Run This Town escrita por Lady Mataresio


Capítulo 4
3 — Silêncio


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM VOLTOU! Aêeeeeee!
Gente, que feedback MARAVILHOSO está sendo esse???? Vocês são demais! Quase 80 acompanhamentos já! Se todo mundo que acompanha comentasse, hein... Eu ia ficar felizona! Mas agradeço de coração todo mundo que vem deixando seus comentários lindos que me alegram sempre que leio. Comecei a respondê-los agora e até o fim do dia (07/06) responderei todos, prometo S2
NOVIDADE NOVIDADE NOVIDADE NOVIDADE: AGORA NÓS TEMOS UM SPINOFF! Isso mesmo! Ele vai narrar a história do Bruce Banner com a linda da mãe da Lavínia, a Moira Laviscount, quando eles se conheceram S2 Espero ver todos vocês por lá hein? Link: https://fanfiction.com.br/historia/761588/Helium/
E bom, esse capítulo está cheio de revelações, mistérios e um final surpreendente. Bora conferir?
Esse capítulo é totalmente dedicado a linda da Daph, minha irmã xeroque valquíria romes, que gentilmente fez a primeira recomendação da história! QUE ODIN TE ILUMINE SUA LINDA, TE AMO
Boa leitura e vejo vocês nas notas finais!



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3 Silêncio

 

Data desconhecida por ele. Algum lugar perto de Midgard/Terra.

 

Mesmo com certa relutância vinda de Nebulosa, Tony Stark logo se lembrou dos comentários de Bruce Banner sobre uma “guerreira asgardiana” que o ajudou durante seu tempo fora de órbita e concordou em seguir viagem com a mulher. Brunilda, uma morena vestindo um traje prateado e uma capa azul, recebeu-os sem muitos rodeios e voltou a guiar a nave para Midgard. Em média, outras cento e cinquenta pessoas estavam dentro da grandiosa nave vermelha — entre elas, asgardianos e criaturas vestindo trajes de luta. Tudo o que restou de Asgard, segundo a valquíria.

Sentado em um dos bancos, Tony logo reparou nos resquícios de poeira cósmica em vários lugares pela nave e não pôde conter as lembranças. As preocupações, os medos e tudo aquilo que o esperava após uma inesperada derrota no campo de batalha, agora estavam norteando sua mente de forma assombrosa. Entre os tantos nomes que flutuavam acima de sua cabeça, três acabaram pesando mais em sua consciência: Peter Parker, May Parker e Pepper Potts.

Mesmo sendo cuidadoso ao extremo para não deixar que o garoto se machucasse, Tony não conseguiu protegê-lo do fim que Thanos lhe havia destinado; e quando Peter se esvaiu em suas mãos, o sentimento de impotência tomou conta dos ombros de Stark de forma nunca imaginada por ele. Estaria May Parker à procura do tão amado Pett? O homem sabia que Peter não a chamava de mãe, mas isso não significava que May não desempenhava esse papel tão fundamental na vida do jovem — assim como ele era um filho aos seus olhos.

Todos duvidaram de Stark quando ele recrutou o garoto, mas Peter não se abalava com nada disso. Era mágico para ele ser um super-herói, ajudar as pessoas e poder salvar o dia sempre que necessário, e o brilho nos olhos do adolescente refletia de maneira encantadora na alma de Tony. Aquele garoto era especial demais.

“Eu vou cuidar dele. É uma promessa.”

Tony Stark fizera uma promessa à família Parker e falhara.

“Vamos jantar hoje à noite, eu prometo.”

Outra promessa, outra falha — mas, dessa vez, ela se relacionava a Pepper Potts. Desde os eventos finais dos Acordos de Sokóvia, Tony prometera para a amada que não deixaria a vida de super-herói atrapalhar seus planos com ela. Queria casar, queria ter filhos, queria construir uma família e passar o resto de seus dias ao lado da Potts, sem deixar que nada os atrapalhasse. Se ao menos tivesse a certeza de que Pepper estava viva e respirando...

Não faça promessas que não pode cumprir, foi o que ela lhe disse uma vez.

Pepper não poderia estar mais certa.

Nebulosa, do outro lado da nave, permanecia sentada ao lado de Brunilda; ela estava com um orbe prateado em mãos, o jogando para cima e para baixo, enquanto observava a piloto com certa cautela. Por mais que a valquíria mantivesse uma postura ereta, a mulher azul conseguia ler o cansaço nas linhas de seus olhos.

— Onde está sua irmã? — questionou Nebulosa.

Ao entender a que a mulher robótica se referia, Brunilda encarou a escritura que mantinha tatuada abaixo de seu pulso esquerdo; a tinta, gasta pelo tempo, já parecia estar ficando fraca. Systur með blóði.

— Conhece o nórdico antigo, então? — Brunilda manteve os olhos na tatuagem.

Irmãs pelo sangue, certo? — a azulada disse, ganhando uma confirmação da valquíria ao seu lado. — Thanos ensinou algumas coisas úteis, afinal.

O nó que o silêncio dava na garganta de Brunilda se tornava cada vez mais sufocante, da mesma forma que as memórias turbulentas em seus pensamentos a faziam estremecer.

— Ela se foi. — Nebulosa quase não conseguiu escutar o sussurro da mulher ao seu lado. — E isso já faz muito tempo.

 

X

 

08 de maio de 2018. Algum local no norte do estado de New York.

Quartel General dos Vingadores.

 

Rogers acordou em um sobressalto. Sua respiração estava acelerada e seus olhos se perdiam no quarto, demorando alguns minutos até que tudo se normalizasse. Depois de conversar com Natasha durante aquela manhã e deixá-la em seus aposentos, Steve se dirigiu ao seu dormitório e sequer percebeu quando caiu no sono – sendo novamente sugado pela dolorosa imagem de James Buchanan Barnes. Ainda perdido em pensamentos, o soldado se levantou e deu lentos passos até o banheiro, se despindo devagar e caminhando até o chuveiro. Por mais que sentisse o cansaço se dissipar, a água quente que saia do aparelho não tinha o poder de afastar todos os demônios que estavam grudados na alma de Steve Grant Rogers.

A morte de Bucky se repetia, fardo esse que Steve parecia estar destinado a carregar.

Quando perdeu o irmão durante os acontecimentos da guerra, quando ainda eram soldados combatendo alemães, uma parte sua despencou com Barnes. Rogers sabia que nenhuma guerra terminava com o mesmo número de soldados que começava, mas incluir o melhor amigo nas perdas nunca esteve em seus planos. E agora, depois de tantos encontros e desencontros, o destino aleatoriamente escolhera Bucky para sucumbir. Quantas parcelas de esperança o destino queria roubar do capitão, afinal?

A noite caía em New York quando ele enrolou a toalha creme na cintura, suas íris azuis contemplando o espelho embaçado à sua frente. Levando a destra até o vidro, limpou o vapor e encontrou-se com o próprio reflexo cansado. As olheiras abaixo de seus olhos e a barba por fazer mostravam, ainda que de forma discreta, tudo o que Steve Rogers queria esquecer. As perdas, o campo de batalha, os momentos tão trágicos que já havia presenciado. Antes que pegasse o creme de barbear, outro reflexo apareceu no vidro.

Dessa vez, era o de Natasha Romanoff.

— Cheguei a bater na porta, mas acho que você não ouviu. Me desculpe por entrar assim. — se aproximando do homem musculoso, ela se apoiou na pia ao lado dele e logo percebeu as intenções do americano, fazendo uma careta de desgosto. — Poxa vida. Eu gosto da barba.

Suspirando com pesar, ele procurou os verdes olhos dela.

— Acho que ela está muito grande.

Natasha abriu algumas gavetas da pia até encontrar uma tesoura, ficando frente-a-frente com Steve em seguida. Vendo permissão nos olhos do loiro, a russa começou a diminuir o tamanho da barba com cautela, fazendo cortes suaves até que ela ficasse rala. Deslizando os dedos pela região, a loira sorriu.

— Assim está bom? — perguntou Romanoff.

Os dois encararam a imagem dele no espelho, fitando um ao outro pelo reflexo em seguida. Rogers puxou-a para mais perto e depositou um demorado beijo em sua testa, afastando alguns fios de cabelo enquanto ela envolvia seus braços em torno das costas dele, transformando o momento em um abraço apertado. Natasha conseguia sentir o calor emanado pelo corpo do soldado, afundando a cabeça em seu ombro quando ele tocou sua nuca e afagou seus cabelos.

— Me prometa que vamos conversar depois da reunião com o Bruce. — Steve disse, se separando dela e encarando fixamente seus olhos. — Por favor.

Desde o final da Guerra Civil entre ele e Stark, as coisas haviam mudado de ares várias vezes para os dois. De amigos para apaixonados, de apaixonados para pessoas distantes e, agora, eram duas almas fortemente atraídas uma pela outra que sentiam grande necessidade de resolverem seus problemas. Mesmo que precisassem tratar de assuntos delicados, envolvendo o conturbado passado dela com a KGB e o Soldado Invernal, Natasha sabia que não podia esconder nada de Rogers; nem seu verdadeiro eu, que ele conhecia de cor, e nem todos os segredos que a norteavam — os quais separaram os dois de maneira dolorosa.

— Prometo. — ela respondeu com certa hesitação.

Lançando um sorriso para ela, o capitão selou seus lábios com suavidade e deu espaço para um beijo calmo, correspondido de imediato pela espiã. Não sabia se deveria estar fazendo aquilo, mas os sentimentos de Steve Rogers eram difíceis de serem contidos.

Havia algo na cor laranja que apaziguava o coração turbulento de Lavínia Banner, mas ela não sabia o quê. Encarando a própria imagem nervosa no grande espelho do quarto, os dedos dela tamborilavam de forma ansiosa pelo pingente do colar que nunca tirava do pescoço: o cordão elástico preto era simples, mas envolvia uma bela pedra da cor laranja mais viva que ela já tinha visto.

Vestindo apenas uma calça jeans clara e uma blusinha amarela, a garota fitava a si mesma no vidro com certo temor. Sabia que aquela era a tão esperada noite em que Bruce Banner, seu pai, iria revelar a verdadeira história de sua mãe — e, consequentemente, a história do nascimento de Lavínia. Muitas perguntas assombraram a jovem durante anos, mas todas pareciam ter lhe dado trégua diante de tal situação.

Quando saiu do quarto, a ruiva percebeu que ainda faltavam alguns minutos para o horário da reunião e olhou para o corredor à sua esquerda, sorrindo ao ter uma brilhante — talvez louca — ideia.

— Oi, Pietro! — A garota fez uma pose na porta do quarto, mesmo sabendo que o rapaz em coma não iria vê-la. Suas visitas ao velocista foram bem frequentes naquela última semana. — Posso ficar um tempo com você?

Silêncio.

— Acho que vou considerar isso um sim. — a Banner falava com suavidade, caminhando até a maca em que ele estava e se sentando nela. — Eu sei que sou folgada em chegar e já sentar na sua cama, mas me dá um desconto, vai! Essa noite vai ser importante.

Balançando os pés, a mulher plugou os fones de ouvido no aparelho móvel e selecionou uma de suas playlists mais animadas, colocando um dos lados do fone no ouvido de Pietro. Isso já se tornou um hábito, ela pensou. Várias músicas tocaram enquanto compartilhava os fones com ele, até que uma muito especial teve início. A melodia, de nome Sweater Wheater, era do grupo favorito de Lavínia e uma de suas músicas prediletas — mas não fazia ideia de que aquela era, de longe, a canção que o Maximoff mais gostava.

I hate the beach, but I stand in California with my toes in the sand... — ela cantarolava em alta voz, mexendo no celular, e sequer percebeu quando Clint Barton encostou na porta e sorriu, encantado ao vê-la tão íntima do rapaz em coma. — Touch my neck, and I’ll touch yours...

— Não sabia que você cantava. — Barton comentou com ironia. Lavínia revirou os olhos enquanto ria, recebendo um sorriso do arqueiro em troca. — Já está na hora, mocinha. Vamos?

Ela encarou Pietro Maximoff e, por um segundo, jurou tê-lo visto mexer os lábios. Confusa com o que acabara de ver, a Banner concluiu que aquilo era apenas um fruto de seu nervosismo e se levantou, pausando a música e guardando os fones de ouvido.

— Depois eu volto pra gente ouvir mais The Neighbourhood, ok? — sorrindo, a ruiva caminhou até a porta e fitou novamente o dono dos cabelos prateados. — Tchau!

Mesmo ausente dos fones de ouvido, a melodia da música parecia ainda estar ecoando na mente de Pietro, que mexia os lábios de forma inconsciente. Os heróis ao seu redor podiam não reparar, mas se tinha alguma coisa pela qual o Maximoff estava lutando, era a oportunidade de abrir os olhos de novo.

— Bom... Quando eu entrei na faculdade, em 1990, conheci uma moça chamada Moira Laviscount. Estudávamos juntos na Harvard e não demorou muito para eu perceber que tínhamos muito em comum, menos ainda pra me apaixonar por ela. Passamos longos meses juntos e céus, como ela era encantadora. — seu olhar era apaixonado. — Em nossas primeiras férias juntos, descobri que Moira estava grávida. E daí tudo mudou.

As mãos dele eram trêmulas e, de tempos em tempos, sua voz falhava.

— Moira não pertencia a esse mundo, mas sim a Asgard. — Thor o olhou confuso quando ouviu Asgard sair dos lábios de Banner. — Demorou muito tempo para que ela se lembrasse disso, já que alguém que eu desconheço roubou as memórias dela por anos. Seu inconsciente a guiava por meio de pinturas na parede de seu quarto da faculdade, onde ela desenhava os deuses que conhecia e vários acontecimentos que aconteceram ou que iriam acontecer. Na mesma noite em que ela engravidou de Lavínia, lapsos de memória finalmente começaram a aparecer. E então, ela se lembrou de tudo.

Os dedos do cientista batiam contra o enorme rolo de papel ao seu lado.

— Consigo me recordar claramente da noite em que ela previu Thanos destruindo todo o universo. Eu nunca tinha me deparado com Moira tão assustada daquela maneira, porém ela era forte... Sabia perfeitamente o que fazer mesmo diante do medo. — um sorriso surgiu no rosto dele, acompanhado das lágrimas. — Tempos depois, Lavínia nasceu. Você era a criança mais linda que ela já visto, Lavínia. Então, Moira te pegou nos braços e te levou para algum lugar que eu não conheço, mas me disse o que ia fazer.

Fitando a filha, Bruce via os olhos dela lacrimejando.

— Sua mãe deu a vida por você em troca da joia da Alma, para salvar todos nós do fardo que hoje carregamos. — confessou o cientista. — Foi uma espécie de troca, eu... Eu não sei como funcionou. Depois de esperar horas e horas no hospital, à beira de ter um aneurisma, um homem encapuzado apareceu pra mim com você nos braços e eu soube que ela já tinha partido. E eu... Eu... Eu a amava tanto. — a voz dele mal saía.

A jovem ruiva estava confusa. Barton caminhou até ela e, segurando em sua mão, a guiou para o centro da sala. Banner se aproximou dela e tocou seu pingente laranja, suspirando pesadamente antes de falar.

— O homem, então, me explicou que seu coração batia na mesma sintonia que a joia brilhando dentro desse colar. No fim, me disse o nome que sua mãe escolheu. — os olhos de pai e filha se encontraram. — Lavínia. A que purifica.

— Mas se a joia está com a Lavínia... O que está com o Thanos? — Steve perguntou com um ar confuso.

— Eu não sei bem, quase nada foi contado a mim. — explicava em resposta. — Porém sei que todas as pessoas desintegradas na batalha estão lá dentro. Moira fez isso para evitar que Thanos possuísse a verdadeira joia e que seus efeitos fossem permanentes, escondendo-a com minha filha e me fazendo jurar que só revelaria tudo isso quando Thanos achasse ter vencido. Ela criou uma espécie de contra-ataque.

Ficando de costas para eles, Bruce se ajoelhou no chão e começou a estender o grande rolo de papel que tinha em suas mãos, o qual media cerca de três metros. Desde os anos 90, o cientista sequer ousava olhar para as pinturas que estavam ali dentro, mas precisava fazê-lo dessa vez: precisava estar cara a cara com seu passado.

O passado que lutava para esquecer.

— Tentei contar tudo isso antes, quando encontrei o Tony e o Strange. Tudo isso estava me consumindo e eu precisava dizer, mas Stephen parecia já saber de cada detalhe e me fez jurar, novamente, que vocês só saberiam no momento em que nos encontramos. Desculpem por não contar antes, mas estamos na jogada final agora.

Conforme o rolo se abria, os outros presentes começaram a se levantar para ver de perto a beleza das pinturas contidas ali. O grosso papel levemente envelhecido mostrava pinturas de diversos acontecimentos e rostos já vistos pelos heróis: a batalha das Valquírias, o trágico final de Asgard na luta contra Hela, Thanos em posse das joias e personagens fundamentais desses eventos — Odin, Heimdall, Brunilda, Thor, Frigga, Hulk, Loki... E a própria Moira Laviscount, a mãe de Lavínia, montada em um belo Pegasus negro com as vestes de uma valquíria em combate.

— É isso o que eu sei. — finalizou o físico.

— Ela pintou tudo isso? — Shuri perguntou com os olhos admirados.

— Sim.

Todos analisavam as pinturas com cuidado, comentando coisas entre si.

— Então, se todo mundo que sumiu está lá dentro, nós vamos precisar da tal joia falsa que está com o Thanos. — Rocket exclamou. — Mas como vamos pegá-la?

— Thor, alguma ideia? — Natasha questionou.

Thor, porém, estava estático e sentado em frente à pintura de Moira com seu Pegasus. Os lábios do deus nórdico sussurravam algo inaudível aos ouvidos dos outros presentes, e suas mãos deslizavam pelo papel à medida que seus olhos se fechavam em agonia e pavor. Vozes murmurando em sua cabeça lhe contavam lembranças há muito tempo apagadas, vindas antes mesmo dos sonhos de ser rei ou de ganhar o Mjolnir. Tudo surgia como pontadas de agulha na mente de Thor Odinson.

— Onde conseguiu isso? — o loiro finalmente disse, os dedos acima das feições de Moira no papel. — Como conhece Lavínia?

— N-não, o nome dela é Moira. — Bruce gaguejou, sem saber como se comportar diante da reação do deus do trovão.

Lavínia Banner olhava tudo a sua volta, mas não conseguia ouvir mais nada. Os ecos em sua mente tentavam analisar toda a informação que estava recebendo naquele momento: ela era filha de uma valquíria, tinha relação com Asgard, e de sobra ainda estava em posse de uma das joias do infinito.

Coisas demais para processar.

— O nome dela é Lavínia. — respondeu Thor, se levantando e endireitando a postura. Suas palavras eram firmes, mostrando que ele havia voltado ao normal e assumido um ar sério. — Lavínia era uma das valquírias de meu pai, ela era os olhos de Odin no campo de batalha... — ele hesitou, tentando lembrar de mais detalhes. Sem sucesso. — Ah, não consigo me lembrar. Tem uma barreira que está bloqueando minha mente, mas algo nessas tintas despertou essas memórias.

— Filha... — Banner virou-se para falar com a ruiva, porém não a encontrou. — Filha?

Bem longe dali, Lavínia Banner andava pelos corredores do QG um pouco zonza. Procurava o quarto de Pietro Maximoff de maneira desesperada, seus sentidos mal conseguindo conduzi-la pelo percurso, até que encontrou a porta e a abriu com força. Seus joelhos fraquejaram e ela caiu, debruçando com pressa na maca no rapaz em coma enquanto chorava.

Não era como se estivesse revoltada com o pai, nem com Thor e nem com a mãe, mas era impulso se desfazer em lágrimas diante de tantas informações sobre si mesma que ela não fazia ideia de que existiam. Lavínia cresceu perto do pai e achava que o conhecia melhor do que qualquer outra pessoa — mas via que não sabia nada perto de tudo o que ele vivera com Moira. Nem ao menos conseguia distinguir o que realmente era, uma mistura de heroína e fracasso que ela se recusava a entender.

Repousando uma das mãos acima da de Pietro, Lavínia soluçava.

— Eu só queria entender o que vai acontecer daqui em diante. — as palavras saiam embargadas nas lágrimas. — Se eu sou a salvação do mundo, eles podem esquecer! Eu não consigo, eu... Não sou uma super-heroína, não combato o crime e nem tenho coragem o suficiente para correr atrás das coisas que quero. Não consigo nem ao menos cuidar de mim mesma! — desabafava a Banner.

Alguns dos longos fios de seu cabelo estavam grudados em seu rosto por causa do choro, a deixando com a aparência ainda mais desgastada.

— Se alguém ao menos pudesse me dizer o que eu faço agora... Ou me desse uma caixa de bombons até eu me acalmar, sei lá. — Lavínia tentou rir. — Minha mãe depositou uma espécie de confiança em mim que eu não sei se sou capaz de honrar. Não sei se consigo suportar tudo isso.

Enxugando algumas lágrimas com a destra, ela ainda mantinha a mão esquerda repousada sobre a do Maximoff.

— Bom, se meu pai precisa que eu faça tudo isso, vai ter que me arrumar um guarda-costas. — a Banner sorriu, ainda que permanecesse chorando.

De repente, ela sentiu algo estranho. Encarando a própria mão na maca, percebeu que os dedos de Pietro Maximoff se moviam levemente e se levantou em um pulo, fitando o rapaz que estava em coma.

E os olhos azuis dele estavam arregalados, fixados no verde das íris dela.

— Ah meu Deus.


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Notas finais do capítulo

AH MEU DEUS!
Brunilda tem uma IRMÃ? Moira é uma VALQUÍRIA? PQ O THOR CHAMOU A MOIRA DE LAVÍNIA E COMO ELE CONHECE ELA? PQ ELE NÃO LEMBRA DE QUASE NADA? E o Pietro acordou do nada, COMO ASSIM?
Olha gente, muitas perguntas (fora as outras que ainda não foram respondidas). Querem saber as respostas? Aguardem o próximo capítulo, que sai no dia 16/06! Espero vocês todos nos comentários.
Beijos!