Card Captor Chronicle escrita por teffy-chan


Capítulo 20
Capítulo 20 - Despedida




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Sakura bateu o recorde de velocidade ao usar a Carta Ação para fazer os objetos se movimentarem e retornarem aos lugares onde estavam antes que as pessoas da cidade acordassem e a visse usando magia. Felizmente, as partes das construções que foram devoradas pela Carta Absorção retornaram ao seu local de origem depois da Carta ter sido capturada, então Sakura só precisou recolocar as árvores de volta na terra e reconstruir as propriedades da cidade. Nada que ela nunca tivesse feito antes.

Teve um pouco de trabalho para levar os amigos ainda inconscientes para casa, visto que todos eram maiores do que ela e difíceis de carregar. Kero voltou a assumir sua verdadeira aparência e ajudou a levar Kurogane e Fye para a casa de Tomoyo, meio a contragosto, e Yue levou Touya de volta para casa.

No dia seguinte Sakura acordou mais tarde do que de costume, dando graças aos céus por ser domingo. Tinha ido dormir cedo, mas ainda se sentia cansada por causa dos eventos do dia anterior. Ela se dirigiu até a cozinha e preparou o café sozinha, seus pensamentos começando a vagar. Syaoran tinha lhe garantido que as pessoas que foram devoradas pela Carta despertariam em poucas horas, mas seu irmão continuava inconsciente desde o ocorrido. Se alguma coisa acontecesse com ele…

— Bom dia — Touya desceu as escadas sonolento, fazendo a garota quase jogar seu bolinho de arroz para o alto com o susto. Esse aí não morria nem tão cedo.
— Até que enfim você acordou! — Sakura pulou da cadeira e correu até o rapaz, abraçando-o com força — Você está bem? Está doendo alguma coisa?
— Eu estou ótimo, você é quem não parece estar nada bem — Touya estranhou o exagero de reação da irmã — E qual é o problema em dormir um pouco mais? Hoje é domingo, não é?
— Sim, mas… quero dizer, você não…
— Bom dia! — Yukito surgiu na cozinha, logo atrás de Touya. Sakura se afastou com o susto.
— Yukito-san! O que está fazendo aqui? — ela exclamou, surpresa em ver o rapaz ali. Ela havia pedido para Yue trazer Touya para casa, mas pensou que depois disso ele voltaria a assumir a forma de Yukito e retornaria para a própria casa.
— Ele passou a noite aqui em casa — Touya respondeu por ele — Parece que eu passei mal ontem e ele me trouxe para casa… não consigo me lembrar de nada do que aconteceu — ele coçou a cabeça frustrado. Arrastou uma das cadeiras e sentou-se. Yukito fez o mesmo.
— Desculpe não ter te ajudado com o café, Sakura-chan — Yukito encolheu os ombros.
— Ah… imagina, não se preocupe.
— Apenas dê graças aos céus se conseguir sobreviver à comida dessa monstrenga, Yukito — Touya provocou, mas já estava comendo e falando de boca cheia.
— Eu não sou monstrenga! — Sakura exclamou.
— Sei, sei… você não é uma monstrenga e eu não perdi um dia da minha vida…
— Você o que? — Sakura parou de reclamar.
— Por mais que eu tente, não consigo me lembrar de nada do que aconteceu ontem. Sinto que perdi um dia da minha vida — Touya falou inconformado — Mas eu tive um sonho muito estranho essa noite.
— Um… sonho estranho? — Sakura repetiu preocupada.
— É. Sonhei que você sabia fazer mágica — Touya contou. Sakura sentiu seu coração dar uma cambalhota desconfortável e fez um esforço enorme para manter sua expressão neutra — E que aquele seu bicho de pelúcia amarelo horroroso sabia falar. E que o Yukito era um anjo.
— Eu gostei dessa parte — Yukito sorriu — Mas o final foi assustador.
— Nem me fale — Touya sentiu um arrepio — No final, uma gosma preta me engolia. O anjo tentava me salvar, mas… — ele encarou Sakura fixamente.
— "Mas" o que? — ela perguntou.
— Deixa pra lá. Você ainda é muito pirralha para ouvir isso — ele respondeu por fim, tomando um gole de suco.
— O que? Eu não sou uma pirralha! — Sakura exclamou indignada — Me conte o final do sonho, eu quer saber!
— É horrível quando queremos que alguém nos conte algo, mas a pessoa não diz, não é? — Touya perguntou e a menina parou de reclamar. Não era possível que ele estivesse fazendo aquilo de propósito… se bem que seria a cara dele — Ah, mas tem outra coisa que eu posso te contar. Ou melhor, te mostrar.
— Tem certeza de que quer mostrar aquilo para ela? — Yukito indagou.
— É claro, por que não? — Touya perguntou, olhando ao redor — Droga, onde está meu celular?
— Você deixou no quarto — Yukito lembrou e o rapaz saiu da cozinha para buscar o telefone. Depois que Touya desapareceu pelas escadas que levavam ao segundo andar da casa ele virou-se para Sakura — O Touya não se lembra do que aconteceu ontem, pelo que você deve ter notado.
— Ele não lembra de nada? — a garota exclamou, e Yukito levou o dedo aos lábios em um sinal para ela baixar a voz — Quero dizer, ontem ele parecia saber de muita coisa — Sakura sussurrou — Como ele pode ter se esquecido?
— Não sei de todos os detalhes, já que me transformei no Yue na metade da luta, mas, pelo que o Kero me contou, ele foi devorado pela Carta que também havia absorvido a pena da Princesa e tinha assumido a aparência de um monstro gigantesco, certo? — ele perguntou e a garota assentiu - Depois que nós… digo, depois que ele e Yue… ah, enfim, depois que aquela coisa absorveu Touya, ele parece ter perdido um pouco de energia, por isso acordou tão tarde hoje, o que é algo raro vindo dele. E parece que também bateu a cabeça com força depois que foi expelido pela Carta, ou seja lá como saiu de lá… por isso não se lembra de nada — Yukito explicou — Quero dizer, ele ainda tem alguns flashs de memória, como os que acabou de contar, mas pensa que foi tudo um sonho.
— Ainda bem… nem sei o que faria se ele se lembrasse de tudo aquilo — Sakura suspirou aliviada. Ainda se sentia culpada por estar mentindo para Touya, mas era melhor assim. Viu o que aconteceu quando seu irmão descobriu a verdade sobre sua magia e o fim que ele teve. Jamais se perdoaria se algo assim acontecesse de novo. Precisava mantê-lo afastado de todo aquele perigo.
— Sakura-chan — Yukito a despertou de seus pensamentos — Talvez esse não seja o momento mais apropriado, mas, acho que você deveria contar a verdade sobre os seus poderes para o Touya algum dia — ele falou como se pudesse ler os pensamentos da garota.
— O que? De jeito nenhum! — ela negou na hora — Você viu o que aconteceu quando ele descobriu a verdade, não posso deixar que algo de mau aconteça…
— O Touya é mais forte do que você imagina — Yukito interrompeu. Não havia a gentileza de sempre no rosto dele. Em seu lugar havia uma seriedade e determinação que Sakura raramente via — Se você contar a verdade, tenho certeza de que ele vai suportar. Não digo isso apenas porque eu não gosto de mentir para ele, sei que você também não gosta, não é? — ele perguntou e a garota balançou a cabeça, concordando — Ele se preocupa com você, é seu irmão mais velho. Sei que não parece, mas ele quer protegê-la. Mas o Touya não vai conseguir fazer isso direito se você continuar mentindo para ele.
— Você tem razão — Sakura precisou admitir. Sempre detestou mentir para Touya. No começo, tinha medo que ele descobrisse sobre as Cartas e desse uma bronca nela ou contasse para todo mundo. Agora, tinha medo que ele se machucasse como consequência de sua magia. Mas Yukito estava certo. Touya se preocupava com ela tanto quanto Sakura se preocupava com ele, e merecia saber a verdade — Acho que vou contar a verdade para ele… um dia.
— Já é alguma coisa — Yukito voltou a sorrir.
— Encontrei — Touya desceu as escadas e voltou para a cozinha, sobressaltando Sakura — Olha só isso — ele estendeu o celular para a irmã. Ela viu um vídeo curto que mostrava uma repórter falando sobre misteriosos formatos de mordidas em pedaços de concreto em ruas desertas e terrenos abandonados que surgiram da noite para o dia — Estranho, não é? Quem teria feito isso?
— Eu… não faço a mínima ideia… — Sakura deixou seu bolinho de arroz cair, sem tirar os olhos do vídeo. Tinha se esquecido de consertar as áreas mais desertas da cidade. Como pôde ser tão idiota?
— Não se preocupe tanto com isso, Touya. Logo devem asfaltar de novo o lugar e consertar tudo — Yukito falou com uma tranquilidade impressionante, voltando a comer.
— Pode até ser verdade, mas como isso aconteceu da noite para o dia sem ninguém perceber? — Touya perguntou, tirando o celular das mãos de Sakura — E o mais estranho é que esses buracos têm o formato de mordidas!
— Só acontecem coisas estranhas nessa cidade, não é? — Sakura riu nervosamente, se levantando — Se me dão licença, eu já vou andando, preciso ir até a casa da Tomoyo-chan me despedir…
— Se despedir de quem? — Touya parou de assistir ao vídeo para encará-la. Droga, ela tinha falado demais outra vez! Precisava parar com aquele mau hábito.
— Hã… é que… os primos da Tomoyo-chan vão embora hoje, então eu quero me despedir deles — Sakura respondeu o que seria a verdade da mentira que contou para Touya — Você se lembra deles, não é?
— Ah, sim… ainda acho que eles não se parecem em nada com a Tomoyo — Touya comentou — Vê se não demora. O papai mandou uma mensagem, disse que volta hoje.
— Verdade? Finalmente, faz dias que não o vejo! — a garota abriu um largo sorriso — Então eu já vou indo.
— Sakura, espere — Touya chamou quando ela estava prestes a abrir a porta e a garota parou, com um mau pressentimento — Esses primos da Tomoyo… eles realmente te ajudaram na sua peça do Festival Escolar?
— Hã… — Sakura levou alguns instantes para responder. Lembrou então da história que tinham inventado há o que parecia ser anos sobre eles estarem em sua casa para ajudar com uma peça do Festival Escolar que só aconteceria dali a dois meses — Sim, ajudaram bastante. Arranjaram até uma dublê perfeita para mim.
— Que bom. Então, até mais tarde.
— Até logo — a garota saiu, fechando a porta atrás de si.

Depois que Sakura saiu, Touya voltou a se sentar e desfez seu sorriso forçado.

— Ela nem sequer lembrou que eu havia mencionado ter ouvido uma conversa sobre eles serem parentes daquele moleque e não da Tomoyo… francamente, como ela mente mal.
— Acho que pessoas puras de coração não conseguem mentir — Yukito comentou.
— Está me chamando de impuro?
— Não foi isso que eu quis dizer… até porque, eu meio que estou mentindo para a Sakura-chan também, já que não contei para ela que você sabe sobre esse assunto — Yukito encolheu os ombros. Depois de tudo que aconteceu, tinha decidido que não fazia mais sentido tentar esconder os assuntos sobre o mundo da magia de Touya. Manter segredo só prejudicaria o relacionamento deles, e Touya acabaria descobrindo tudo de qualquer jeito — Por que decidiu fingir que não se lembra do que aconteceu ontem, Touya? Você finalmente tinha dito a ela que sabia sobre a existência da magia… por que voltou atrás?
— Você viu a cara que ela fez quando descobriu que eu sabia de tudo, não viu?
— Na verdade não. Era o Yue quem estava lá, e eu não me lembro de nada do que faço quando sou o Yue — Yukito respondeu — Mas acho que a Tomoyo-chan deve ter filmado. Posso pedir uma cópia para ela depois.
— E pensar que aquela tonta arrastou até a Tomoyo para o meio disso tudo, mas não me disse nada — Touya passou a mão pelos cabelos, frustrado — Ela ficou apavorada, Yukito. Não sabia como reagir, não sabia nem como falar comigo e, sinceramente, eu também não sabia. Se eu não tivesse fingido que não sabia de nada, não sei como ficaria nosso convívio a partir de agora.
— Vocês são irmãos. Se preocupam um com o outro e gostam um do outro, tenho certeza de que dariam um jeito.
— É, mas que jeito? — Touya exclamou — Sakura pensa que está me mantendo seguro escondendo esse assunto de mim… e talvez ela tenha razão — ele baixou a cabeça — Naquela hora em que eu peguei a pena daquela menina… obrigado por me parar, Yukito. Não sei o que aconteceu comigo, eu só…
— Está tudo bem. Não foi culpa sua — Yukito colocou a mão no ombro dele — Sabe, aquele menino que se parece com o Syaoran-kun me contou que algumas pessoas que se apoderam da pena perdem a razão e tentam usar seu poder para realizarem seu maior desejo, mesmo que seja de um modo um tanto distorcido. Isso significa que o seu maior desejo é proteger a Sakura-chan. E parece que algo parecido aconteceu com a Tomoyo-chan, então não se culpe.
— O que aconteceu com aquela pena afinal?
— Retornou para sua verdadeira dona — Yukito respondeu.
— Entendo… então é por isso que eles estão indo embora.

 


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Quando Sakura chegou na mansão de Tomoyo, encontrou os viajantes reunidos no jardim, trajando as roupas de seu mundo de origem. Li também estava presente. Como imaginou, eles estavam prestes a partir.

— Ainda bem… que cheguei a tempo… — Sakura apoiou as mãos nos joelhos, cansada da corrida.
— Não precisava ter tanta pressa. Estávamos esperando você chegar — Fye sorriu para ela.
— Não queríamos ir embora sem nos despedirmos de todos — Syaoran acrescentou — Gostaria de agradecer mais uma vez por nos ajudar a encontrar a pena. Não teríamos conseguido sem a ajuda de vocês.
— Ah… imagina, não foi nada. Vocês tiveram todo esse trabalho porque a minha Carta absorveu a pena… então, nada mais justo do que ajudarmos  — Sakura falou sem jeito.
— Realmente deu o maior trabalho dessa vez — Kurogane concordou — E no fim das contas eu não pude ver o que aconteceu com a sua Carta. Conseguiu capturá-la?
— Sim. A Princesa me ajudou a separá-la da pena, então consegui transformá-la em Carta.
— Uau, isso sim é uma surpresa — Kurogane arregalou levemente os olhos — Mas, pelo que o garoto me contou, ainda faltou um pedaço na memória que ela recuperou. Ele disse que a Princesa estava conversando com alguém, mas não se lembrava de quem er…
— Não se preocupe com isso. Quando chegarmos ao próximo mundo, procuraremos por outro fragmento de memória dela — Syaoran o cortou.
— Acha que conseguirei me lembrar de com quem estava conversando na próxima memória que eu recuperar? — a Princesa perguntou. Assim como Syaoran imaginou, ela não tinha nenhuma lembrança de quando a Carta Registro foi usada.
— Quem sabe? — o garoto respondeu, forçando um sorriso — Bem, é hora de partirmos.
— Sim… obrigada por ter nos deixado ficar aqui, Tomoyo-chan. E também por isso — a Princesa Sakura agradeceu, segurando duas fotografias. A primeira era a foto que Tomoyo tinha tirado dos quatro logo que chegaram em sua casa. A segunda mostrava Sakura, Li e Tomoyo. Não que precisassem de uma foto para se lembrarem daqueles rostos tão parecidos com os seus, mas Tomoyo fez questão de dar as fotos para eles, e também de guardar uma foto dos viajantes para ela — E… tem certeza de que podemos ficar com essas roupas? São muitas… — ela indicou uma bolsa onde estavam guardados os vários vestidos que Tomoyo tinha feito para ela durante sua estadia na mansão. Também continha as roupas que a garota havia feito para Kurogane, Fye e Syaoran.
— Mas é claro! Fiz para vocês afinal — Tomoyo sorriu para ela — Li-kun me disse uma vez que vocês coletavam objetos dos mundos por onde passavam, não é? Pode não ser grande coisa, mas levem essas roupas. São os trajes tradicionais do nosso mundo.
— Também agradeço por isso, Tomoyo-chan. É um objeto muito interessante — Fye segurava a filmadora antiga que a garota havia dado para ele e apontava na direção dos amigos.
— Não aponte isso para mim, seu idiota! — Kurogane ralhou.
— Não seja chato, Kuropon — Fye reclamou — Ao menos eu aprendi a filmar e você não. E a tirar fotos também. Talvez não tenha grande utilidade, mas eu aprendi.
— É, isso não tem utilidade nenhuma — Kurogane concordou — Mas… você conseguiu sentir a magia da Carta daquela menina e soube em qual direção ela estava. E também sempre acaba tomando conta da Princesa quando estamos lutando, o que acaba sendo um alívio para mim, porque sinceramente, eu não sou a pessoa mais indicada para cuidar de meninas delicadas, não tenho paciência para isso. E ainda por cima conseguiu pegar a pena antes de ser absorvido… no fim das contas, eu também acabei sendo devorado quando fui tentar te tirar de lá, mas nem tocar na pena eu consegui. Talvez você não seja tão inútil assim.
— Kuro-chan… você tentou me salvar? É séro? Então você não me odeia tanto afinal! — Fye passou um dos braços ao redor do pescoço dele, mesmo sabendo que isso apenas o irritaria.
— Me larga, seu cretino! E não me chame assim! — Kurogane o empurrou para longe.
— É tão bom poder filmá-los uma última vez. Vou sentir falta deles — Tomoyo comentou, apontando sua câmera para o grupo.
— Não precisa se empolgar tanto, eles são sempre assim — Syaoran disse para ela, completamente acostumado com aquele tipo de cena.
— Não imagina o quanto eu gostaria que vocês ficassem aqui por mais tempo — Tomoyo lamentou.
— Eles precisam continuar procurando as memórias da Princesa, Daidouji — Li recordou.
— Eu sei. Entendo que isso é mais importante, mas… vou sentir tanta falta deles — a garota fazia um esforço enorme para disfarçar a tristeza em vê-los partir — Ah! Já sei!
— O que foi? — a Princesa perguntou.
— Posso escrever um livro sobre vocês? Ou melhor, sobre o que aconteceu enquanto vocês estavam aqui com a gente? — ela indagou. Como eles ficaram em silêncio, Tomoyo acrescentou — Vocês… sabem o que é um livro, certo? Ou também não existem livros no mundo de onde vocês vieram?
— Sim, sabemos o que é um livro — Fye respondeu — Mas, escrever um livro sobre isso…
— Não é um pouco perigoso? — a Princesa perguntou.
— É claro, por que não? — Syaoran sorriu — Duvido que alguém acreditaria que isso aconteceu de verdade.
— Ei, você tem certeza disso? — Kurogane perguntou — Nós estamos indo embora, então isso não vai nos afetar em nada. Mas isso não pode causar problemas para eles?
— Tem razão — Tomoyo colocou a mão no queixo, pensativa. E então abriu um largo sorriso — Já sei! Então vou escrever uma fanfic sobre isso! — ela exclamou feliz — Já pensei até em um nome. Vai se chamar Card Captor Chronicle. Afinal, também contará as crônicas da Sakura-chan, que capturou uma Carta durante os acontecimentos da história.
— É, esse nome parece legal, mas… o que é fanfic? — Syaoran franziu as sobrancelhas confuso.
— Bem… em poucas palavras, é uma história fictícia sem fins lucrativos que você posta na internet — Sakura explicou.
— O que é internet? - Fye perguntou evidentemente curioso.
— Chega de perguntas ou nós vamos passar o dia inteiro aqui! — Kurogane o arrastou pelo capuz de seu manto branco para junto dos mais novos, que se posicionaram um ao lado do outro.
— Mokona — Syaoran chamou — Está na hora.
— Mokona Modoki não pode esperar! Kappu! — o pequeno animal rosado abriu a boca de uma forma completamente impossível, voando ao redor deles. De dentro da boca do animal, surgiu uma luz multicolorida, que começou a envolver o grupo lentamente.
— Li! — Syaoran gritou, antes que partisse de vez — Aquilo que nós interrompemos quando chegamos a este mundo… não deixe de dizer a ela! — foi a última frase do viajante que eles ouviram antes que Mokona literalmente os engolisse, desaparecendo junto com eles.
— Do que ele estava falando? — Sakura perguntou.
— Depois eu te conto — Li desviou o rosto para que a garota não visse o quanto ele estava corado.

 


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Alguns dias se passaram desde que os viajantes partiram. Parecia algo que havia acontecido há muito tempo atrás e, ao mesmo tempo, algo que tinha acontecido ontem. Assim como era a experiência de terem conhecido pessoas tão iguais e, ao mesmo tempo, tão diferentes deles. Suas aparências físicas eram idênticas, mas as personalidades eram muito diferentes. Tanto aqueles que viviam na cidade de Tomoeda quanto os viajantes tinham certeza de que jamais se esqueceriam daquela experiência.

E, independente de quantos dias tivessem se passado desde aquele acontecimento inédito, Li não conseguia tirar as palavras do garoto parecido com ele de seus pensamentos:

"— Aquilo que nós interrompemos quando chegamos a este mundo… não deixe de dizer a ela!"

Ele tinha razão. Li odiava admitir, mas aquele garoto estava certo. Gostaria de ter dito o mesmo para ele, mas o garoto desapareceu antes que tivesse essa oportunidade, e duvidava que iria voltar a vê-lo algum dia. E agora lá estava ele, andando ao lado de Sakura enquanto voltavam para casa depois da escola. O sol já estava se pondo e Tomoyo tinha seguido um caminho diferente em direção a sua própria casa. Era como naquela vez, semanas atrás… talvez ele devesse tentar de novo.

— Sakura — ele chamou e a garota parou de caminhar. Ele falou por impulso, e não tinha ideia do que dizer a seguir - Eu… bem… lembra que eu queria te contar uma coisa algumas semanas atrás, mas a Princesa e os outros apareceram de repente e interromperam?
— Ah, eu lembro! — a garota exclamou, virando-se para encará-lo — Nossa vida virou de cabeça para baixo depois daquilo, não conseguimos mais conversar direito…
— Pois é. E eu acabei não contando o que queria te dizer — ele falou — Pensando bem, foi bem aqui, não é? Nessa mesma rua que nós estávamos conversando naquele dia.
— Sim… também tinha um pôr do sol naquela ocasião — Sakura lembrou, olhando brevemente para cima. O sol tingia os telhados das casas de laranja e deixavam as folhas das árvores com diferentes tons amarelados, como se já fosse outono — Então… o que você queria me dizer? — ela voltou a encarar o garoto. O sol também deixava seus cabelos castanhos com um tom diferente. Sob o pôr do sol, pareciam ter cor de mel. Era uma coloração bonita, embora ela preferisse a original.
— Eu… — Li cerrou os punhos e respirou fundo, reunindo coragem — Bem, acho que você já deve ter notado… pelo menos a maioria das pessoas parece já ter percebido… que eu gosto de você, Sakura — ele finalmente falou — Não como uma amiga ou algo parecido. Eu… eu te amo.

Sakura sentiu seu rosto queimar mais e mais a cada palavra que o garoto dizia. Provavelmente estava muito mais corada do que ele agora. Sentia seu coração dar cambalhotas dentro de seu peito enquanto tentava processar as palavras que ele havia proferido. Por um momento fugaz ela até imaginou que o garoto diria algo assim, mas não quis criar esperanças. Iria se sentir uma tola se ele falasse outra coisa. Mas ele disse… ele realmente disse que gostava dela! Sakura não sabia o que deveria fazer a seguir.

Bem, na verdade ela fazia uma ideia. Em teoria, depois que uma pessoa se declara, a outra precisa dar uma resposta. Mas na prática isso é muito mais difícil. Mesmo quando você já sabe qual é a resposta.

— Não pensei que você realmente fosse dizer isso — ela sorriu sem jeito — Eu… na verdade eu também… sinto a presença de uma Carta! — ela exclamou, repentinamente séria.
— O que? Mas eu não disse que sinto uma Carta…
— Não é isso. Estou sentindo a presença de uma nova Carta… e vem na direção da escola — Sakura virou-se para a direção da qual tinham vindo.
— De novo? Mas o que tem de errado com aquela escola? — Li exclamou.
— Também gostaria de saber — Sakura virou-se para encará-lo — Preciso capturá-la. Desculpe…
— Tudo bem. Vamos fazer isso juntos, certo? — ele sorriu e estendeu a mão para a garota.
— Certo! — Sakura sorriu de volta, segurando a mão dele. Os dois correram juntos de volta para a escola, enquanto Li tomava uma importante decisão em silêncio: Nunca mais se declarar no caminho de volta para casa.

 




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