Running Away. escrita por iLost My Mind


Capítulo 1
Continuo fugindo, mesmo das coisas boas.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas que ainda leem nessa categoria, e olá pessoas que pararam aqui sabe-se lá como!
Lembrei da música "Running Away" e ao ouvi-la, pude vislumbrar exatamente o tipo de one shot que eu queria escrever.
Espero que gostem, e se você já me conhece ou leu alguma historinha minha aqui no site, manda um salvee.
PS: Sam e Freddie têm, em média, dezessete anos aí.
Besos de Fuego ♥.



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Era noite e ela estava com frio, mas não se importava com aquilo. Pelo menos, não naquele momento.

Por que fazia aquelas coisas?

Por que afastava as pessoas que pareciam querer seu bem?

Claro, estava se protegendo... Mas de quem?

De todos, principalmente de Freddie, afinal, por que ele iria querer algo de bom para ela?

Sabia que o menino não a queria mais por perto, e por mais que não admitisse, ele estava certo. Fazia dois meses desdr a última briga, onde ela jogou na cara da – agora – ex-namorada do moreno que ele sempre amaria Carly. Mesmo que Freddie quase não a dirigisse o olhar, tentava pensar que havia feito o certo, afinal, ele estava namorando uma menina que não gostava. Todo mundo sabia que ele ainda era apaixonado por Carly, e ele era um idiota por ainda gostar de alguém que claramente nunca o veria daquela forma. 

Lembrou de quando Carly e Freddie "namoraram" e fez uma careta involuntária.

Por que aquilo a incomodava tanto?

Por quê?!

Suspirou, e sentou na escada de incêndio, vendo a ironia sorrindo na sua cara. Não era ali onde havia dado seu primeiro beijo? Pois é.

Logo com quem, não é mesmo?

Lembrava da música que Freddie estava escutando naquele momento, mesmo que nunca admitisse. Também considerava aquela como a música deles, mas obviamente aquilo era algo que não falaria nem sob tortura.

— Sam... – Ouviu a voz de Freddie vindo de algum lugar atrás de si. Lá estava ele mais uma vez, só para que ela ficasse mais perturbada. Talvez ele soubesse o poder que tinha sobre os pensamentos dela, por isso sempre aparecia para perturbá-la.

— Vai embora. – Não se prolongou muito, e nem virou. Se Freddie fosse esperto o suficiente entenderia o seu tom de voz e iria embora.

— Eu não vou embora. – Falou calmo, e se sentou ao lado da garota, que suspirou irritada.

Freddie a irritava muito, principalmente com aquele jeito de bom moço sempre querendo ajudar as pessoas. Sempre querendo ajudar ela, mesmo quando ela havia acabado com o namoro dele, e provavelmente com toda a sua integridade.

— Você até que é bem burro pra um Nerd. Sabe que se continuar aqui, eu vou te bater, não é? – Falou grossa, e não viu a cara de Freddie, mas sabia que ele não estava amedrontado.

Será que parecia tão frágil assim?

— Você sabe que eu não tenho mais medo de você, né? – Perguntou com aquela voz grossa que, por Deus, ela não poderia dizer o dia em que aparecera, mas que agora fazia parte do garoto.

Muitas coisas haviam mudado, eles estavam crescidos agora.

— Se você não vai embora, eu vou. – Pronunciou decidida, e levantou pronta pra ir embora, mesmo que sua mente gritasse que “Uma Puckett nunca foge”.

Freddie negou com a cabeça, levantando também. Não a deixaria ir assim, mesmo que pudesse levar uns socos.

— Sam, para! Olha, está tudo bem agora, ok? Você não precisa ter vergo...

— Quem disse que eu tenho vergonha?! – Gritou alterada, sentindo um nó na garganta.

Sim, tinha vergonha! Tinha raiva, ódio, medo, tudo de ruim que pudesse ter.

— Ok, então você não tem vergonha. – Freddie disse calmo, mas Sam sabia que algo nele estava sendo irônico, mesmo que não transparecesse. – Vamos conversar sobre o que rolou?

— Sobre o seu namoro ter acabado por que eu disse umas coisinhas que fez sua namorada chorar? Desculpa, não tenho mais nada pra falar sobre. – Disse cruel, sabendo que não era disso que Freddie falava.

E de novo, ela estava fazendo... Aquilo.

Fugindo, mesmo que das coisas boas.

Lá estava Sam sendo cruel pra não parecer frágil. Basicamente, atacando antes de ser atacada.

— Eu tentei. – Ele riu sem humor, e Sam encolheu os ombros perante o tom seco que ele usou. – Você realmente não tem um pingo de sentimento nesse coração, né?

— Não, não tenho. Achei que você já soubesse disso, mas agora que já tem certeza: cai fora!

— Quer saber, Sam? Você pode enganar a todo mundo, mas não me engana, não mais. Eu tinha medo de você porque achava que você era cruel, mas quanto mais a gente cresce, mais eu percebo que você não é nada disso que demonstra. Você é fraca e tão quebrada quanto eu, então para com essa pose ridícula, por que já encheu o saco de todo mundo!

— Freddie, vai embora, eu tô falando sério. – Trincou os dentes, fazendo de tudo pra não chorar na frente do seu inimigo declarado. Inimigo esse que parecia a conhecer mais do que os outros.

— Me tira daqui então, Sam! – Ele abriu os braços, e esperou os socos que viriam, e eles vieram. Estavam cheios de raiva, dor, despreparação e fracos, assim como a menina que o socava. Segurou os dois braços dela sem muita dificuldade.

— Mas o que você...?! – Exclamou com raiva, e Freddie olhou bem fundo nos seus olhos. Olhos bem chorosos.

— Para, Sam. Para. – Não precisou falar muito mais, já que a menina desabou ali mesmo.

Não demorou muito para Freddie a abraçasse, e mesmo que quase nunca fizessem isso, não o empurrou.

O que mais ela faria? Não dava pra bater em Freddie pra descontar a sua dor, por que não eram mais crianças.

As coisas não podiam mais ser resolvidas daquele modo, e mesmo que pudessem, Freddie havia crescido.

Todos haviam crescido, tudo havia mudado ao seu redor, menos ela. Menos sua vida.

Via Carly falando sobe faculdade, Freddie havia arranjado um emprego e até Gibby estava tomando algum rumo, mas ela continuava a mesma.

Continuava preguiçosa, continuava grossa, continuava com a mesma mãe, a mesma casa e a mesma vida. Não era nem bonita!

O iCarly era tudo que tinha. Freddie e Carly eram tudo o que tinha, mas por quanto tempo?

Os dois provavelmente fariam alguma coisa importante depois do colégio e ela continuaria sendo a garota engraçada e grossa. Talvez até adotasse o estilo de vida da mãe, pulando de um cara pra outro para se sustentar.

Freddie poderia entender aquilo? Não, ele não poderia. 

— Você não entenderia! Sua vida é perfeita. Você tem uma mãe que apesar de ser louca, te ama muito; você arruma amigos por onde for, é inteligente e bonito. Provavelmente vai fazer alguma coisa como achar a cura para o câncer, ou sei lá, mas sabe o que eu vou fazer? Nada, Freddie. Porque eu não tenho nada!  – Falou soluçando, não se importando de estar exposta para o garoto que ela mais odiaria ficar exposta. Freddie voltou a se sentar, levando-a junto.

— Sam, para com isso! você tem a Carly, você tem o Spencer, você tem a... Mim. É. Você tem até o Gibby! Você é a pessoa que arruma amigos em todos os lugares, não eu. Você é engraçada, bonita, espontânea e inteligente, mesmo que finja não ver isso. Seu futuro vai ser brilhante. – Falou meio corado por verbalizar tudo o que pensava sobre a menina. Jamais admitiria aquilo tudo em uma situação normal, mas aquela não era uma.

— Futuro, Freddie? Que futuro?! Não sei nem se vou comer amanhã! Minha mãe está no hospital com a porra de um fígado fodido porque o idiota do namorado dela a esfaqueou! Era sobre isso que queria falar? Ok. Sim, eu tenho vergonha da minha mãe transar com todo mundo pra conseguir dinheiro, e não, essa não é a primeira vez que algum cara a machuca. Ele estava morando na porra da minha casa há um mês e vivia de gracinha pra cima de mim. Sabe por que ele bateu na minha mãe? Porque eu dei a merda de um soco naquele filho da puta, e saí de casa pra não me estressar. E ele não era o primeiro, Freddie, e não vai ser o último. – Desabafou amargurada, e Freddie ficou calado, sem saber o que falar.

Não esperava que Sam fosse se abrir com ele, mas era bom que ela o tivesse feito. Alguém havia ligado para Sam enquanto estavam no vitamina da hora contando o ocorrido e ninguém nunca viu Sam tão transtornada. Bom, talvez Carly já tivesse visto, visando que era a única pessoa em que a menina confiava, mas aquilo era uma surpresa pra ele.

— Eu não sei o que é passar por isso... – Começou, mas foi interrompido por Sam.

— Pois é, não sabe mesmo, então não tenta. Eu já contei tudo o que você queria saber, então já pode ir pra depois jogar isso na minha cara, eu não me importo! Só não venha tentar me ajudar. Não que você queira, mas não tenta.

— Eu quero. – Falou sincero, e Sam bufou.

— Não vai adiantar. – Soluçou mais uma vez, e secou as lágrimas, tentando de todo o jeito que tinha para parar de chorar.

— Eu sei que você não gosta de mim, na verdade, me odeia, mas eu gosto de vo...

— Eu não te odeio, Nerd. – Falou rápido, e rolou os olhos. Não queria ouvi-lo dizer um “gosto de você”.

— Odeia sim. Você mesma disse isso. E você disse tipo, milhares de vezes. Eu a ainda tenho o cartão de aniversário que você me deu escrito; “Parabéns, otário. A cada ano que passa eu te odeio mais. Com ódio, Sam”. – Falou deixando Sam surpresa ao citar o cartão, e a menina sorriu lembrando-se da cara de Freddie ao lê-lo. Era algo como “não esperava nada de diferente”.

— Nossa, você decorou o que eu escrevi? – Perguntou surpresa, e o garoto ruborizou, e abriu a boca pra falar, mesmo sem resposta.

— Hã... É. Achei criativo. – Disfarçou, e ela balançou a cabeça, sentindo o vento frio.

— Eu apenas não sabia o que escrever, então, colocar aquilo pareceu certo. – Tentou explicar, mas não sabia muito como. Sentia que Freddie gostaria de uma explicação, afinal, ele não tinha decorado e citado o texto atoa.

— Bom, se é o que você sente, provavelmente está certo. – Deu de ombros, e Sam praguejou baixo, sabendo que deveria falar mais. Ele basicamente a obrigava a ter uma DR.

— Não é como eu me sinto, Freddie! Eu só coloquei por que achei que ficaria estranho caso eu colocasse algo normal, como um “tudo de bom pra você”.

— Eu entendo, mas se não é como você se sente, como você sente? – Virou-se para ela a tempo de vê-la arregalando os olhos, um pouco ainda molhados pelas lágrimas.

— Eu deveria saber? – Perguntou, sentindo o coração acelerar. Agora ela sabia por que se importava com o fato de Freddie gostar de Carly, e por que jogou aquilo na cara da namorada dele. Tinha relação com aquele órgão idiota que batia mais rápido pela única pessoa que ela não gostaria que batesse.

— Deveria. – Falou como se fosse óbvio, e Sam grunhiu.

— Você por acaso sabe, Freddie? – Perguntou para o menino, que franziu o cenho.

— O quê?!

— Como você se sente? – Sam perguntou de volta, e viu Freddie ruborizar e fazer uma careta como se não fosse responder.

Conhecia o menino demais pra saber o quão teimoso era.

— Eu perguntei primeiro. – Falou, e Sam deu de ombros.

— E daí?

— E daí que... E daí. – O menino falou nervoso. Sam o deixava nervoso, por isso quase nunca conseguia ter uma resposta boa o suficiente para ela.

— Freddie, acho que como nos sentimos não deveria importar agora. Acho que você é a pessoa que menos sabe o que sente, então deveria guardar e amadurecer isso. Essa é uma das primeiras vezes que a gente está conversando sem que eu queira te matar.

— É. Melhor não estragar. – Concordou, e olhou ao redor. – Acho que esse lugar tem alguma cisma com a gente.

— Ou a gente tem alguma cisma com ele. – Sam falou, também olhando ao redor.

— De qualquer jeito, tá frio e eu acho melhor a gente voltar pra casa da Carly. – Pegou seu Pear Phone e viu que já estava tarde.

— Foi bom conversar com você, Nerd. – Ela sorriu, e ele também.

— Você é até legal quando não está tentando acabar com a minha vida.

— Eu poderia prometer tentar não fazer mais isso, mas nós dois sabemos que eu não conseguiria.

— É. Eu sei. Isso está estranhamente igual àquele dia – Freddie sorriu de lado, lembrando de quando deram o primeiro beijo junto. Olhou de rabo de olho para a menina que coincidentemente também o olhava.

— Pois é. Estranho. – Sam falou, sem saber o que fazer, ou até o que falar.

— Vamos? – Freddie levantou e estendeu a mão para ajudar a menina a se levantar.

— Vamos nada. Você vai primeiro pra Carly não suspeitar que eu passei esse tempo todo com um Nerd. – Riu da cara do garoto, que também acabou rindo.

— Eu te odeio.

— Eu também te odeio. – Sorriu, e o moreno deu às costas, sabendo estar sendo observado.

Sam não podia mudar as coisas ruins que aconteceram com ela, nem prever o que viria no futuro, mas sabia que por enquanto, tinha ótimos amigos.

Era bom saber que podia contar com Freddie, e apesar de ser desesperador, também era bom esclarecer a ela mesma o que sentia sobre o menino.

Não que esclareceria pra ele, isso poderia levar um pouco mais de tempo, mas por enquanto bastava.

Era bom não estar sozinha.


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Notas finais do capítulo

Besos de Fuego ♥



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