As Joias do Carrasco escrita por Jupiter vas Normandy


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem-vindos e obrigada por dar uma chance! A imagem foi feita pelo meu amigo Carter, o do nick Eu Voltei.



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A Cidade Aurora. Nome muito apropriado. Erguia-se junto ao retorno dos humanos para a superfície tal como o sol retornava todas as manhãs. O nome passava uma ideia que dizia "ainda estamos aqui, e não vamos desistir tão cedo". Era orgulhoso e patriótico, fazia com que os cidadãos se sentissem especiais, indestrutíveis.

É claro, Calisto sabia que os humanos nunca deixaram realmente a superfície. Se uma pequena parcela de ricaços pôde se esconder em abrigos subterrâneos, bom para eles, mas que não agissem como exemplos de superação. Se bem que, pelo que Calisto podia ver, mesmo dentro da cidade ainda havia uma grande segregação. Todas as famílias eram ricas quando se abrigaram, mas seja lá o que aconteceu dentro das casamatas e bunkers, quando retornaram, existiam duas classes: Aqueles da cidadela, e o povo comum. Era em meio ao segundo grupo que estava Calisto, já que seu povo não era permitido no anel interno da Cidade Aurora, destinada à quatro ou cinco famílias afortunadas.

Mas era engraçado que mesmo entre o povo comum, Calisto era mal vista. Um homem que passava por ela cuspiu em sua direção, praguejando com os amigos.

— Cigano — comentaram entre si. Apenas mais um nome para aqueles que não foram bem-vindos nos abrigos. Andarilhos, nômades, ciganos. O mal daquela cidade era o povo. Até o mais miserável dos homens sentia-se superior a um andarilho. Teriam agido diferente se percebessem que Calisto era uma mulher? Teria sido melhor ou pior? As roupas não permitiam saber. Calisto escondia-se sob um grosso manto marrom com o capuz levantado sobre a cabeça, cobrindo a boca e o nariz com um lenço, de modo que apenas seus olhos eram visíveis.

Calisto estava do lado errado do muro da cidadela. Precisava atravessar para o lado das "pessoas importantes". Não era impossível, sua mãe fizera isso 25 anos antes, mas infelizmente não estava mais viva para lhe contar o segredo. Mas a noite era amiga do seu povo, e até os cidadãos de Aurora precisavam dormir. Durante a noite, Calisto só precisaria se preocupar com os soldados que patrulhavam lá no topo, mas eles não olhariam para baixo a menos que ela fizesse barulho enquanto escalava, o que não aconteceu. O muro tinha cerca de um metro e meio de largura e, olhando para a cidadela, Calisto soube que descer seria mais difícil. A cidadela era pequena, toda a cidade era, para que pudesse ser abrigada sob a cúpula que protegia o povo da radiação e das tempestades, mas a Cidadela era um único quarteirão, abrigando o Palácio da Fênix. Lá viviam as famílias sortudas, que escolhiam entre si o Pretor da Cidade Aurora. Também abrigava as joias feitas do coração do dragão que quase levou a humanidade ao extermínio, o Carrasco.

Mas não todas as joias.

Quando finalmente chegou ao chão, Calisto não pôde dar mais que três passos. A cidadela não dormia. Os soldados apontaram as armas, hostis. A última invasão causara uma perda inestimável para a cidade. Mas essa invasão deveria reparar a perda. Calisto ergueu as mãos pacificamente. Os soldados gritavam ordens para que não se movesse.

— Avisem ao Pretor que a coleção está completa — disse ela, tranquilamente. — Eu estou com a quinta joia.


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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida (já que eu não expliquei muito bem o que está acontecendo, eu acho) podem perguntar.
Ficha: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdPrA_CzNt0-dEpHJxc07apnZD6Zp6KFuN9Ifx8BTXjhsLdbg/viewform?usp=sf_link
Na ficha tem um pequeno resumo do mundo