Marinette deixou-se envolver pelos braços de Adrien. O garoto estava com o rosto enterrado em seu pescoço, a respiração do loirinho fazia cócegas em sua pele. A menina sentiu seu coração acelerar e sem perceber abraçou o garoto de volta. A sensação era tão reconfortante que fez com que ela se lembrasse do motivo pelo qual havia se apaixonado. Adrien era um garoto gentil, lindo tanto por dentro quanto por fora, ele conseguia ser amigo de todos, até mesmo de Chloé. Era impossível não o amar.

Marinette fechou os olhos e recostou a cabeça no loirinho, apreciando a sensação de tê-lo em seus braços. Não importava o quanto ela tentasse esquece-lo, seria impossível. Adrien era o seu primeiro amor. O primeiro garoto que conquistou seu coração. E a primeira paixão nunca se esquece.

A menina deu um longo suspiro e se afastou alguns centímetros dele para que pudesse ver o seu rosto. Os olhos verdes estavam ainda cheios de lágrimas e isso esmagou o coração de Marinette. Ela nunca imaginou que o loirinho se importasse tanto com ela.

— A-adrien...

Ela começou a dizer, mas se interrompeu ao ver o sorriso no rosto de Adrien. Ele parecia tão aliviado que sem pensar colocou sua mão no rosto da garota, a acariciando suavemente.

— Fiquei tão preocupado de que você pudesse estar de baixo daqueles destroços — falou Adrien, sua voz parecia um sussurro — Eu, não sei se aquentaria te perder também.

O loirinho se sentia melhor por ver que Marinette estava bem, mas por algum motivo seu peito ainda estava apertado. Talvez por que tudo isso o fizesse se lembrar de como foi doloroso descobrir sobre o desaparecimento de sua mãe.

Os dois estavam tão concentrados um no outro que era como se só eles existissem. Não havia akuma ou Ladubug e Cat Noir, não havia barco ou Paris para defender. Tudo o que existia eram Adrien e Marinette. Os dois olhavam um nos olhos do outro sem dizer nada, apenas apreciando a proximidade entre eles. E foi aí que a atenção deles foi desviada, barulho de passos correndo vieram e uma voz gritando o nome de Marinette os assustou.

— Marinette! Meu Deus, ainda bem que você está bem — Disse Alya puxando a amiga e lhe dando um abraço apertado — Nós ouvimos a explosão, o que aconteceu?

Adrien tentando se recompor virou o rosto para longe da vista de seus amigos e passou as mãos no rosto para tentar limpar as lágrimas que ainda manchavam seu rosto. Ele sentiu uma mão em seu ombro e se virou encontrando seu amigo Nino o observando.

— Tá tudo bem, cara?

— Está sim, eu só... por um instante eu achei que Marinette pudesse estar debaixo dos destroços da bomba.

Nino olhou para a garota de cabelos azuis, ela contava como Cat Noir e a Ladybug derrotaram a Capitã Hardrock. Enquanto isso Alya a fitava ansiosa por notícias para colocar em seu blog.

Nino percebendo o quanto seu amigo estava abalado, ainda com a mão no ombro dele, o conduziu a alguns metros à frente, onde os outros não o ouviriam.

— Tem certeza que tá tudo bem?

Adrien observando Marinette de longe começou a dizer.

— É que... só agora eu percebi o quanto ela é importante para mim — Sem tirar os olhos da garota ele continuou — Não sei o que faria se alguma coisa tivesse acontecido a ela, Nino.

Nino percebendo que o amigo falava de Marinette, entendeu o que o loirinho estava querendo dizer.

— Você gosta dela, não é?

Adrien se virou para o amigo, não aguentava esconder mais o que sentia. Amar Ladybug era uma coisa, mas o que sentia pela garota de cabelos azuis era uma completa bagunça. Com Ladybug ele sabia era amor, sem dúvida. Porém, o que sentia por Marinette era tão confuso que Adrien não conseguia dizer com exatidão o que era. A única coisa que tinha certeza era que aquilo que o atacava o coração ao vê-la não era algo que um amigo sentiria por outro. Era algo diferente.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo, Nino. Não sei o que...

Adrien olhou para Marinette novamente e sentiu seu sangue ferver ao ver que Luka segurava a mão da menina que estava com o rosto corado. Sem pensar ele correu até onde eles estavam.

— Fico feliz que nada tenha te acontecido — Falou Luka com um sorriso sincero no rosto.

Marinette corou instantaneamente ao ver a preocupação do garoto com ela. O rockeiro tinha olhos tão lindos que a hipnotizavam.

— O que você pensa que está fazendo?

A garota se virou e viu Adrien encarando Luka com seus lindos olhos verdes. O rockeiro soltou a mão de Marinette e arregalou os olhos surpreso com a atitude do loirinho.

— Ei! Calma aí, cara!

O loiro sentia a raiva o dominar. Ele não queria ver o garoto de olhos azuis dando em cima da “sua garota”, não importava se ele não soubesse direito o que estava sentindo por ela, ou que ela ainda não fosse “sua”. Ver Luka ali segurando a mão de Marinette, de forma tão intima, havia despertado uma parte sua que Adrien não conhecia.

Adrien se aproximou de Marinette e segurando sua mão a puxou para longe do garoto de olhos azuis. A menina surpresa demorou um pouco para entender o que estava acontecendo. Quando finalmente percebeu ela firmou os pés no chão fazendo com que Adrien parasse. O garoto se virou para ela e recebeu um olhar interrogativo de volta.

— O-o q-que você está fazendo?

Luka estava alguns metros atrás observando o que acontecia, pronto para intervir caso a garota precisasse de alguma ajuda.

— Eu... bem... eu só queria...

O loirinho gaguejou tentando inventar uma desculpa em sua cabeça. O que estava acontecendo com ele? Mais uma vez deixando o ciúme o controlar.

— Marinheiros! Temos que começar o festival — gritou a mãe de Luka já se recomposta da akumatização.

A menina de olhos azuis estava exausta. Ela ainda pensava na situação em que estava Cat Noir. O gatinho havia saído dali pensando que algo ruim havia acontecido a ela. Vê-lo naquele estado havia abalado seu coração, o pior de tudo foi não poder dizer a ela que estava tudo bem. Marinette olhou para o loirinho e percebeu que os olhos dele estavam um pouco inchados e o rastro das lágrimas ainda podiam ser vistos em seu rosto. Ele também havia se preocupado tanto com ela. A garota sentia um aperto no peito ao se lembrar que queria esquecer do garoto, mas como poderia? E ainda havia Luka, o garoto foi tão atencioso e parecia realmente ter ficado apreensivo sobre a segurança de Marinette. Ela precisaria de tempo para colocar a cabeça no lugar e para isso precisaria ficar sozinha.

A menina se desvencilhou do toque de Adrien e indo em direção a ex-akumatizada, falou tentando ao máximo não parecer tão abalada como estava.

— V-vamos, n-nós temos que ajudar a arrumar as coisas para o festival.

O resto do dia Marinette e seus amigos organizaram o festival que foi maravilhoso. Adrein e Luka deixaram suas diferenças de lado e tocaram juntos enquanto Rose cantava perfeitamente. A menina de olhos azuis evitou qualquer tipo de contato com Adrien, ela precisaria pensar sobre tudo o que acontecera naquele dia antes de conseguir conversar com o garoto. Quando a música acabou, Marinette, foi para casa se despedindo apenas de Alya e Milene. Antes que os garotos sentissem sua falta ela já estava a caminho de casa.

***

Ao chegar em seu quarto, Marinette, tomou um banho para relaxar e em seguida deitou em sua cama segurando um pedaço de papel vermelho. Ela desdobrou o bilhete que Cat Noir havia lhe dado, o papel estava meio amassado e dentro havia uma caligrafia não muito bonita. O gatinho parecia tão abalado ao lhe dar aquele pequeno pedaço de papel. Ele a amava de verdade e Marinette queria poder corresponder esses sentimentos. Mas não se pode mandar no coração.

O herói lhe pediu que lesse e refletisse sobre o que ele havia escrito e era isso que ela faria. Olhando para as letras começou a ler.

My Lady

Hoje é o dia dos namorados e por isso não consegui deixar de pensar em você o dia todo. Quando estou sem a máscara fico sonhando com o dia em que poderei lhe ver novamente. Sei que não podemos revelar as nossas identidades, mas tudo o que eu mais queria era poder saber quem é você quando não está salvando Paris.

Você é uma garota incrível, é bondosa e gentil. Sempre fazendo de tudo para ajudar as pessoas. Você tem o maior coração que eu já vi. E essas qualidades me fazem gostar de você cada dia mais e mais.

Pode parecer estranho eu lhe dizer tudo isso, mas o que eu sinto por você é real. O amor que sinto por você é maior do que eu poderia de pensar, o que me faz ficar imaginando seus lindos olhos azuis.

Eu sempre brinco com fazendo minhas cantadas bobas, mas não sei se você realmente acredita. Desde o dia em que te conheci percebi que você era diferente. E o que começou com uma simples amizade foi crescendo.

Eu te amo, My Lady! Amo tanto que me dói saber que só poderei te ver quando houver um akumatizado na cidade. Amo tanto que me sinto horrível por pensar que você pode se machucar em uma de nossas lutas.

Eu não suportaria te perder. Você é importante demais para a minha vida.

Você, My Lady, é o motivo pelo qual eu sempre acordo sorrindo. É a primeira coisa que penso no meu dia.

Eu te amo!

E espero do fundo do meu coração que você possa corresponder esse sentimento.

Com Amor,

Cat Noir

Marinette deitou a cabeça no travesseiro e ficou pensando nas palavras que acabara de ler. Os sentimentos do gatinho por ela eram bem maiores do que havia imaginado. Ele gostava das suas duas versões, com e sem a máscara. Como seria mais fácil se ela conseguisse ama-lo. Seu coração se apertou no peito ao se lembrar das lágrimas de Cat Noir quando ele pensou que ela pudesse ter morrido. A dor em seu rosto fazia Marinette se sentir horrível por não poder lhe contar que estava bem. Vê-lo naquele estado fazia uma sensação estranha se apoderar de seu corpo, uma tristeza que a corroía.

— Tikki, por que as coisas têm que ser tão complicadas? 

Ela fitava o teto com as sobrancelhas franzidas. Sem ouvir resposta de seu kwami continuou falando.

— Eu queria tanto poder ama-lo — disse suspirando ao fechar os olhos.

— Poder amar quem? 

Marinette deu um pulo de susto ao olhar para a sua janela e ver o gatinho de olhos verdes à encarando com um sorriso nos lábios. Seu rosto queimou de vergonha com medo do que ele poderia ter escutado.

— Ei! Calma, não queria te assustar. 

— C-cat N-noir, o que você tá fazendo aqui? — Disse ela se sentando na cama.

— Pensei que ficaria mais feliz em me ver, princesa — respondeu o gatinho fazendo uma cara de falsa decepção — você estava conversando com quem? 

Ele perguntou olhando atrás da garota tentando achar com quem ela falava. 

— Bem... eu... eu... estava só pensando alto. A quanto tempo você está aí? 

— Não se preocupe, eu não ouvi muita coisa e eu sei guardar segredos — Ele disse isto, mas sentiu uma pontinha de ciúmes por pensar que ela poderia estar falando de Luka.

— Hum... 

Cat Noir atravessou o quarto e se sentou ao lado da menina na cama. Ela o olhou de relance e sentiu uma pontinha de tristeza ao perceber que ele estava com os olhos inchados, provavelmente por causa das lágrimas de mais cedo.

— Está tudo bem?

Perguntou ela percebendo que o gatinho tentava demonstrar que estava bem, mas na verdade ainda estava abalado com o ocorrido.

— Claro, porque não estaria?

O sorriso que ele deu não chegou aos seus olhos. Adrien percebeu que Marinette havia evitado contato com ele após sua ceninha de ciúmes com Luka. Não sabia se ela estava brava e isso o deixou apreensivo, por esse motivo resolveu visita-la. Porém, não podia fazer isso como Adrien e que maneira melhor do que vê-la como o herói que uma certa vez havia conseguido faze-la abrir seu coração?

O problema era que Marinette conhecia o gatinho bem demais para acreditar que ele estava realmente bem. Ela sabia que algo o incomodava. O que não compreendia era que o real motivo dele estar assim era por pensar que a garota estava chateada com ele.

Marinette queria poder retirar o sofrimento do gatinho. Queria poder aliviar a dor que, ela pensava, era por causa de sua conversa com Ladybug e sua preocupação com seu eu sem a máscara. Sem pensar duas vezes a garota se aproximou de Cat Noir e o abraçou.  

— Eu sempre vou estar aqui quando você precisar — Disse ela em uma tentativa de fazê-lo se sentir melhor — Não importa o que aconteça, eu nunca vou te abandonar.

Cat Noir não entendia o motivo da atitude da menina, mas isso não o impediu de aproveitar a sensação de tê-la mais uma vez em seus braços. Ele recostou sua cabeça no ombro esquerdo de Marinette e deixou que o abraço acalmasse seu coração. Afinal, se ele não pudesse tê-la como Adrien, porque não tentar conquista-la como Cat Noir?