Shaisho No Hahaoya No Hi escrita por SBFernanda


Capítulo 1
O Primeiro Dia das Mães Uzumaki




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O Primeiro Dia das Mães Uzumaki

 

O choro quebrou o silêncio da noite. Era forte, alto e infantil. Não havia dúvidas que um bebê estava insatisfeito com algo e reclamava, de sua forma, pedindo atenção.

No mesmo instante Hinata abriu os olhos e se levantou da cama. Seu corpo estava dolorido por conta do dia intenso que tivera. Seu filho era um pouco mais grudado do que esperava. A prova é que raramente ele ficava no berço muito mais do que algumas horas durante a noite.

— Eu vou — a voz masculina disse, parecendo sonolento, mas já saindo do quarto.

Hinata sentou-se na cama. Mesmo não precisando ir até o quarto buscar Boruto, o que ele precisava só ela poderia dar. Além do mais, Naruto não conseguia trocar a fralda muito bem... Imaginava com sono!

Mal ela terminou de se ajeitar na cama entre o travesseiro, o marido apareceu carregando o pequeno. Um mês havia se passado e Naruto ainda parecia inseguro com o bebê no colo. Apesar do sono, aquela visão sempre a fazia sorrir.

— Eu não entendo como ele consegue chorar tanto! Eu só penso em dormir — confessou Naruto, inclinando-se para entregar o filho para Hinata.

— Eu também não tenho ideia — admitiu, mostrando o cansaço que sentia através do tom de voz.

Enquanto Hinata ajeitava Boruto para começar a amamentar, Naruto olhava para os dois, agora um pouco mais acordado e atento. Ele nunca tinha ouvido aquele tom de voz em Hinata, nem mesmo quando ela pegara um resfriado que a deixara de cama. Observando-a melhor, ele percebia olheiras embaixo de seus olhos, mesmo sobre a fraca luz do abajur que ela tinha acendido quando ele saiu do quarto.

Era claro o cansaço que a esposa sentia por conta daquele último mês, por conta da nova rotina que eles enfrentavam. Em toda a sua inocência e inexperiência, Naruto não imaginava que um filho pudesse dar tanto trabalho e cansaço já tão pequeno. Mas Hinata sim. Ela tinha conversado com Kurenai e perguntado, com toda a sinceridade, o que lhe esperava de mais difícil.

A Uzumaki se lembrava bem da resposta da antiga sensei: “Não há uma coisa mais difícil. A cada nova fase, vamos achando ela mais difícil e enfrentamos como todas as anteriores, descobrindo que a novidade é o complicado. Esteja preparada para não dormir nos primeiros meses, pois isso pode acontecer; para sofrer junto com ele, quando ele sentir cólicas; para esquecer de si mesma em alguns dias, porque só conseguirá pensar no bem-estar dele e, principalmente, esteja pronta para amar como nunca pensou ser possível.”

E realmente era assim. Apesar de todo o cansaço que sentia naquele momento, onde os seus olhos ardiam e, mesmo acordada, ela fechava-os para conseguir sentir alguns momentos de alívio, sentia um grande prazer por ter o seu filho nos braços. Era inenarrável o sentimento, o amor que sentia a cada vez que o via ou pensava nele.

E Naruto compartilhava. Enquanto observava o filho nos braços da mãe, mamando com uma fome que parecia impossível, levando em conta o pouco tempo que tinha feito aquilo, ele sentia-se completo. Quando se casou com Hinata, pensou ter chegado ao limite de sua felicidade, mas ter a chance de ser pai... Era um sentimento tão especial que, como naquele momento, toda vez que pensava sobre o assunto, ele se emocionava.

E Hinata! Ela era uma mãe tão maravilhosa! Vinha se dedicando a ele e também a Boruto, nunca esquecendo de nenhum dos dois e fazendo com que ambos se sentissem amados. A forma como ela agia, sempre preocupada e sempre um passo a frente de tudo, fazia parecer que tinha nascido para aquilo.

Mas sabia que era apenas o amor que Hinata sentia pelos dois. Ela era uma verdadeira cuidadora dos seus. O resultado, infelizmente, era que estava mais cansada do que o normal. Finalmente, ele percebia isso. Mas daria um jeito.

 

Para os ninjas, não existia finais de semana. Quando havia uma missão, a data era estipulada, independente do dia da semana que caía. Sábados e domingos se resumiam a datas. Por isso mesmo, no dia seguinte, Naruto soube que Kakashi estaria no escritório do Hokage, seu posto, como sempre.

— Preciso que me dê um tempo de folga, um afastamento — entrou no escritório, sem bater e sem ser anunciado, já falando.

O antigo sensei o fitou, parecia pouco interessado. Os segundos de silêncio se prolongaram, apenas olhares eram trocados, com Naruto ficando impaciente cada vez mais.

— E o seu desejo de ocupar o cargo? Se você se afastar agora, poderá atrasar o treinamento que tenho lhe dado.

— Não me importo. Você pode ficar um pouco mais. — Aquilo sim tinha surpreendido o Hatake, mas não demonstrou. — Escute, sensei... — Naruto começou dizendo. Suspirou e se aproximou mais da mesa. — Boruto não é uma criança calma, sabe? Ele está passando por um momento que não dorme e eu precisando estar fora o dia todo, tudo sobra para Hinata... Não quero que ela se sinta sobrecarregada. Não precisa ser muito tempo, acho que mais um mês e conseguiremos estar melhores, mas... Quero estar com ela e com o Boruto nesse momento.

Novamente, Kakashi não disse nada, apenas encarou aquele que julgara o mais infantil dos seus pupilos. Naruto tinha crescido, não só com a guerra e com o casamento, mas agora, enquanto encarava o olhar preocupado, via-o como adulto.

— Você tem todo o direito de se ausentar por algum tempo para que possa cuidar de seu filho, Naruto. Não estamos em guerra, então esse direito é concedido a todos. Está liberado a partir de hoje.

— Obrigado, Kakashi-sensei! — a fala alta, como um grito, fez Kakashi sorrir por baixo de sua máscara. Via o homem loiro sair da sala, animado e só conseguia pensar que tudo estava se encaixando bem.

— Tenho um palpite, Shikamaru — disse o Hokage para o homem que entrava na sala logo após o Uzumaki sair. — Naruto será um ótimo Hokage.

 

No domingo, logo nas primeiras horas da manhã, o choro de Boruto acordou Hinata, que virou-se na cama, ainda de olhos fechados. Antes, porém, que ela pudesse se levantar, Naruto disse que o buscaria. Ele parecia mais acordado do que o normal, mas ela não conseguiu absorver isso muito mais que superficialmente.

Assim que ele voltou, ela foi se levantar, mas ele colocou o filho ao seu lado, aninhado junto a ela. Boruto parou de chorar no mesmo instante.

— Terei que sair agora, fique com ele na cama — sussurrou o Uzumaki, lhe dando um beijo na testa.

Ele não deu tempo de ver se ela contestaria, pois logo saiu rapidamente de casa. Ele já estava vestido, apenas esperando que Boruto acordasse para poder dar a desculpa de sair. Sabia como Hinata estava cansada, não só da noite anterior, que o filho tinha ido dormir tarde com cólicas, mas de todo o mês que passaram, então se aproveitou daquilo para arquitetar seu plano.

Ele teria que ser rápido para que tudo funcionasse como o esperado. Aquele era um dia muito especial, não podia falhar. Não iria falhar.

Quando Hinata acordou, havia uma bandeja com algumas torradas com geleia, como ela gostava, e um grande copo de leite. Uma flor descansava ao lado de tudo aquilo, junto a um cartão vermelho.

Ela sorriu, estendendo a mão para pegar o cartão, se mantendo deitada por mais alguns instantes, aproveitando que o filho ainda dormia ao seu lado na cama.

“Espero que tenha conseguido descansar um pouco. Que seu primeiro dia das mães seja lindo, como você é. Volto para o almoço, por favor, me espere.

PS: Eu trarei o almoço.

Amor, N.”

Havia uma coisa que Hinata tinha descoberto de Naruto naquele tempo: ele era mais romântico do que aparentava. E a prova disso estava naquele simples e atencioso café da manhã, assim como no fato de que ele traria o almoço naquele dia das mães para que ela não precisasse cozinhar.

Sentou-se na cama, puxando a bandeja para sua frente e começou a comer. No meio do processo, Boruto acordou, mas ela apenas o segurou em um dos braços, o amamentando e também comendo. Não sabia se era ruim fazer isso, mas estava faminta!

Ela terminou antes de Boruto, mas assim que o filho arrotou, ela iniciou sua rotina com o bebê. Não tinha percebido a hora ainda, mas estava tão acostumada a acordar cedo, que não se preocupou.

Tomou banho junto com o filho, como sempre fazia pela manhã, o vestindo enquanto ficava enrolada em um roupão. Depois que ele estava arrumado, se vestia e penteava o cabelo. Naquele momento, o bebê já estava dormindo, mais calmo do que nunca. Ela ainda não entendia porque ele ficava assim durante o dia e não durante a noite.

 

Quando desceu as escadas, já pronta para encontrar com Naruto e almoçarem, usava um vestido de meia manga, branco e com flores em diversos tons de roxo. Estava fresco, já que o inverno estava indo embora e a primavera começava a chegar discretamente. Qual foi a sua surpresa em não só encontrar Naruto, como o ver com um buquê de lírios, com um cravo no meio.

O cravo, ela sabia, era o símbolo das mães. Era uma flor dada para homenagear a força e, ao mesmo tempo, a delicadeza das mães. E o lírio sempre tinha sido sua flor preferida. Sorriu, parando no final da escada, emocionada.

— Não precisava, Naruto...

— Hoje é o seu primeiro dia das mães, eu queria que fosse especial.

— Não poderia ser mais — disse. Era possível ver que ela era sincera naquelas palavras. — Obrigada por me ajudar a descansar um pouco mais hoje cedo e com o almoço. Já está na hora?

— Já sim, mas não está aqui. Vamos sair para comer, tudo bem?

— Mas, Naruto, sabe que Boruto fica agitado, ele vai atrapalhar às pessoas...

— Hoje é o seu dia. As pessoas estão acostumadas com crianças que choram, vão ter outras mães por lá. Por favor, Hinata, vamos aproveitar esse dia. Todos juntos.

Ela não conseguiu negar ao pedido, pois percebeu que ele tinha planejado tudo com muito carinho. Só esperava que não se tornasse um problema, pois raras tinham sido as vezes que ela saiu de casa e o filho não ficou agitado com a movimentação.

Seguiram os três juntos. Agora, quem carregava Boruto era Naruto. Hinata ia ao lado, com uma bolsa do lado, que tinha arrumado rapidamente com coisas que poderia precisar para o bebê. As pessoas que os via, corriam em sua direção, ansiosos para ver e algumas para conhecer o bebê Uzumaki. Muitos elogios eram dados, e Hinata era parabenizada pelo seu dia a todo instante.

Não foi surpresa quando eles foram parar no Ichiraku, que tinha expandido e agora estava com um ambiente familiar bem acolhedor. A mesa da família estava reservada, por isso foram rapidamente conduzidos até lá. Se fosse para qualquer outra pessoa, aquela mesa seria difícil de conseguir, mas além de Herói da Vila, Naruto era um dos clientes mais antigos e fieis do lugar, ele tinha seus privilégios para conseguir aquilo tão em cima da hora.

O lugar não vendia apenas o prato preferido de Naruto, mas eles acabaram optando por ele mesmo assim, não era segredo que ambos gostavam. Naruto tinha levado um apetrecho que quase não usavam, o bebê conforto, mas que foi muito útil naquele momento, para que pudessem ter seus braços livres por alguns instantes e aproveitar enquanto o filho dormia.

— É bom sair novamente. Não tinha notado quanto me faz bem andar pela vila.

— Você não precisa ficar em casa o tempo todo por causa do Bolt, Hina. Sei que fica com medo de incomodar alguém, pois esse menino aqui consegue gritar bastante, mas as pessoas sabem como um bebê é.

— Eu sei... — admitiu. A verdade é que Hinata sentia-se tão cansada todo o tempo, que não pensava em sair, apenas em terminar o que tinha que fazer e dormir. Naruto percebeu isso.

— Tenho algo pra te contar. — Pegou a mão dela em cima da mesa, sorrindo com carinho. — Pedi para Kakashi me dar um tempo em casa, para poder te ajudar. Sei que não vou ajudar muito, mas posso ao menos segurar ele enquanto você toma banho... Não sei, quero tentar te aliviar... você parece muito cansada.

— Mas... E o cargo?

— Apenas vamos adiar isso por algum tempo mais.

— É o seu sonho... — ela sussurrou, parecendo se sentir culpada.

— Hinata... — ele a chamou e esperou que ela o olhasse. — Vocês são tudo de mais importante pra mim agora. Em breve, a vila será minha família também, então, acho que posso aproveitar vocês como minha única família por enquanto, não acha?

Ela sorriu, percebendo a escolha dele. A prova de que o cargo era diário e desgastante era como Kakashi ficava preso, como cada um antes dele também estivera. Naruto estava aproveitando, pois, por mais que ser Hokage fosse o seu sonho, ele tinha construído novos sonhos que podiam se realizar antes também.

Não houve mais discussão sobre isso. Eles comeram, trocando algumas palavras. Em determinado momento, Boruto acordou, chamando atenção de algumas pessoas. Hinata se afastou para poder o amamentar e voltou vários instantes depois. O filho estava acordado, mas inquieto no colo dela. Naruto o pegou, sacudindo um pouco mais do que ela fazia, tentando distrai-lo, o que funcionou, pelo menos até ele gorfar.

— Epa, acho que fiz algo errado.

Hinata riu, novamente pegando o filho e indo ao banheiro do local, para o limpar e trocar. Quando voltou, fazia o bebê dormir, mas sem o deitar, pois depois do “acidente”, Boruto não queria deitar. E aproveitou para explicar para Naruto que tinha feito aquilo diversas vezes antes de aprender a não sacudir demais o bebê depois que ele se alimentava.

Depois disso, ainda à mesa do lugar, ela começou a explicar diversas coisas que tinha aprendido durante aquele mês. O filho dormiu no colo dela e passou para o do pai sem reclamar, e eles continuaram a conversas. Cada vez mais, enquanto aprendia coisas novas, Naruto admirava mais sua esposa.

Em determinado momento, após pedir a conta e enquanto esperavam, ele pegou algo dentro do bolso, estendendo para ela. Era um cartão, mas um pouco maior do que o daquela manhã. Não havia nada escrito.

Quando Hinata abriu, encontrou uma foto. Sua foto com Naruto e Boruto. Eles estavam no hospital, no dia que o filho nasceu. Não sabia que tinham tirado aquela, mas ficou emocionada. Todos os sentimentos daquele dia voltaram, juntando-se às que ela sentia.

Quando ouvia dizer que o amor de mãe era algo mais forte do que tudo que já sentira, ela não conseguia nem mesmo imaginar como poderia ser. Mas desejava sentir. Agora, ela sentia com toda a força e não podia desejar mais nada.

Tinha um marido que amava mais do que tudo e um filho, que além de ser fruto desse amor, tinha lhe ensinado o que era o amor incondicional.

Quando olhou para Naruto, com os olhos marejados, viu nos dele uma admiração acima de qualquer explicação. Ele não só amava a ela e ao filho, como a admirava. Se havia uma forma de se sentir mais completa do que ao lado daqueles dois, Hinata desconhecia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

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