Equidistante escrita por Gaia


Capítulo 8
Aku cinta kamu




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(As três palavras)

“Eu não acredito que você está saindo com ele há um mês e não me falou nada!” Isabelle berrou no elevador, quando Alec mencionou sem querer que estava indo para o loft de Magnus e teve que dar um breve resumo de como o encontro desastroso foi uma catarse para que ambos baixassem suas barreiras logo no começo e fossem eles mesmos.

Não tiveram as excruciantes e desconfortáveis primeiras interações, as mentirinhas para agradar, as invenções sobre status e família e todas as máscaras de começo de qualquer relação. Alec até se assustava ao perceber que, em apenas um mês, já quase não tinha camadas para serem descobertas sobre sua personalidade.

“Como você manteve esse segredo? Você é péssimo em manter segredos!” Sua irmã estava realmente brava, mas ele não podia fazer nada. Contar para as pessoas tornaria tudo tão real e ele já estava assustado o suficiente com a profundidade daquilo sem ninguém dando pitacos.

“Desculpe Izzy, é tudo muito novo, eu não queria contar ainda.” Mentiu, afastando o braço dela, para finalmente conseguir sair do elevador apressadamente. “Depois eu te conto tudo.” Outra mentira. Pelo menos por enquanto.

A verdade era que ele estava amando ter aquilo para ele. Era como ler um livro maravilhoso, aquele momento que  só você conhece aquele universo, tendo todas as maravilhas só na sua imaginação e na de mais ninguém. É preciso um tempo de apreciação até você compartilhar para a crítica do mundo.

“Você está atrasado.” Magnus apontou ao abrir a porta para Alec e acrescentou, num tom sarcástico: “Tão característico de você, o que aconteceu?”

“Isabelle.” Ele se limitou em responder. “Que cheiro bom, o que você está fazendo?”

“Eu queria que fosse alguma coisa mais interessante, mas é bolo de chocolate.” Magnus disse, colocando o casaco de Alec no cabideiro depois de dar-lhe um beijo breve na bochecha.

“Bolo de chocolate é interessante. Pelo menos os seus.” Alec respondeu, sorrindo. Ele amava os bolos de Magnus, não só pelo sabor excepcional, mas pelos designs extravagantes que ele normalmente fazia. Formas únicas, cores inesperadas e normalmente muito glitter.

“Não elogie meu talento assim tão levianamente, vai parecer que você quer algo em troca.”

Alec pegou a dica imediatamente e se aproximou, pegando no colarinho da blusa extravagante de Magnus.

“E se eu quiser?”

“Podemos providenciar.”

E seus lábios já estavam se tocando. O beijo começou calmo, íntimo, suave, um cumprimento. Mas, como tudo no relacionamento deles, escalou rapidamente. Alec já estava enlaçando o quadril de Magnus com as suas pernas, trazendo-o para perto, o mais perto que conseguia. Suas mãos, quase de forma involuntária, já estavam desabotoando sua calça jeans.

Assim como estavam, Magnus o empurrou para o sofá e agilmente tirou sua blusa. Subitamente, ele pausou para encará-lo nos olhos. Alec não soube dizer o que Magnus viu, mas sua expressão era de completo deleite e Alec só pôde achar que estava fazendo alguma coisa certa. Foi quando a mão de Magnus acariciou sua bochecha, segurando seu rosto como se fosse a coisa mais preciosa que já tivera em mãos.

Alec não ousou sair do lugar, apenas fechou os olhos e suspirou, colocando as próprias mãos nas de Magnus. Alec não conseguiu ver os olhos dele, porque seus rostos se aproximaram novamente e logo estavam se beijando. A falta de ar era compensada com beijos no pescoço e carícias de mãos habilidosas.

De repente, sem nenhum indício de intenção, Magnus sussurrou lentamente entre os beijos: “Aku cinta kamu.” Ele revelou as palavras pausadamente e intensamente, como se cada uma delas fosse muito importante, como se fossem um segredo, como se tivesse confiando a verdade absoluta do mundo a Alec.

“O que isso significa?” Alec perguntou, tentando se concentrar em sua pergunta e não nos lábios quentes de Magnus descendo pelo seu abdómen. Mas conforme eles foram seguindo o seu curso, a visão de Alec ficou turva e ele não conseguia mais focar em nada a não ser em Magnus em cima de si e nos seus hábeis lábios percorrendo seu corpo.

Mesmo assim, as palavras ficaram grudadas na sua mente como nada tinha ficado antes. Mesmo no dia seguinte, quando Magnus saíra da cama para tomar banho, Alec só conseguia pensar nas palavras que ele tinha confessado em sua intimidade.

Rapidamente, tendo certeza que o chuveiro estava ligado, ele pegou o seu celular do criado-mudo e digitou as palavras em um tradutor online: “Aku cinta kamu”. A tradução fez o seu sorriso desabrochar mais largo do que nunca e ele imediatamente entendeu o que era a felicidade plena. Daquele tipo que realmente traz paz de espírito e acalma os demônios dos passados. A felicidade que não vai embora com uma angústia ou revés, aquela que só é descrita em poesias, filmes de contos de fadas e músicas.

E como consequência, Alec também entendeu realmente o que era o amor. Era entender todas as palavras dessas poesias, filmes e músicas como se fossem escritas por ele. Era salientar o vazio da madrugada, o frio da solidão e inquietação da ansiedade. Era ter um propósito para seguir em frente, para lutar mais um dia, para aguentar qualquer obstáculo que a vida propunha porque no fim valeria a pena. O amor fazia valer a pena.

Ele deu um printscreen na tela do celular e o singelo “Eu te amo” de Magnus escrito em uma fonte preta, em contraste com o branco do brilho da tela, ficaria guardado para sempre, junto com a realização silenciosa de Alec de que o amava também, como nunca amara ninguém.

(As três palavras novamente)

"Eu falei pra ele que eu o amo. Em tailandês.” Magnus confessou no telefone, enquanto se preparava para ir trabalhar, ciente de que Alec já estava quilômetros de distância.

Catarina apenas riu.

"Mas você ama, não ama?"

“Acho que ambos sabemos que está mais que óbvio que sim.” Ele respondeu, entrando em pânico por não achar seu par de Oxfords exclusivos. Ele segurava o telefone pelo ombro, enquanto abotoava seu colete risca de giz, ciente de que era exageradamente formal para o seu trabalho. Chairman Meow miava incansavelmente no seu pé, pedindo pela comida da manhã que ele tinha negligenciado por causa do homem em sua cama.

"Então qual é o problema?" Catarina insistiu.

"Foi em tailandês, ele não fala tailandês, Catarina." Magnus forçou, como ela não estava entendendo a gravidade da situação?

"Ainda não entendi o problema. Se ele não entendeu, fala de novo em inglês." Ela respondeu simplesmente, entre mastigadas. Ele sabia que era o seu intervalo, conhecia a agenda de Catarina de trás pra frente.

Magnus pegou a comida de gato e encheu a tigela de Chairman Meow, dando-lhe uma encarada feia para que não pedisse mais. Finalmente abotoado, só faltavam os malditos sapatos. Ele nunca falaria em voz alta, mas tinha se tornado extremamente relapso desde que Alec começara a frequentar seu loft mais frequentemente.

"A gente só se conhece há um mês! Você não acha muito cedo para declarações de amor? Nem sei se posso chamá-lo de namorado!"

Catarina bufou.

"Magnus. Você está fazendo de novo. Você o ama, não ama?"

"Já disse que sim."

"Então..."

"Você não está me ajudando. " Ele murmurou, insatisfeito. Catarina era uma ótima pessoa, mas ela sempre falhava em compreender o escopo de suas emoções mais dramáticas.

"Eu achei que vocês já tinham passado da fase de ter que ficar escondendo quem são um para o outro.” Ela retrucou, claramente cansada de ter que falar as mesmas coisas toda hora.

"Nós passamos"

"Então!"

"Novamente, não está ajudando."

"Só fala pra ele que você o ama, Magnus. Se você tem medo que ele não responda de volt-"

Ele a interrompeu:

"Não é isso. Eu não tenho medo da resposta. É que... Quando foi a última vez que eu realmente amei alguém, Catarina? E mesmo assim, eu nunca... Eu nunca me senti assim por ninguém. Eu aprendi que ter esperança é inocência demais. E se ele for só mais um dos caras que vai me destruir? Você vai aguentar pegar os cacos de novo?”

Ele sentou-se, absorvendo as palavras que ele mesmo tinha dito. Eram verdades. Duras e tristes, mas verdades. Ele nunca tinha se sentido assim por ninguém e Alec tinha feito isso em um mês. Ele simplesmente não conseguiu se conter quando olhou para os olhos azuis dele o encarando de volta, não conseguiu se conter quando colocou as mãos no rosto dele e viu que ele não hesitou em pegar nas suas, teve que falar, teve que expressar o que estava segurando no seu peito desde que tinham se beijado pela primeira vez.

Amava-o como nunca amara ninguém antes. Amava-o de forma assustadora, profunda e extremamente irresponsável. Não entendia, era completamente ilógico. Não ousava explicar, apenas aceitava. Ele teve que expressa. Era como se as palavras tivessem explodindo para fora dele, não conseguira ficar nem mais um segundo tocando Alexander Lightwood sem que ele soubesse que ele o amava. Com todo o seu ser, com tudo que tinha, mesmo que não fosse o suficiente.

“Tá, mas e se for diferente?” Catarina o tirou de seus devaneios.

“Como assim?” Magnus perguntou, porque essa possibilidade parecia tão distante que ele nem a tinha considerado.

“E se for diferente? E se dessa vez der certo? E se ele te amar o quanto você o ama? E se vocês viverem felizes para sempre? Talvez dessa vez ninguém vai te machucar, Magnus. Talvez Alec Lightwood não quebre seu coração.” Ela esclareceu e ele suspirou.

E se Alexander Lightwood não quebrasse seu coração?

Magnus se despediu de Catarina rapidamente e discou o número de Alec antes que a lógica -inimiga de tudo que estava sentindo- batesse de frente. Antes que pudesse pensar em tempo, em convenções e em tradições.

“Alexander?” Falou, quando o bipe parou.

“Alô, Magnus? Aconteceu alguma coisa?” Ele respondeu em um tom preocupado desnecessário para a situação, apenas ilustrando o seu caráter nobre e Magnus não precisou de mais para dizer:

“Aku cinta kamu. Quer dizer eu te amo.”

Quase que imediatamente, ele ouviu a resposta:

“Eu também te amo.”

 


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Notas finais do capítulo

Olá, sou melosa, sim ou claro?

Eu culpo minha ascendência em Câncer. Admito que tive que colocar umas músicas românticas para escrever esse capítulo, o tirei da parte mais fofa da minha alma.

Quero dizer que nem precisei jogar “aku cinta kamu” no Google porque eu sei de COR. E novamente roubei uma frase da Cassandra, OPS.

Gostaram?

Beijão :*



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