28.09.14

— Louis — Harry falou, o mais calmo possível — assina essa merda logo

— Você tá me deixando, Harry — O marido respondeu, com o rosto vermelho. Aquelas malditas lágrimas traçando caminho pelo rubro das bochechas — Por que está fazendo isso comigo — Louis agora estava gesticulando com as mãos, sufocando no desespero — Com a gente

— Louis — Harry disse firme, fazendo com que ele parasse o movimento das mãos no ar. Louis tomou fôlego por alguns segundos, abrindo e fechando a boca. Abrindo e fechando a boca.

Não foi audível quando aconteceu, o coração partindo. Louis sentiu todas as rachaduras sendo expostas, e então partidas. Harry queria ir embora.

— Eu posso mudar, Hazz — Louis desceu do sofá para o chão, abraçando os joelhos de Harry e encostando a lateral do rosto molhado nas coxas do marido — Por favor, me diz o que te incomoda. Você nunca reclamou de nada, eu pensei qu-

— Os malditos papéis, Louis — a voz grossa de Harry revérberou pela sala do flat enquanto o mesmo dava um passo para trás, deixando Louis de joelhos e cabeça baixa.

Se ele tivesse levantado a cabeça, teria visto. Teria visto toda a dor que transbordava nos olhos de Harry ao ter de quebrá-lo. Mas não viu.

Louis estendeu uma mão, ainda de cabeça baixa, as lágrimas embaçando a visão do azulejo branco escolhido por Harry. Assim que sentiu a textura do papel sob sua palma, levantou sem olhar para o marido e seguiu para cozinha.

Pegou a caneta preta repousada no balcão, e assinou.

A tinta preta marcou uma tatuagem invisível em seu peito, com data. O dia em que seu coração foi pisoteado sem dó alguma por Harry Styles.

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30.09.2014

O sol passava a janela, e tiras brilhantes de claridade incomodavam sua vista. Louis jogou o antebraço sob os olhos e murmurou sonolento

— A janela, Hazz — bocejou — Fecha, por favor

Harry jogaria a coberta na cara de Louis, então ficaria sentado por um instante esticando os músculos — nesse momento Louis acordaria com os barulho dos ossos estralando e se arrastaria até dar uma mordida no lado esquerdo do quadril do marido. Mas não ouve mudança de peso no colchão, nem o barulho de estralos.

Louis virou para o lado de Harry, e viu apenas o vazio. Franziu o cenho por um segundo, antes de seu cérebro despejar tudo que acontecera no dia de ontem.

O divórcio.

Harry deixando a chave com adesivo azul em cima da mesa de centro.

Harry puxando uma mala pesada que estava no quarto de hóspedes desde 2010 e usando ela para pegar suas roupas.

Harry levou até William, o filhote de cachorro que eles tinham adotado recentemente.

Uma ardência tomou conta de seu peito antes mesmo que pudesse abrir corretamente os olhos. Tudo. Tudo que construíram foi embora. Sufocou um soluço e cedeu a ardência que começava a tomar seus olhos.

Harry se foi.

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19.11.2014

Não passa. É a primeira coisa que Louis aprendeu sobre corações partidos. Especialmente quando seu soulmate é parceiro de banda também.

Eles já tinham esse acordo de não se tocar intimamente ou flertar em público — Não por livre e espontânea vontade, claro — mas agora era diferente.

Tudo que sobrou foi um moletom.

Uma blusa velha e com furos nas mangas, mas que chegava quase aos joelhos de Louis. Harry comprara aquele enorme moletom quentinho para si mesmo, mas assim que descuidou já não era mais seu.

Louis veste o moletom toda noite, junto com uma cueca preta que também era de Harry, e dobra os joelhos em posição fetal para dormir. Geralmente seus sonhos são enfeitados por lembranças, e dói, então ele acorda e observa a Lua pela janela. Nunca sem Harry em algum lugar de sua mente.

Passado

— Louehhhh — ah, como Louis ama quando Harry diz seu nome assim. A voz banhada de carinho escorregando pelas almofadas macias que formam um biquinho na sua boca. Louis é tão apaixonado.

— Oi, meu amor — puxou os pés cobertos de Harry para seu colo. Claro que ele não se contentou com isso, menino carente. O cacheado se arrastou até que estivesse com a cabeça no vão do pescoço de Louis e as pernas em estilo de noiva no seu colo — Hum? — cutucou a cintura do namorado

— Você acha que a gente vai durar depois do x-factor? — murmurou baixinho no pescoço de Louis, o hálito quente provocando arrepios nos pelos do local enquanto o tom bonito de voz agitava as borboletas do estômago do namorado — Eu gosto tanto de você

Louis poderia virar gelatina no sofá.

Escovou os cachos de Harry, aproveitando para descer as carícias para nuca dele e delinear a pele clara suavemente, arrancando um suspiro do seu garoto.

— Eu não posso dizer que vai ser para sempre — Harry assentiu com a cabeça ainda em seu pescoço, provavelmente criando paranóias sobre tudo aquilo ser passageiro e na verdade Louis estar usando ele — Mas você é especial para mim, bebê — Buscou a mão direita do namorado e coloco sobre seu peito — Sente. É meu coração batendo calmo, como toda vez eu to com você. Primeiro vem aquela sensação de alegria, que acelera ele a níveis que nem eu consigo estipular. Depois vem a calma. A sensação de pertencer a um lugar. A sensação de que você é meu ponto de conforto, você faz eu me sentir em casa.

28.07.2015

Talvez eu devesse pedir desculpas (Desculpe-me babe)

Talvez eu devesse ligar, prometer mudar 
(Eu juro mudar por ti, yeahh)

Eu posso comprar uma fodida estrela, e batizar com nosso nome 
(Ou uma constelação inteira, se você quiser)

10.06.2015

De fato não passa. Alguns dias doem mais do que outros, mas sempre dói. Há sempre aquela agulha perfura o coração quando Harry enfeita o rosto com covinhas. Há sempre um pedaço que quebra um pouco mais quando Harry fica bêbado e beija outras bocas por aí.

As câmeras enganam muita gente, e Louis está cansado de forjar sorrisos.

Cansa ter suas letras descartadas sem sequer uma segunda olhada. Cansa ter de fingir que é melhor amigo de Liam quando ele apenas fode com o resto de autoestima que Louis tem.

Às vezes cansa. E agora não tem Harry toda noite. Não tem Harry segurando a mão de Louis e dizendo o quão precioso e talentoso ele é. Não tem Harry ameaçando Liam se ele continuar excluindo Louis de todas as musicas.

Nem Niall é próximo de Louis. Na verdade o loiro sempre foi o primeiro a favor de tirar o castanho da boyband alegando que ele é o menos talentoso.

Dói tanto.

Tinha Zayn antes, um grande amigo que se foi. E tudo bem, Louis também sairia se não tivesse Harry.

Harry foi o primeiro pedaço de luz na época do x-factor. Com apenas dezesseis anos ele foi capaz de guiar Louis e fazê-lo atravessar corredores obscuros de insegurança e lidar com todo ódio recebido. Eram apenas amigos no começo.

Recebia constantemente bilhetes de Harry mandando que o encontrasse entre os corredores do local. E tudo que recebia era um abraço bem apertado com a promessa de que tudo ficaria bem. 

Um dia Louis não seria zombado pelos seus trejeitos femininos muito menos pela sua voz macia. Era uma promessa.

Então apareceu Zayn.

Zayn foi tudo que um irmão deveria ser. Acobertava as escapadas de Louis para encontrar Harry. Zayn desafinou propositalmente todas as vezes que a insegurança tomou forma e fez a voz de Louis sumir.

Zayn escalava árvores e vestia fantasias ridículas apenas para ver o sorriso de Louis. Só que ele cansou.

Liam e Niall impunham muitas regras, muito opressivos com Zayn apenas pelo fato de ele amar Louis incondicionalmente como um irmão faria. Zayn partiu.

Com um sonoro "vai se foder".

Louis faria isso. Se não tivesse esperanças de Harry voltar atrás.

Então deu um prazo, dia vinte e oito de setembro. Se Harry não voltasse atrás até aí, com uma explicação decente, Louis iria embora.

27.09.2015

De volta ao começo: Londres. O último show do ano antes da pausa. Louis não precisaria sair da banda, afinal. Liam e Niall decidiram que seria melhor assim, Harry permaneceu neutro e Louis não tinha voz ali então apenas deu de ombros.

Seriam milhares de entrevistas em grupo as quais Louis não compareceria. Hoje é sua despedida de tudo que a One Direction sugou da sua vida.

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— Oioi — Louis chamou a atenção da platéia após a última música, recebendo gritos animados em resposta. Sorriu genuíno — Eu quero dizer algumas palavras antes de irem embora, vocês podem me ouvir? — Observou Liam e Niall repreenderem com o olhares raivosos disfarçados de sorrisos e os ignorou prontamente — Eu quero agradecer a vocês, nossos incríveis fãs, por tudo que proporcionaram. Palavras tem poder de mudar a vida de alguém. Confesso que no último ano tenho sorrido menos e até minha aparência refletiu muito da minha miséria pessoal — encarou Harry por um momento, que carregava um semblante igualmente dolorido no rosto — Quero agradecer pelo maravilhoso suporte que vocês me deram. Vocês não fazem idéia de metade do que acontece, e é incrível receber esse sentimento. Obrigado mais uma vez, espero que todo amor e carinho também esteja intrínseco na vida pessoal de vocês. Estendam a mão para aquele colega rejeitado. Compartilhem abraços calorosos nos corredores. Compartilhem suporte. E, jamais, repito, jamais, abandonem uns aos outros. Para algumas pessoas um simples "Olá" é o maior presente. Isso é tudo, amo vocês com todo meu coração.

Foda-se. Louis precisava se despedir propriamente dos fãs. Foda-se One direction por um momento. Ali era apenas Louis William, um garoto inseguro de uma cidade pequena.

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Era noite, e Louis ignorou todos os chamados dos companheiros de banda. Pediu um motorista e seguiu direto para o Hotel.

Ele se permitiu pela primeira vez em muito tempo. Permitiu que o sentimento de alívio tomasse suas veias enquanto escorregava o corpo na luxuosa banheira que ornava sua suíte.

A angústia escorregou suave do peito para água. É o fim de todo o ciclo abusivo que os anos trouxeram.

Acabou.

Deslizou a esponja suave pela pele, deleitando-se da textura macia. O cheiro das inúmeras frutas impregnaram os sentidos e trouxeram novos contornos para vida naquela momento.

O creme de baunilha quase cheio ficou muito tempo esquecido ao fundo da mala. Louis despejou um pouco em suas mãos e deu sabor ao seu corpo com todo carinho permitido.

Novos tempos.

Vestiu uma boxer nova, marca desconhecida mas com caimento macio que ressaltava as pernas bonitas. Por fim, o moletom de Harry.

Fosse o que fosse, estava lisonjeado por ter conhecido o amor.

Ter que andar de mãos dadas com Eleanor, anular sua personalidade extrovertida em público, fingir sorrisos. Nada disso foi esforço. Tudo em prol do amor. Tudo apenas para que Harry pudesse aproveitar um resquício de liberdade. E, mesmo sabendo o final que tiveram, Louis faria tudo de novo.

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Exatamente meia noite, três batidas na porta fizeram Louis levantar do sofá em que estava apoiado enquanto escrevia uma música nova. Contou três passos e abriu a porta, quem seria?

As dúvidas foram sanadas quando leu o bilhete colado à porta.

Me encontre no corredor, querido. Te devo muitas explicações. 
Todo seu, H. Love you x

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Depois de cinco anos o casal Larry Stylinson se assume para o mundo. 
Venha conferir uma exclusiva, onde ambos revelam em detalhes bastidores da vida forçada dentro do armário. Contratos, opressão entre os próprios companheiros, e o fim da One Direction. Apenas aqui, no The Sun.