A Slasher Movie escrita por MV


Capítulo 4
Capítulo 1x04: A Noite das Brincadeiras Mortais


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI GALERAAAA

Era pra este capítulo ter saido há alguns dias atrás mas tive um imprevisto envolvendo um problema da trama mesmo, e tive que refazer algumas coisas e revisar outras. Mas está aquu, pra matar a curiosidade de vocês sobre o final do capítulo passado!

E quem sabe, matar outras coisas também...

Este capítulo é o primeiro que possui músicas nele. Para melhor aproveitamento das cenas, aqui vai o link para elas:

Daddy Issues - The Neighbourhood
https://youtu.be/vnLAa6_hB9A

No Tears Left To Cry - Ariana Grande
https://youtu.be/ffxKSjUwKdU

Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/760107/chapter/4

  — Alô?

A escola estava quase que completamente envolvida pela escuridão criando um clima um tanto quanto assustador, enquanto Eric e Mr. Earl caminhavam novamente pelo corredor central na direção da porta. Contudo, o jovem caminhava um pouco atrás do professor pois estava atendendo a uma ligação.

Olá Eric. Como vai? — Uma voz gutural respondeu, fazendo o atleta estranhar.

Quem é você? Eu não conheço esse número.

Você sabe muito bem quem eu sou.

Olha, eu não estou a fim de ficar brincando de adivinhação. Me diz quem você é.

Nós não vamos brincar, Eric. Não de adivinhação. Já checou a porta da escola?

Eric levantou os olhos, e percebeu que Anthony tinha chegado no grande portal de entrada do colégio, e forçava a maçaneta para abrir. Mas nada parecia acontecer.

— Trancaram a gente aqui? – Anthony disse, se virando na direção de Eric. – O zelador está bem?

— Que estranho. – Eric falou, se aproximando da porta e forçando a maçaneta também, sem sucesso. – Não era pra terem trancado a gente aqui. Logo Eric levou o telefone e perguntou para quem estava do outro da linha:

Como você sabe da porta da escola?

Mas do outro lado da linha, agora havia apenas um silêncio mortal.

Um feixe de luz atingiu a porta em cheio, vindo de trás dos dois. Eric e Anthony dirigiram seu olhar para onde o feixe vinha, e perceberam que se tratava do zelador Raul, iluminando com uma lanterna todo o corredor.

— Eric, Professor? Eu estava procurando vocês, pra pegar a chave do vestiário.

— Tá aqui Raul. – Eric entregou o molho de chaves. – Mas por que você trancou a porta central?

— Ela está trancada? – O zelador perguntou, estranhando. – Que esquisito, eu lembro de ter deixado ela aberta...

— Tudo bem, sem problema. Se puder abrir agora ficaria grato. – Mr. Earl disse, um pouco estressado.

O zelador pegou o molho de chaves na mão e caminhou na direção da maçaneta, enquanto Mr. Earl e Eric se posicionaram atrás do mesmo, esperando a abertura.

Ainda não me reconhece, Eric? — A voz do outro lado da linha falou.

Do que está falando? Ainda nem me respondeu quem é você!

Você irá me conhecer.

E depois disso, a ligação foi finalizada.

Eric suspirou, já cansado da situação, e guardou mais uma vez o celular, bem a tempo do zelador abrir a porta da escola. Ele puxou a porta para dentro e então se posicionou na frente da abertura se virando para os dois.

— Aberto. Podem ir.

Antes que ambos conseguissem mexer um músculo uma figura negra apareceu atrás do zelador, vestindo um manto com capuz escuro, sendo que seu rosto não poderia ser visto, e no lugar dele não havia uma máscara, somente escuridão. A figura levantou uma faca que brilhou a luz do luar e agarrou o zelador com força que começou a se debater, porém não por muito tempo.

O assassino simplesmente passou a sua faca sobre a garganta de Raul, abrindo um grande talho na mesma e jogando pingos do líquido rubro no rosto de Eric e Anthony. A figura então soltou o zelador, que cuspiu um pouco de sangue pela boca antes de cair morto no chão, sobre os pés dos outros dois.

A primeira reação de Eric foi gritar.

A SLASHER MOVIE

Capítulo 4

A Noite das Brincadeiras Mortais

Os dois iniciaram uma correria desesperada para dentro da escola, sendo perseguidos pela figura negra que se assemelhava a um verdadeiro espectro da morte, com o manto preto balançando sobre a luz do luar. No meio do caminho, o rapaz entrou em uma outro corredor que cortava o principal e o professor o seguiu, desabalado.

Eric corria à frente, tentando guiar ele e Mr. Earl escola adentro, enquanto o segundo se apressava ao perceber que o assassino ainda não desistira deles. O rapaz então tentou empurrar uma porta e essa abriu, fazendo ele e Mr. Earl entrarem na mesma. Rapidamente, Eric fechou a porta e empurrou uma mesa de madeira para impedir a abertura.

O estudante encostou na escrivaninha que impedia a abertura e começou a respirar de forma ofegante.

— Será que… – Mr. Earl começou a falar, mas se calou quando Eric levou o dedo aos lábios, em sinal de silêncio.

Era somente possível ouvir as respirações entrecortadas dos dois, junto do silêncio opressor que cortava o ar, causando medo e desconforto em Eric. Era a vida dele e do professor que estava em jogo.

De repente, levou um susto com o seu celular vibrando e xingou mentalmente a si mesmo. O pegou e viu que existia mais uma mensagem, agora supostamente de Jake.

Você está onde?

Chame a polícia Jake! — Eric respondeu, quase sem pensar no porquê de Jake estar perguntando o local onde estava.

Eric, Eric… Eu pareço ser o Jake?

Que brincadeira idiota, Jake. É sério. Pare de mentir.

Então você acha que eu estou mentindo, Eric Newman? O que eu ganharia com isso?

Pouco depois, uma outra mensagem chegou.

Agora me fale… Você está atrás dessa porta?

Eric parou, estagnado. Lentamente se virou na direção da porta e percebeu que a mesma tinha uma janela, mas nada podia ser visto do outro lado. Mr. Earl também parecia não estar assustado com nenhuma aparição.

Deve estar blefando, mas não posso me dar ao luxo de cair no jogo dele. — Ele pensou.

O rapaz guardou o celular no bolso novamente e tentou olhar ao redor, vendo que a sala onde estavam era o laboratório de química. Correu na direção de alguns equipamentos e pegou alguns itens feitos de vidro. Andou rapidamente novamente até Anthony e entregou parte desses objetos.

— Eu vou abrir a porta. Se o assassino estiver do outro lado, não hesite e arremesse essas coisas na direção dele. No rosto, principalmente. Ele não tem exatamente uma máscara. – Eric cochichou para Mr. Earl, porém ele permaneceu um pouco relutante.

— Eric, isso não é uma boa ideia. Temos de ficar aqui e esperar por ajuda.

— Professor, não vamos durar muito tempo aqui se ficarmos presos.

— Mas nós temos de ficar aqui, Eric. Isso é loucura.

— Pra você. Não pra mim. Temos mais chance de escapar se sairmos daqui, só precisamos chegar no portal central. – Ele disse, puxando a escrivaninha para trás, permitindo a abertura da porta. Eric girou a maçaneta de forma lenta e então parou quando sentiu que a porta estava aberta. Rapidamente ele escancarou a mesma, percebendo que o assassino tinha desaparecido.

— Pode vir, professor.

Mr. Earl saiu logo depois da sala e então os dois viram-se sozinhos pelo corredor. O professor começou a caminhar na direção de onde vieram, mas Eric o impediu.

— Vamos pela quadra. É melhor. Assim chegamos ao vestiário, e depois que passarmos por ele voltamos ao corredor central.

— Eric Newman, por quê melhor? Vamos ter de dar uma volta gigantesca.

— Nunca volte pelo caminho de onde veio. O assassino sempre estará lá, professor. Nunca viu isso em filmes de terror?

— Eu não costumo assistir filmes de terror.

— Então trate de confiar em quem assiste, no caso, eu. – Ele disse, começando a caminhar pelo corredor na direção oposta.

XXX

Eric abriu as portas do grande ginásio de basquete, que ficava anexo ao prédio da high school, logo de cara estranhando a ausência de ruídos, comum daquele ambiente. Mr. Earl veio logo atrás, também a passos vagarosos.

Já iniciariam a travessia do campo em direção aos vestiários, que se localizavam no outro lado, quando perceberam que outra porta parecia estar sendo fechada e esse som vinha exatamente do canto oposto da quadra. Eric e Anthony começaram a caminhar mais para o canto, para não serem vistos, até se esconderem atrás das arquibancadas.

O que eles viram foi um cenário de filme de terror.

O assassino sem-face havia arrastado o corpo do zelador até o ginásio, espalhando uma trilha de sangue pelo caminho. Ele parecia não ter percebido a presença dos outros dois e estava entretido com alguma outra coisa qualquer. Eric se virou aflito para Anthony, porque agora não haveria mais escapatória que dependesse somente deles, dependia também do próprio assassino.

Se retornassem seriam vistos e se tentassem seguir pelo meio do campo seria suicídio. Mr. Earl então teve uma ideia um tanto quanto bizarra, mas que poderia funcionar.

— Eric, olhe ali no canto. – Ele apontou para a parede. – Na ponta da arquibancada, existe uma passagem.

— Você quer que passemos por dentro da arquibancada? – O rapaz perguntou, um pouco incrédulo.

— Acredito que seja a única maneira de escaparmos. Vamos. – Anthony se levantou e caminhou a passos lentos até a abertura atrás da arquibancada. As esquadrias de ferro que seguravam os bancos criavam uma passagem quase que secreta na parte de trás, que daria exatamente na porta do vestiário. Era a única forma de sair dali. Arriscado sim, mas com maior chance de escapatória.

Eric se levantou e foi até Mr. Earl, entrando na frente do professor, que o seguiu logo depois. Passo após passo, os dois caminhavam de forma vagarosa pelo interior da estrutura de metal que estava aberta sobre a quadra. Quando já passavam da metade do caminho, Eric ouviu um estranho ruído.

Rapidamente veio na sua mente o fato da arquibancada ser retrátil, ou seja, ela ocuparia muito menos espaço do que quando estava nos jogos. E o responsável pelo controle do fechamento da mesma era…

O zelador.

Eric então percebeu que algumas barras de metal começavam a se flexionar sobre os seus pés e lentamente os bancos começavam a se mexer, indo em direção á parede.

Puta merda. — Ele pensou, antes de ouvir o professor gritando atrás dele, pouco pensando no fato da possibilidade do assassino ainda não os tiver descoberto.

— CORRE!

XXX

Eric iniciou uma corrida desabalada pelo interior dos bancos, desviando das barras no chão que iam se juntando. Os bancos se aproximavam cada vez mais deles, fechando ainda mais o espaço já claustrofóbico. Durante a corrida, acabavam às vezes tropeçando, o que fazia vários dos frascos de vidro que carregavam se chocarem contra o chão, produzindo sons altos.

Mas pouco importava agora. Eles precisavam chegar ao outro lado.

Os bancos já começavam a se juntar e o mecanismo funcionava a todo vapor, enquanto Eric podia ver pelo canto dos seus olhos os bancos já formando uma verdadeira parede móvel. Para ele, já era claro que o assassino sabia que estavam ali e quando saíssem teriam que correr sem olhar para trás na direção dos vestiários.

5 metros, 4 metros, 3 metros… Faltava muito pouco para o primeiro alcançar a liberdade. Anthony vinha em sua cola, correndo de forma desesperada. Na verdade, faziam anos desde que Mr. Earl não corria de forma ativa mas o cenário obrigava o homem a isso.

2 metros, 1 metro, e quando se deu conta, Eric tinha conseguido sair da arquibancada em fechamento. Se virou para trás e conseguiu viu Anthony passando pela abertura.

Ou melhor, tentando passar.

No instante em que Mr. Earl estava passando a arquibancada iria atingir a parede entretanto existia um obstáculo no meio do caminho, representado pelo homem. Parte do corpo do homem estava para o lado de fora enquanto a outra estava para dentro. A cabeça estava sendo apertada entre os bancos e a parede e o professor sentia como se ela estivesse a um ponto de explodir.

— Me… Ajuda.

Mas não houve tempo suficiente para Eric reagir.

XXX

O misterioso assassino apareceu logo atrás de Eric e desferiu um golpe certeiro de faca contra as suas costas, derrubando o rapaz no chão automaticamente. Logo depois, a figura negra se agachou o lado de Eric, que tentava se levantar, apenas para desferir mais uma facada, mas que dessa vez passou de raspão, desta vez contra suas bochechas. O rapaz caiu com as costas contra o chão e Eric sentiu elas arderem como se uma prancha de ferro quente tivesse sido apertada contra ele, enquanto sentia o sangue escorrer pelo ferimento na bochecha.

A tal figura negra olhou para ele mais uma vez, o seu rosto escondido pela touca de ski completamente preta, inclusive onde deveriam vir os olhos. Ele pegou um dos frascos de vidro quebrados sobre o chão e rapidamente desceu com o caco na direção do seu braço esquerdo, afundando a lâmina na carne e espirrando sangue, enquanto Eric urrava de dor.

— Não é sua vez. – Uma voz distorcida ecoou do assassino, que olhou novamente, antes de retirar o vidro com mais força ainda, fazendo um pouco de carne ficar quase pendurada no ferimento. Eric ainda tentou chutar o assassino, mas ele foi mais rápido e esquivou. Logo depois, a figura negra revidou desferindo um chute na cabeça da Eric, que se chocou contra o chão do ginásio fazendo o jovem desmaiar.

Então o assassino se virou na direção do professor e lançou um olhar para ele, através da touca de ski, levantando a faca de forma psicótica.

— Por favor…

— Espero que tenha aprovado o projeto, Mr. Earl.

— Do que…?

— Do filme que você está participando, A Slasher Movie.

O assassino avançou de forma rápida contra Anthony, que preso, não pode simplesmente fazer nada. A faca foi diretamente na direção da sua jugular perfurando a mesma profundamente. O assassino tirou a mesma de forma apressada, antes que Anthony, perdendo os sentidos, caísse. E isso aconteceu.

O corpo quase desfalecido de Anthony tombou para trás da arquibancada, finalmente permitindo seu fechamento. Os bancos foram todos na direção da parede, prensando o corpo do professor no meio das ferragens. Uma grande mancha de sangue tingiu toda a parede amarelada do ginásio, enquanto a perna mutilada do professor, o único membro que não caiu para dentro, permaneceu pendurado do lado de fora até finalmente se desprender e cair sobre o chão.

Enquanto isso no chão gelado do ginásio, Eric Newman jazia desmaiado ao lado do corpo morto do zelador.

XXX

Uma semana depois. Quarta-feira.

Alice tinha acabado de chegar no colégio da cidade, e agora estava sentada em sua carteira na sala de aula que um dia fora a de Mr. Earl, antes de acontecer o que aconteceu.

Quando a cidade mal tinha assimilado o que tinha acontecido com a jovem Kaitlin Cooper, outro assassinato terrível veio logo em seguida. Anthony Earl, professor titular da Mt. Rosemary High School foi encontrado morto na escola, ou melhor, somente seus restos. A descrição de como tinham encontrado o corpo esmagado do professor era capaz de dar arrepios em qualquer um. Além deste, o zelador do colégio, Raul, também foi encontrado morto com a garganta cortada. Por conta desses terríveis fatos, a diretora Hayledale decidira cancelar todas as aulas naquela semana anterior, dando um luto de três dias para a escola.

As investigações prosseguiam e para todos era claro que tinha sido o mesmo assassino de Kaitlin Cooper. Mas dessa vez existia uma testemunha: Eric Newman. Assim que fora encontrado, foi internado com urgência mas já tinha deixado o hospital, e repousava em casa. Clayton tinha o visitado e disse que o rapaz estava cheio de curativos. Mas vivo.

Também naquela semana ocorrera o enterro e o velório de Kaitlin Cooper, após passar mais de uma semana na área da investigação criminal. Porém, ao contrário do que a cidade esperava, a família Cooper decidiu fazer uma cerimônia particular, chamando apenas amigos próximos, como Beth e Mary, e a família.

— Alice, como será que vão fazer agora com esse projeto? Será que vão manter? – Clayton perguntou à garota, que se virou para falar com ele.

— Eu não sei, Clay. Mas não quero participar mais disso. Acho que não é somente eu, a galera já tá assustada demais. Nós entramos em um filme de terror sem pedirmos pra isso.

— A pessoa das mensagens mandou mais alguma coisa pra você?

— Nada, desde aquele dia.

— Alice, toma cuidado. Pode ser que essa mesma pessoa ligue para você. Aconteceu com o Eric, ele me contou.

— O que aconteceu com o Eric? Telefonaram pra ele?

— Sim. Pouco antes de acontecer o que aconteceu. Ele disse que era uma voz estranha, ameaçadora. Provavelmente era o assassino.

— Ultimamente a última coisa que eu quero pensar é nesses ataques. Mas é a primeira, infelizmente.

— Mas tem uma semana que não acontece nada...

— Isso que eu temo, Clay. Tem algo muito grave acontecendo aqui em Mt. Rosemary. Seu pai não tem nenhuma pista de quem fez esses ataques? – Alice perguntou.

Subitamente, o alto-falante da escola ressoou por todo o prédio.

Bom dia, alunos. Aqui quem fala é a vice-diretora Naomi Blackburn. Todos sabem do que vem acontecendo com nossa querida Mt. Rosemary esses dias, e eu gostaria de informar que faremos um memorial em homenagem aos falecidos na noite de sexta-feira, dia 13, durante as comemorações do aniversário de 120 anos de Mt. Rosemary iniciando às 17:00. Também informo aos estudantes que amanhã, por conta do aniversário da cidade, as aulas estão canceladas, assim como na sexta-feira. — Depois de uma pausa, Naomi continuou:

Gostaria também de repassar um recado do xerife Nortwick. Quem souber de qualquer pista que nos leve ao assassino ou que ajude na investigação não tenha medo de contar! Sua ajuda pode ser essencial e crucial para pegarmos quem está assustando os nossos cidadãos.

— Acho que isso responde sua pergunta. – Clayton falou.

XXX

Scott deixou as malas no que um dia fora o seu quarto em sua casa e olhou ao redor, percebendo que continuava do modo como tinha deixado desde seu último retorno.

O rapaz tinha planejado voltar alguns dias atrás durante o dia de Columbus Day para ir ao velório de sua ex-namorada, mas a decisão da família acabou interrompendo seus planos. Mesmo com a necessidade de falar com Alice urgentemente, não poderia simplesmente ir para Mt. Rosemary somente para isso. Decidiram então que esperariam chegar o aniversário da cidade para entrarem em contato, e agora este momento havia chegado.

O embrulho misterioso que tinha recebido na semana anterior havia enchido o rapaz de medo, principalmente com aquela mensagem.

Alice. Miguel. Carrie. Scott. Não é possível que descobriram o que aconteceu.

Havia omitido a descoberta para Carrie, já que se ela também tivesse recebido qualquer coisa, teria contado ao irmão. Pelo menos era o que acreditava.

Mas sabia que esse segredo não duraria tanto tempo, já que eles precisavam se reunir urgentemente. Ou alguns segredos seriam revelados.

Rapidamente pegou o celular e mandou uma mensagem para Alice, enquanto sentia uma brisa gélida entrar em seu quarto.

Cheguei em Mt. Rosemary.

XXX

Mais tarde, naquele mesmo dia, Naomi Blackburn estava em sua sala arrumando algumas papeladas da coordenação. Ela tinha sido a responsável por ter encontrado um professor substituto para o falecido Anthony Earl e este assumir os seus trabalhos. Já sobre o projeto dos curtas, teria que conversar com a diretora Thereza sobre tal atividade.

Principalmente por conta do filme de Jake Hasey.

A Slasher Movie havia preocupado a professora de forma real, principalmente depois das mortes bizarras que haviam ocorrido na cidade. Não suspeitava que Jake estava realmente por trás dos assassinatos, já que ela conhecia bem o rapaz e também pelo fato de ter tido o celular roubado. Mas ainda não isentava o rapaz, ela tinha certeza que tinha algum dedo dele na história e que Jake não queria contar. Embora tivesse apertado um pouco o cerco aos alunos junto com a diretora Hayledale, não houvera nenhuma resposta dos alunos ao pedido das duas e do xerife que Naomi repassara mais cedo no alto-falante.

Subitamente, ouviu algumas batidas na porta e foi na direção da mesma, abrindo-a.

— Miguel? Que surpresa.

— Oi, senhorita Blackburn. – Miguel respondeu. – Eu queria falar um pouco com a senhora sobre um assunto em especial.

— Ora, não seja por isso. Entre, por favor e sente-se. – A vice-diretora respondeu, deixando o latino entrar na sala. Pouco depois, Naomi trancou a porta e fechou a pequena cortina sobre a janelinha que ficava na entrada. – Bem, qual é exatamente o assunto? Veio falar do assassinato do professor Anthony?

— Eu ia pedir uma coisa… Não sei se pode me ajudar. – Miguel falou, mexendo em suas mãos.

— Pode falar, vamos ver se posso.

— Eu queria pedir pra você me dispensar das aulas de Inglês.

— E… Qual é seu motivo pra isso? – Ela disse do outro lado da mesa. Miguel colocou os braços sobre a mesa de madeira, e aproximou a cadeira.

— Escuta, Ms. Naomi. Eu estou literalmente preso mais um ano nessa escola por causa da matéria que era do Mr. Earl. Faltou décimos para eu passar nela, e exatamente por conta disso eu não consigo ir para nenhuma faculdade. Ou muito menos tentar tomar algum rumo para fora desse local. Tudo por causa de uma matéria que eu tenho que refazer.

Take you like a drug

I taste you on my tongue

— Mas você já trabalha no Crystal Diner. Além disso, acredito que isso esteja além dos meus poderes aqui.

— Você não tem como pedir isso para a diretora Hayledale? Agora, que o Anthony faleceu… Ela pode tentar me deixar passar. Ele era o único que me prendia aqui.

— Não é assim que funciona, Miguel Sierra. – Naomi se levantou da cadeira e começou a andar pela sala. – Não é simplesmente pedir e pronto. Isso envolve diretoria do ensino e muito mais coisas. Não existe um jeito pra tudo.

— Pensei que você poderia me ajudar depois de tudo o que vem acontecendo. – Ele disse, com a voz um pouco amarga, também se levantando.

You ask me what I'm thinking about

I tell you that I'm thinking about

Whatever you're thinking about

— Eu posso pensar no seu caso. Ah… Os homens acham que podem tudo... – Naomi Blackburn respondeu se aproximando por trás do rapaz, e passando a mão no seu ombro. – Mas não te garanto nada.

Foi quando Miguel sentiu algo sendo puxado do bolso da sua jaqueta de couro e se virou para a professora que segurava um maço de cigarro nas mãos.

— Quantas vezes vou ter que falar que é proibido fumar aqui na escola Miguel?

— Como se a senhora não soubesse que metade dos estudantes fuma aqui dentro…

Tell me something that I'll forget

And you might have to tell me again

It's crazy what you do for a friend

— Miguel, eu não nasci ontem querido. Esse aqui fica pra mim. – Ela disse, retirando um cigarro do maço e colocando sobre a mesa. – E bem, eu sei porque você veio na minha sala. – Completou, olhando para o rapaz que se levantou.

Miguel olhou de soslaio para a professora Naomi, e depois segurou a mão que segurava o seu maço, fazendo ela se aproximar.

— Você sabe que não deveríamos nem estar fazendo isso. – Naomi falou.

— Deveria ter falado isso antes daquele passeio para o acampamento, professora. Quando ainda era cedo. – Ele cochichou no ouvido da senhorita Blackburn, enquanto pegava o maço de volta e colocava na mesa.

Go ahead and cry, little boy

Nobody does it like you do

I know how much it matters to you

I know that you got daddy issues

And if you were my little boy

I'd do whatever I could do

I'd run away and hide with you

I love that you got daddy issues

A primeira ação foi de Naomi que avançou sobre Miguel, envolvendo o jovem em um beijo quente, retribuído pelo latino. Enquanto as suas bocas dançavam ao tom do beijo, Miguel conseguiu pegar a professora no seu colo e a colocar sobre a mesa. Com o ato, os dois derrubaram alguns utensílios e papéis de Naomi sobre o chão enquanto a professora tirava a jaqueta de couro do rapaz e jogava em algum canto da sala. Os dois se separaram e finalmente olharam para o outro.

— Isso tem que continuar sendo segredo nosso para sempre, ouviu?

— Mt. Rosemary tem muitos segredos, professora. Esse só será mais um deles.

Então os dois se beijaram novamente, enquanto Naomi retirava a camiseta de Miguel.

Go ahead and cry, little boy

You know what your daddy did too

You know what your mama went through

You gotta let it out soon, just let it out

XXX

Mary estava junto de Beth e Nicky em sua casa, arrumando os detalhes para a festa em homenagem á Kaitlin que organizaria. Todos os detalhes estavam sendo organizados de forma milimétrica pela garota, que gostaria que aquela fosse a maior festa que já viram.

A casa de Mary Jane ficava um pouco distante do centro de Mt. Rosemary, na beira do Rio Strode, e possuía um grande gramado na área dos fundos com uma área de descanso e vários bancos, defronte ao rio. Subindo um pouco, uma grande piscina e um acesso interno que dava para a garagem da casa branca e imponente. Na face que dava para a piscina, existia uma grande varanda que dava acesso á casa. E lá estavam os três.

— Acho que vou deixar as bebidas aqui. – Mary disse, apontando para um dos cantos. – Será que vai ter o suficiente?

— Relaxa, tenho meus contatos. O que não vai faltar hoje é bebida. – Nicky respondeu.

— O Eric vai vir mesmo, amor? – Beth perguntou.

— Eu mesmo vou buscá-lo. – Nicky disse, balançando as chaves do carro. – Ele precisa sair um pouco, aquilo que aconteceu deve ter sido muito traumático.

— E como. Nossa, já pensaram se o Eric tivesse morrido? Ele ganhou uma nova vida mesmo. – Beth comentou. – Mas ele está em condições?

— Ele me mostrou. Já tá tudo cicatrizando.Foda é que ele vai ter que ficar fora do time agora nas regionais.

— Mas vocês vão ganhar. Vocês sempre ganham. – Beth riu. – Façam isso pelo Eric.

Nicky riu e depois se aproximou da garota, dando um beijo caloroso na boca dela, retribuído pela namorada. Nicky enrolou o braço em volta do pescoço de Beth e a trouxe mais pra perto dela até ouvirem alguém falando:

— Se vocês quiserem, tem quartos lá em cima. – Mary Jane falou irônica, se levantando. – Eu é que não vou ficar segurando vela aqui.

XXX

Eric olhava seu reflexo no espelho que ficava na parede do seu quarto. Seus olhos estavam cansados, assim como o seu rosto, meio abatido. Já o inchaço na bochecha tinha diminuído consideravelmente enquanto o olho roxo já sumira.

O garoto então observou o braço esquerdo, que já estava sem o curativo que tinham feito, substituído por uma pequena cicatriz, resquício da noite de terror que tivera. Depois ele se virou e tentou enxergar o ferimento nas suas costas, já que estava sem camiseta e apenas com uma calça preta moletom. Logo viu que o curativo ainda estava ali, por ter sido algo mais grave.

Depois que o rapaz acordou no hospital, contaram o que tinha acontecido a ele, principalmente sobre a morte de Mr. Earl. Mas o que realmente o preocupava era o que assassino tinha dito: Não é a sua vez. Como assim? Isso poderia indicar que os assassinatos somente tinham começado, embora desde este ataque o tal Shadow Face, como foi apelidado o assassino pelas autoridades pela ausência de máscara, tinha desaparecido sem deixar vestígios.

Uma barulho de alguém batendo na porta do quarto chamou a atenção de Eric, que disse:

— Quem é?

— O Clayton, Eric. Posso entrar?

Eric logo abriu a porta e se deparou com Clay que andou para trás, um pouco surpreso, já que a última vez que viera o rapaz ainda estava completamente atado á cama.

— É. Parece que você melhorou mesmo. – Clayton riu. – Eu vim ver como você tá, trouxe umas visitas também.

— Visitas? Entrem aí.

Clayton logo adentrou o quarto, seguido do Jake. Ao perceber que Deborah e Alice entravam, Eric correu para pegar uma camiseta qualquer.

— Ai, desculpa meninas. Não sabia que vocês vinham.

— Não, tudo bem. – Alice respondeu, um pouco envergonhada, enquanto Deborah somente balançou a cabeça.

— Você sabe que eu gosto de outras coisas, Eric Newman… Mas você melhorou mesmo, hein? – Deb comentou. – Eric, você é foda. Eu não sei se ia conseguir sobreviver.

— Na verdade… – Eric sentou-se na cama. – Não fiquem em pé, galera. Senta aqui na cama, puxa uma cadeira.

Assim que todos estavam acomodados, Eric pulou sobre a cama e então começou a falar:

— Voltando aqui, o que vocês sabem sobre esse dia?

— O que contaram, Eric. – Alice falou. – Que você foi atacado na escola pelo assassino e escapou.

— É, não foi bem isso. – Eric respondeu, meneando a cabeça. – Na verdade era pra eu estar morto agora. Mas algo aconteceu sabe… Eu realmente fui atacado. – Ele mostrou a cicatriz no braço. – Mas o tal Shadow Face só me machucou ao ponto de me fazer desmaiar e eu lembro que ele disse uma coisa um pouco antes de eu perder a consciência.

— E que era…? – Alice perguntou.

— Não é a sua vez. Depois ele matou o Mr. Earl.

— Não é sua vez? Você está dizendo que ele deixou você viver? Mas não faz sentido. – Jake comentou. – A menos que ele seguisse algo para matar as pessoas. O roteiro...

— Jake, não vamos entrar nesse assunto. – Deb falou, mas acabou sendo ignorada por Eric.

— Falando nisso Jake, eu recebi uma ligação sua de dentro da escola. Mas era outra pessoa, que inclusive me ameaçou. Depois eu fiquei sabendo que não era você, o Clayton me contou. Mas mesmo assim...

Naquele momento, Jake olhou preocupado para Eric. Contando com o rapaz, já era a quarta pessoa que recebia uma ligação suspeita vinda do seu suposto telefone roubado.

— Roubaram meu antigo celular, Eric. Eu já dei um jeito nisso, comprei um novo e transferi a linha. A Alice também recebeu umas coisas assim, não foi?

Ela confirmou com um aceno de cabeça.

— Mas me intrigou isso que você disse. Eu já imaginava isso mas será que o assassino está usando um padrão pra matar as pessoas?

— Alô Jake. Não tem mortes acontecendo desde semana passada. – Clayton falou.

— Mas isso não quer dizer que ele tenha saído de circulação. Eles sempre voltam, é uma tática clássica de filmes de terror.

— Jake, que filme de terror? Nós não viemos aqui pra isso. – Deborah falou. – Esquece um pouco disso.

— Acho que é melhor a gente já ir. – Alice concluiu, vendo que Deborah parecia estar irritada. – Ainda bem que tá tudo certo contigo Eric. Todo mundo estava um pouco preocupado, embora a gente sabia que você tava se recuperando bem. O Clayton falou.

Eric então olhou para Clay com um sorriso enquanto o outro corava.

— A gente tá torcendo por você, cara. – Jake comentou, enquanto Deb concordava com a cabeça.

Alice, Jake e Deborah se despediram rapidamente de Eric e saíram do quarto, seguidos por Clayton, que era o último da fila. Quando ele ia deixar o aposento, sentiu Eric segurando na sua mão. Ele se virou rapidamente apenas para ver o rapaz se afastando.

— O que foi? – Clayton perguntou.

— Eu queria falar contigo um pouco. – Eric falou, sorrindo. – Queria agradecer pelas visitas que tu fez. Era pra eu te ajudar com o livro e na verdade você que tá me ajudando muito. Obrigado mesmo viu, você tá sendo um ótimo amigo.

— Não precisa agradecer. Só queria tentar te ajudar, de alguma forma.

— Ah, esqueci. Vocês foram convidados pra festa da Mary?

— Sei… Essa festa. Não sei se eu vou, Eric.

— Que isso, vai lá, cê vai curtir. Também vou estar lá, vou sair dessa clausura… Aproveita e chama a Alice, o Miguel, o Jake e a Deborah. Por minha conta.

— Sério mesmo?

— Claro que é, Clayton. – Eric sorriu. – Vai ser hoje a noite lá na casa da Mary. Aparece lá.

XXX

Na casa dos Butler, Mary Jane andava pela casa carregando alguns copos vermelhos, arrumando mais alguns detalhes para a festa. Não podia esquecer de trancar o seu quarto para que nenhum casal resolvesse usá-lo de motel.

Tem os quartos de hóspedes exatamente pra isso.

Ao subir as escadas para o andar superior, notava um pouco da opulência da residência. É claro que a fortuna da família de Mary não se equiparava a outras famílias da região, como a de Kaitlin Cooper mas mesmo assim era respeitável. Ambos os pais eram personalidades um tanto quanto influentes na pequena Mt. Rosemary. Sua mãe trabalhava no gabinete do prefeito, enquanto o pai era um dos sócios da emissora de televisão local, gerando sempre um bom dinheiro para a casa.

Apesar de sempre ter seus desejos concedidos pelos pais e pelo poder do dinheiro, Mary Jane muitas vezes sentia uma carência interna, que apenas seus familiares poderiam curar. Era quase algo clichê, mas a questão é que era tanto trabalho ao redor dos dois que Mary sentia-se distante de ambos. Vivia quase como se não tivesse os pais.

Entretanto, a pior parte é que realmente os tinha, mas era como se não significasse nada.

Naqueles dias, seu pai viajava a negócios, enquanto sua mãe estava justamente atarefada com a questão do aniversário da cidade de Mt. Rosemary. Ela havia autorizado que a festa acontecesse na casa de Mary, já que ela mesma dormiria na casa da tia de Mary naquela noite. A negra se concentrou em ativar todos os alarmes e após a festa, trancar todas as portas, para que nada de ruim acontecesse com ela assim como Kaitlin Cooper.

Desceu novamente para a sala da casa, tentando afastar os pensamentos da amiga falecida até que se assustou, soltando um gritinho.

— Por que tá assustada, linda?

— Nicky, vai tomar no cu! Não tava te esperando aqui. – Mary Jane falou. –  Você não disse que ia buscar as bebidas?

— É, eu ia. Deixei a Beth em casa, mas aí percebi que esqueci umas coisas e...

— Nicholas, você não vai conseguir nada aqui. Não é porque você é namorado da minha amiga que eu sou obrigada a ter intimidade com você.

— Ah, qual é, Mary. Você é tudo menos santa. Eu te conheço perfeitamente.

— Nicky, eu espero não ter que desenhar. Eu te suporto porque você é namorado da minha amiga, não porque você é meu amigo.

— O Eric é, não é?  – Nicky falou, desafiando a negra. – Por que eu não?

— Vamos ver… Porque o Eric não fica dando em cima das melhores amigas da sua namorada?

— Mary…

— Quer saber? Você me cansa! A Beth não é tão burra como você pensa, se você continuar fazendo isso comigo eu vou falar com ela! É isso que você quer? Perder sua namorada?

— Mary, deixa eu falar…

— Nicky, eu não sei porque você começou a fazer isso comigo desde que a Kaitlin se foi, mas se eu descobrir alguma coisa, a Beth vai ser a primeira a saber. – A negra falou, com o dedo em riste para o atleta. – Agora vai buscar as bebidas e vaza daqui.

XXX

Horas depois.

Eram por volta de 10 da noite, e enquanto vários jovens rumavam para a festa do outono de Mary Jane, alguns ainda estavam em casa. Como Carrie Wang.

Carrie estava deitada em sua cama, lendo exatamente o livro que tinha sido perdido pela professora Blackburn: O Caso dos Dez Negrinhos. A oriental não podia parar de pensar que fez exatamente o que era certo, já que ela lia o livro com avidez e interesse, querendo logo descobrir quem era o assassino na ilha.

Enquanto estava atenta à leitura, a porta do seu quarto abriu lentamente para dentro, e um estranho som foi ouvido. Carrie levantou os olhos da leitura e olhou com uma face de interrogação, ainda ouvindo estranhos sons. A garota então espiou por cima da cama, apenas para descobrir quem fazia tais sons.

— Ah, então é você. – Ela olhou por cima da cama com um sorriso para o que tinha aberto a porta. Era sua pug preta Chanel que olhava para Carrie, que pegou a cadela e colocou em sua cama.

Subitamente, Scott apareceu na soleira da porta da irmã expressando interrogação no rosto.

— Ué, você não foi na festa da Mary Jane?

— Que festa? – Carrie perguntou, intrigada.

— A festa que ela está fazendo hoje. Tem outra, Carrie?

— Ah, essa festa. – Carrie falou se lembrando, enquanto passava a mão em Chanel e arrumava o lacinho rosa que havia colocado nela. – Não precisa ser grosso, Scott. Mas eu simplesmente não quis ir, tenho mais o que fazer do que ficar dando ibope pra Kaitlin Cooper. Aliás, que Deus a tenha.

— O que a Kaitlin tem a ver com isso? – Scott perguntou, agora se encontrando no batente da porta.

— Ué, você não sabe? A Mary tá fazendo uma festa em homenagem a sua ex. Óbvio que todo mundo sabe que é só um pretexto mas mesmo assim…

— Bom, eu não sabia… Duvido que a Alice também.

— O que tem a Alice? – Carrie perguntou enquanto pegava Chanel no colo.

— Ela tá indo na festa da Mary. Com o Miguel, a Deb e o Clayton. O Eric que convidou eles.

— Que? Só pode ser mentira... – Carrie perguntou, surpresa. – Claramente ela não sabe disso… Mas pelo Eric ter convidado, eu acho que não deve acontecer nada. O Eric é o único confiável naquele meio.

— Você acha que eu deveria falar…

— Seria bom por um lado. – Carrie meneou a cabeça. – Mas ela tá com os amigos dela, acredito que a noite dela não será estragada. Eu espero, né.

XXX

Eram por volta das 10 da noite e Alice, Miguel, Clayton e Deborah caminhavam juntos na direção da casa em que Mary morava, e o barulho de gritos podia ser ouvido a distância.

Alice vestia uma camiseta branca, coberta com uma pequena blusa acinzentada e uma calça jeans, enquanto Miguel vestia-se com calças jeans, uma jaqueta preta e a sua camiseta tinha a estampa da banda The Killers escrito em vermelho sobre um fundo também escuro. Deborah também combinava com o preto de Miguel, com uma jaqueta negra e uma calça jeans azul rasgada. O mais diferente ali era Clayton, que vinha com uma camiseta azul com gola V e uma jaqueta xadrez de mangas curtas sobre a mesma.

— Deb, por que o Jake não quis vir? O próprio Eric que convidou. – Alice perguntou.

— Depois da festa do verão ele disse que prefere ficar mais longe dessas coisas. – Deborah comentou. – Mas sinceramente, acho que ele vai ficar procurando sobre as notícias dos assassinatos, ele tem certeza que vai acontecer mais alguma coisa...

— Vocês não acham que ele ficou meio obcecado com isso? – Alice respondeu.

— É, mas dá pra entender. O cara resolve fazer um filme de terror, aí uma das participantes e o orientador aparecem mortos a facadas e as ligações vieram todas do celular roubado dele. É óbvio que ele deve estar preocupado. Tudo indica que o assassino é ele. – Deborah falou.

— Vocês acham que é o Jake que está… Matando as pessoas? – Clayton perguntou. – Ele nem tem motivo para isso.

— Galera. Pera lá. – Miguel falou, parando na frente da porta que dava para a casa de Mary. – Depois a gente fala disso, vamos concentrar na festa.

Miguel caminhou primeiro na direção da porta, seguido por Deborah, Clayton e por fim Alice, finalmente adentrando a casa. A sala estava lotada, enquanto vários jovens conversavam sem parar. Algumas luzes coloridas brilhavam pela casa, e uma música tocava pelo ambiente, que Alice identificou como sendo No Tears Left To Cry.

Um pouco mais á frente Mary conversava com Beth, sendo que a garota estava de costas para a porta, não vendo o grupo que acabara de chegar.

— Muito bom você ter colocado essa música, Beth. Sabia que deixar a playlist na sua mão daria certo.

— Sem mais lágrimas para chorar... Na verdade, isso foi ideia do Eric. – Beth comentou, rindo.

— A festa está um sucesso! Mas ainda tem mais gente pra chegar. – Ela disse.

Nicky chegou naquele momento, coçando o nariz e abraçando Beth por trás, que levou um susto automático e bateu na mão do rapaz. Com o reflexo de Beth, Nicky se equilibrou para segurar a garrafa de cerveja que carregava na mão.

— Cadê o Eric quando eu preciso dele? – Mary falou pra si mesma ao ver o casal em sua frente.

Repentinamente, Beth mudou o rosto e logo perguntou para a negra:

— Você convidou a escola inteira mesmo, hein? Até quem odiava a Kaitlin.

— Como assim? – Mary retrucou, e viu que Nicky apontava para alguma direção atrás dela. Assim que Mary Jane se virou, não conseguiu evitar de parecer surpresa. – Ai. Meu. Deus. Não pode ser real.

A negra não tinha convidado toda a escola principalmente aqueles que odiavam Kaitlin Cooper, pelo fato de além de uma festa, era uma homenagem a garota… Mas parece que seu plano não tinha dado exatamente certo.

— E aí, Mary? – Miguel falou. – Um pouco surpresa?

— Confesso que sim. Desculpa, não quero soar intrometida mas… Quem convidou vocês?

— Fui eu, Mary. – Eric falou, se levantando dos sofás, balançando um copo vermelho nas mãos e olhando para o quarteto. – O Clayton me ajudou muito esses dias aí chamei ele pra vir. Ele e os amigos dele.

Eric parecia disfarçar mas Alice conseguia perceber os olhares que ele lançava exclusivamente para Clayton, enquanto este corava.

— Ah sim. Agora está fazendo mais sentido. – A moça comentou. –. Bem, já que estão aqui, as bebidas estão do lado de fora, tem uma piscina também se vocês quiserem nadar… Enfim, aproveitem.

— Você pode me mostrar onde que estão as bebidas, Mary? – Miguel falou.

— Ai, deixa que eu vou com você. Beth, Nicky, já volto. – Ela disse, saindo com Miguel para a parte da fora.

— Acho que vou atrás dos dois. – Alice falou. – Vamos, Deborah?

— Bom, eu realmente preciso saber onde estão as bebidas desse lugar. – Deborah falou, se afastando do grupo e logo sendo seguida por Alice que lançou um sorriso para Clayton.

Vai que ele tá na sua. Ótima noite pra você. — Ela cochichou enquanto Clayton riu.

— Então você… Ajudou o Eric? Como? – Nicky perguntou para Clayton.

— Ele que tá falando, não tenho nada a ver com isso. – Ele respondeu, apontando para Eric.

— Ele foi na minha casa quase todo dia ver como eu estava. Estava realmente preocupado. – Eric falou, e depois ofereceu a bebida á Clay. – Você quer um pouco?

— O que tem aí?

— Suco de uva com vodka. – Ele entregou o copo ao garoto que segurou um pouco desconfiado, mas depois tomou um gole, sentindo a sua garganta queimar quando o líquido desceu. Pouco depois, olhou para Eric, e entregou o copo.

— E aí?

— Gostei.

— Vem comigo, vou te dar um copo. – Eric falou, guiando o outro para a parte externa.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Como puderam ver, é melhor se preparando porque as mortes serão bem sangrentas mesmo :) Nosso assassino não vai ter piedade nenhuma AHSHSAHXUSHSXHSHD

Quanto aos personagens acho que vocês já estão percebendo que estou desenvolvendo cada um deles individualmente aos poucos, é algo que eu gosto de fazer nas histórias minhas, dar mais humanidade para cada um (e isso está relacionado diretamente com o que planejo para a história). Calma que todos serão desenvolvidos ainda!

Acho que vocês viram que eu chutei pro lado totalmente a ideia de limites pra capítulo ASHUASHUASHUA mas eles devem ficar na margem dos 6k mesmo, esse aqui foi uma exceção por conta das cenas com música.

Espero vocês nos comentários ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Slasher Movie" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.