Card Captor Chronicle escrita por teffy-chan


Capítulo 5
Capítulo 5 - Troca




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Na residência dos Kinomoto a Princesa Sakura tinha vestido as roupas de uma menina comum do mundo onde estava no momento e descido até o primeiro andar da casa para jantar com um rapaz que era irmão de uma garota que ela mal conhecia e que se parecia muito com ela. Ela teve um pressentimento quando a menina que pediu para que ela fingisse ser ela lhe disse o nome de seu irmão, que se confirmou ao ver o rosto do rapaz.

— Você demorou, hein? Levou quase meia hora para trocar de roupa — Touya comentou enquanto colocava os pratos na mesa.

Touya… ele se parecia muito com seu irmão, Rei do mundo de onde tinha vindo. Os mesmos cabelos negros, olhos escuros e ar arrogante. Este, no entanto, parecia possuir algum tipo de poder especial que ela não sabia definir muito bem.

— O que houve? Vamos, sente-se — ele falou e a garota obedeceu quase que imediatamente. Olhou então para a comida no prato diante dela. Não conseguia reconhecer nada. Nunca tinha comido nada daquilo e nem sabia como se comia. Devia usar as mãos? Talheres? Hashis? Ela não fazia ideia. Achou melhor vê-lo comento primeiro para depois imitá-lo — Que ideia foi aquela de trazer o moleque aqui em casa? Principalmente quando nem eu e nem o papai estávamos presentes — ele perguntou, abocanhando a comida.

— Moleque? — a Princesa Sakura repetiu. Ah, então aquilo se comia com hashis afinal. Ótimo, então ela poderia comer sem que ele desconfiasse. Não, aquilo não importava agora! De quem ele estava falando? A única pessoa que estava presente quando ele chegou em casa era… é claro, Syaoran! — Ei! Syaoran-kun não é um moleque! Não fale assim dele!

— Que engraçado. Não foi você mesma quem me disse agora a pouco que não o defenderia mais quando eu chamasse o moleque de moleque porque ele já estava crescido o suficiente para você não precisar mais defendê-lo? — Touya recordou — O que aconteceu para você mudar de ideia assim tão rápido?

— É que… bem… — ela torceu as mãos nervosamente por baixo da mesa. Não fazia a menor ideia de que a irmã dele tinha dito aquilo. No momento só estava agradecida pelos dois garotos terem o mesmo nome, pois o tinha chamado de Syaoran por impulso, mas não sabia como iria sair dessa situação — Bom, não é justo você ficar chamando o Syaoran-kun desse jeito. Ele não é um moleque qualquer, é meu amigo.

— "Amigo", sei — Touya revirou os olhos, enchendo a boca de comida de novo — E aqueles dois que estavam com você? Espera mesmo que eu acredite naquela história?

— Fye-san já não te explicou? Ele e Kurogane-san são primos da… — ela não sabia como terminar a frase. Tinha se esquecido do nome da menina que a dona daquela casa mencionara. Droga, como pôde se esquecer do fato mais importante?

— Primos da Tomoyo, eu sei — Touya falou no lugar dela. A garota nunca sentiu-se tão feliz por ter sido interrompida — Mas você tem que admitir que eles não são muito parecidos.

— Pelo que eu soube, os dois são estrangeiros — a Princesa contou, o que de fato era verdade.

— É, eu ouvi essa parte — Touya respondeu — Bom, o grandalhão se parece um pouco com ela, fisicamente pelo menos. Mas o outro… por acaso alguém na família dela tem cabelos loiros?

— Não que eu saiba — a menina respondeu. Nunca nem sequer tinha visto a garota pessoalmente, que dirá saber sobre a família dela.

— Muito estranho — Touya falou desconfiado — Se bem que aquele sorriso de comercial de pasta de dente dele é muito parecido com o da Tomoyo — o rapaz disse mais para si mesmo. Em seguida olhou para a garota — Você não vai comer?

— Hein? Ah, sim… é claro — a Princesa pegou o que quer que fosse aquilo com os hashis e abocanhou de uma vez só. Era horrível. Nunca tinha comido nada tão ruim em toda sua vida. Bebeu um pouco de suco para aliviar o gosto ruim em sua boca e logo em seguida pegou algo redondo parecido com um bolinho com as mãos mesmo e engoliu de uma vez só. Era igualmente horrível. A garota se engasgou e começou a tossir.

— Ei, você está bem? — o rapaz perguntou — Por que está comendo com as mãos?

— Estou bem — ela mentiu, bebendo outro gole de suco — A comida só está… um pouco salgada demais.

— Salgada demais? — Touya repetiu — Você parecia uma morta de fome comendo com as mãos. Francamente, só mesmo uma monstrenga para fazer uma coisa dessas.

— Do que… do que foi que você me chamou? — a garota interrompeu seu ataque de tosse e ficou encarando-o um tanto assustada. Por que ele a estava chamando assim? Será que ela tinha magoado Touya falando mal da comida dele? O que ela tinha feito de errado? — Por que você está me chamando desse jeito…?

— Como assim? Qual é o problema em chamar uma monstrenga de monstrenga?

— Por que está falando assim? — ela estava visivelmente magoada — O que foi que eu fiz de errado? Eu não queria falar mal da sua comida… me desculpe…

— O que? — Touya inclinou-se por cima da mesa para poder encará-la melhor. Tinha alguma coisa errada. Sakura nunca reagia desse jeito diante de suas provocações. Mas ela também mentia muito mal, estava sinceramente magoada com a implicância dele. Aquela menina diante dele… quem era? — Você… não é a Sakura.

— O que…?

— Você se parece muito com ela, mas não é a Sakura — Touya sentenciou — Onde ela está? Onde está a minha irmã?

— Do que está falando? — a Princesa levantou-se da mesa e recuou alguns passos. Tinha sido descoberta… e agora, o que ia fazer? Não podia contar a verdade, aquele rapaz não sabia nada sobre a magia das Cartas que a irmã dele estava coletando. Também não podia contar sobre as penas que continha suas memórias e que era uma versão da irmã dele que tinha vindo de outro mundo. Precisava manter aquela farsa a qualquer custo — Sou eu, a Sakura. Não me reconhece?

— Reconheço uma fraude diante de mim, e tenho vergonha de ter demorado tanto para perceber - Touya respondeu, caminhando lentamente na direção dela — A minha irmã de verdade sempre elogia a minha comida e nunca fica magoada quando eu implico com ela. Pelo contrário, sempre devolve as provocações. Vou perguntar de novo: Onde a Sakura está e quem é você?

— Sou a Sakura…

— Não, não é! — Touya jogou a cadeira para o lado e atravessou a cozinha até chegar onde a Princesa estava. Ele a segurou pelos ombros, fazendo a garota se encolher — Quer saber, não me interessa quem é você ou de onde veio. Apenas me diga onde a minha irmã está!

— Touya! — uma voz o trouxe de volta para a realidade. Touya olhou pela janela e viu que Yukito acenava para ele — Nós temos aula de noite, lembra? É melhor nos apressarmos ou vamos chegar atrasados.

— Pode ir na frente, Yukito. Tenho um assunto mais importante para resolver com essa falsa Sakura — Touya respondeu o mais calmamente que conseguiu.

— Como assim? Essa é a Sakura-chan de sempre — Yukito soou confuso — Por acaso ela andou contando alguma mentira?

— É, pode-se dizer que sim… ei, volte aqui!

A Princesa aproveitou o breve momento de distração de Touya para soltar-se dele e correu para o jardim, onde Yukito estava. Touya correu atrás dela e a alcançou rapidamente.

Mas a garota que ele encontrou era a Sakura que procurava. Sua irmã caçula.

— Sakura…?

— É lógico! Quantas vezes preciso dizer que sou a Sakura? — a menina perguntou, fingindo estar zangada. Ela tinha tomado o cuidado de usar roupas iguais às que a Princesa vestia — Caramba, o que você estava pensando? Fazendo aquele monte de perguntas sem sentido…

— Parece que ele te deu muito trabalho hoje, hein Sakura-chan — Yukito riu.

— Você nem faz ideia! — a menina exclamou — Se você não tivesse chegado acho que aquele interrogatório maluco teria durado a noite toda!

— Maluco, é? — Touya repetiu — Realmente existem muitas coisas malucas nesse mundo…

— Como assim?

— Deixa pra lá, Yukito. Vou pegar meus livros e já volto — ele adentrou a casa novamente — Ah, quase esqueci. A louça é sua, viu monstrenga.

— Eu não sou monstrenga, seu idiota! — Sakura exclamou enquanto Touya ria, desaparecendo pelas escadas que levavam ao segundo andar da casa.

— Obrigada Yukito-san. Você nos salvou — Sakura falou mais calma, depois de Touya se retirar.

— Sem problemas — ele sorriu — Agradeça também ao Li-kun depois. Ele estava certo em mandar uma mensagem para mim. A Princesa não sabe mesmo usar um celular — ele virou-se para a garota que saiu de trás de um arbusto.

— O que é um celular? — ela perguntou curiosa.

— Vou te ensinar a usar um, e depressa — a menina parecida com ela respondeu.

— É melhor você se esconder depressa antes que o Touya volte… está tudo bem? — Yukito encarou a Princesa preocupado ao notar que a menina não tirava os olhos dele.

— Ah, está sim. É que… você se parece com uma pessoa do meu mundo de origem — ela sorriu sem graça, fazendo o rapaz arregalar os olhos.

— O Yukito-san? — Sakura exclamou surpresa — Quem ele era no seu… ah, não é hora para isso! Apenas se esconda mais um pouco até o meu irmão sair, por favor. E então poderei te levar para a casa da Tomoyo-chan também.

— Sakura-chan — Yukito chamou — Depois você vai precisar me explicar essa história direitinho, viu? — ele falou ao mesmo tempo em que Touya retornava para a sala e que a Princesa se escondia. Tudo que Sakura pôde fazer foi concordar. Que escolha ela tinha afinal?


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