The Juvia's Secret escrita por Yume


Capítulo 3
Capítulo II – Amada e Doce Juvia


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Comentários são bem vindos, não seja tímido(a)!
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759973/chapter/3

 

 

Erza era a capitã do departamento de polícia de Magnólia e orgulhava-se muito disso, foram quase vinte anos até chegar ali e cada dia de esforço e suor foram bem recompensados. Ela amava trabalhar na polícia e amava mais ainda o fato ter seu marido trabalhando ao seu lado, Jellal era o detetive do departamento, ele e Gajeel tinham um faro incrível para novas pistas e soluções incríveis de casos impossíveis.

Há cinco anos ela havia se deparado com o único caso que nunca fora capaz de resolver e que a atormentava até hoje. A morte de uma de suas melhores amigas, Juvia.

Ainda tinha pesadelos com aquela semana de angustia e com aquele dia horrível quando encontraram o corpo decomposto da amiga de infância. Apesar do comissário ter ordenado que deixassem o caso de lado, pois não haviam indícios de assassinato ou nenhum tipo de atentado, Erza havia continuado com as investigações por conta própria e de modo sigiloso.

O laudo estava como morte acidental por afogamento. Juvia era bióloga e eventualmente ia a campo para coletar alguma amostra que precisaria para trabalhar, porém, não acreditava que a amiga havia morrido afogada, Juvia amava nadar e fazia isso muito bem, fora que o mar em Magnólia era conhecido pelas águas calmas e quentes, Erza cansara de ir nadar com a amiga ali, naquele mesmo local onde o corpo fora encontrado.

O exame forense não chegou a realizar um exame de DNA, pois o corpo foi reconhecido, haviam documentos junto da vítima e todos traços reconhecíveis estavam lá, o superior na época achou desnecessário a realização de um exame mais aprofundado, visto que o departamento estava com muitos casos em andamento e não haviam muitos recursos.

Erza encarava o mapa que havia montado nos últimos anos com suas investigações. Nada concreto para falar a verdade, mas o instinto policial dela a impedia de apenas ficar sentada e aceitar o acontecimento como um simples acidente. Ela sabia que podia estar apenas se enganando com falsas esperanças de algo que nem mesmo ela sabia, mas algo a impedia de parar e procurar, sentia que devia isso para amiga.

A ruiva saiu de seus devaneios ao ver Gajeel entrar em sua sala, o moreno acenou e sentou-se displicentemente na cadeira em frente à sua mesa, ele encarou o quadro atrás dela e suspirou.

— Você ainda não desistiu – Não era uma pergunta, Gajeel sabia que Erza continuava com as investigações, no início até chegou a ajuda-la, porém, com o passar dos anos, acabou chegando à conclusão de que seria inútil.

— Sabe que não posso – Erza falou simplesmente, antes de virar o quadro para o outro lado e deixar o simples mapa da cidade exposto. Bebericou sua xícara de café e encarou os olhos negros de Gajeel – Onde está Jellal?

— Saiu com um policial para pegar um relatório do último caso.

 

— E por que você não está com ele?

Gajeel sorriu como sempre – Não sou grudado com ele, mulher.

Erza lhe lançou um olhar cuidadoso – Você saber que sou sua chefe, não é?

— Sim e por isso que vim aqui perguntar sobre aquele roubo de ontem à noite.

Erza endireitou a postura e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo – O que tem ele?

— Queria saber se posso assumir o caso.

— Você normalmente não gosta de casos simples de roubo.

— Não acho que seja um simples roubo.

Gajeel a encarou sério e Erza franziu a testa.

— O que quer dizer?

— Não houve arrombamento, as câmeras estavam apagadas e os guardas tinham sido dispensados uma hora antes, não me parece um simples roubo.

— Houve um apagão naquela região ontem, por isso as câmeras estavam apagadas e os guardas foram dispensados, é apenas um depósito de madeira e foram apenas uns cinquenta quilos roubados, nada de excepcional.

— Exceto pelo fato que esses cinquenta quilos não foram aleatórios – Gajeel aproximou-se da mesa – Eu passei lá hoje de manhã e foram três toras de madeira roubadas.

— Certo e onde está o mistério.

— É um lugar grande Erza, o ladrão poderia apenas ter pego as três primeiras toras que visse pela frente, mas ele não fez isso. Cada tora foi retirada de um lugar diferente e foram toras específicas – Erza o encarou com mais curiosidade.

— Como assim?

— Veja bem, madeireiras costumas numerar as toras de árvores, desse modo é mais difícil confundir um lote de outro. Naquele galpão ontem, haviam cerca de trinta lotes, todos numerados, as três toras que foram retiradas, não foram simplesmente pegas da parte de cima de cada lote, todas as que faltavam eram numeradas por C-13.

Erza o encarou em dúvida – Por que apenas três e com a mesma numeração?

Gajeel relaxou na cadeira – Ou temos um ladrão com TOC ou então havia algo nessas toras que interessava alguém.

Erza ficou intrigada com as informações que Gajeel havia trazido. Isso era realmente estranho, realmente, um roubo de madeira já é algo diferente do normal, mas roubar madeira específica? Encarou Gajeel e falou decidida.

— Pegue o caso e investigue, quero que também me mantenha informada do andamento de tudo – Gajeel sorriu e concordou, estava quase saindo quando Jellal entrou correndo na sala da esposa e chefe, ele estava ofegante e pálido.

— Preciso que venha agora Erza, você não vai acreditar em quem apareceu no hospital agora mesmo.

{...}

Gray só queria que aquele dia acabasse e ele pudesse ir para o bar de sempre beber algumas doses de whisky e esquecer que era o presidente de uma maldita empresa. Sua cabeça parecia querer saltar de seu corpo e pular a janela, problemas e mais problemas não paravam de surgir, já havia falado com Levy pelo menos cinco vezes só naquela manhã.

Há dois anos o setor de pesquisa havia sido completamente queimado por um incêndio criminoso que acabou saindo sem culpados. Isso acarretou em perda de todos os projetos que a empresa estava investindo, incluindo um composto orgânico que Levy e Juvia estavam criando quando a mesma morreu, e diversos outros projetos milionários. Desde então a empresa estava mal das pernas, pois os antigos clientes acabaram trocando de fornecedores por falta de material e entrega.

Levy havia assumido o posto de Juvia e era a responsável por todo o setor, Gray chegava a sentir pena da mulher, pois estava trabalhando como louca para finalizar um produto que estava atrasado a dois meses, isso estava fazendo com que outros acionistas e investidores ficassem nos ouvidos de Gray por pelo menos duas horas ao telefone em busca de explicações mais concretas do que o habitual “problemas técnicos”.

Gray desceu mais uma vez até o laboratório e encontrou Levy falando rápido com um dos estagiários que a encarava assustado. Ela estava visivelmente exausta parecia ter envelhecido anos em apenas dias. Gray ficou sensibilizado pela amiga e por ele próprio, pois também estava no seu limite. Aproximou-se de leve e tocou seu ombro.

— Gray! Que bom que veio aqui, de novo – Ela não deixou que ele falasse e foi andando pedindo que a seguisse – Eu consegui estabilizar a reação, veja só – Empurrou um tablet para o moreno que apenas encarou os números.

— Sabe que não entendo de química e biologia Levy.

— Eu sei, mas mesmo assim quero que veja que eu consegui.

— Isso é ótimo! – Gray respirou aliviado – Realmente ótimo, mas que tal darmos uma pausa, já passou da hora do almoço e tanto eu como você estamos precisando comer alguma coisa.

Levy riu – Você raramente é tão atencioso assim, o que quer dessa vez?

— Nada, só estava pensando que quero minha pesquisadora viva se eu quiser continuar tendo uma empresa – Gray esboçou um leve sorriso – Fora que Gajeel me mataria se descobrisse que estou fazendo você trabalhar em excesso.

— Ele comentou isso outro dia – Levy sorriu e Gray meneou a cabeça.

Foram andando até um pequeno restaurante em frente ao prédio da empresa. Gray havia se acostumado a almoçar com Levy e com Juvia no passar dos anos, as duas eram bem amigas e ele acabou tornando isso um hábito. Apesar de ter ficado mais recluso após o que aconteceu, ainda mantinha uma certa rotina e isso incluía almoçar com Levy pelo menos uma vez na semana.

Levy sabia que Gray mascarava o que sentia com sorrisos frios e vazios, ele sempre estava disposto a ser cordial com todos na empresa, mesmo que estivesse com vontade de jogar a pessoa pela janela. Observou Gray dar uma garfada em sua salada, sem muita emoção. Em respeito ao amigo, não havia pedido nada com carne, sabia da aversão de Gray com isso e todos os seus amigos evitavam o consumo quando o moreno estava presente.

— Gavin e Yuna devem ir ensaiar com a banda hoje na casa do Natsu – Levy comentou e Gray ergueu uma sobrancelha, porém, não falou nada – Yuki está lá, não é?

— Sim.

Levy suspirou – Deveria se esforçar mais em ter um bom relacionamento com ele, Gray.

Gray respirou fundo e largou o garfo, passou a mão nos cabelos já arrepiados – Não precisa me dizer isso Levy.

— Na verdade, eu preciso sim – A garota ajeitou a postura e cruzou os braços – O que Juvia diria se estivesse aqui?

Gray fechou a cara e apertou o olhar – Bem, ela não está! – Admitiu para si que havia sido rude, praticamente gritou e isso fez com que Levy recuasse.

— Vai acabar perdendo seu filho – Falou baixinho antes de voltar a comer.

— Já o perdi – Gray afastou o prato e cruzou os braços encarando a janela. Chovia.

{...}

Erza estava trêmula, o caminho até o hospital nunca parecera tão longo. A história que Jellal havia contado era absurda demais e ela não podia acreditar que era verdade. Sabia que Gajeel estava pensando a mesma coisa, pois o encarou pelo espelho retrovisor e o viu suspirar e mexer as mãos freneticamente.

Magnólia só tinha um hospital, era lá que pessoas nasciam e morriam, onde crianças iam por causa de alguma travessura malsucedida. Era um prédio antigo, a cidade era antiga, o forte de tudo era o porto e a empresa de Gray, de resto parecia uma pacata cidade do interior. Apesar de tudo, nunca ninguém estaria preparado para o que havia aparecido ali naquela manhã chuvosa.

A ruiva identificou-se na portaria e logo foi encaminhada pelos corredores brancos e que exalavam um cheiro forte de remédios e álcool. Erza tentava ao máximo manter o profissionalismo enquanto percorria aquele labirinto branco, seguida por Jellal e Gajeel.

No fim do corredor, no último andar, já estavam dois policiais em frente à uma porta larga, viu de relance pelo vidro, alguém em um jaleco branco. Encarou os dois policiais que cederam passagem. Antes de abrir a porta, tomou uma respiração profunda e contou até três.

Nada jamais a prepararia para o que viu naquele momento.

Deitada na cama e conversando com um médico, até mesmo sorrindo, estava sua única amiga de infância, Juvia Lockser Fullbuster.

Viva.

Erza ficou parada em choque, ainda na porta, Juvia a viu e aumentou o sorriso, lágrimas começavam a se formar em seus marcantes olhos azuis. A ruiva saiu do transe ao sentir a mão quente do marido lhe tocar o ombro, encarou Jellal que estava na mesma situação. Voltou a olhar para a pessoa na cama.

— Erza... – Juvia falou quase que em um sussurro, mas Erza havia escutado e isso fez com que ela desabasse, finalmente. Se deixou ir até a cama e abraçar a mulher ali com força, lágrimas grossas corriam por sua face e ela sentia seus soluços com força.

Nada era dito, não era preciso. As duas só precisavam daquele contato. Erza só precisava da certeza de que realmente não era um sonho. Perdeu a noção de tempo e não sabia mais por quanto estavam abraçadas uma a outra. Separou seu corpo do de Juvia e a encarou. Era a mesma de cinco atrás, não parecia ter mudado muito, o cabelo ainda era azul, o os olhos de um azul escuro estavam brilhantes com as lágrimas e o sorriso ainda era o mesmo, os lábios rosados estavam curvados com entusiasmo. Não podia ser real e Erza tinha medo que não fosse.

— Você... – Acariciou o cabelo da amiga, estava macio, mas o cheiro não era o mesmo de antes – Juvia...

— Erza... Senti tanto a sua falta! – A azulada voltou a abraçar a amiga.

— O que... O que aconteceu? Como pode estar viva? – Erza não se permitia solta-la, pois tinha medo que ela desaparecesse e tudo não passasse de um sonho.

— Eu não sei... – Juvia desviou o olhar e Erza a sentiu ficar tensa – Não lembro de muita coisa, na verdade foi um choque saber que fiquei cinco anos como morta, tudo não passa de um borrão.

— O que lembra?

Juvia ainda não a encarava, deu um longo suspiro – Um quarto escuro, algumas vozes abafadas e um cheiro de mofo.

— Qual sua última lembrança? – Juvia voltou a encará-la, os olhos já não brilhavam mais e dessa vez Erza não a reconheceu.

— De ir até o cais para coletar uma amostra de uma alga que seria usada no projeto – Juvia falou no automático, parecia ter gravado aquilo.

Erza era uma policial experiente e dificilmente era levada pelas emoções. Sabia quando alguém estava mentindo ou escondendo algo, e apesar de estar em um estado de êxtase, sabia que Juvia estava mentindo.

— Juvia... – A azulada fechou os olhos por alguns segundos e então sorriu, o olhar vazio não estava mais lá.

— Quero ver Gray e Yuki, preciso vê-los.

Erza encarou Jellal e Gajeel que estavam um pouco afastados e encaravam tudo espantados. Jellal foi quem saiu do momentâneo transe e falou que iria pegar o celular e falar com Gray, ele se afastou e foi para o corredor. Erza voltou a se concentrar em Juvia e lhe deu mais um abraço.

{...}

O almoço apenas serviu para que Gray ficasse ainda mais irritado. Sabia que Levy estava certa, mas não gostava de admitir isso. Juvia estaria muito magoada se visse como ele e Yuki estavam. Ela sempre prezara por amor e cumplicidade na família, jamais tolerava brigas ou desentendimentos. Isso era um reflexo de ter vivido boa parte da infância sem os pais e então o resto da adolescência sem o tio.

Gray largou os papéis sobre a mesa e pressionou a testa, a clássica dor de cabeça estava lá novamente. Só queria que Juvia estivesse ali e lhe dissesse o que fazer, queria até mesmo que brigasse com ele e o mandasse dormir no sofá por uma semana por ser um idiota. Só queria tê-la de novo.

Escutou o celular tocar e o pegou sem ânimo. Estranhou ver o nome de Jellal piscar na tela. Atendeu rapidamente e não teve muito tempo de processar nada, apenas escutou que deveria ir para o hospital agora mesmo. O amigo não havia lhe explicado nada e isso apenas levou o moreno a achar que Erza havia se ferido ou que até mesmo Gajeel estava em risco, sentiu um frio lhe percorrer a espinha.

Dirigiu como um louco pelas ruas até chegar ao antigo prédio, lá fora, Jellal já o esperava e se recusou a falar o porquê de ele estar ali, apenas o tranquilizou ao dizer que Erza e Gajeel estavam bem.

Gray o seguiu pelos largos corredores brancos até uma porta que era escoltada por dois policiais, ambos acenaram com a cabeça e abriram a porta e então o mundo parou.

Ar.

Ele precisava de ar.

Sua mente estava lhe pregando mais uma peça.

Era um sonho.

Gray não viu nada, não escutou Erza, não sentiu o tapa nas costas que Gajeel lhe deu, não ouviu a porta se fechar atrás de si, muito menos prestara atenção na chuva torrencial que caia do lado de fora da janela. Tudo estava resumido em quem estava deitada sobre a cama branca.

Era ela, sua Juvia, sua amada e doce Juvia. A mulher que ele jurará proteger e amar e que ele havia visto morta, estava ali, com uma expressão serena e um sorriso amável nos lábios carnudos. Era um sonho, só mais um sonho. Uma alucinação de sua mente quebrada.

— Gray... Gray – Escutou o nome sair suavemente daquela boca que ele tanto amava. Se permitiu levar pelo sonho, foi devagar até a cama, sem quebrar o contato com os olhos azul escuro.

— Juvia – Teve medo de toca-la e senti-la evaporar em seus dedos, como acontecera em tantas outras vezes.

Apenas a observava, gravando cada mínimo detalhe, cada traço delicado, até mesmo suaves ruguinhas na pele branca como a neve, encarou com desejo a boca rosada. Ele até mesmo podia escutar a respiração acelerada dela, deu-se ao luxo de sentar na cama macia, viu que ela sorriu ainda mais, mas não se movera.

— Me abrace – A voz era a mesma de que lembrava, doce e suave. A encarou mais uma vez por completo, sabia que não poderia adiar isso por mais tempo e a abraçou.

Ao contrário do que imaginava, ela não havia desaparecido por suas mãos, mas continuava ali, agarrada ao seu pescoço, podia sentir os leves soluços causados por um choro baixinho. Sentia a respiração dela em seu pescoço.

Era quente.

— Juvia... – Falou em um suspiro e a apertou mais.

Sua Juvia estava viva!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!