A Slasher Movie escrita por MV


Capítulo 5
Capítulo 1x05: Lenda Urbana


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta, guys!

Primeiramente desculpa pela demora excessiva em postar esse capítulo. Essas últimas semanas eu estava CHEIO de coisas da faculdade pra resolver e fazer, o que acabou atrasando a publicação deste capítulo aqui. Eu já quero deixar avisado que como eu tô no final do semestre, é bem possível que o próximo capítulo demore um pouquinho mais também (uns 15-20 dias no máximo), mas logo estará sendo postado!

Tem música nesse capítulo! O link aqui:

Hungover - Kesha
https://youtu.be/pGNzxi1vStk

No mais, é isso! Aproveitem!



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Luzes piscavam em todas as direções, enquanto os gritos dos adolescentes com os hormônios em ebulição podiam ser ouvido à distância.

Em diversos cantos da casa, casais se beijavam sem pudor algum, e até subiam até o andar superior onde ficavam os quartos. Já outros estavam reunidos na sala, jogando o famigerado jogo da verdade. Na parte externa, vários aproveitavam a piscina da casa de Mary Jane.

Beth encheu o copo da melhor amiga com o suco de morango com vodka que havia feito, enquanto a negra olhava radiante para a festa. Tudo isso é pra você, Kaitlin.

— Mary? – Beth estalou os dedos na frente da amiga. – Você ouviu o que eu disse?

— O que? – Mary respondeu, não conseguia ouvir a amiga com tantos gritos ao redor. – Tá todo mundo gritando, amiga.

Beth rolou os olhos e abriu um sorriso antes de gritar:

— Eu tava falando que nossa festa tá maravilhosa!

— Ah, mas isso é claro. Fomos nós que fizemos, óbvio que seria maravilhosa. Como nós. – Mary sorriu para a amiga, e ambas fizeram um toque com as mãos, que só as duas e Kaitlin tinham.

As três eram a tríplice da popularidade do colégio, as rainhas de Mt. Rosemary High School, respeitadas por muitos, odiadas por vários, amadas por outros. Era impossível você estudar naquela escola e não conhecer as três maiores personalidades da escola, ainda mais famosas que o próprio time de basquete da escola.

Após a morte de uma das três, um clima pesado se instaurou entre elas. Agora Beth e Mary só tinham uma a outra para confiar, mesmo Beth tendo Nicky como namorado e Eric sendo o melhor amigo de Mary. A conexão entre as duas era algo muito maior que qualquer outra relação, e por isso Mary, vendo como a amiga estava feliz, decidiu que não contaria sobre Nicky ter dado em cima dela, não no dia de hoje.

Era um dia de festa.

Eu não vou deixar nada estragar nossa noite. Nem mesmo o vagabundo do Nicky, ele ainda vai ter o que merece.

— Vamos entrar? – Beth perguntou para a negra que refletiu por um segundo.

— Não sei, a vista aqui está tão boa. – Ela disse, olhando para os jogadores do time de basquete sem camisa na piscina.

— Mary, você é uma piranha, sua doida. – Beth respondeu.

— Eu não tenho culpa se você decidiu namorar, meu anjo. – Mary respondeu, e depois riu enquanto Beth revirava novamente os olhos enquanto tomava a sua bebida.

A SLASHER MOVIE

Capítulo 5

Lenda Urbana

— Era só isso mesmo. – O xerife Larry Nortwick falou. – Obrigado pelo seu depoimento, diretora Hayledale.

A negra agradeceu com a cabeça e se levantou da cadeira, indo na direção de sua bolsa escura. Thereza Hayledale era uma mulher de pulso firme e por vezes soava um tanto quanto fria mas no fundo, essa era a sua forma de superar as perdas.

Como as que aconteceram em sua escola recentemente.

Primeiro Kaitlin Cooper aparece assassinada na banheira de sua casa, depois o zelador da escola também é morto com a garganta cortada. Para completar o cenário de horror, um dos professores mais antigos do colégio, Mr. Earl, é brutalmente esmagado contra a parede da arquibancada e um de seus alunos, Eric Newman, esfaqueado no ginásio. Todos os estranhos fatos culminaram na mulher dando um luto de três dias para a escola.

Embora negasse, ela sentia que precisava de um tempo de descanso depois de tais eventos. Por mais que a morte da abelha-rainha do colégio fosse terrível, Thereza não podia negar que sentira mais a morte de Anthony. Afinal, os dois conversavam quase todo dia, e ele também era o seu conselheiro número 1. Extremamente experiente, Anthony Earl sabia como lidar com os jovens e o período conturbado da adolescência, auxiliando diversas vezes a diretora em suas decisões. E agora… Ele estava morto.

— Diretora? – O xerife Larry a chamou.

— Sim xerife?

— A senhorita Blackburn disse que a senhora irá fazer um memorial às vítimas durante o aniversário da cidade. Isso está mantido?

— Pretendo. É o mínimo que devemos fazer em honra aos méritos que o Mr. Earl fez para nós, assim como pelas almas de Raul e da Kaitlin Cooper. Alguma novidade no caso, xerife?

— Informação confidencial, Thereza. Me desculpe. Mas se quer saber, ainda estamos no começo, parece não existirem rastros do assassino.

— Mas isso é praticamente impossível, xerife. Tem que haver algo!

— Existe algo que irá incriminar a pessoa certa, mas esse algo, diretora Hayledale, nós ainda não achamos.

XXX

Alice estava sentada em uma grande poltrona na parte externa da casa segurando um copo vermelho nas mãos enquanto cantarolava a música que tocava em alto e bom som, enquanto Deborah estava encostada na grade da varanda de frente para ela. Do local onde estava sentada, tinha visão direta para a área da piscina, completamente lotada.

— Você viu que a festa é em homenagem á Kaitlin?

— É, me contaram. – Alice falou, olhando para a outra.

— E aí? Você não vai fazer nada? – Ela disse, bebendo um gole de cerveja.

— Ah, isso já é passado, Deb. – Alice comentou, despreocupada. – E ela vai ver, seja lá onde esteja, que eu não guardo rancor dela. Tenho mais o que fazer da minha vida.

— Eu tenho certeza que ela está no inferno. – Deborah riu um pouco, e depois corrigiu. – Não, eu não quero que o inferno seja estragado por aquela vaca! Deus, pode aceitar ela no seu reino! – Deborah gritou na direção do céu noturno enquanto Alice gargalhava.

 

— Deborah, acho que você tá um pouco bêbada.

— Eu não. Só bebi um pouquinho. – Ela disse, dando mais um gole na cerveja. – Quem deve estar doido de verdade é o seu irmãozinho.

— O Miguel? O que tem ele? – Alice perguntou, curiosa.

— É que eu vi ele aos amassos com mais duas garotas um tempo atrás. Parece que a noite vai ser boa pra ele.

— Eu tô chocada. – Alice falou boquiaberta.– Queria eu estar assim.

— Eu nem morta queria. – Deb comentou, dando mais um gole da cerveja, e desfazendo o rabo de cavalo que tinha. – Agora se tirasse seu irmão da história, aí eu poderia muito bem repensar a ideia.

— Pelo menos ele está beijando, né Deborah? – Alice falou, levantando uma sobrancelha.

— Espera só um pouquinho, Alice. – Deborah comentou. – Eu não vim à toa pra essa festa. Assim como você também deveria aproveitar mais… Você sabe.

Alice acenou com a cabeça em negação.

— Ah, Deborah. Não tô a fim hoje, de verdade. Quero só continuar aqui de boa.

— Decisão sua, então. – Deborah falou, dando de ombros. – Respeito mas não concordo. Aliás, falando nisso… Você viu que o Clayton e o Eric não se desgrudam mais?

— Garanto para você que o Clay tá adorando isso. – Alice comentou, rindo e imaginando o que o melhor amigo estaria fazendo agora.

XXX

— Vira! Vira! Vira! – Nicky gritava em alto e bom som, junto a vários outros jovens presentes ali na sala da casa de Mary, em uma competição de shots que decidiram fazer. Desta vez era Beth que virava os vários copos e ia mais longe do que qualquer um antes dela.

 

— Falta só uma pra ela bater o recorde, hein pessoal? Só uma! Vira, amor! – Nicky gritava, em êxtase, acompanhados pelos outros jovens. Beth por sua vez, sorriu debochada e empurrou mais um gole da bebida garganta abaixo, enquanto várias ovações se seguiam.

— Beth Croft, a grande campeã da competição de shots! Com o recorde de 23 goles da bebida! – Nicky gritou. – Palmas para a rainha da festa! Alguém se atreve a desafiá-la?

Embora o rapaz tivesse perguntado, não esperou pela resposta e logo respondeu:

— Eu sei, eu sei. Nem precisam tentar, ela é a nossa rainha, e minha namorada!

Beth soltou uma risada pelo ato de Nicky e depois balançou um pouco a cabeça em negação, apenas para sentir o seu redor girando um pouco. Ela se apoiou em uma cadeira, o que provocou o espanto do namorado.

— Beth, tá tudo bem? – Ele perguntou.

A loira respirou fundo e se recompôs. Não vou fazer nada para estragar esse momento. — Ela pensou.

— Estou ótima, Nicky. – Ela sorriu. – Só me traz um pouco de água, eu acho que vou precisar.

Assim que Beth falou aquilo, Nicky correu para o cômodo ao lado em busca de água para a namorada, enquanto ela repensava a sua ideia de ter participado da competição de shots.

Está tudo sobre controle. — Ela pensou.

Um pouco distraída de tudo enquanto esperava o retorno do namorado, a garota olhou ao redor até perceber algo que chamou sua atenção.

No canto da sala, Mary e Eric pareciam conversar com faces preocupadas, a negra chegando até a se exaltar, gesticulando repetidamente. Mas o que mais estranhava era que os dois olhavam discretamente exatamente na direção dela. Mas o que está acontecendo? Será que eu sou o assunto?

Repentinamente, se sobressaltou ao sentir uma mão tocar no seu ombro por trás. A loira se virou assustada, até perceber que era Nicky que tinha tocado no seu ombro.

— Nicholas, você é doido? Quer me matar do coração, é isso?

— Eu trouxe a sua água, amor. – Nicky falou, surpreso com a reação da namorada.

— Ah bem… Obrigada! – Beth pegou rapidamente o copo das mãos de Nicky e começou a beber o líquido enquanto Nicholas a olhava, um pouco preocupado.

Então Beth notou que Nicky havia desviado o olhar da loira para algo que acontecia atrás dela, e deduziu que era a conversa de Mary e Eric.

A garota entretanto achou esquisito, já que Nicky agora exibia uma face muito mais preocupada do que antes.

— Nicky, tá tudo bem? – Ela perguntou, fazendo o rapaz acordar de seus devaneios.

— Que? – Nicky perguntou, ainda um pouco aéreo. – Tá tudo bem sim. Já terminou sua água? Quer que eu pegue mais?

— Não precisa, já estou melhor. – Beth comentou. – Eu só estranhei, porque você parecia bem preocupado…

— Claro que estava. Com você, Beth.

— Você entendeu o que eu disse, Nicholas.– Ela disse, séria. – Mas já que você diz que não foi nada, eu acredito em você.

XXX

Cerca de meia-hora depois.

Miguel acendeu um cigarro, e logo sentiu a fumaça tomar conta de sua boca, tragando ela logo em seguida, enquanto pensava nas duas meninas que havia beijado anteriormente. Por mais estranho que pudesse parecer, Miguel não havia feito qualquer coisa além disso com elas. Embora as duas outras não pudessem falar a mesma coisa, já que pouco depois do beijo triplo, elas correram para dentro da casa.

— Você já fumou quantos desses, Miguel? – Clayton perguntou, sentado em um dos bancos da área de descanso da casa de Mary. Miguel por sua vez, estava sentado no chão de pedra, olhando o rio Strode passar com suas águas caudalosas em frente. A tal área de descanso onde estavam ficava nos fundos da casa de Mary Jane, depois de passarem uma cerca de madeira com um pequeno portão que dava acesso a ele. Ali existiam alguns bancos e cadeiras em torno de uma mesa central, como se fosse um espaço para piqueniques. Naquele instante, somente os dois jovens estavam ali.

— Perdi a conta no quarto. Mas o maço ainda tá cheio, isso quer dizer que não muito. – Miguel falou, soltando a fumaça.

— E misturar isso com bebida não é algo ruim? – Clayton perguntou, antes de beber o líquido alcoólico que estava no seu copo.

— Se for, nunca aconteceu nada comigo. – Miguel comentou, despreocupado. – Mas eu nem ligo. Sempre soube que não ia viver muito, então… Vamos aproveitar o tempo que nos resta.

— Credo, Miguel. – Clay falou. – Você falar assim até parece…

— Clayton, eu não matei a Kaitlin Cooper. – Miguel se virou para ele, sério. – Foi só um comentário. Mas vamos falar de você, Clayton Nortwick. Cadê seu namorado?

— Que namorado? – Ele perguntou, como se não tivesse entendido.

— Ué, você e o Eric. – Miguel comentou, como se fosse óbvio. – Pensei que vocês já estavam se pegando faz tempo.

— A gente nem se beijou, Miguel. – Clayton falou, com a voz um pouco triste. Era verdade que os dois estavam juntos boa parte da festa, até o momento que Mary roubara Eric dele, dizendo que precisava falar algo importante com o amigo.

E até agora nada do seu crush retornar.

Depois de soltar mais uma namorada de fumaça pela boca, Miguel falou:

— Daqui a pouco isso acontece. É só uma questão de tempo. – Logo depois, Miguel levantou o olhar para o portão da cerca um pouco acima do espaço de piquenique, vendo uma figura descendo as escadas de pedra. – Falando nele… Acho que é meu sinal pra ir embora.

— Clayton? – Eric perguntou. – Miguel? Tudo bem?

— Melhor impossível. – O latino falou, se levantando. – Estávamos falando exatamente de você.

— Que? O que tem eu? – Eric perguntou, intrigado, enquanto passava a mão no cabelo castanho.

— Era só o Clayton preocupado contigo. – Miguel falou, olhando para o rapaz que estava sentado no banco em silêncio olhando para a cena. – Bem, eu já estou de saída. Então… Tem mais alguma coisa que possa fazer?

— Me dá um cigarro, Miguel. Pelo amor de Deus, eu tô precisando depois do que acabei de ouvir. – Eric falou, exibindo preocupação. Miguel só ergueu uma sobrancelha, curioso, e depois deu um deles para Eric, saindo logo em seguida.

XXX

Jake estava sentado sobre a sua cadeira preta, revisando o script que tinham de A Slasher Movie. Nos dias que se passaram desde a morte da Kaitlin, ele vivia em constante medo dentro de si, principalmente por ter sido acusado de vários crimes e ligações suspeitas, que partiam do seu celular roubado.

Ele se sentia como se estivesse acabado de entrar em um verdadeiro filme de terror, onde um a um adolescentes são assassinados brutalmente. Já tinham sido Kaitlin e Mr. Earl, quem seria o próximo?

O pior de tudo isso é que todos já tinham visto filmes de terror e sabiam como os burros jovens desses filmes, em especial os do subgênero slasher caíam nas garras do assassino mascarado, e era exatamente baseado nisso que Jake criara as personalidade de cada um dos personagens.

Alice era a protagonista virgem, Nicky o atleta babaca, Beth a grande vadia da história, Miguel era o drogado, Clayton o melhor amigo da protagonista e Mary a cheerleader negra. Cada um pegando os clássicos estereótipos que os filmes ofereciam, e existia uma ordem das mortes, que seguia a ordem dos filmes de terror. E isso de certo modo assustava Jake, já que a primeira a morrer seria ninguém mesmo do que Kaitlin. Assim como na vida real.

Jake tinha certeza de que o assassino não tinha acabado a matança, somente tinha parado por algum tempo indeterminado. Mas quem teria sido o tal assassino? Ele parecia estar sozinho nessa jornada cheio de mistérios, já que os outros ignoravam completamente esses assassinatos e até foram para uma festa na casa…

Repentinamente a mente de Jake deu um estalo. A festa na casa da Mary! Todo filme de terror que se preze tem um desses, e sempre se transforma em um banho de sangue. Eu posso estar enganado mas… Tenho certeza que a próxima vítima está lá!

XXX

— O que exatamente aconteceu? Você tá bem? – Clayton perguntou para Eric que estava sentado ao seu lado, com a cabeça apoiada no braço.

— Ah… Eu não quero falar sobre isso, Clay. Aconteceu algo sério, a Mary estava me falando… Vamos dizer que a escola vai tremer quando saber do que aconteceu.

— Eric, assim você tá me deixando curioso.

Eric soltou uma risada involuntária, e olhou para o outro rapaz, falando:

— Desculpe, não foi minha intenção mesmo. Eu só… Ai Clayton, tá acontecendo muita coisa ao mesmo tempo, parece que minha vida virou uma tempestade nas últimas semanas.

— Eu entendo. – O outro respondeu. – De verdade. Mas pra que o cigarro que você pediu?

— Eu não costumo fumar. Mas às vezes… – Eric suspirou. – Tudo o que eu preciso é de algo pra me acalmar. Infelizmente, essa bosta é a única coisa que consegue fazer isso.

— Isso é um perigo. Você sabe, né? – Clayton falou, enquanto Eric concordava com a cabeça, olhando para o rapaz.

— Eu confesso que eu estou com medo, Clayton. – Eric falou. – Desde aquele dia na escola, eu sinto como sempre estivesse sendo perseguido por alguém ou algo. O assassino mesmo disse que não era minha vez, isso vai continuar.

— Nós vamos conseguir achar quem é essa pessoa antes que aconteça alguma outra coisa, Eric. – Clayton falou, tentando tranquilizar o jovem, embora soubesse que as investigações de seu pai ainda estivessem na estaca zero.

— Tomara, Clay. Eu tô muito preocupado de verdade… Com todos nós. Com você. – Eric falou, enquanto olhava para Clayton novamente.

Um silêncio acabou caindo sobre os dois jovens ali presentes, que continuavam se olhando, quase como se vissem a alma um do outro, ambos cheios de um desejo que não conseguiam mais conter. O silêncio somente era quebrado pelos barulhos da festa á distância e pelo barulho da água deslizando pelas pedras do rio Strode. 

Clayton avançou contra os lábios de Eric, sentindo uma estranha onda de eletricidade passar pelo seu corpo. Pouco depois, se afastou de Eric que olhava para ele, meio corado e um pouco espantado.

— Eu precisava fazer isso. – Clay falou, cabisbaixo. – Desculpa se eu estraguei tudo entre nós.

Eric então colocou a sua mão na coxa de Clay, fazendo o mais novo levantar os olhos, um pouco assustado.

— Não precisa se desculpar por nada. – Eric falou, e depois sorriu. – Eu queria fazer o mesmo.

Dessa vez foi Eric que avançou contra Clayton, fazendo as duas bocas se colarem em um selinho demorado, que logo se transformou em um beijo de língua no momento em que Eric invadiu a boca da Clay, enquanto o mais novo passava a mão no rosto do outro, sentindo a barba de Eric. Era como se o mundo tivesse simplesmente parado e naquele momento não existia Alice, Nicky, Mary, os assassinatos, os cigarros, a festa, o time de basquete.

Só existiam Clayton Nortwick e Eric Newman.

XXX

Algum tempo depois.

— E essa é a lenda do homem do gancho.  

— Misericórdia Miguel. – Alice falou, fazendo o sinal da cruz. Os meio-irmãos estavam juntos de mais um grupo de jovens, todos reunidos dentro da casa de Mary, atentos exatamente ao latino que contava tais lendas. Curiosamente, esse grupo reunia os mais diversos estudantes, inclusive Beth e Mary, que escutavam as histórias curiosas, assim como Nicky, mas este revirava os olhos a cada lenda.

— É só uma história, Alice. Não precisa ter medo dessas coisas.

— Eu sei da lenda da babá. – Deb levantou a mão, como se pedisse para falar.

— Ah, eu sei dessa história, nerd. – Beth se manifestou. – É bem macabra também. É uma babá que começa a receber ameaças de um desconhecido quando está sozinha numa casa afastada cuidando de algumas crianças…

— Aí ela liga pra polícia. A polícia rastreia o sinal e indica que está vindo da própria casa. Óbvio que a polícia fala pra ela sair correndo da casa…

— E depois descobrem que esse homem estava ligando para a moça antes de matá-la, logo depois que tinha assassinado as crianças. – Beth completou, um pouco arrepiada.

— Credo Beth, como você sabe disso? – Mary olhou a amiga, assustada.

— São lendas urbanas, Mary. Histórias que o povo conta, não é?

 

— Eu adoraria saber como chegamos nesse assunto. – Mary balançou a cabeça em negação, e depois disse: – Eu vou ver se tem mais bebidas por aqui, já volto.

Enquanto isso, Deborah bebia mais um gole de cerveja enquanto falava de mais uma lenda:

— E a lenda do assassino no banco de trás? Essa também é macabra!

— Ah, eu sei dessa. – Alice comentou. – É aquela lenda do começo do filme Lenda Urbana né?

— Essa mesma! – Deb falou, apontando com a garrafa de cerveja.

 

Então Miguel pigarreou no mesmo instante, chamando a atenção dos jovens.

— Essas lendas do Estados Unidos são assustadoras, mas duvido que vocês tenham ouvido falar da Chorona. – Ele falou, atraindo a atenção dos jovens. – É uma lenda mexicana famosa, conta a história de uma mulher que casou com um homem extremamente rico, e tiveram dois gêmeos. Entretanto, o marido vivia distante da família e após o nascimento das crianças, ela sentia que o marido não a amava mais, só dedicando-se para as crianças. Um dia ele parou de voltar para casa.

— Mas, e aí? O que aconteceu? – Deborah perguntou, curiosa.

— Um dia, ela estava andando na beira de um rio com as crianças, quando viu a carruagem do marido passar do outro lado do lago com ele e uma mulher mais nova. Ela se encheu de raiva e sem pensar, atirou os filhos no rio, matando-os. Quando percebeu o que tinha feito, ela pulou no rio com a esperança de morrer com os filhos.

— Credo, que horror Miguel. – Alice falou.

— E não termina aí. A alma da Chorona agora está presa a terra, e é vista em corpos de água como rios e lagos. Mas sabe porque ela é conhecida como Chorona?

— Não fazemos a menor ideia, afinal você que está contando a lenda – Beth respondeu.

Miguel suspirou e então disse:

— Porque é possível ouvir os lamentos e seus gritos dela a noite, nos cursos de rios, pedindo socorro. Mas se você ouvir os seus choros, corra. Corra o máximo que puder. Agora se ouvir os seus gritos, você está marcado com a morte e a desgraça.

Todo o grupo olhava chocado para Miguel, boquiaberto com a história. O silêncio só acabou quando o celular de Miguel tocou num rompante, assustando a todos ali. Miguel pegou o celular, e exibiu uma face assustada.

— É minha mãe, eu volto logo. – O latino falou, entrando para dentro da casa.

Beth se entreolhou para Nicky, que só revirou os olhos mais uma vez, falando em seguida:

— Eu mereço isso. Uma mulher que fica chorando na beira do rio? Francamente, eu tenho mais o que fazer.

— Onde você vai, Nicholas? – Beth perguntou, ao ver o namorado se afastando. Nicky se virou e então tranquilizou Beth, falando:

— Eu vou atrás da Mary. Ela não voltou com as bebidas até agora.

XXX

Alice? Você está aí?

A garota pegou o seu celular assim que ouviu a vibração dele em seu bolso. Ainda estava sentada no interior da casa de Mary, exatamente na mesma rodinha em que estivera anteriormente, e algumas pessoas ainda contavam algumas lendas urbanas, mas dessa vez ela não prestava muita atenção. Ao ver a mensagem, percebeu que era de Scott e um estranho e súbito arrepio passou por sua espinha.

Oi, Scott. Pode falar.

Desculpa se eu estou atrapalhando...

Não, tá tranquilo. — Ela respondeu. – Eu ainda tô aqui na festa.

Ah, de boas então LOL — Ele falou. – Hey, você quer falar sobre aquele assunto pessoalmente amanhã? Nós conversamos tanto, mas nem nos vimos...

Eu acho que temos que aproveitar enquanto você está aqui, então sim.

Nós temos que falar com a Carrie e o Miguel, Alice. Não podemos ficar escondendo o que aconteceu deles. — Ele falou. – Uma hora vão acabar por descobrir…

Eu sei, Scott. Mas mesmo assim, eu tenho medo que possa cair represálias sobre eles.

Alice, me perdoa dizer. Mas irão cair. — Scott respondeu a garota. – Eles estão conosco nessa, eles também correm perigo.

Alice estava prestes a responder o rapaz quando percebeu que alguém ligava para ela, mas o número era desconhecido. Ela hesitou um pouco antes de sair da roda e ir até um local mais quieto para finalmente atender.

Alô?

Olá Alice, como vai? — Uma voz gutural falou do outro lado da linha. – Aproveitando a festa?

Quem é você?

— Você já me conhece, Alice. Realmente achou que tinha acabado? Foi uma mentira.

Você… Fala logo, o que você quer? — Alice falou, se levantando.

Que você aproveite a festa. Ou seria melhor dizer, homenagem a uma pessoa que eu mesmo matei? Me admira você estar aqui, afinal não era ela a sua maior rival?

NósNão podemos deixar que tudo termine assim. Eu perdoei ela...

Perdoou ela, Alice? Sério? Agora que ela está morta é muito fácil dizer isso, não acha? Se bem que logo você também estará.

O que?

Não se faça de desentendida. Olhe ao redor, tem certeza que essas pessoas são quem realmente são?

Por que você está fazendo isso comigo? — Alice quase gritou, desesperada.

Você irá descobrir em breve. A propósito, qual é seu filme de terror favorito? O meu é aquele em que alguém morre em uma festa em memória de uma garota assassinada a facadas. A Slasher Movie, conhece?

O telefone desligou repentinamente e Alice sentiu seu íntimo congelar. A garota saiu correndo, apenas para quase se chocar com Deborah, carregando dois copos vermelhos. Ao perceber que a outra garota parecia estar assustada falou:

— Alice? O que aconteceu?

— O assassino da Kaitlin e do Mr. Earl, ele voltou… – Alice falou, apreensiva. – Ele acabou de me ligar.

— O assassino? Aquele das ligações do Jake?

— Tenho quase certeza que é ele mesmo, Deb. – Ela disse. – Ele me ameaçou de novo… Deve me conhecer.

— Mas tá, e aí? O que ele falou? – Deborah perguntou, levando a mão á boca.

— Me ameaçou de novo, mas o pior não foi isso. No final da ligação ele disse que tinha um filme de terror favorito. A Slasher Movie, o nosso filme, lembra? E também disse algo sobre alguém morrer em uma festa.

— Morrer em uma festa? – Uma figura falou atrás das duas que se viraram apenas para encarar Beth atrás delas, olhando de forma desconfiada. – Como assim, Alice? Isso parece mais uma piada de mau gosto.

— Beth?

— Eu mesma querida, a única Beth Croft de Mt. Rosemary. Você disse que recebeu a ligação do cara que matou a Kaitlin e o professor? Como sabe disso? – Ela olhou inquisidora para Alice e Deborah seguiu o olhar gelado que Beth lançou para Alice, que ficou completamente sem jeito.

— Eu sei… Ele me ameaçou antes, tenho certeza que é a mesma pessoa. – Alice respondeu.

— Querida, não pode ser um trote? – Beth falou. – Não seja sonsa, Alice. Pra que um assassino ligaria pra sua vítima?

— Para imitar os filmes. Não dizem que a vida imita a arte? – Jake surgiu de dentro da casa. O garoto parecia levemente cansado, e isso podia ser visto quando ele apoiou as mãos nas pernas.

— Jake, seu louco! Isso lá é horas de chegar? O que aconteceu? – Deborah falou se aproximando.

— Eu fui é idiota. Eu sabia desde o começo que esse assassino não tinha deixado a gente em paz. E pensem comigo: quer lugar melhor pra ele matar do que uma festa? – Jake falou, afobado.

— Vocês estão se baseando unicamente em suposições. Parem com isso. – Beth respondeu.

— Não quando um cara que tá te perseguindo com um facão segue as regras de um filme. Nós estamos em um filme, ainda não perceberam? Assim como o que estávamos fazendo, um terror slasher. Com a única diferença de que nós… – Ele engoliu em seco. – Morremos de verdade.

— Então você acha que ele vai vir aqui e matar alguém na festa?

— Sim e não. Ele vai tentar matar alguém com certeza. Mas você está errada em uma coisa: ele já deve estar aqui.

XXX

Mary caminhava pelo jardim da casa na direção da garagem, balançando as chaves na sua mão. Nicky dissera que tinha deixado as bebidas na geladeira que ficava na adega, junto da garagem, e ela decidira buscar mais algumas garrafas, já que estavam em falta.

No fundo, tudo isso era uma desculpa para sair daquele ambiente que estava anteriormente. Nem imaginava de quem tinha sido a ideia de ficar contando lendas urbanas na festa, mas Mary Jane não estava disposta a ficar ali, principalmente depois que falaram da lenda da babá. A sua mente automaticamente associou a lenda com a morte da sua amiga Kaitlin, então preferiu sair para não ficar remoendo ainda mais tal memória.

A festa é em homenagem a ela, mas não quer dizer que precise ficar lembrando de como a vida dela terminou. — Pensou.

A garota destrancou a porta que levava para a garagem, entrando na mesma e logo esfregou as mãos nos braços. O ambiente estava muito frio, até mais do que de costume. Então pegou o seu celular e ligou a lanterna dele para iluminar o ambiente. Do outro lado da garagem, viu duas portas: uma que levava á adega e outra para um banheiro. Alguns carros, inclusive o carro preto de Nicky, estavam estacionados no interior.

A negra começou a caminhar rapidamente até chegar na porta, abrindo a mesma facilmente. Porém conseguiu ouvir um barulho estranho vindo atrás dela no mesmo instante. Ela se virou e viu apenas escuridão.

— Tem alguém aí?

Assim que entrou na adega, dirigiu-se a uma geladeira branca encostada na parede, abrindo e pegando algumas garrafas de vidro com a bebida alcoólica, até que parou repentinamente quando sentiu uma brisa fria passar por trás dela. Ela se virou na direção da porta apenas para ver que a mesma se fechava com a força do vento.

Mary largou as garrafas no chão e correu para impedir o fechamento total da porta, mas não conseguiu. A garota suspirou de raiva enquanto abria a porta novamente.

Novamente, ouviu um estranho barulho de passos vindo da garagem e disse:

— Quem está aí? Se tiver é melhor aparecer agora!

Mas o silêncio continuava a reinar. Mary retornou para a geladeira e pegou mais algumas cervejas e passou célere pela garagem que ainda estava completamente silenciosa.

Porém quando foi abrir a porta, ela estava trancada.

— Mas o que está acontecendo? – A garota falou, deixando as garrafas no chão e procurando o molho de chaves. Foi aí que se lembrou que ela deixara... Na fechadura da porta.

— Olha, seja lá quem trancou, pode parar com essa brincadeira de mau gosto, tudo bem? – Ela falou, já tremendo de medo, olhando na direção da porta. Logo depois, quando a negra fez silêncio, ela pode ouvir barulhos de passos vindos de dentro da garagem.

Subitamente, uma mão envolta em uma luva negra tampou a sua boca.

A primeira reação que Mary teve foi de morder os dedos, que ainda estavam por cima da luva, conseguindo se desvencilhar rapidamente e vendo quem tinha colocado a mão.

A figura era mais escura do que a escuridão. O manto negro era como se fosse a própria vestimenta da morte, enquanto o rosto era preto assim como todo o resto. Mas o que chamou a atenção de Mary era a faca brilhante que reluzia em sua mão.

O assassino avançou contra a garota, que conseguiu pular para o canto, do outro lado da garagem. Mary Jane então gritou em alto e claro bom som, já que esta era a sua única arma. Estava presa ali dentro com o assassino sim, mas se alguém chegasse a tempo, ele seria pego.

— Socorro! Alguém me ajuda! – Ela gritou, enquanto podia ouvir as músicas e os gritos dos adolescentes à distância.

Shadow Face começou a correr atrás dela, enquanto a negra continuava a pedir por socorro, correndo por trás dos carros naquele ambiente claustrofóbico. Entretanto, ao olhar para trás, acabou chutando a roda de um carro e tropeçando.

Mary caiu por cima do capô de um carro preto e tentou se levantar, mas sentiu algo queimando em sua carne. A figura negra havia dado uma facada certeira nas costas da garota.

Naquele instante, ela soltou um berro de desespero e dor, caindo sobre o capô do carro preto de Nicky. Quase em um flash de segundo, ela olhou para dentro do veículo e conseguiu ver algo que verdadeiramente a espantou. Porém não havia tempo para pensar.

Mary ainda conseguiu impulsionar o corpo para frente, fazendo ela rolar sobre o capô e cair do outro lado. Nesse momento, a garota sentia o líquido quente descer pelas suas costas e sujar sua bela roupa branca de um vermelho marcante.

Ela não ia desistir tão fácil.

A garota se levantou rapidamente, sentindo todo o seu corpo queimar e percebeu que estava do lado do banheiro. Seu primeiro instinto foi correr para dentro, e tentar trancar a porta, já que a tranca ficava pro lado de dentro. Assim que estivesse trancada podia tentar mandar alguma mensagem para ajudá-la.

Era um plano perfeito, não fosse por Shadow Face.

No momento que ia fechar a porta, o assassino conseguiu colocar o braço e começou a fazer força para abri-la novamente. Do lado de dentro, Mary tentava empurrar de todas as maneiras a porta para conseguir se trancar, ainda em pé, mas já perdia as forças.

— ALGUÉM ME AJUDA, POR FAVOR! – Ela gritava, enquanto sentia lágrimas caírem dos seus olhos, misturado com um choro que veio de forma involuntária.

A garota começou a sentir suas pernas falhando, e então com um baque, foi jogada para um dos cantos do banheiro, batendo as costas feridas com força. Como a garota foi de cara na parede, teve alguns machucados no rosto. Enquanto as lágrimas desciam, elas se misturavam ao sangue rubro, como se Mary estivesse chorando sangue.

Ela olhou para o seu algoz uma última vez, antes de receber a primeira facada no seu peito, seguida de várias outras. Muito sangue saía da boca da garota, que desfalecia aos poucos ainda sentindo a dor de ser esfaqueada brutalmente.

Mas o golpe final ainda seria dado.

Shadow Face puxou a garota, quase desmaiada, pelos longos cabelos cacheados que ela possuía e então jogou seu rosto contra o vidro do espelho do banheiro, fazendo o mesmo se quebrar em vários pedaços que atravessaram o belo rosto da negra, desfigurando-o.

Dois dos cacos de vidro também perfuraram os seus olhos castanhos, e onde eles estavam antes, só havia sangue. Assim como em todo o rosto de Mary Jane, que estava completamente imerso no líquido rubro.

Então, orgulhoso de seu trabalho, Shadow Face jogou o corpo da negra contra o chão, fazendo o mesmo se chocar em um baque surdo.

XXX

Minutos depois.

Nicholas pegou uma das chaves da garagem de Mary que possuía, e inseriu na fechadura da porta. Apesar de Mary não ir com a cara dele, ela acabou sendo obrigada a dar uma das cópias da chave para ele na festa, já que o rapaz estava responsável pelas bebidas.

Não só pelas bebidas. — Pensou. Logo depois, ele deu um suspiro, tentando afastar tais pensamentos.

A verdade é que Nicky havia mentido para Beth. Ele não tinha ido ver como Mary estava e sim, responder uma mensagem muito importante. Que poderia custar a sua vida.

O rapaz girou a chave na fechadura, e então a porta se abriu. Ele abriu um sorriso debochado e falou:

— Abre-te sésamo.

Assim que entrou na garagem entretanto, o jogador de basquete sentiu um calafrio passar pelo seu corpo, mas nem deu importância. Ele olhou para trás para ver se ninguém o seguira, e então trancou novamente a porta.

Nicholas caminhou a passos rápidos até seu carro, e o destrancou, fazendo o barulho característico. Ele abriu a porta e então pegou algo que estava atrás do volante, respirando aliviado.

Embora parte dele dissesse que estava destruindo sua vida aos poucos, a outra parte de Nicholas dizia que precisava daquilo. Tinha começado há poucos meses com aquilo, desde a festa de Kaitlin, mas agora não conseguia mais parar.

Só não podia deixar Beth saber daquilo que tinha em mãos. Apesar de ter traído a namorada com Kaitlin, Nicholas ainda a amava. Do seu jeito, mas amava. E não queria que Elizabeth se envolvesse justamente com o que poderia ser sua ruína.

O pino de cocaína que segurava na mão.

Porém naquele momento, percebeu que existia uma mancha estranha no chão de frente para seu carro. Ele pegou a lanterna do celular e iluminou o chão, e o que ele viu o sobressaltou. Era uma mancha de sangue fresco.

— Mas o que é isso?

O rapaz percebeu que existiam algumas gotas de sangue também no seu carro, e com cuidado, se aproximou, iluminando o capô intrigado, onde havia outra mancha de sangue. Ao seguir o caminho das manchas, viu que ela ia para o banheiro.

O rapaz deu a volta no seu carro e andou até a porta do banheiro, percebendo que existia uma silhueta no chão, contudo Nicky não podia ver claramente. O rapaz tateou a parede até achar o interruptor, que ao seu toque, acendeu a luz do banheiro.

Quando Nicky desviou o olhar para a silhueta, a identificou imediatamente, e um grito de horror involuntário saiu de sua boca.

Envolto em uma poça de sangue no meio do banheiro e com vários cacos do espelho quebrado ao redor, jazia o corpo morto de Mary Jane.

XXX

Another sun is rising

Another lone walk back home

There's just so many faces

But no one I need to know

A festa havia terminado em uma tragédia sem tamanho. Várias luzes ainda piscavam pela casa de Mary, mas dessa vez, eram as luzes dos carros de polícia e da ambulância. Alguns jovens saíram correndo da festa depois da descoberta do corpo, mas diversos ainda estavam lá, alguns prestando depoimento.

Outros, chorando e sendo amparados.

In the dark, I can't fight it

I fake 'til I'm numb

But in the bright light

I taste you on my tongue

Jake se sentia derrotado. Correra tanto, descobrira o esquema do assassino, apenas para ficar de mãos atadas mais uma vez. Já eram quatro mortos, e não havia sinal de trégua. O assassino conseguiu desaparecer no meio da festa sem que ninguém notasse quem era, e quando acharam Mary já era tarde demais.

Enquanto sua mente era bombardeada com cada vez mais informações e com a suspeita de que ele era o verdadeiro assassino, algo que negava veementemente, finalmente foi atingido em cheio por uma terrível verdade.

A Slasher Movie nunca deveria ter existido.

And now the party's over

And everybody's gone

I'm left here with myself

And I wonder what went wrong

And now my heart is broken

Like the bottles on the floor

Does it really matter

Or am I just hungover?

Sentados numa calçada próxima, Miguel e Deborah olhavam a movimentação em torno da casa da colega de sala falecida.

— Era essa lenda que faltava. – Deborah falou, cabisbaixa. – E se tornou real…

— A Bloody Mary. – O latino respondeu.

— Então, ele voltou. O Jake tinha razão desde o começo.

— Não adianta nada, Deb. – Miguel respondeu, com o olhar distante. – Nossa vez ainda vai chegar. Se depender desse filme, todos nós vamos… – Ele não completou a frase.

Seus pensamentos estavam distantes demais para poder concluir o que dizia. Mas Miguel sabia que tudo isso tinha uma relação com o estranho bilhete que recebera enquanto trabalhava no Crystal Diner no dia anterior.

Even my dirty laundry

Everything just smells like you

And now my head is throbbing

Every song is out of tune

Just like you

O xerife Larry Nortwick desceu apressado do carro, depois da chamada que havia recebido. Pelo o que a delegada Kari tinha informado, mais um adolescente havia sido morto, justamente em uma festa.

Enquanto caminhava pela grama aparada da casa, viu o carro do 911 levando o corpo embalado por um saco negro para dentro da ambulância, seguido de uma mulher negra chorando copiosamente. Ele somente conseguiu engolir em seco, ao ver a cena que desafiava a ordem real dos fatos. Os pais nunca deveriam enterrar seus filhos. — Pensou.

Nesse momento, ele desviou o olhar e viu Clayton sentado sobre a escada da casa, cabisbaixo. Ele estava abraçado a um outro rapaz que chorava sem parar, enquanto o filho do xerife passava a mão em sua cabeça, tentando tranquilizá-lo.

Foi aí que Clayton levantou a cabeça e percebeu que o pai olhava fixamente para ele. Larry conseguiu ver o momento que viu uma lágrima descendo pelo rosto do filho, que exibia uma face completamente assustada.

Now, I've got myself

Looking like a mess

Standing alone

Here at the end, try to pretend

Beth permanecia abraçada a Nicky, respirando forte e chorando como nunca. Primeiro Kaitlin, agora Mary. Dois envolvidos com o projeto, dois mortos.

Mas acima de tudo, suas duas melhores amigas, com quem havia compartilhado alguns dos melhores momentos da sua vida. O grande trio das rainhas de Mt. Rosemary High School, agora reduzida a apenas ela. Se a garota ainda não havia superado a morte de Kaitlin Cooper, a morte de Mary Jane foi quase como uma facada em sua vontade de viver.

Tinha alguém eliminando o elenco, transformando a arte na vida real. E a mira permanecia apontada para todos, sem distinção. Olhou dessa vez para Nicky, preocupada, e viu que o rapaz estava duro como uma rocha, mas os pensamentos deveriam estar o perturbando completamente.

A garota não podia ler a mente do namorado, mas no fundo, ela estava certa.

But no, I put up my fight

But this is it this time

'Cause I'm here at the end

Try to pretend

Here at the end, try to pretend

Alice sabia que algo iria acontecer. E aconteceu. O assassino havia a prometido que continuaria o massacre e assim o fez.

Kaitlin, Mr. Earl e agora, Mary Jane. Três vítimas, mas ela tinha a terrivel sensação que esse número ia subir e que muita coisa ainda iria acontecer. Porém ela precisava impedir, e tentar escapar das armadilhas do filme que se tornava realidade. Alice ainda não tinha sido perseguida, mas as ligações para seu celular eram opressoras, como se o assassino sempre estivesse na espreita.

Pronto para atacar a qualquer momento.

Mas Alice não iria se deixar abater. Deveria descobrir os próximos passos mas acima de tudo… Precisava descobrir quem estava atrás da máscara.

And now the party's over

And everybody's gone

I'm left here with myself

And I wonder what went wrong

And now my heart is broken

Like the bottles on the floor

 

Does it really matter

Or am I just hungover?


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Notas finais do capítulo

Bem, é isto pessoal. Agora o jogo começou pra valer...

Só digo que: ninguém está a salvo das garras do Shadow Face. Se preparem porque ainda vem muita coisa pela frente!

Uma coisa que acredito que quem leu até aqui viu é que eu prezo bastante pelo desenvolvimento dos personagens além da trama central, e como disse, todos os personagens serão desenvolvidos individualmente (como perceberam, o do Nicky e da Beth começou aqui). Alguns personagens como Miguel, Carrie e Deborah que ainda não tiveram muitas cenas individuais ou andam meio apagados começarão a aparecer mais em breve :) Wait for It!

Comentem ♥ eu amo ler os comentários de vocês!! Em breve estarei respondendo todos os pendentes hahaha

Em breve, o sexto capítulo chega!



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