Card Captor Chronicle escrita por teffy-chan


Capítulo 17
Capítulo 17 - Devorados




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— Não! — Sakura gritou. Sentiu os olhos começarem a marejar — Os dois… eles… se foram… não pode ser… — ela caiu de joelhos, sem conseguir acreditar no que tinha acabado de ver. Tinha perdido seu irmão e Yue de uma vez só… não podia ser verdade.
— Sakura — Li se aproximou com cautela, colocando a mão em seu ombro — Acalme-se. Sei que é difícil manter a calma depois de ver isso, mas você precisa se recompor — ele disse o mais gentilmente que pôde — Lembre-se de que aquilo é uma Carta. Se você conseguir capturá-la, os dois provavelmente irão voltar.
— Isso… isso é verdade? — ela o encarou, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto.
— O moleque tem razão. Depois que você capturar a Carta, o Yue e o seu irmão irão voltar — Kero confirmou — Mas o problema é conseguir capturar essa Carta… agora que ela devorou os dois, também ficou com os poderes deles. Isso sem falar do poder da pena.
— O que disse? — Syaoran se aproximou — Como assim, "o poder da pena"?
— Ah… meu irmão disse que viu a pena que vocês estão procurando dentro da Carta — Sakura contou, colocando-se de pé — Parece que ela a devorou.
— Entendi… então é por isso que a presença da pena sempre aparecia quase ao mesmo tempo que a presença da Carta! Elas estavam juntas o tempo todo — o garoto falou. Agora fazia sentido. A mesma coisa aconteceu nos mundos anteriores que eles visitaram. Touya conseguiu segurá-la, e também Tomoyo… duas pessoas que não estavam tentando capturar a pena, mas eles que estavam tentando pegá-la, não conseguiram. E no fim, a pena acabou sendo absorvida por um poder muito maior. Deveria ter previsto que ela estaria perto da Carta que aquela garota estava procurando.
— Bem, encontramos as duas. Mas como faremos para pegá-las? — Fye perguntou.
— Acho que primeiro seria bom separá-las — Li opinou — O poder das duas juntas é forte demais.
— Agora que absorveu o poder do Yue e daquele chato do Touya então, nem se fala — Kero acrescentou.
— Até que é uma boa ideia — Kurogane concordou — Talvez devêssemos tirar a pena de dentro da Carta, mas… caramba, como vamos fazer isso?

Em resposta a pergunta do homem, a Carta voltou a inspirar com força, tentando devorar o resto do grupo. Todos gritaram quase que ao mesmo tempo e correram, dispersando-se em direções diferentes.

— Ah! — ouviu-se um grito estridente. Nem todos tinham sido rápidos o suficiente. O grupo olhou de volta para a forma gigantesca da Carta e viu que ela estava obtendo sucesso na tentativa de absorver Tomoyo. A garota se agarrava com todas as suas forças nos restos de um tronco de árvore.
— Tomoyo-chan! — Sakura gritou — Não… não vou deixar que você leve mais ninguém! — ela correu na direção da amiga e segurou sua mão, começando a puxar Tomoyo para longe da Carta, que inspirou com mais força, tentando absorver as duas.
— Deus do Vento, vinde a mim! — Li decidiu combater vento com vento. Usou a magia de um pergaminho chinês para soprar uma forte ventania na direção contrária a da Carta, fazendo com que ela engolisse o próprio vento e se engasgando.

Isso deu tempo para que as garotas recuassem e se salvassem, mas ele sabia que estava apenas ganhando tempo. Não iria vencer a Carta apenas com aquilo.

— Obrigada — Sakura agradeceu, correndo para perto dele — Você nos salvou.
— Sinto muito. Tentei filmar tudo mais de perto e acabei me esquecendo do perigo… — Tomoyo falou sem jeito.
— Francamente, não se empolgue tanto com as filmagens. Você precisa tomar mais cuidado, Daidouji — o amigo lembrou.
— Ele tem razão. Se você não pode lutar, então é melhor se afastar, menina, aqui é muito perigoso — Kurogane concordou. Embora suas palavras soassem como uma censura, ele colocou-se na frente da garota, fazendo-a recuar alguns passos. Era quase como se estivesse tentando protegê-la.
— Kurorin está certo. Tanto sobre a Tomoyo-chan quanto sobre a pena — Fye disse de repente, encarando a Carta.
— Hein? Do que está falando? — o amigo perguntou.
— Você disse antes que, se conseguíssemos extrair a pena de dentro da Carta, provavelmente seu poder diminuiria — Fye lembrou — Se pudéssemos tirar a pena de dentro dela…

Foi como se a Carta tivesse ouvido suas palavras. Ela voltou a sugar a tudo e a todos ao seu redor. E quem estava mais próximo era Fye. Os demais recuaram, tentando se abrigar como podiam nos destroços da cidade, mas o loiro caminhou lentamente na direção da Carta e esticou um braço em sua direção.

— Ei, seu idiota! O que pensa que está fazendo? — Kurogane gritou, meio que agachado atrás de um prédio destruído.
— Foi como eu disse antes. Se pudermos pegar a pena, vamos recuperar mais um fragmento da memória da Princesa. E a Sakura-chan também poderá capturar a Carta — Fye respondeu, a mão cada vez mais esticada na direção da pena, agora visível aos olhos de todos.
— E você acha que é fácil assim? — Kurogane exclamou, sem conseguir acreditar no que ele estava fazendo. Será que aquele mago estúpido tinha enlouquecido de vez? — Se fosse assim tão simples então não estaríamos passando por todos esses problem… ei! — Kurogane desistiu de completar a frase e saiu de seu esconderijo ao perceber que Fye também tinha sido sugado. O mago tinha alcançado seu objetivo. Estava segurando a pena. Mas tinha sido praticamente devorado, e a mão que a segurava já tinha sido absorvida. Apenas a cabeça e um dos braços ainda estavam visíveis. Kurogane segurou o braço de Fye que ainda não tinha sido absorvido.
— Consegui, Kuro-tan. Peguei a pena — Fye contou, sorrindo como se não estivesse prestes a ser devorado — Mas acho que não vou conseguir entregá-la para a Princesa. Não consigo mover o resto do meu corpo… ah, tanto esforço por nada — ele suspirou.
— Você é mesmo um idiota. Como pode sorrir em uma hora dessas? — Kurogane indagou — Ainda consegue mover um dos braços, certo? Vamos, faça um esforço para sair daí!
— Não consigo. Me solte, Kuro-chan — Fye pediu — Eu vou ser devorado de qualquer jeito, mas você ainda pode se salvar.
— Há! Acha que pode me dar ordens? Não vou te soltar só porque você quer! — Kurogane o puxou com mais força, mas de nada adiantou.
— Me solte — Fye pediu outra vez — Eu sou completamente inútil em batalhas afinal, certo? Você mesmo disse isso. Mas você sim pode lutar. Eles precisam da sua ajuda para derrotar essa coisa… então, ajude nossos amigos no meu lugar — Fye soltou a mão dele. Kurogane viu o amigo ser absorvido por completo, com aquele maldito sorriso no rosto que tanto o irritava. Sorriso que talvez ele nunca mais voltasse a ver.
— Fye! Fye! Por favor, volte! Fye! — Mokona começou a choramingar ao ver que o amigo tinha sido devorado. Dos quatro, era a ele que o animalzinho mais tinha se apegado.
— Você disse mesmo isso para ele? — Não foi o choro de Mokona, e sim a voz de Tomoyo que trouxe Kurogane de volta para a realidade. Kurogane piscou e viu que a garota estava de pé ao lado dele, incrivelmente furiosa — Não acredito que disse uma coisa dessas para ele!
— Disse… disse o que? — Kurogane perguntou. Ainda estava atordoado com o que tinha acabado de acontecer.
— Que você o chamou de inútil — a garota respondeu — Como pode dizer uma coisa dessas para o seu amigo? Ele era um mago, certo? Aposto que tinha poderes excepcionais que você nem conhecia…
— Não conhecia mesmo, porque mesmo sendo um mago, aquele cara se recusava a usar magia, independente do perigo em que nos encontrássemos — Kurogane a cortou — Você não sabe de nada, então não se intrometa, menina!
— Sei como é se sentir inútil. E sei como é horrível jogarem isso na sua cara — Tomoyo respondeu anormalmente séria — Desconheço os motivos para ele se recusar a usar a própria magia, é verdade. Mas ainda assim, ele conseguia sentir a magia dos outros, conseguia detectar a presença da magia das Cartas da Sakura-chan. Você nunca ficou frustrado com o fato dos seus amigos virem de um mundo onde existe magia, exceto você? Nunca se sentiu um inútil?
— Você… — Kurogane a encarou durante longos segundos. Aquela garota era um pouco menor e as roupas eram diferentes. Mas, tirando isso, sua aparência era idêntica a da Princesa Tomoyo de seu mundo. E o modo de falar também. A mesma Princesa que o baniu de seu reino e que vivia lhe dando sermões como aquele. E, céus, como era irritante quando ela estava certa! — Você se parece mesmo com ela no fim das contas.
— O que? — a expressão severa de Tomoyo mudou para confusa.
— A Princesa Tomoyo e você são mais parecidas do que eu pensei — ele deu as costas para a garota e encarou a Carta — É melhor você sair daqui, menina. A coisa vai ficar feia.
— O que está pretendendo fazer? — a garota perguntou com um mau pressentimento.
— Estou indo buscar o meu amigo.

Tomoyo recuou quando a Carta avançou na direção de Kurogane. Ele viu a pena quando ela abriu a boca e fez como Fye. Esticou as mãos para tentar pegá-la, mas, antes que conseguisse, foi devorado com uma só mordida, junto com parte da calçada. E pensar que nem tocar na pena ele conseguiu… talvez Fye fosse melhor do que ele em alguma coisa afinal.

 


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