei! Eu cometi muitos erros.... 

—Está mesmo arrependida?  

Questionei nem um pouco convencida. Ela me encarou, ainda sorria. Mas não era um sorriso que chegava aos olhos.  

—Muito. -Disse e desviei o olhar. —Para provar isto, quero te contar por que eu sempre a tratei mal.  

Olhei para ela, agora com curiosidade. Ela respirou fundo antes de falar.  

—Pode parecer bobo mas eu sempre amei ser a filha única, Isabella. E quando descobrir que nossa mãe estava gravida, eu já tinha por volta dos 7 ou 8 anos. Foi uma grande surpresa e no fundo fiquei feliz por saber que teria uma irmã ou irmão. Mas tudo mudou quando eu sofri um acidente na infância. Cai do alto de uma arvore e foi algo bem grave. Precisei de cirurgia pois tive uma hemorragia e também de doação de sangue. Eu estava anestesiada quando escutei a discussão de nossos pais... Charlie dizia que não era compatível pois ... eu não era sua filha. Que mamãe o traiu e que jamais teria aceitado a mim se soubesse que eu não era sua filha.  

Arfei espantada.  

—Mas Charlie sempre a tratou tão bem!  

—Apenas depois de um tempo, Bella! Após descobrir a traição de nossa mãe ele saiu de casa e só voltou quando você nasceu. Ele parecia estar arrependido, mas foi o suficiente para eu mudar. Odiar minha mãe e Charlie... e de forma estúpida a odiar também, por saber que você é filha dele e eu ... bem, apenas uma bastarda. 

—Kristin, não. Não fale desta forma. Eu tenho certeza que nosso pai se arrepende de um dia ter a rejeitado. -Frisei com convicção.  

—Pode até ser., mas aquilo me destruiu, Bella e desde então eu comecei a agir de forma cruel e fria... Magoando aqueles que amo.  

Respirei fundo. Eu sentia pena dela ao mesmo tempo que me culpava. Eu estava tão dividida.  

Me senti sem ar.  

—Obrigada por me contar o que sente, Kristin. Foi muito importante para mim, saber a verdade. 

—Eu que agradeço, Bella e espero que me perdoe um dia.  

Disse ela e me abraçou. Senti meu coração se apertar. Escutei seu soluçar e encarei seu rosto. 

—Por que está chorando, Kristin?  

—Por que temo que não consiga o perdão de todos, ... Edward pediu o divórcio, Bella eu o perderei sem ter outra chance de mostrar que mudei... E Renesmee... Não quero que ela sofra outra vez por minha causa, logo agora que voltei. Eu só desejo uma outra chance. Mas certamente, Edward já tem outra. 

—O que? - Sinto meu coração acelerar. 

—Não o culpo, eu o causei muito mal., mas por causa dela ele vai me deixar. 

—Não pode acusar uma outra pessoa pelo fim de seu casamento, Kristin. Você os abandonou antes mesmo de desaparecer. 

Ela me encara em silêncio.  

—Isto é questionável. Será mesmo que se ele não tivesse outra pessoa, ele não me daria outra chance?  Temos uma família juntos, já imaginou como Renesmee ira ficar com nossa separação?

Questionou ela e vi desafio em seus olhos. Me calo. Já cansada daquela conversa.