Card Captor Chronicle escrita por teffy-chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - Hóspedes




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— Como assim você não trouxe a Princesa?

Sakura não sabia como deveria reagir, muito menos o que dizer. Trouxera Mokona de volta como havia prometido, que parecia muito feliz em rever os amigos, pulando nos braços de Fye assim que o viu. Mas Syaoran estava no mínimo zangado.

— Você prometeu que iria trazer a Princesa! Por isso concordamos em sair da sua casa sem ela e esperamos aqui esse tempo todo — o garoto lembrou, o que realmente era verdade. Sakura prometeu que traria a Princesa de volta para os amigos se eles saíssem para acabar com a fúria de Touya, mas acabou deixando-a lá. E o pior, pediu para que a menina se passasse por ela — Já chega dessa enrolação. Vou buscá-la eu mesmo.
— Viu só, eu disse que ele ia fazer isso — Kurogane abriu um sorrisinho por ter acertado.
— Espere, por favor! — Sakura o puxou pelas costas da roupa — Eu pedi que ela fingisse ser eu…
— Você o que?
— É só por algumas horas! — Sakura se apressou a dizer — Só enquanto eu levo vocês até a casa da Tomoyo-chan. Depois volto para buscá-la.
— Entendo o seu plano, mas você tem certeza de que essa é uma boa ideia? — Fye perguntou — Para começar, a Princesa não conhece nada sobre esse mundo, nem sabe como as coisas funcionam por aqui. Bom, na verdade nenhum de nós sabe, mas ela está fingindo ser uma pessoa desse mundo e interagindo com o seu irmão, não é?
— Que parece ser um cara bem esquentadinho, aliás — Kurogane acrescentou.
— Igual a você, Kuro-chan — Mokona observou.
— Como é que é?
— Além do mais, a Princesa não sabe onde fica a casa da sua amiga — Mokona continuou falando, ignorando as reclamações de Kurogane — Como ela vai se juntar a nós depois?
— Vou levá-la mais tarde, quando meu irmão estiver dormindo — Sakura explicou.
— Desculpe perguntar isso, mas… será que você não poderia fazer isso? — Syaoran voltou-se para o garoto idêntico a ele — Você sabe onde essa garota chamada Tomoyo mora, ou não sabe?
— Sei sim — Li assentiu — Também não entendo porque a Sakura quer fazer isso pessoalmente.
— Porque a Tomoyo-chan é minha melhor amiga. Vai ser mais fácil ela concordar se for um pedido meu — Sakura explicou.
— Bem, se é assim, então é melhor irmos logo — Fye disse enquanto depositava Mokona em seu ombro. Notou então a irritação de Kurogane em encontrar uma garota que muito provavelmente tinha a mesma aparência da Tomoyo do mundo de onde ele tinha vindo — Vamos lá, anime-se, Kurorin! Vamos conhecer nossa "prima".

O grupo caminhou por alguns quarteirões em um silêncio incômodo. Vez ou outra contavam alguma coisa sobre o mundo de onde vieram e o mundo onde estavam agora, comparando a diferença entre os dois, mas logo o assunto morria, provavelmente porque Syaoran ainda estava angustiado por ter deixado a Princesa para trás.

Sakura deu graças aos céus quando enfim chegaram à casa de Tomoyo. Ela tocou o interfone e um mordomo atendeu, mas a menina insistiu em pedir que Tomoyo viesse pessoalmente recebê-la. Lógico que o mordomo achou estranho. Tomoyo, por outro lado, concluiu que devia se tratar de alguma nova Carta e foi correndo até o portão de entrada, sua câmera em uma das mãos e uma sacola na outra.

— Sakura-chan, Li-kun, que surpresa! — a menina exclamou — É uma Carta, não é? Não se preocupe, tenho uma fantasia preparada para vocês dois…
— O que? Por que para mim também? — Li recuou um passo.
— Não é óbvio? — Tomoyo perguntou, mas aparentemente não era — Você ainda está usando o uniforme escolar. Não posso permitir isso! Precisa vestir algo que esteja a altura das roupas maravilhosas que sempre preparo para a Sakura-chan…
— Acalme-se Tomoyo-chan. Não é uma Carta — Sakura interrompeu os devaneios da amiga — Na verdade é algo um pouco mais complicado…

Sakura fez um sinal com a mão e os três rapazes que estavam escondidos atrás de um arbusto apareceram diante dela. Fye sorriu simpático e acenou para a garota. Kurogane a encarava como se estivesse vendo um fantasma que ele detestava muito. E Syaoran… bem, Syaoran não teve tempo de ter nenhuma reação, porque Tomoyo o fez primeiro:

— Sakura-chan! É uma Carta! — ela apontou escandalosamente.
— Hein? O que? — Sakura olhou ao redor atordoada.
— Atrás de você. Cuidado! - Tomoyo parecia sinceramente preocupada com a amiga, mas não hesitou em ligar sua câmera e filmar o que quer que Sakura fosse fazer a seguir.
— Ei. Que tipo de arma é essa? — Syaoran adiantou-se curioso na direção da menina.
— Ah! Sakura-chan, ela deve ser como a Carta Espelho! — Tomoyo recuou vários passos.
— "Ela"? Ei, eu sou um garoto, caso não tenha notado — Syaoran falou ofendido, tirando a câmera das mãos dela — O que isso faz afinal?
— Isso grava as imagens das pessoas. Não é nada perigoso, não se preocupe — Li explicou — Daidouji, ele não é uma Carta.
— Como assim? Ele é idêntico a você — Tomoyo piscou confusa — É como quando a Sakura-chan capturou a Carta Espelho…
— A mesma reação dos outros dois… bem, pelo menos essa daí não parece que vai querer nos atacar - Kurogane murmurou. Ele estava com os braços cruzados, se recusando a olhar para Tomoyo.
— Não entendo — Tomoyo falou, olhando para os dois garotos idênticos — Se ele não é uma Carta, então o que ele é? E por que roubou minha câmera?
— Devolva a câmera dela, pelo amor de Deus — Li pediu e o garoto devolveu a câmera para Tomoyo, embora ainda estivesse curioso sobre o que o objeto fazia.
— Tomoyo-chan, é uma longa história — Sakura falou — E vamos precisar da sua ajuda.

Eles adentraram a mansão de Tomoyo e, depois que a menina pediu para todos os empregados se retirarem (devido ao fato de terem dois garotos iguais ali), Sakura explicou como haviam conhecido seus novos amigos (se é que podia chamá-los de amigos), sobre as misteriosas penas que eles procuravam e que eles precisavam de um lugar para ficar. É claro que também não pôde deixar de fora o detalhe de que havia uma garota no grupo deles que era idêntica a ela e que era uma Princesa. Foi nessa parte que Tomoyo interrompeu a explicação.

— Quer dizer então que existem duas Sakura-chans nesse mundo? - a garota levantou-se do sofá, juntando as mãos - Eu sempre pedi para você fazer aquelas poses lindas enquanto usa as fantasias feitas por mim, mas existem algumas poses impossíveis de serem feitas por apenas uma pessoa, sabe? Mas, se existe mesmo outra de você aqui, então… talvez, se eu tiver a chance de conhecê-la, e ter a oportunidade de ver vocês duas juntas… quem sabe eu consiga convencê-la a vestir uma das minhas fantasias também, e… seria como ver um sonho virando realidade!
— Não deixe ela fazer isso. É sério — Li murmurou para o garoto parecido com ele.
— Parece que eu estava enganado no fim das contas. Essa tampinha não se parece nada com a Princesa Tomoyo do meu mundo — Kurogane falou para si mesmo.
— Então existe outra versão de mim em algum lugar? — infelizmente para ele Tomoyo tinha ouvido e agora o encarava com um sorriso irritantemente doce nos lábios. Os olhos azuis intensos e os cabelos compridos eram idênticos aos da Princesa do mundo de onde ele viera. Mas seu modo de agir parecia completamente diferente. Era um alívio e irritante ao mesmo tempo.
— Sim, existe. Essa Tomoyo é uma Princesa também. Mas não é nada legal como a Princesa Sakura desse garoto aqui - ele apontou para o companheiro de viagem - Aquela cretina me amaldiçoou, reduzindo minha força e me expulsando do meu próprio mundo.

O grupo ficou em silêncio por alguns instantes. Sakura tinha certeza de que a amiga teria se ofendido depois de ouvir aquela história que nem ela sabia. Mas Tomoyo apenas voltou a sorrir para Kurogane.

— Bem… se ela fez isso então deve ser porque você fez alguma coisa muito errada, não é? — ela disse como quem fala do tempo — É uma bela punição, devo admitir.
— Bela punição uma ova, sua…!
— Kuro-chan, acalme-se — Fye o puxou de volta para o sofá — Lembre-se de que essa não é a Tomoyo que te expulsou do seu mundo. É apenas uma garota normal sem poderes. Que tipo de espadachim você seria se atacasse uma menina indefesa como ela? Perderia completamente sua honra como guerreiro, não acha?
— Odeio quando você tem razão — Kurogane virou o rosto para o lado emburrado.
— Bom… então quer dizer que vocês inventaram que esses dois são meus primos para fugir da ira do seu irmão, Sakura-chan? — Tomoyo inclinou a cabeça para o lado, encarando Fye e Kurogane - Eles não se parecem muito comigo.
— Sim… desculpe te envolver nessa confusão, Tomoyo-chan - Sakura lamentou.
— Em defesa dela, a ideia foi minha — Fye coçou a cabeça sem graça — O seu nome foi o único que ela mencionou desde que chegamos a este mundo, por isso inventei que éramos seus parentes.
— Verdade? Eu fui a primeira pessoa de quem você falou, Sakura-chan? — a expressão de Tomoyo mudou rapidamente para alegria — Que bom que pensou em mim primeiro! Não se preocupe, podem ficar o tempo que quiserem!
— Obrigada pela ajuda, Tomoyo-chan — Sakura agradeceu — Tem certeza de que não tem problema? O que você vai dizer para sua mãe?
— Minha mãe está viajando a negócios — ela respondeu — Não terá problema quando a menina que você disse que se parece com você vier. Se vocês forem tão parecidas quanto dizem, posso dizer aos empregados que ela é você. Afinal, não seria a primeira vez que você dorme aqui em casa, Sakura-chan — ela lembrou — E, quanto aos rapazes — ela inclinou a cabeça, pensativa — Bom, Li-kun é um amigo da escola, e esses dois são realmente idênticos. Os outros dois… posso dizer que são parentes dele, talvez?
— É sério, Daidouji? — Li perguntou — Primeiro disseram que esses dois eram seus primos. Agora vai dizer que são meus parentes? Vocês só estão se atolando em mais e mais mentiras — ele avisou — Não quero nem saber se alguém descobrir a verdade.
— É só para ter uma justificativa caso alguém aqui em casa pergunte. Não se preocupe, ninguém vai descobrir — Tomoyo tentou tranquilizá-lo — Bem, vocês entenderam a história, não é? Fiquem o tempo que precisarem.
— Eu agradeço muito, mas… ainda preciso ir buscar a Princesa - Syaoran falou. Parecia estar fazendo um esforço enorme para não sair correndo de lá agora mesmo e invadir a residência dos Kinomoto e tirá-la de lá o mais depressa possível.
— Ah! Céus, eu me esqueci! — Sakura exclamou — Eu a deixei lá em casa fingindo ser eu para meu irmão não desconfiar que eu vim até aqui. Preciso avisá-la de que já estou indo buscá-la… Tomoyo-chan, me empresta o seu celular? O meu ficou em casa, vou mandar uma mensagem para ela.
— É claro — Tomoyo estendeu o celular para a amiga, que começou a digitar freneticamente.
— Ei, você tem certeza de que isso vai dar certo? — Li perguntou.
— É claro que vai! Só preciso avisá-la de que já estou voltando para destrocarmos de lugar — Sakura falou, enviando a mensagem — Obrigada pela ajuda, Tomoyo-chan. Até mais tarde — ela despediu-se às pressas e saiu correndo sem ouvir o resto da frase de Li.
— Tudo bem em se apressar para ir buscá-la, mas… será que aquela Princesa sabe usar um celular?


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