The Juvia's Secret escrita por Yume


Capítulo 5
Capítulo IV – Normal e Confortável


Notas iniciais do capítulo

Voltei pessoas!
Desculpem a demora!!
Espero que se alguém ainda está acompanhando, que goste do capítulo hehe.
Boa Leitura!



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Juvia suspirou e fechou os olhos. Os amigos haviam acabado de ir embora e agora restaram apenas ela, Gray e Yuki. Gray estava colocando na lava-louças os utensílios que foram usados durante sua recepção e Yuki ajeitava a pequena bagunça na sala.

Ela estava cansada e queria poder ter um sono tranquilo, algo que não tinha há cinco anos. Porém, sabia que não seria possível, seu cansaço não era apenas físico, mas sim algo que martelava em sua mente a cada minuto.

Avisou Gray que iria subir e o esperaria no quarto, deu um beijo no filho e pediu desculpas por não o botar para dormir, ao que Yuki respondeu que não era mais criança, ela sorriu, era verdade.

A mansão estava exatamente como lembrava, a escada de madeira, o extenso corredor forrado com o tapete azul celeste, sua escolha. Andou devagar até chegar na última e maior porta do segundo andar. Tomou seu tempo antes de abrir a porta. Não ficou surpresa ao ver que tudo se mantinha igual, lembrava até mesmo que alguns pequenos detalhes que ela havia deixado na última vez que estivera ali, como o livro que lia, estava sobre a mesinha de centro, em frente a poltrona, que ainda tinha seu casaco pendurado e abaixo, um par de pantufas.

Suspirou pegando o casaco, Gray não havia tocado em nada que ela havia deixado e isso fazia com sua angustia apenas aumentasse. Ele não tinha vivido durante esses cinco anos.

Encarou a sacada que estava com os vidros fechados, uma nostalgia tomou conta de Juvia e ela sorriu. Caminhou até lá e abriu as portas sentindo a brisa fresca da noite. Os diversos vasos ainda estavam ali, no mesmo lugar, porém, mais nenhuma flor existia, apenas galhos secos e em alguns, mato que crescera em decorrência da exposição constante à chuva e sol. Tocou um vaso branco de cerâmica, lembrava que ali ela tinha suas rosas brancas, Levy havia lhe dado a muda assim que soubera que Yuki estava a caminho. Sorriu com pesar, agora existiam apenas galhos e terra.

— Não conseguia pensar em vir aqui e cuidar das suas flores – Gray falou encostado na pilastra que levava a sacada – Me desculpe – Juvia o encarou e sorriu.

— Não precisa se desculpar – Foi até ele lhe pegando as mãos – Irei plantá-las novamente e logo terei meu jardim de volta – Gray concordou e então apenas a encarou.

Ainda não conseguia acreditar que ela realmente estava ali, na sua frente, ao seu alcance. Parecia surreal de mais, seu coração palpitava a todo instante com a possibilidade de aquilo ser apenas um sonho.

Juvia tocou seu rosto, ele era tão bonito, mas parecia tão cansado e envelhecido. Ela sabia que isso era sua culpa e como doía saber disso. Queria apenas deitar ao seu lado e amá-lo, queria que tudo não passasse de um pesadelo e que esses cinco anos nunca existiram.

Gray a beijou, com calma, queria prova-la e lembrar do gosto doce que era beijar a mulher que amava. Juvia estava tensa, mas pousou os braços sobre o pescoço do marido. Ela realmente queria poder aproveitar aquele momento, mas sua mente estava agitada demais.

Sentiu Gray colocar os dedos sobre a barra da blusa e então retesou, o afastou permanecendo com os olhos fechados. Gray ficou confuso e não a tocou mais.

— Está tudo bem?

Juvia meneou a cabeça e sorriu fraco – Sim, só... Só estou cansada querido – Voltou a tocar o rosto do marido e lhe deu um breve selinho – Me desculpe.

Gray sorriu e acenou – Não se desculpe, teremos todo tempo do mundo – Seus olhos brilharam e ele lhe deu um beijo na testa – Tome um banho e venha dormir, você passou por muita coisa.

Juvia concordou e então se afastou. Pegou algumas roupas, apesar de estarem com cheiro de mofo e naftalina, iria cuidar disso amanhã. Fora difícil encontrar um pijama que fosse fechado, sempre fora uma mulher que gostava de coisas finas e sensuais, mas hoje não queria que Gray a visse em tais trajes. Suspirou, mais uma vez desejou que as coisas fossem diferentes.

Entrou no banheiro e encarou a enorme banheira, esperava que um longo banho quente a deixasse mais calma. Retirou a roupa e encarou o corpo no espelho. Há cinco anos ela não tinha tantos músculos aparentes, muito menos as diversas cicatrizes e a tatuagem abaixo do seio direito. Tocou uma cicatriz no abdômen, o corte cruzava a costela esquerda e parava pouco acima do quadril. Lembrou da cicatriz no braço de Yuki. Dois anos, era esse tempo daquele corte e ela sabia muito bem porque havia feito ele. Fora um descuido, a única cicatriz que ela realmente lembra como fora feita.

Fechou os olhos e suspirou, não queria lembrar disso. Encheu a banheira e entrou, mergulhou por alguns segundos e então voltou. Não lembrava mais como era tomar banho em uma banheira com água quente.

{...}

Gray estava nas nuvens, não foi difícil levantar e ir para empresa, muito menos enfrentar o trânsito ou entrar no prédio e receber todos os cumprimentos, respondeu todos com entusiasmo, até mesmo abraçou alguns funcionários mais emocionados.

Escolheu subir os diversos andares de escada, estava elétrico e queria gastar pelo menos um pouco dessa energia. Ao chegar no último piso encarou a secretária que exibia um largo sorriso, sorriu de volta.

Apesar dos dias que passou longe da empresa, não eram muitos os papéis acumulados, ele suspirou, realmente estavam mal das pernas. Queria ter uma solução para o problema, estava otimista, já que o impossível havia acontecido a poucos dias atrás. Respirou fundo e sorriu mais uma vez. Daria um jeito.

— Sr. Fullbuster, tem uma reunião daqui meia hora – Ana, a secretária apareceu em frente sua mesa.

— Que reunião?

— Zeref Dragneel está aqui.

Zeref estava lá! Isso era uma surpresa, o Sócio Fantasma, como era conhecido pelos outros investidores. O Dragneel não aparecia a quase cinco anos, quando necessário mandava um representante para assinar sua parte. Sempre misterioso e soturno, um homem de poucos sorrisos. Era quase impossível acreditar que era o irmão mais velho de Natsu.

— O que ele está fazendo aqui? – Gray acomodou-se na cadeira e ajeitou a gravata.

Ana deu de ombros – Não sei, apenas avisou que estaria aqui hoje e queria uma reunião.

— Veio sozinho?

— Não sei.

Gray suspirou – Certo – Era realmente muito estranho – Qual a pauta dessa reunião?

— Também não sei, senhor.

— Ok, obrigado Ana – Sorriu fraco e então Ana saiu.

Gray estava estranhando, isso não parecia coincidência. Zeref nunca vinha sem motivo e isso o assustava.

Depois dele próprio, Zeref era o segundo maior acionista, tinha cerca de trinta por cento da empresa e era dono de pelo menos mais três, fora um pequeno negócio de exportação. Ele era um lobo corporativo, agia quase sempre sozinho e era muito esperto, tinha apenas dois fieis companheiros. Os dois filhos, August e Lacarde, o mais velho era quase tão assustador quanto o pai, já o menor, tinha um olhar inocente, mas era como uma cobra.

Gray encarava o relógio com ansiedade, não queria parecer assustado, mas podia sentir o suor escorrer por sua nuca. Alisou a aliança no dedo, sorriu, saber que tinha Juvia novamente, o acalmava.

Juvia. Ela realmente estava de volta, mas não era exatamente a mesma de antes, voltou mais silenciosa, com um olhar vazio e calculista que logo era substituído pelo olhar meigo e doce de sempre, porém, uma sombra ainda estava ali. Gray queria poder decifrar o que ela pensava e queria saber o que ela havia passado nesses cinco anos, tinha medo, mas queria saber.

— Que belo covarde que eu sou – Falou para si mesmo e sorriu sem humor. Passou a mão pelos cabelos e encarou o relógio novamente, já poderia ir para a sala de reuniões. Zeref quase nunca aparecia, mas sempre fora pontual e detestava atrasos.

A sala de reuniões ficava no andar de baixo, pegou o elevador e tentou se manter calmo para o que viria a seguir. As portas abriram e logo de cara viu dois brutamontes parados na porta da sala. Os seguranças de Zeref.

Outro detalhe peculiar sobre o homem, ele sempre andava cercado de seguranças, tinha um carro blindado e Gray já vira uma pistola pendurada em um coldre por baixo do paletó. Um tanto quanto exagerado, apesar de rico, não era para tanto, mas quem era Gray para questionar.

Entrou na sala, como em seu escritório, grandes janelas de vidro cobriam do chão ao teto, dando uma visão da pacata Magnólia, que hoje estava completamente ensolarada.

Zeref estava sentado na ponta da mesa, cercado nos dois lados pelos filhos. Lacarde estava distraído com o celular, já August analisava Gray dos pés à cabeça, assim como o pai. Zeref exibia o clássico sorrisinho presunçoso, o único sorriso que era visto com frequência. Gray forçou um levantar de lábios e foi até ele.

— Como está Zeref? – Estendeu a mão e foi correspondido com um aperto forte.

— Não tão bem quanto você, imagino – O mais velho encarou a mão esquerda do outro – Meus parabéns pelo retorno de Juvia.

— Obrigado – Gray não ficou confortável com o tom de voz ao receber o cumprimento, podia estar louco, mas sentiu o deboche praticamente escorrer pelo canto da boca de Zeref. Desistiu da ideia e encarou os outros dois – Como estão August e Lacarde?

August levantou e estendeu a mão – Muito bem.

Lacarde apenas sorriu de longe – O de sempre.

Aquelas apresentações e cumprimentos só serviram para deixar Gray ainda mais ansioso. Com relutância tomou seu lugar no outro lado da mesa. Zeref voltou a sentar, acompanhado de August. Longos segundos se passaram até que o silêncio foi quebrado.

— Deve estar se perguntando porque estou aqui.

— Me ocorreu.

Zeref suspirou e tomou um ar sério, cruzou as mãos sobre a mesa e lançou um olhar analista sobre Gray.

— Me diga caro sócio – Resvalou uma pasta na direção de Gray – O que está acontecendo com essa empresa?

Gray abriu o arquivo e viu os papéis com os números dos últimos seis meses, quase todos negativos. Suspirou.

— Você ficou sabendo do incêndio a dois anos. Desde então, estamos com problemas, os projetos que perdemos aquela vez jogaram a empresa num precipício, desde então perdemos vários clientes e estamos sem muitos recursos para novas pesquisas.

— Sua esposa voltou dos mortos – Zeref voltou a pose relaxada e o sorrisinho também voltou a tomar conta dos lábios finos – Juvia sabia muito sobre o principal projeto da época, por que não a traz de volta?

Gray juntou as sobrancelhas. Isso não parecia certo.

— Não posso pedir que ela retorne para cá, não agora – Suspirou e afrouxou a gravata. Dane-se que aparentasse estar nervoso – Juvia passou por coisas inimagináveis nos últimos cinco anos, não quero que ela se sinta pressionada, na verdade, nem sei se ela lembra de alguma coisa sobre o projeto.

Zeref aumentou o sorriso – Por que não pergunta se ela quer voltar? Li em algum lugar que a melhor coisa para alguém que passou por um período traumático, é retornar a antiga rotina.

Gray sorriu com escárnio – Não está realmente preocupado com a saúde dela.

— Como pode falar isso? É claro que estou, Juvia é alguém importante para você e uma grande amiga do meu irmãozinho – Zeref levantou e foi até Gray, pousou as mãos sobre os ombros dele, fazendo uma suave massagem – Mas pense bem Gray, isso não seria apenas bom para ela, mas benéfico para empresa.

— Não tenho tanta certeza.

— Façamos assim – Voltou a se afastar e foi em direção as janelas – Pergunte o que ela quer, se achar que não está pronta para voltar, tudo bem, deixamos o assunto de lado.

Gray ficou em silêncio, pensativo. Realmente não seria uma má ideia, ele estava ansioso para poder voltar à rotina e ter Juvia na empresa era um grande passo para isso. Mas não queria pressioná-la, faziam poucos dias que ela estava de volta e parecia estar abalada com tudo, não queria parecer insensível ao propor algo do tipo.

— Vou pensar.

— Muito bem, vou ficar na cidade por algum tempo – Zeref ajeitou o paletó preto e fez um sinal para os filhos, que levantaram e foram até a porta – Estarei passando por aqui, em breve – Tocou no ombro de Gray antes de sair.

Ideias martelavam na cabeça de Gray, algumas um tanto absurdas, outras nem tanto. Mas a que mais incomodava era o interesse repentino de Zeref em ter Juvia novamente na empresa. Na verdade, foi o timing perfeito. Juvia voltou e Zeref brotou querendo saber sobre a empresa e com a ideia de voltar com um projeto antigo.

{...}

Juvia estava cansada de ficar presa naquela mansão. Mais cedo Gray havia saído para empresa e Yuki fora para escola. Ela queria ter acompanhado pelo menos um dos dois, mas decidiu não comentar nada, já que até então deveria estar em um repouso, ou pelo menos fingir que estava fraca e debilitada pelo que supostamente passou nos cinco traumáticos anos.

Encarou mais uma vez a sacada do quarto. O dia estava ensolarado hoje, seria bom poder dar uma volta e sentir o cheiro de árvores e sol. Dane-se a recomendação médica e dane-se o fato de ter dito que ainda estava se sentindo cansada. Iria sair.

Encarou o roupeiro, todas as suas roupas ainda estavam ali, nem uma peça faltava. Mais uma vez o sentimento de culpa por ter feito Gray sofrer durante esses anos, tomou conta dela.

Antes de sair, tirou o máximo possível de blusas, vestidos e calças e as colocou penduradas na sacada, chamou uma das empregadas e mandou que lavasse todas, as que estivessem emboloradas ou com possíveis rasgões por traças, colocadas fora.

Acabou pegando apenas uma regata preta, calça jeans, botas e uma jaqueta de couro, colocou perfume para tirar o cheiro de mofo e saiu. Iria até o restaurante de Natsu e Lucy e decidiu que tomaria café lá.

Umas das empregas sugeriu que ela pegasse um táxi, mas Juvia recusou, perguntou se seu carro ainda estava na garagem e sorriu com a resposta afirmativa. Desceu até o subsolo, onde Gray guardava pelo menos quatro carros, sendo um, coberto por um pano preto, o seu Audi azul, um conversível esportivo que ele havia comprado para a esposa no quinto aniversário de casamento.

Juvia sorriu ao retirar o pano e ver a lataria brilhosa reluzir o azul cintilante. Ao que parece o carro era mantido limpo e ela torcia para que tivesse combustível.

Não seria muito prudente sair dirigindo após cinco anos supostamente morta, onde supostamente ficara presa e supostamente nunca havia pego um carro, mas ela não ligou para isso. Girou a chave e escutou o ronco suave do motor, isso a fez sorrir, era um pouco de normalidade em sua vida, parecia pouco apenas ligar um carro, mas aquele cheiro, aquele som, aquele estofado macio, era parte de sua vida antes de tudo e parecia normal apenas sentar e dar partida no seu carro.

Saiu acelerando e foi praticamente voando pelas estradas até chegar no centro da cidade, reduziu a velocidade e deixou que a brisa fresca que vinha do porto, balançasse seus cabelos azuis.

O restaurante de Natsu e Lucy não ficava muito distante da praia e tinha uma fachada aconchegante e familiar. Juvia sorriu ao ver o grande logo “Fairy Tail” estampado em letras de madeira sobre um toldo vermelho e branco, listrado, bastante clichê na verdade, a cara de Lucy.

Estacionou o carro em uma vaga próxima e desceu, pode ver alguns olhares sobre si. Sorriu. Andou devagar, encarando algumas vitrines próximas, até chegar em frente ao restaurante. Realmente não havia mudado nada. O cheiro de tempero e molho era sentido antes mesmo de entrar.

Ao entrar, o clássico sino de boas-vindas tocou e pode ouvir a voz de Natsu vinda da cozinha – Seja bem-vindo, já estou indo aí, pode sentar onde quiser! – Juvia sorriu mais uma vez ao escutar aquela voz sorridente.

Sentou-se em uma mesa perto da bancada, podia ouvir o barulho de panelas e vozes agitadas vindas da cozinha, escutou Lucy gritar sobre algo estar errado, ela também não havia mudado.

— Desculpe a demora em vir atender, mas est... Juvia! – Natsu que vinha limpando as mãos em um pano, veio correndo abraçar a amiga – O que está fazendo aqui? – Afastou-se um pouco e alargou o sorriso – Como chegou aqui? Gray está com você? – Natsu olhou para porta e então voltou sua atenção para Juvia.

Ela riu, Natsu ainda era o mesmo crianção de sempre – Não, vim sozinha, de carro, queria sair um pouco e resolvi tomar café aqui. Vocês ainda têm café, não é?

— Oh sim! Temos sim! Espere um minuto. Lucy! – Gritou para cozinha e logo a loira apareceu resmungando alguma coisa, porém, logo mudou a expressão quando viu Juvia.

— Juvia! – E a mesma reação de Natsu fora repetida pela loira. Abraços, beijos e perguntas – Meu Deus! Como assim você veio dirigindo até aqui?

Juvia deu de ombros – Apenas vim. Gray manteve o carro lá e eu estava precisando de um pouco de ar.

— Ainda se lembra de como dirigir? – Lucy perguntou com cuidado. O assunto dos cinco anos que Juvia ficou fora, era sempre comentado cheio de cuidados.

— Acho que é como andar de bicicleta – Sorriu sem jeito, ela também não gostava de falar sobre o assunto.

Lucy voltou a sorrir – O que quer? Logo o almoço estará servido, hoje teremos lombo na panela e batatas assadas.

— Parece ótimo, mas na verdade, vim atrás de um belo café preto e roscas com mel – Ela salivava só de pensar no gosto doce dos biscoitos assados e do café bem quentinho. Era uma das coisas que mais sentia falta – Vocês ainda servem isso?

— É claro! Nunca pararia de servir seu prato de café da manhã favorito! – Lucy correu para o balcão e cutucou Natsu – Pegue as roscas, ainda temos algumas que sobraram de mais cedo – O rosado concordou e logo foi para cozinha.

Juvia ficou observando Lucy trabalhar com a cafeteira, o cheiro de café fresco logo tomou conta do ambiente e aquilo quase a fez chorar. Não lembrava a última vez que sentira esse aroma. É claro que havia tomado café nos últimos cinco anos, mas não era o café de Lucy.

As duas se conheciam desde a escola, junto com Erza formavam um trio bastante incomum e como prova disso, tomaram rumos completamente diferentes na vida, porém, nunca deixaram a forte amizade para trás. Juvia era extremamente grata por Lucy ter cuidado de Yuki nos últimos anos e sabia que a amiga faria tudo de novo se necessário.

Nunca foi questão de receber algo em troca. Juvia, Lucy e Erza sempre foram ligadas uma a outra, de forma natural. Erza e Juvia cresceram juntas, com o tempo Lucy apareceu e elas aprenderam a aumentar e dividir a amizade que já tinham. Cresceram juntas, conheceram seus amores juntas, sofreram juntas, tiveram a primeira bebedeira juntas e também foram a primeira boate de strip-tease juntas.

Juvia queria que isso nunca mudasse, queria que o “juntas” fosse para sempre. Ficar esses cinco anos distante, a fez pensar que nem tudo é para sempre.

— No que está pensando? – Lucy perguntou enquanto observava a amiga encarar a cafeteira que estava terminando de passar o café – Está com aquele olhar perdido.

— Que olhar?

— Um olhar que parece fazer você viajar para outro lugar – Lucy pegou as mãos de Juvia. Estavam frias – Você sempre deixou transparecer pelos olhos o que sentia, mas agora... – Lucy desviou o olhar e suspirou – Você fica com um olhar vazio, parece perdida e não consigo dizer no que está pensando.

Juvia sorriu fraco – Não se preocupe, apenas me perco em pensamentos às vezes – Pegou a mão da amiga e entrelaçou os dedos – Natsu foi fazer roscas novas?

Lucy bufou e então revirou os olhos sorrindo – Provavelmente se distraiu com alguma coisa, sabe como ele é – A azulada concordou – Espere um momento – A loira entrou na cozinha e logo gritos e resmungos foram ouvidos.

Juvia revirou os olhos. Natsu e Lucy eram assim, sempre foram. Por isso quis vir aqui. Ver os amigos do mesmo jeito que eram antes a trazia um pouco de conforto e era até mesmo relaxante.

Encarou o relógio sobre um armário de bebidas. Quase onze horas. Suspirou. A essa hora Zeref já deve ter falado com Gray na empresa e isso significava que as coisas deveriam começar a andar como o planejado.


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Notas finais do capítulo

Postei tbm no Spirit!!



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