Te Vejo Na Lua escrita por awennkire


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

- Toda a fanfic foi feita em um universo alternativo, então tentei encontrar explicações plausíveis para um japonês ter cabelo rosa, azul, loiro, dentre outros, não mudei a nacionalidade, só tentei adaptar ao máximo para torna-los mais humanos -

— Personagens tem camadas, não espere alguém completamente bom, assim como não espere alguém completamente ruim -

Boa leitura.



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Não conseguia acreditar que ela realmente estava me fazendo rodar a cidade em um carro cheio de garotas histéricas atrás do ingresso de um show qualquer para assistir uns artistas mimados e que simplesmente não tem um pingo de inteligência ou discernimento para fazer qualquer coisa fora entrar em um estúdio de gravação, colocar autotune na voz e cantar com playback para adolescentes prestes a ter um ataque cardíaco e desmaiarem no chão.

Eu realmente amava minha amiga, mas cada vez ela passava dos limites. As três diziam, no banco traseiro, o quanto estavam felizes em relação a irem comprar o ingresso show e a única pessoa que entendia minha raiva e descontentamento era Shikadai que sem dúvida ganhou a personalidade do pai e bocejava enquanto reclinava a cabeça para dormir.

— Se não calarem a boca eu juro que volto agora e só vão ver esse show pela televisão – minha voz saiu mais raivosa e grossa do que esperava, não queria assusta-las, mas não conseguia fingir nada daquilo.

— Ok! Mas vamos lá, como não gosta do Sasori? – a voz da Sarada era confusa – Ele é maravilhoso, lindo, canta bem e convenhamos, é gostoso – tinha dias, como esse, que eu odiava a boca sem filtro da Uchiha.

— Não gostando, simplesmente, não vou venerar um cara porque ele é bonito – disse já procurando a droga da vaga para estacionar e finalmente encontrando – Agora saiam da merda desse carro agora e compre os ingressos antes que faça todos voltarem pra casa.

As duas saíram resmungando e olhei para o lado e vi Shikadai dormindo, me perguntava como ele conseguia isso, dorme em qualquer lugar, a qualquer momento, a qualquer hora. Olhei a fila da compra e vi que estava simplesmente lotada, passaria horas naquele lugar e já me preparava para xingar e berrar com elas, mas pude ver Sarada indo em direção ao começo, pegou o cartão e pegou os ingressos, sim, sem dúvidas ser filha da maior medica do país e de uma das famílias mais influentes no ramo de publicidade valia a pena.

Não que fosse pobre, longe disso, pertencer ao Clã Akimichi tem suas vantagens, mas pertencer a ele sendo uma mestiça com metade dos parentes do outro lado do mundo traz certas desvantagens que elas não sabem e duvido que saberiam. Coloquei para tocar uma banda brasileira, amava a música tão diversa do país da minha avó, ela conhecia bem o samba e mais do que ninguém cresci escutando o gênero musical me tornando assim uma boa aluna de tamborim, cavaquinho e violão. Mesmo meu amor sendo flauta transversa.

Voltaram animadas e conversando, mas assim que viram meu rosto se calaram e entraram dentro do carro. A música tocava e cada vez mais as meninas estavam mais confusas, a letra não favorecia elas, mas vi que a melodia as deixaram animada.

— Que música é essa, Akimichi? – Perguntou Wasabi.

— Sinais – respondi em português e a confusão em seus rostos foi maior – É pagode, não conhecem – as três afirmaram com a cabeça, mas continuaram focando na música, soltei um riso baixo, era a primeira vez que elas escutavam uma música e português e principalmente desse gênero.

Sarada me olhava curiosa, era a primeira vez que ela me viu mostrando qualquer coisa em relação a outra parte da minha família, nunca falei e sempre escondi, não queria que tudo voltasse, e já bastava toda confusão que minha aparência causava nas pessoas a minha volta. As únicas pessoas que conheciam isso era Shikadai e Inojin, mais uma vez o trio Ino-Shika-Cho se formava em outra geração e sabia que não importava o momento, sempre seria nós três a qualquer hora, mesmo que nossos laços não fossem como antes, ainda era o trio e sabia que podia confiar neles.

Um murmúrio saiu da voz do Nara e pude escutar ele cantando a letra, mesmo que com um sotaque extremamente forte, estava certo e sem erros e principalmente, no ritmo. Sorri animada, e resolvi acompanhar, era a primeira vez desde que tinha onze anos que falava livremente e cantava na língua materna da minha avó sem me sentir mal ou confusa sobre o que as pessoas iriam falar com pessoas sem ser com – parte — meu Clã e com os meninos.

— “Perdão amor se levei tempo demais, deixei uma porção de coisas pra trás...” – escutei o riso do Shikadai.

— “Errei em só olhar pra mim, meu bem nunca te vi assim...” – continuou me fazendo sorrir.

— “Nem só de amor se vive uma relação, cada detalhe que perdi foi um grão...” – comecei novamente assim fazendo um dueto, me lembrando de quando éramos crianças.

— “E quantos grãos deixei cair, será que já chegou ao fim?...” – a voz dele era ainda mais bonita do que me lembrava, sorri ao lembrar das aulas de português que ele recebia simplesmente porque queria que eu continuasse a falar português.

— “Pior de tudo é perceber, que você vinha dando sinais e eu não vi...” – cantamos juntos e eu sorri abertamente e sabia que ele estava sorrindo também. Shikadai sempre foi a melhor companhia, me fazia rir e sabia que podia contar com ele a qualquer momento, uma das melhores pessoas que tive a chance de conhecer, isso nunca irei negar.

— Desde quando sabe falar português, Shika-san? – a pergunta de Sarada era raivosa, sabia que não dividia com ela essa parte de mim e saber que Nara sabia português a deixava ainda pior.

— Aprendi com a Mari-sama quando estava de férias faz cinco anos – disse dando os ombros, sorri com o apelido, Mari era Maria, a mulher mais gentil que pude conhecer em toda minha vida que se juntou ao meu avô na última primavera.

— Entendo – murmurou.

— Te ensino alguma coisa se quiser – disse sorrindo e olhando em direção a estrada, não seria hoje que causaria um acidente, mas pude ver o sorriso dela pelo espelho.

— Seria legal – disse por vim e voltou a escutar a música que tocava, Ressaca.

A viagem foi assim até o final, calados e escutando as músicas mais calmas que coloquei para tocar como Jão e Anavitoria. Com Shikadai dormindo sabia que não escutaria reclamação alguma das músicas que tinha colocado, eram românticas demais era o que dizia, “pelo menos pagode é animado, isso não é”.

...

O chá de pêssego havia acabado de gelar quando recebi a ligação de Sarada me intimando a comparecer ao show da banda Akatsuki, que segundo ela era a maior banda do mundo enquanto para mim, era mais uma entre milhares de bandas. Mas ainda assim, resolvi comparecer, precisava sair e não ficar estudando durante todo o dia, já segundo ela estava me tornando uma nerd solitária.

Faltava quatro horas e sabia que ela chegaria em uma hora, resolvi me arrumar o mais rápido possível que resultou em novamente um cabelo preso lateralmente, uma calça presa e um casaco estilo moletom igualmente preto. Pus minhas lentes de contato que segundo minha avó materna era resultado do meu péssimo habito de leitura durante a noite e desci assim que escutei o barulho incessante que era da campainha.

— Finalmente, pensei que nos deixaria aqui fora – essa sem dúvida era a voz da Wasabi.

— Estava esperando vocês, vamos logo – respondi já trocando de sapato e pegando meu vans que estava na prateleira.

— Cho-chan, vai toda de preto? Pensei que usaria uma saia talvez, Boruto vai estar lá, sabia? – Samire se pronunciou.

— Ainda insistem nisso? Gostei dele quando tinha onze anos, vocês são esperançosas demais sabiam? – respondi fechando a porta, mas ainda vi o rosto de Sarada surpreso.

— Você pode não gostar dele, então significa que posso tentar algo? – perguntou a Uchiha tímida e então entendi que mesmo ela gostando dele achava que não tinha direito de tentar algo por minha causa.

— É logico, vocês fariam o belo casal, o loiro cabeça oca não me interessa – disse rindo – Não se sinta ofendida.

— Não estou, fui eu que dei o apelido quando ele disse que era uma quatro olhos – respondeu rindo, sabia que até as memorias das brigas eram valiosas para ela e esperava que continuasse assim.

— Agora vamos, Sarada precisa conquistar o amor dela e eu estou com fome, que tal pararmos para comer algo? – perguntei e vi o olhar de descrença da Wasabi, nunca consegui a chamar pelo nome, nunca fomos amigas ou intimas o suficiente para isso.

— Sério? Olha sem querer ofender, mas só usa preto porque não quer parecer gorda, mas você é, então por que simplesmente não faz uma dieta? Conheço uma que te faria perder dez quilos em u... – não a deixei terminar.

— Olha, eu não quero seu conselho, estou feliz com meu corpo e não preciso da sua opinião – respondi seca, mas pude escutar seu murmúrio baixo.

Já é mestiça, ainda é gorda... – a voz baixa dela me deixou raivosa, mas não iria dizer nada ou muito menos contribuir para uma briga em um dia que deveria ser para festejar.

— Por favor, não discutam – a voz da Suzumeno era baixa – abriu um restaurante coreano aqui perto, vende Jjamppong e sei que adora, podemos ir lá se quiser – falou sorrindo e calma, não existia pessoa mais calma e apaziguadora que ela, ainda não entendia como ela fazia isso.

— Não precisa, vou comprar uns pacotes de batatas e vamos, tem um novo sabor apimentado que quero comer – sorri e fomos em direção a estação de trem, não iriamos de carro, estava de noite e o Shikadai era o único maior de idade que me supervisionada, mas sem dúvida estaria dormindo agora, Inojin nunca teve tanta paciência e nem precisava, Inojin mais era ligado aos Uzumakis que aos Naras e aos Akimichi.

Assim que entrei chegou percebi o quão cheio estava, bastante adolescentes que sem dúvida também iria para o show, acabei ficando em pé assim como as outras meninas, apenas me segurei e fiquei calada enquanto conversavam. Olhei para o meu corpo e percebi que as palavras dela estavam corretas, eu já era mestiça, precisava ser gorda também? Voltei a me sentir quando era pequena e era chamada de gorducha, nunca demonstrei e nem deveria, não daria o gosto de vitória a pessoas assim.

A conversa se mantinha sobre os integrantes da banda, olhei para elas e percebi que estavam se vestindo de maneira complementar, me senti novamente excluída, não parecia que era amiga delas, muito menos que nos conhecíamos. Tentei falar algo, mas acabei sendo ignorada, não esperava menos, isso sempre acontecia, resolvi apenas colocar os fones e esquecer, escutar alguma música qualquer e com isso coloquei em Palette da IU, o rap do G-Dragon era ótimo e não tinha como não gostar.

Continuei o trajeto olhando pela janela, até que quando me dei conta precisava descer. Fomos em direção ao show, parei antes para comprar as batatas, estavam um pouco na minha frente, mas não me importei, estava satisfeita com o que comia e não era tão importante assim acompanhar a conversa. A melodia da música que tocava era tão calma que não conseguia ficar feliz, me traziam memorias tão tristes que meu coração voltava a se entristecer, Hard to love era a minha música favorita da Cheeze, isso não tinha dúvidas.

Alcancei elas e segui o trajeto calada, apenas sorrindo e comendo, uma vez ou outra concordava com algo que elas falavam, mas continuei o trajeto assim. O local já estava lotado, mas os ingressos da Uchiha eram para o camarote e com direito a ir nos bastidores, recebemos nossos crachás e fomos em direção ao local que ficaríamos e tive a sorte de encontrar os meninos e Himawari junto, poderia rir e me divertir, sem me preocupar.

— Cho-nee! – a voz aguda de Himawari era alta, veio em minha direção me abraçando.

— Wari-chan! – respondi igualmente alto e o sorriso dela se tornou ainda maior.

Pulou nos meus braços, infelizmente não tive a sorte de ser altas como meus pais, minha altura de um metro e cinquenta três evidenciava isso, o que tornava difícil segurar a mais nova dos Uzumakis, ela que era alta como o pai, já passava dos um e setenta. 

— Himawari, saia de cima da Akimichi, ela precisa respirar – falou Boruto e o olhei para o grupo que estava com ele, parece que todos os meninos resolveram vir e isso não parecia algo bom.

— Desculpa, Boruto-nii – disse saindo de cima de mim.

— Está tudo bem, pode fazer sempre que quiser Wari-chan, esqueceu? Forte como qualquer Akimichi – a abracei e escutei uma risada de fundo, a conhecia, mas não consegui reconhecer.

— Animada para o show? Meu favorito é o Itachi, com todo respeito, mas seu tio é lindo – a voz da morena era travessa em direção a amiga – e gostoso – sussurrou e só eu pude escutar, acabei soltando alto um riso, não conseguia entender como a princesa dos Hotéis Hyuuga e do prefeito Uzumaki era tão maliciosa.

— O show parece legal e está bem cheio, a banda deve ser boa – respondi dando os ombros.

— É sim, vai adorar, sem dúvida alguma! – disse rindo e me puxando pra longe das meninas – Por que elas vieram mesmo? – perguntou apontando para as meninas que acompanhavam a Uchiha e a Kakei – Não entendo como a Sarada-san gosta delas, elas falam mal de você sempre, como ela aceita isso? – a voz dela era raivosa.

— Está tudo bem, sabe que não ligo para isso ou me abala – respondi dando os outros e jogando no lixo o pacote de biscoite, felizmente tinha mais três.

— Você é tão forte Cho-nee, quando crescer quero ser igual a você – disse sonhadora e apenas pude sorrir – Forte e inabalável.

Não pude deixar de me sentir mal, era uma fraude, não era forte, era a garota que quando chegava em casa chorava até dormir, eu era a pessoa excluída desde criança e nem ao menos com as pessoas que deveria gostar de mim conseguia me sentir bem, não conseguia dormir e quando conseguia era apenas quatro horas, era uma fraude.

— Você será melhor – respondi da melhor maneira que pude, aprendi a esconder meus sentimentos desde pequena, não seria agora que iria mudar.

— Cho-cho – a voz de Shikadai evidenciava que nem todo mundo acreditava nas minhas mentiras, teria que conversar com ele mais tarde, apenas sorri e acenei e sabia que ele tinha entendido.

O show estava prestes a começar e a banda de abertura já ia subir ao palco, me posicionei para assistir entre Himawari e Boruto. Assim que subiram ao palco vi que era uma banda de k-pop pouco conhecida, mas que eu conhecia muito bem, a música que começaram era Just You do M Fect e mesmo que ninguém perto de mim cantasse, acompanhei a letra da maneira mais animada e divertida possível.

Os passos eram divertidos e nunca me senti tão animada, cantaram mais uma música e logo saíram, fiquei feliz em saber que tinha os ingressos para os bastidores, talvez os encontrasse, talvez visse o Jeil, ele sem dúvida é o amor da vida. Uma neblina se formou no palco e vi os integrantes entrando, o único que reconheci era Itachi, minha família por ser extremamente ligada a dos Uchiha, passei uma grande parte da minha vida com Itachi me ensinando tudo que sei sobre alto defesa, um ótimo professor.

Todos começaram a gritar e me sentir na obrigação de acompanhar, mesmo não conhecendo as músicas, se tornou animado e acolhedor a voz do loiro cantando era única. Conseguia ver que o público dele era de todas as idades e tenho uma quase certeza que vi uma professora da universidade na plateia. Eles estavam nisso a tanto tempo e a música deles não era de todo mal, era um pop rock com estilo internacional, então bastante divertido de se escutar.

...

Com o final do show fomos em direção aos bastidores, seria primeiro os meninos, e logo depois, nós. Quando entramos vimos o Itachi comendo um biscoito da mesma marca que comprei vinda no caminho. Ele apenas me olhou e riu.

— Tem um pacote ali – disse apontando para uma mesa perto da parede – Pode pegar, não mudou nada Cho-nani-nani – fui em direção, mas parei quando ele me chamou pelo apelido que havia me dado que quando era criança.

Cho-nani-nani? — alguém perguntou e não me dei ao trabalho de olhar para traz para saber ou muito menos tentar reconhecer a voz.

— Quando ela era criança não conseguia falar chan, quando tentava sempre falava nani— respondeu rindo – Certo Cho-nani-nani?

— Sim, sim – respondi – E você ainda me chama assim, eu cresci! – respondi séria, mas ele sabia bem que estava brincando.

— Não de estatura como podemos ver – direcionei um olhar cortante em direção a ele, porém ainda fui atrás do pacote, estava com fome e aquilo ajudaria até chegar em casa.

— Eu amo a música de vocês! Muito, muito mesmo – a voz da Wasabi era envergonhada, ela realmente gostava deles.

— Obrigada, ficamos felizes em saber que temos fãs que sempre nos acompanham – Quem respondeu foi o dono dos cabelos azulados, assim que ele sorriu vi que seus dentes pareciam de tubarão, diferente.

— Minha música favorita é She is Rebel— essa já era a voz da Uchiha – Me lembro de você escrevendo ela, tio, sem dúvida é a minha predileta.

— Era sobre você e sua fase adolescente, por isso que gosta tanto – respondeu rindo – e você Akimichi? Tem uma favorita?

— Eu... bom... – não sabia como responder.

— Ela não conhecia vocês até hoje, ela dizia que sua banda era “artistas mimados e que não tem um pingo de inteligência para fazer qualquer coisa fora de algo para fazer meninas gritarem, entrar em um estúdio de gravação, colocar autotune na voz e cantar com playback” — Wasabi respondeu e tudo que pude foi ficar vermelha, não sabia o que fazer.

— Oh, entendo, mas mudou de ideia? – o loiro falou.

— Sim, gostei da banda, a música de vocês é animada e diferente do que esperava, acho que minha favorita era a do refrão “Watashi wa anata o aishiteimasu, tatoe anata ga watashi o nikumu to shite mo, anata ga watashi o keibetsu shite mo, watashi wa anata o aishi tsudzukemasu” – respondi e vi a surpresa no olhar da dona dos cabelos verdes.

— É muito bonita mesmo, quem escreveu foi o Hidan – apontou para o que estava ao seu lado.

— Espero que a pessoa tenha aceitado seu amor – respondi e vi o olhar das meninas sobre mim.

— É só uma música Cho-chan, não significa que seja para alguém – a voz de Namida era de repreensão.

— Não é sobre mim, mas sim de um amigo, ele errou muito com ela e não espera que ela volte – disse ignorando a Uchiha e indo em direção ao frigobar – Ela merece ser feliz e não merecia o que ele falou pra ela, disso tenho certeza, essa música é desculpa dele para ela.

— Está tudo bem, fale para ele não se fechar e dizer o que sente a ela, nunca se sabe, certo? – sorri para ele e recebi um sorriso de volta.

Depois disso as meninas continuaram conversando e em me voltei para as batatas, Himawari ficou conversando com Hidan e enquanto as meninas conversavam em grupo. Fiquei me perguntando se todo bastidor para conhecer uma banda ou um cantor era assim, com toda certeza não era. Sorri com isso, ainda gostava do diferente.

Quando acabou saímos e fomos em direção ao restaurante coreano que Sarada tinha falado, nos separamos em algumas mesas e na minha ficou Hima, Boruto, Shikadai e Inojin. A conversa fluía e me sentia bem com isso, sabia que Sarada olhava para nós as vezes, mas apenas ignorava, estava feliz e queria me manter desse jeito.

— Como está indo na faculdade de medicina? – perguntou Boruto em direção a mim.

— Ótimo, quero me tornar pesquisadora e tenho ido bastante nos laboratórios de pesquisa do campus – disse enquanto comida Jjamppong, era sem dúvida um dos meus pratos favoritos – E você Uzumaki? Imagino que administração não esteja tão fácil.

— Nem um pouco, é uma pressão enorme sobre mim, queria que fosse mais fácil – respondeu – Seus pais aceitaram tão bem você querer fazer medicina, queria que os meus fossem iguais – ainda não compreendo porque todos acham que meus pais aceitaram tranquilamente minha mudança de design de moda para medicina, queriam que eu seguisse os passos e herdasse as Akimi Joaillere.

— Na verdade nã... – tentei explicar.

— Seus pais são incríveis Akimichi – ele me cortou, não queria me escutar, só perguntou por educação como sempre. Bufei e me voltei a carne de grelhava.

— Sim, sim – murmurei e voltei a comer, peguei meu celular e pude ver que tinha uma mensagem de Sarada perguntando se o Boruto tinha falado algo dela, respondi que não, mas estava se sentindo pressionado com a faculdade, poderia usar isso para conversar com ele.

— E você Wari-chan, ano que vem vai ser a próxima a entrar para universidade, já escolheu o que quer fazer? – perguntei e vi que ela ficou vermelha.

— Quero fazer moda, mas provavelmente farei administração também – sua voz era baixa.

— Tenho certeza que vai ser uma ótima estilista, tente fazer, tenho certeza se lutar por isso vai conseguir – disse tentando estimular ela a lutar, vi o pequeno sorriso no seu rosto, agora ela iria tentar – Se vale a pena, tente! Agora coma Ttteokbokki — ofereci que comeu e sorriu.

— Mas e você Inojin, já entrou e ainda não escolheu o curso... – a voz sonolenta era de Shikadai.

— Entrei para o campus de artes plásticas – disse dando os ombros, era certo ele fazer, só precisava admitir que queria seguis os passos do pai – Não falem nada, estava claro que iria fazer esse curso então não precisa falarem nada.

Eram claro que iriamos rir, era a paixão dele e não precisava fingir que não gostava, mas por nós ele preferiu que não, acredito que de todos ele foi o que menos se preocupou com futuro, ele e a arte estavam juntos desde criança que ninguém acharia estranho ele seguir o legado que Sai o deixou.

A conversa fluiu e me senti aceita novamente, mesmo não sendo tão ligada a Boruto, estar junto de Shika, Hima e Inojin me traz algo bom. Eram pessoas tão diferentes, porém não conseguia mudar o fato de que conseguem se manter juntos e firmes, saber que posso fazer parte disse é algo tão incrível. Só conseguia sorrir, depois de muito tempo me sentia bem comigo mesma.

— Sorria mais assim Cho-nee – o pedido veio de Himawari – Me lembra da Mari-sama, tem o mesmo sorriso que ela, pequeno, gentil e com as mesmas covinhas – meu olhar para ela era de surpresa, nunca pensei que meu sorriso fosse como de minha vó, me voltei para o churrasco mas continuei sorrindo.

Estávamos rindo por conta da história de quando Himawari se declarou para Denki, ninguém esperava isso, mas seu azar foi se declarar pouco antes de sua viagem para a Inglaterra, estudaria lá por dois anos e ela mesmo com sua malicia só tinha olhos para o Kaminarimon. Ele que acabava de fazer dezenove e ela dezessete já haviam prometido de esperar e como ela mesma dizia “uma Uzumaki não volta atrás com sua palavra”, iria o esperar mesmo que ele voltasse para dizer que não a amava, fez sua promessa e faltava um ano para rever o dono dos olhos castanhos.

A conversa continuou até escutar um grito e o conhecia bem, era Sarada gritando e só pude correr em direção assim como todos e tudo que encontrei foi uma Uchiha abraçando o descendente direto do imperador Sabaku no Gaara, Shinki, tudo que conseguir foi ficar surpresa e pela primeira vez na frente de todos meus olhos lacrimejaram, era ele na minha frente e tudo aquilo aparecia o maior dos pesadelos.

Todos estavam surpresos em relação a ele e queriam comemorar o máximo possível, voltamos as nossas mesas e Shinki se sentou conosco por ser a mesma com vagas, infelizmente sendo ao meu lado.

— Finalmente voltou! Como foi na Holanda? Soube que na universidade que estou tem um ótimo departamento de medicina! E como foi seus dias? A comida era boa? E as pessoas o trataram bem? Por que voltou? – Himawari começou com uma enxurrada de perguntas, ainda estava assustada, não o esperava encontrar, na verdade todos sabiam que ele pretendia continuar na Holanda, me pergunto porque ele voltou.

— Calma Wari-chan, ele deve estar cansado, não perguntante tanto, talvez seja melhor falar amanhã... – falei esperando que todos concordassem.

— Não precisa, cheguei faz dois dias, queria fazer uma surpresa – vi um sorriso de lado e meu coração se agitou, ainda sentia algo pelo moreno e isso era a pior das coisas – Lá foi bom, os dias eram tranquilos, a comida não é tão boa, admito. As pessoas foram gentis quando necessário, são europeus, não espero muitas coisas. E voltei para ficar, meus estudos foram bons, mas tenho assuntos que preciso resolver aqui – respondeu e comeu um pouco do churrasco.

— Isso é ótimo, fico feliz que tenha voltado, mas agora preciso ir, mesmo amanhã sendo sábado preciso estudar, não é? – falei já me levantando, deixei minha parte do dinheiro em cima da mesa, não iria aguentar mais um minuto se quer lá dentro.

— Cho-nee, fiquei mais um pouco – segurou meu braço.

— A Cho-cho precisa ir Himawari-sama – a voz de Shakadai era firme, ele sabia, era o único que sabia e preferia que se mantivesse assim. Ela soltou meu braço e se despediu, não o olhei e nem deveria, era Shinki e a maior das humilhações já havia passado junto com ele.

— Até, Cho-nee – disse e apenas acenei saindo do restaurante.

Era a um quilometro de casa então resolvi ir andando. A música que tocava era Dengo, ri em desgosto, foi a música que usei na minha declaração a dois anos atrás. A letra definia tudo o que sentia por ele “juro não mais tentar te encontrar dar-te o espaço pra me apagar” e foi o que fiz, dei espaço, não procurei, na minha vida ele passou a não existir, mas ainda doía, sempre doeu. Porém eu era Akimichi Cho-cho, futura líder do meu clã, herdeira da maior das joalherias do Japão, isso não serei demonstrado.

O caminho parecia tão longo, e tudo acabava doendo ainda mais. Não sabia como me sentir, ele voltou e trouxe as melhores e piores lembranças da minha infância, ele não era como Boruto que transformou minha infância em um completo inferno, era Shinki, o calado, sincero, doce e defensor Shinki e tudo doía ainda mais, não podia odiá-lo por não me corresponder, não deveria ser imatura. Mas conseguia odiar ele por tudo que disse.

Mas ainda assim percebi que corriam lagrimas no meu rosto e doía saber que todo sentimento que nutri desde meus dez anos era o mais tolo de todos. Tentava enxugar mesmo sendo em vão, não conseguia parar de chorar, só conseguia me culpar por não ser o suficiente, eu era a última das pessoas que alguém como ele corresponderia, ele era o melhor, e eu uma agregada destruindo a linhagem pura de um dos quatro maiores nomes do Japão.

Assim que percebi que estava em casa, suspirei e toquei o interfone. O portão logo se abriu, mas escutei um grito na rua e me virei para olhar. Uma cabeleira marrom vinha em minha direção e tinha a certeza de que não era nenhum dos Nara, esse horário ainda estaria enfurnado dentro do laboratório de cosméticos e só existia outra pessoa que tinha esse tom de azul então tratei de entrar o mais rápido que consegui.

Corri em direção ao meu quarto, mas parei em meio a escada com mau pai me chamando, o olhei e ele apenas me perguntou como foi, dei meu melhor sorriso e disse sim, o abracei e voltei para cima. Parei na frente da penteadeira e me vi em meio ao espelho, meu rosto não evidenciava meu choro, mesmo o nariz estando vermelho poderia dizer que era por conta do frio de uma noite qualquer no outono de Tóquio. Relaxei, acreditaram e não teria mais problemas naquela noite.

Escutei batidas na porta e fui direto atender, sabia que seria minha mãe perguntando de todos os detalhes, falaria como foi divertido o show, mostraria minhas filmagens do M Fect, ela sabia era um dos meus grupos de kpop favorito. Porém me surpreendi ao ver o par de olhos verdes tão escuros quando a noite. Tudo que me perguntava era o motivo dele estar aqui.

— Sua mãe me deixou se é o que quer saber, pensa que ainda somos amigos – apenas bufei com sua fala.

— Como sempre lendo mentes... O que quer Shinki? – minha voz era sarcástica e meus olhos os encaravam diretamente, não seria a fraca.

— Conversar – disse para se sentar na cadeira e fiquei na sua frente sentando na beirada da cama.

— Sobre o que? Sei que no que onde estudou tinha um ótimo departamento de biotecnologia, veio me dar algumas dicas? Porque eu iria gostar bastante – o sarcasmo estava presente, mas tinha um pingo de verdade naquilo, a ajuda dele seria algo ótimo para meus estudos.

— Não, quero conversar com você sobre aquilo — a raiva me brotou quando definiu tudo o que aconteceu como aquilo.

Aquilo? – minha voz subiu uma oitava – Tudo me disse que era uma agregada, me chamou de mestiça e gorda, você quer me dizer que aquilo é apenas aquilo? Saia da minha casa! – minha raiva era palpável.

— Vi me desculpar, me escute, nossas famílias querem fazer um casamento arranjado e queria que soubesse por mim – não esperava que isso acontecesse, meus avós se casaram por amor assim como avôs e meus pais, não iria acontecer comigo.

— Sinto muito, mas isso não irá acontecer – ri em descrença.

— Você está solteira e eu também, querem juntar o útil ao agradável, aceite e não faça escândalo – meus olhos de encheram de raiva – Mostrar para o mundo que respeitam outras culturas, me casar com uma mestiça é a melhor das coisas, você mesmo sendo mestiça é uma Akimichi.

— Em que momento vocês passaram a acreditar que estou solteira? Esperava dizer do próximo jantar com meus pais, mas estou namorando e se depender de mim logo subirei ao altar – meu sorriso era cínico, mesmo mentindo era convincente e isso ele não duvidaria.

— Posso saber quem? – a voz dele mudou.

— Amanhã irei anunciar então espere para saber como todos e agora saia da minha casa – apontei para a porta e o meu olhar se mantinha até ele sair do quarto, simplesmente levantei, tranquei e suspirei. Havia mentido, mas não voltaria atrás, precisava achar um jeito de continuar com a mentira e me distanciar ainda mais dessa família.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente? Não sei com quem nossa protagonista ficará e eu realmente espero que dê certo, mas tenho ideias para finais e muitos deles não tem romance como foco principal, então não esperem tanto.

Personagens tem camadas, muitas pessoas são infelizes consigo mesmo transformam a vida de outras pessoas em um inferno, pessoas toxicas existem e vou tentar mostrar que eles estão ao nosso lado mesmo que sem percebermos. Não espere alguém mal por completo.

"Watashi wa anata o aishiteimasu, tatoe anata ga watashi o nikumu to shite mo, anata ga watashi o keibetsu shite mo, watashi wa anata o aishi tsudzukemasu" significa "eu te amo, mesmo que me odeie, mesmo que me ignore, irei continuar te amando" pelo menos é o que significa segundo o tradutor.

Terá mais aparições de musicas japonesas, esse foi apenas o primeiro capitulo e queria deixar claro que teria diversidade mesmo tendo "rixas" e problemas entre países leste asiaticos que irei abordar mais pra frente.

Terá temas como depressão e ansiedade, mesmo que não seja de modo explicito se for um gatilho não continue.

Obs: Sim, fiz planfetagem de grupo, nesse caso o M fect, eles são uns amores, juro!



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