A Slasher Movie escrita por MV


Capítulo 1
Capítulo 1x01: Pânico


Notas iniciais do capítulo

Bem, como prometido estamos aqui de volta, e voltamos com um capítulo duplo de estreia!

Como a maioria de vocês sabem, esta fanfic já foi postada anteriormente, mas já faz muito tempo, e acabou que nunca foi concluída. Decidi então em vez de continuá-la, lançar mão de um reboot para a mesma. Houve reescrita, inclusão de trechos e exclusão de outros, novos personagens e cast, enfim houve várias mudanças para fazer a experiência de vocês a melhor possível! Esses primeiros capítulos ainda serão meio parados devido ao fato de ser introdução para os personagens e aprofundamento deles, mas em breve o banho de sangue vai começar rs

Houve também a diminuição nos tamanho dos capítulos, que devem ficar entre 3.5k-5k, mas nada além disso :) (mas não prometo nada pq daqui a pouco aparece um 8k)

Eu acho que já estou falando demais, então aí vai o link para o cast da fanfic: http://mvfanfics.blogspot.com.br/2018/05/personagens-de-slasher-movie-parte-1.html?m=1

Uma boa leitura a todos!



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Mt. Rosemary, Califórnia. Final do mês de setembro.

Era uma noite amena de outono.

A banheira estava cheia de água, quase a ponto de transbordar. Várias bolhas cobriam a superfície e muita espuma era feita, decorrente dos sais de banho que a garota tinha colocado no líquido.

Kaitlin emergiu da água placidamente sentindo o calor passar por todo o seu corpo. Começou a se ensaboar suavemente, relaxada. Ela tivera um dia cheio, e agora tudo o que precisava era de um descanso.

A garota de 17 anos vinha tendo uma semana um tanto quanto perfeita, com exceção daquele projeto do professor Earl. Ao menos Kaitlin teria um papel de destaque naquele projeto confirmado pelo próprio Jake Hasey, que fora escolhido como o diretor.

Naqueles dias, a garota estava praticamente sozinha em sua casa, seus pais tinham ido viajar a trabalho. Durante o dia, tinha companhia dos empregados de seus pais. Durante a noite, Kaitlin Cooper tinha a casa somente para  ela, permanecendo sozinha noite adentro. A casa da jovem era localizada em um bairro de classe alta um pouco longe do grande centro de Mt. Rosemary, banhado pelo rio Strode de um lado e próximo da floresta de Chippewa. De onde estava, Kaitlin podia ouvir os sons da água passando abaixo da propriedade.

Mais cedo naquele mesmo dia, suas amigas, Beth e Mary Jane, haviam passado a noite em sua casa vendo filmes com a garota e combinando os mínimos detalhes do que prometia ser a grande festa do ano, logo na próxima semana. Ela relembrava o sucesso que a última festa do verão passado tinha sido, e já decidira com suas elas, sendo que todas estavam presentes no topo da cadeia alimentar da high school, que esta segunda edição quase como uma despedida do verão, seria ainda maior.

Agora faziam cerca de quinze minutos que as garotas foram embora, sendo buscadas por Nicholas, namorado de Beth. Assim que as meninas deixaram a propriedade, a primeira coisa que Kaitlin fez foi correr para encher a banheira. Mas enquanto estava nela, sentia que esquecia de alguma coisa… O que era?

Foi quando ela ouviu um barulho incessante vindo de fora do banheiro.

A SLASHER MOVIE

Capítulo 1

Pânico

É só o telefone tocando, Kaitlin. — Ela pensou. Decidiu que não sairia do seu aconchego para atender ao telefone, pois se fosse algo realmente urgente ligariam no seu celular, este permanecendo sobre a pia de granito do banheiro.

Novamente encostou a cabeça na borda da banheira, respirando bem devagar, completamente relaxada. Começou a submergir na água mais uma vez quando ouviu um toque característico. Levantou a cabeça rapidamente e então percebeu que era o seu celular que tocava.

A garota então rolou os olhos, bufando de raiva. Apanhou uma toalha alva que estava pendurada em um gancho próxima à banheira e saiu da mesma, enrolando a toalha em volta do seu corpo nu.

Pegou o seu iPhone X e então viu quem ligava. Não pode evitar a surpresa, o que aquela pessoa estava fazendo ligando para ela naquela hora? Decidiu atender, logo depois de destrancar o banheiro e sair do mesmo, deixando a chave do lado de fora, e caminhou na direção do seu quarto.

— Jake? O que foi?

— Kaitlin Cooper?

— A própria, Jake. Você não viu pra quem ligava? Francamente.

— Aqui não é o Jake.

— Jake, que merda. Não é hora de fazer ficar fazendo joguinhos comigo. Por que me ligou?

— Já disse que não é o Jake, Kaitlin. — A voz gutural repetiu a fala e então Kaitlin finalmente percebeu que aquela voz estava extremamente grossa.

Nunca que o nerd do Jake teria uma voz daquele modo. Mas então, quem é? – Pensou.

— Se você não é o Jake, por que está ligando do número dele?

— Todos nós temos nossos segredos, não é Kaitlin?

— Quem está falando?

— O seu pior pesadelo.

Kaitlin travou naquele instante, assustada com o que acabara de ouvir. Afinal o que estava acontecendo?

Então a jovem direcionou o dedo até a parte de finalizar ligação e assim o fez, encerrando a mesma.

Tem louco pra tudo nesse mundo, meu Deus.

A garota de 17 anos colocou um roupão roxo e sentou-se na sua cama, começando a pentear os seus cabelos com um pente rosa, um pouco espantada com o que tinha acabado de acontecer. Mas já decidira o que fazer. No dia seguinte, teria uma boa conversa com Jake e faria questão de humilhar mais uma vez o jovem. Quem ele pensava que era para ficar passando trotes dessa forma?

De repente o seu celular vibrou, indicando que Kaitlin tinha recebido um recado no WhatsApp. A jovem desbloqueou o aparelho e então viu a mensagem.

Vinha de Jake.

Está com medo, gatinha?

Logo depois, outra mensagem chegou:

Eu posso ter ajudar a cuidar desse cabelo, que tal? Seria lindo ver ele tingido de vermelho sangue.

Naquele momento, Kaitlin travou com o celular em sua mão. Como Jake ou a pessoa que falava com ela sabia o que ela estava fazendo? O temor da garota só aumentava, agora catalisado pelo fato de pensar que estava sendo observada.

O que você quer? – Ela digitou rapidamente, mas a marca que indicava que a pessoa estava online sumiu. Kaitlin largou o celular na cama e levou a mão ao rosto, preocupada.

Talvez eu devesse ligar para a polícia, embora eu tenha trancado toda a casa… – Pensou, até ser interrompida pelo telefone da casa que tocou no andar inferior.

— PUTA QUE PARIU! — Ela gritou, já caminhando na direção da sala de estar. Retirou o telefone da bina e então finalmente falou:

— Olha, por favor, PARA DE LIGAR PRA MINHA CASA! Eu vou desligar e se eu ver esse número ligando de novo, vou chamar a polícia!

— Se você desligar agora, você morre. Se você continuar na linha, você vive.

— Eu não acredito…

— Você duvida, Kaitlin Cooper?

Kaitlin parou estoica. O tom da voz parecia ameaçador demais para a garota simplesmente ignorar e desligar, então ela primeira vez decidiu continuar na linha.

— O que você quer?

— Muito bem, garota. Você foi inteligente nesse momento. Agora me responda: Qual é seu filme de terror favorito?

XXX

O relógio marcava 23:00 com as letras vermelhas que piscavam, e Jake olhou para o equipamento, colocado sobre uma escrivaninha que ficava no seu quarto. Deu um suspiro, e logo depois o rapaz levou as mãos ao rosto esfregando os olhos.

Ele estava sentado em uma cadeira de frente para a escrivaninha de madeira, com muitos papéis sobre a mesa. O quarto era iluminado somente pela pequena luminária que lançava sua luz sobre a papelada. Jake precisava dormir. O jovem tinha passado a noite anterior em claro, ainda pensando no projeto que assumira a função de diretor. Estava praticamente vivendo de café e Red Bull desde o dia anterior.

O professor Earl é completamente louco. — Ele pensou.

O tal professor de inglês de Jake, Mr. Earl, decidiu passar um projeto que constituiria na nota final do semestre, sendo que todos os estudantes sem exceção deveriam fazer o tal trabalho, desenvolvido em grupos de 11, que foram sorteados pelo próprio. E foi assim que Jake acabou com mais 10 estudantes do seu ano na high school, tendo que desenvolver um curta-metragem, desde o roteiro até a filmagem.  

Jake deu mais um suspiro e passou a mão pelos seus cabelos castanhos, quase ruivos, e logo depois se virou na cadeira giratória se levantando. Ele simplesmente se jogou esparramado na cama, ainda vestido com a regata branca e o short azul que usava.

E em poucos minutos, adormeceu, enquanto alguma outra pessoa usava seu celular desaparecido há dois dias atrás.

XXX

— Você tá achando que isso aqui é um filme? Estamos na vida real!

— Você não respondeu à minha pergunta. – A macabra voz falou resoluta, e parecia estar brava, o que fez Kaitlin atender o pedido.

— Tá bom! É Pânico! – Ela disse, pensando no primeiro filme que veio á sua mente, devido a estranha situação. Kaitlin não gostava muito de filmes de terror, de modo que lembrava de poucos.

— É uma pergunta fácil para pessoas burras como você. No fim do primeiro filme de Pânico, existem poucos sobreviventes e que aparecem na sequência, quantos são?

Kaitlin deu um arfada tensa.

— O que foi? Não sabe a resposta, Kaitlin Cooper?

O Jake tinha dito algo assim… Tem a sobrevivente do final que era a Sidney, e mais quantos…? – Kaitlin pensava, exibindo um pouco de desespero.

— E então?

— São três sobreviventes em todos os filmes. Os mesmos.

Silêncio do outro lado da linha. Agora eu te peguei, seu psicopata de merda. - Ela pensou. De repente, a voz gutural falou novamente:

— Você deveria ver mais filmes de terror Kaitlin Cooper.

— O que? Como assim?

— Parece não conhecer as regras para se sobreviver em um filme de terror. Se conhecesse, iria se lembrar que foram quatro sobreviventes.

Um silêncio repentino do outro lado da linha, e Kaitlin sentiu como se o tempo tivesse parado.

— Já checou se acionou os alarmes da casa?

Segundos depois, Kaitlin ouviu uma vidraça se quebrando, mas nenhum som além deste foi ouvido. Era isso que havia esquecido e tentava se lembrar na banheira… Quando as meninas saíram, havia trancado a casa, mas esquecido de acionar o alarme novamente.

Foi quando ela sentiu uma brisa gelada chocar-se contra o seu corpo, coberto somente com o roupão. O terror perpassava pelo seu corpo, e então a voz falou, antes de desligar:

— Deveria ter prestado mais atenção, abelha-rainha.

Repentinamente as luzes da casa piscaram e Kaitlin começou a olhar ao redor, amedrontada. Do outro lado da sala, no corredor que dava na cozinha, ela observou uma sombra que caminhava de forma devagar, e não pode evitar o grito.

No desespero, Kaitlin não conseguiu pensar racionalmente e agiu por impulso, correndo na direção das escadas que ficavam no outro canto da sala de estar. Ela começou a subir as mesmas rapidamente, entretanto no último degrau sentiu algo entrando na sola do pé e caiu. Observou o que tinha provocado a queda e percebeu que era um brinco seu que estava perdido.

— Droga!

Retirou o brinco e viu uma pequena bolha de sangue cair pelo ferimento. Então olhou na direção da escada e soltou outro grito.

Uma figura vestida com um manto negro a observava como se fosse a própria morte que estava na base da escada. As mãos estavam cobertas por duas luvas negras e os pés não podiam ser vistos. O rosto estava embaixo do capuz e parecia estar coberto assim como o resto do corpo. Mas dessa vez com uma touca escura.

A figura começou a subir as escadas rapidamente atrás de Kaitlin, que se levantou subitamente e começou a correr pelo corredor da casa, os seus cabelos negros esvoaçando atrás dela. A tal figura se aproximou consideravelmente de Kaitlin e então com um golpe, desceu uma facada contra sua panturrilha, e a morena sentiu ela arder como fogo.

Caiu no chão de costas, enquanto sentia a pessoa misteriosa se aproximar cada vez mais dela. Mas ela não iria desistir assim tão fácil. Se levantou, e antes que ela tentasse dar qualquer golpe na garota, ela deu um soco contra o seu braço, o que desorientou o mascarado por um instante.

Começou a andar rapidamente, mancando, e então entrou no banheiro onde estava antes logo fechando rapidamente a porta. Assim que fez tal ato, a garota encostou na mesma, respirando ofegantemente e observando o ferimento na perna. Rapidamente transferiu o olhar na direção da fechadura para trancar a porta e percebeu… Que a chave não estava ali.

Merda! Eu deixei do lado de fora.

Com uma força descomunal, Kaitlin foi jogada no chão e então percebeu que a porta era aberta. A figura mascarada olhava para a garota, estática.

Ela arregalou os olhos enquanto tentava se levantar, atrapalhada pelo chão escorregadio e a figura negra se aproximava lentamente dela.

— Qual é o seu filme de terror favorito, Kaitlin? – O mascarado disse com a mesma voz macabra que falou ao telefone, antes de dar uma facada na parte de trás do roupão da garota, abrindo um rasgo no mesmo e um talho nas costas de Kaitlin, que caiu novamente. – O meu é A Slasher Movie.

O sangue de Kaitlin começava a se destacar pelo chão alvo do banheiro, tingindo de um vermelho vivo. O mascarado pegou novamente a garota pelos seus cabelos escuros e a jogou novamente contra o chão do banheiro, fazendo a mesma quebrar o nariz no impacto. A morena levou a mão até o mesmo e percebeu o sangue descendo em profusão, assim como suas costas e panturrilha.

— Não, não…

Kaitlin se apoiou na beira da banheira e tentou se levantar, mas só conseguiu cair, dessa vez para dentro da banheira. Ela soltou um berro quando a água entrou em contato com as suas feridas. Ardia de forma descomunal.

— Você não gostaria de dizer suas últimas palavras? – O assassino disse, retirando a estranha touca que cobria sua cabeça e revelando quem era para Kaitlin. Ela olhou estoica para o mesmo e somente conseguiu dizer:

— Você…

A primeira facada desceu na direção da barriga de Kaitlin, abrindo o roupão e perfurando de forma certeira o local. A moça tentou se levantar, segurando na beirada da banheira, apenas para levar outra facada, dessa vez em sua mão, fazendo ela se soltar da borda.

O mascarado desceu a faca então repetidas vezes contra o tórax e o abdômen de Kaitlin, enquanto a garota esperneava no meio da água repleta de espuma. Vários talhos foram abertos pelo seu corpo, e suas vísceras começavam a sair e se misturarem com a água que agora estava em uma coloração rubra, assim como todo o banheiro.

Neste momento, Kaitlin sentiu todas as suas forças se esvairem lentamente e então sua respiração começou a diminuir rapidamente. Era a morte chegando.

Ela olhou pela última vez para o seu assassino que novamente usava a tal touca negra, e percebeu que ele levantava a faca na direção de sua cabeça. Ela não conseguiu nem fechar os olhos.

A faca desceu com uma velocidade fulminante na direção de sua testa perfurando a pele e a carne, adentrando em seu crânio. Tão rápido quanto entrou, a faca foi retirada espalhando muito sangue e massa encefálica. A cabeça de Kaitlin tombou e caiu para dentro da banheira, tingida pela seu próprio sangue. A espuma se misturava com as vísceras criando um cenário grotesco naquele banheiro que agora estava vermelho.

O assassino continuava olhando para o corpo rubro da jovem enquanto escrevia com o seu sangue uma frase na parede do banheiro. Quando terminou, observou mais uma vez o corpo de jovem e por baixo da touca, sorriu.

XXX

No dia seguinte.

Alice subia as escadas que levavam á entrada do imponente prédio da Mt. Rosemary High School, com a mochila azul nas suas costas, sendo acompanhada por outros alunos da cidade.

A jovem tinha tinha 17 anos e cabelos longos e negros, uma pele parda e olhos castanhos. Descendente latina por parte de pai, possuía um corpo com uma fisionomia normal de uma garota de sua idade, e vestia uma blusa branca e azul, além de calças jeans. Naquele dia em especial havia feito uma trança no cabelo, que caía sobre seu ombro.

A garota adentrou o grande corredor, repleto de alunos andando para todos os lados típico de uma high school americana. Enquanto andava, pode ver todos os tipos de alunos ali. A gangue das patricinhas, os atletas do time de basquete, o grupo dos nerds excluídos e o dos representantes de classe e grêmio estudantil, os maconheiros que andavam todos juntos parecendo estar em outro mundo sem contar os emos e góticos que ainda marcavam presença.

Por mais incrível que parecesse, Alice não se encaixava em nenhuma dessas categorias, no máximo dentro do povo do Clube de Teatro, de quem fez parte nos dois últimos anos. Se estivesse dentro da cadeia alimentar de popularidade, julgava estar ali na metade já que preferia se manter incógnita, mas ao mesmo tempo ser sociável quando pudesse.

Estava tão concentrada na música que tocava em seus fones que, no meio do caminho, bateu a mochila sem querer em uma pessoa.

— Nossa, me descul... Clay?

O rapaz riu ao ver a surpresa de Alice. Clayton sempre tinha sido amigo da garota desde a infância e essa amizade tinha se mantido até os dias atuais. O rapaz tinha cabelos e olhos castanhos e um rosto de criança que não tinha crescido, mas que contrastava com a pequena barba que tinha. Ele estava vestido com uma camiseta totalmente verde, e com uma calça jeans completamente negra, e era um pouco alto.

— Sério que você não me viu chegando? Tá precisando de óculos Alice. – Ele respondeu.

Alice só rolou os olhos e começou a andar ao lado de Clayton na direção do seu armário.

— Como você tá, minha linda?

— Ah, tá tudo bem. Exceto por aquele trabalho do Mr. Earl.

— Mas você vai ser a protagonista do filme, Alice! Quer coisa melhor que essa? Além disso você ainda atua, não deveria estar preocupada. – Clayton falou, gesticulando.

— Bom, isso foi o que o Jake me disse. Mas Clay… – Suspirou. – Você sabe que eu morro de medo de filmes de terror.

— Ótimo. Vai ser a oportunidade de você ver que um filme de terror é só um filme de terror. Não precisa ter medo de algo que não te ameaça. – O jovem falou, despreocupado.

A garota então chegou ao seu armário, enquanto Clayton encostou-se no armário do lado esquerdo da garota.

— Se eu fosse você saía daí.

— E por que? – Ele disse com um sorriso um tanto quanto malicioso.

— O dono do armário pode chegar em breve, Clayton.

— Alice minha querida, por que você acha que eu estou apoiado nele?

Alice não pode conter uma risada diante do ato de Clayton. Ela sabia que o amigo era gay e mesmo que não soubesse, não teria demorado muito tempo para descobrir. Outra coisa óbvia era a queda que o rapaz tinha por Eric Newman, justamente o dono do armário.

Eric era um atleta da equipe de basquete da Mt. Rosemary High School, porém Clayton nunca tivera coragem de falar com o rapaz a respeito disso, mesmo os dois já terem conversado algumas vezes e Eric aparentar ser uma pessoa muito tranquila. E mesmo com os inúmeros boatos que rolavam pela escola de que Eric era bissexual e já tinha ficado com vários rapazes na escola, Clayton ainda tinha um pé atrás com isso e medo de falar com seu crush.

Depois de pegar alguns livros, Alice fechou a porta do armário e finalmente viu quem estava ao seu lado, Beth Croft, uma das princesas da abelha-rainha de Mt. Rosemary High School, e praticamente considerada como a segunda rainha. Beth e Alice não tinham problemas de convivência entre elas, ao contrário da relação de Alice com a primeira da cadeia alimentar, sendo mais como verdadeiras colegas do que inimigas.

— Bom dia Beth. – Alice falou.

— Hum… – Beth começou a falar consigo mesmo, ignorando claramente a presença de Alice e Clay. – Cadê aquele colar que o Nicky me deu? Eu tinha certeza que tinha deixado ele aqui…

— Que colar?

— Não é da sua conta, Alice. E bom dia. – Disse quase instantaneamente. A moça porém não se espantou com a resposta, já que suas características respostas eram parte da personalidade de Beth.

Alice e Clayton então começaram a andar pelos corredores da escola, logo chegando na sala de aula de Mr. Earl. Os dois perceberam que a sala tinha sido dividida em três círculos de onze cadeiras cada, provavelmente para o projeto de inglês. Alice e Clay se dirigiram para o grupo de cadeiras mais ao fundo onde duas pessoas já ocupavam seus lugares.

Jake revisava mais uma vez todos os scripts que tinha passado a noite fazendo, incluindo todas as falas do curta que fariam, enquanto ao seu lado Deborah parecia entediada, ouvindo música no seu celular. Jake vestia uma camiseta bordô sobre uma jaqueta xadrez, calças jeans e um all star vermelho, enquanto Deborah vestia inteira de preto. A moça tinha cabelos ruivos que estavam amarrados em um rabo de cavalo e um rosto um tanto quanto angelical, contrastando com sua personalidade. Na camiseta, estava escrito: “What’s your favorite scary movie?”. Nos pés tinha um par de coturnos, também negros.

— E aí, Alice? Como vai a nossa protagonista?

— Oi Jake. – Ela sorriu, e se sentou ao lado do rapaz. Clayton sentou-se ao lado de Alice e também cumprimentou Jake.

— Então, eu passei umas noites á claro na base de Red Bull, mas consegui terminar o script básico. Dá uma olhada aqui. – Ele disse, entregando alguns papéis para a dupla. – Você é a Nancy Prescott, nossa protagonista.

— Adorei a referência. – Clayton comentou, folheando e lendo os papéis, assim como Alice que concordou com a cabeça.

— Na realidade, todos os nomes dos personagens do nosso trabalho tem nomes de grandes personagens de filmes slasher, foi uma ideia pessoal minha. – Jake respondeu, um pouco orgulhoso do trabalho feito.

— Aliás falando nisso… Cê fez o que eu pedi, Jake? Sobre a trilha sonora da morte lá… – Clayton perguntou, um pouco receoso.

— Então cara, a gente precisa ver isso com a Carrie e o Eric, eles que vão cuidar do som. Mas acho que rola de fazer aquilo que você pediu.

— Jake, e ela? – Alice perguntou. – Não era ela que ia cuidar do som?

— A Deb? – Ele riu. – Deborah, estamos falando de você.

Deborah continuava entretida com Rolling Stones, que tocava em alto e bom som no seu celular, até perceber que os outros três olhavam para ela. Rapidamente tirou os fones espantada.

— Que foi?

— Estávamos falando de você, Deb. – Jake respondeu. – Você já sabe o que vai fazer no filme né?

— Ah, a parte mais tranquila. – Deb falou. – Passar o filme pra um pen drive, e mexer na edição da filmagem.

— Só isso? – Clayton perguntou.

— Bom, se eu quiser posso te deletar do filme inteiro, então bem, é só isso mesmo. – Ela respondeu, irônica.

— Credo, não tá mais aqui quem falou.

— A Carrie tá chegando, Clay. Tua oportunidade. – Alice falou, dando um leve cotovelada no amigo.

A tal Carrie se aproximou do grupo, segurando alguns livros na mão. A garota vestia uma camiseta cinza de manga comprida e saia, e tinha o seus cabelos negros caindo soltos sobre o corpo além de possuir lábios finos e olhos pretos. Mas Carrie era mais conhecida por ser uma das únicas alunas de descendência oriental de Mt. Rosemary High School e também pelo seu jeito fofo em excesso, que muitas vezes chegava a irritar.

Sem contar o fato que Carrie Wang estava no grêmio estudantil da escola, ou seja, possuía certa influência naquele ambiente.

Alice tinha uma leve impressão que Carrie não gostava muito da menina, também pelo fato da morena ter namorado o irmão mais velho da oriental, Scott Wang, que agora fazia faculdade em outra cidade.

Os dois ainda se falavam, tendo uma boa relação e se encontrariam em breve, já que Scott passaria o feriado de Columbus Day na cidade.

— Oi lindos. Oi Jake. – Carrie falou, sentando-se ao lado do ruivo. Ela arrumou seu óculos enquanto sorria para ele.

Ela não consegue ser nada discreta, não é possível. — Alice pensou.

XXX

O casarão dos Cooper foi destrancado repentinamente, permitindo a entrada de uma das empregadas da casa, Amy Mendes. A mulher trabalhava há anos para os Cooper, de modo que era a empregada de maior confiança da família. Sempre chegava antes do que os outros criados, mantendo a pontualidade.

Amy já vinha estranhando o silêncio daqueles dias na casa, principalmente pela ausência dos Cooper e pelo fato de Kaitlin sempre sair pela manhã para ir á High School. Mas naquele dia o silêncio estava diferente, ela não sabia explicar. Foi quando percebeu o telefone jogado sobre o sofá.

— Mas essa menina não aprende a colocar o telefone no lugar!

Continuou seguindo pelo corredor até o cômodo da cozinha, quando percebeu vários cacos espalhados pelo chão. Seguiu os mesmos com os olhos, até culminar na porta de vidro que levava ao jardim arrombada. Levou ás mãos ao coração, completamente chocada.

O que tinha acontecido ali?

Como um ato súbito, correu na direção das escadas, para ver se algo teria acontecido á Kaitlin. Se a garota já estivesse acordada, perceberia o arrombamento da casa e teria pedido ajuda policial, além de ter telefonado para Amy. Mas ela não tinha feito isso. Será que ela estava bem?

Quando terminou de subir as escadas, viu as pequenas gotículas de sangue e um brinco jogado sobre o chão. Amy pegou o brinco e olhou atentamente até perceber a grande mancha de sangue que havia no chão do corredor, e que parecia ir na direção do banheiro.

A mulher andou vagarosamente, passo após passo, até o tal cômodo. Quando chegou no mesmo, não pode evitar o grito.

O banheiro estava inundado de água misturado com sangue, e algumas vísceras estavam caídas sobre o piso. Os azulejos brancos estavam completamente sujos do líquido rubro e um roupão roxo jazia jogado no chão.

E na banheira, o corpo morto de Kaitlin boiava abaixo da mensagem deixada na parede do banheiro.

"A SLASHER MOVIE HAS BEGUN"


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Então, por favor o pessoal que curtiu, comentem, favoritem, acompanhem, etc. Inclusive vocês também, leitores fantasmas, que eu sei que existem viu *tô de olho*

E sim, todos os capítulos terão nomes de filmes de terror, mais especificamente do gênero slasher, como poderão ver no nome da segunda parte, QUE SAI AMANHÃ DE MANHÃ como parte do capítulo duplo de estreia.

Até a próxima, galera!



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