Depois daquele desastroso dia, uma semana se passou em luto. Houveram mais perdas nossas além do Jay, no fim das contas. E nem todo tempo do mundo pode curar completamente nossa dor.

Tanya havia se sacrificado por Irina, que foi cercada. O Clã Denali ficou devastado, porém em meio a dor, Kate encontrou consolo em Garrett. Agora ele também é um Denali e tenta fazer a dieta de animais.

Liam também havia sido morto. Isso despedaçou Siobhan, que foi constantemente consolada por Maggie.

Além de Jacob, Embry e Paul também morreram. Emmett diz que Paul morreu dando dentadas nos vampiros que o estavam atacando. Meu irmão acabou com todos pelo parceiro lobo. Rose diz que nunca viu Emmett movido apenas pelo ódio daquele jeito.

O senhor Black acabou me entregando um presente que o filho dele iria me dar depois que a guerra passasse. É uma linda pulseira com um pingente de lobo entalhado delicadamente em madeira avermelhada. Me lembra muito o Jay. Ao mesmo tempo que doi, conforta meu coração.

Mas não só de perdas foi marcado aquele dia. Vários se renderam. Tiffany, Ohana, Lauren, Rick, Henry, Saphira... Todos foram acolhidos pelos clãs e nômades, "perdoados" pelos Volturi.

Ohana e Henry se juntaram a minha família, optando por não beber sangue humano. Queriam aprender a se controlar e viver pacificamente. Ohana foi transformada com vinte e três anos, enquanto ia para casa depois da sua faculdade de veterinária. Ela sempre amou animais e quando virou vampira teve que escolher se alimentar deles ou dos humanos. Bom, para compensar, ela abriu uma ONG que ajuda animais.

— Dora? Você está bem? — Rose coloca a  mão suavemente em meu ombro.

Assinto, voltando ao mundo real e encarando meu belo reflexo no enorme espelho a minha frente. Anos de passaram, mas ainda tenho um rostinho quase adolescente. Obrigada, genética.

— Só estava fazendo uma pequena retrospectiva mental — conto.

— Ah, é normal — ela sorri, voltando ao mexer no meu cabelo — fiz isso no meu casamento. Em todos eles.

— Eu também — concorda Esme.

— Acho que todas fizemos — sorri Carmen.
Estamos todas reunidas no meu quarto, se aprontando para o meu casamento com Edward.

Eu e Edward decidimos que nossos irmãos seriam nossos padrinhos, até mesmo os novos. Se eu pudesse, teria umas quinze madrinhas, mas resolvi ouvir meu noivo. Menos é mais.

Então Alice, Rose, Ohana e Leah estão vestidas em tons de azul, enquanto Jasper, Emmett, Henry e Ben estavam lindíssimos em ternos preto sob medida.

Mesmo Leah na sua condição delicada, está comendo e deixando Ohana maquia-la.

— Quando o lobinho vai nascer mesmo? — pergunto para a quileute.

— Daqui dois meses e três dias — ela sorri — segundo Alice.

— Eu disse provavelmente — a baixinha lembra — você sabe, seu filho tem a mania irritante de ser indeciso.

— Não fale assim do seu sobrinho preferido, gnomo de jardim — Leah retruca, passando a mão pela enorme barriga. Sua gravidez foi uma grande surpresa para todos. Quando nos mudamos para os arredores de Volterra, pós guerra, ela parou de se transformar e começou a envelhecer de maneira normal. Logo ela seria transformada, mas de repente ela aparece mais magra, com a barriga maior e sintomas de gravidez. O começo foi difícil: nem mesmo Carlisle sabia o por que do bebê estar matando Leah lentamente. Mas ela própria tirou suas conclusões: o bebê era metade vampiro, então ele estava com sede. Logo ela começou a beber e receber transfusões diárias, a deixando mais forte para o parto. Carlisle já planejou tudo, até mesmo Alec irá participar para tirar a dor da transformação que Leah vai sentir.

— Quem disse? Agora tem mais um na disputa — Rose sorri orgulhosa, colocando a mão na discreta barriga. Ela está grávida de apenas dois meses, apenas esperando meu casamento passar para seguir com sua vida junto a Emmett e o bebê. Foi imposto pelos Vulturi que a condição para voltar a ser mortal, seria ter a memória apagada por meio do dom de Saphira, uma das recém-criadas que se entregou. Ela decidiu se unir aos Vulturi e acabou sendo a substituta de Alec na guarda. Ela e Jane até tem um rolo, pelo o que Alec me contou.

— Quando vai partir, Rose? — murmuro, olhando o reflexo dela no espelho.

— Logo quando for para a lua de mel — a loira desfaz o sorriso — sinto muito, Dora.

— Não, não precisa — sorrio — tudo bem, irmã. Você merece isso.

Ela sorri novamente, assentindo. Ela realmente merece. Rosalie lutou por sua vida por tanto tempo, que agora que ela finalmente pode viver e ter as oportunidades que sempre quis, ela não pode mais esperar. Já está grávida, agora só precisa recomeçar sua vida longe das coisas sobrenaturais.

Quando a hora finalmente chega, eu mal consigo andar de tanta emoção. Como sonhamos há um tempo atrás, Rosalie está tocando piano, a canção de ninar que Edward havia feito para mim. Papai me segura firme para que eu não caísse.

— Obrigada. Por tudo — sussurro para ele, que sorri.

— É uma honra ser seu pai, Dora — ele diz.

Seguro as lágrimas, reconhecendo nossa deixa para entrar.

O nosso jardim está minuciosamente decorado pela mulheres da família e Henry. Ele é um perfeccionista e o único homem da família que gosta de decoração, na verdade, é um artista. Foi transformado com vinte e cinco anos, enquanto voltava do seu trabalho em uma galeria de arte. Ele diz que agora poderá pintar pela eternidade e é grato por isso.

Os convidados nos olham sorridentes, Emily está chorando em uma das fileiras, sendo consolada por Sam. Madame Beaumont e as meninas da mansão também estão aqui, elas gritam e acenam quando me vêem, sendo repreendidas por uma tutora chorosa. Aceno para elas, sorrindente. Na verdade, eu não consigo parar de sorrir, seja por nervosismo ou felicidade. E quando eu olho para frente finalmente encarando o meu destino, eu tenho a certeza que não iria conseguir parar de sorrir por um bom tempo.

·.༄࿔

— Eu não acredito que vamos deixar eles falarem — murmuro, prevendo Emmett me fazendo passar vergonha.

— Não pode ser tão mal — diz Edward.

Estamos sentados olhando para o pequeno palco onde algumas pessoas iriam falar coisas sobre nós. O primeiro foi Emmett, claro. Mesmo humano, ele continua enorme e cheio de músculos. Seus olhos brilham como nunca antes, agora em tom azul.

— E aí, pessoal! Meu nome é Emmett e eu sou o irmão mais velho dos noivos e o mais gato também.

— Ei! — Henry grita em protesto.

— O segundo mais velho, desculpa aí, mano.  Mas continuo sendo o mais gato! — ele ri — mas continuando, eu estou aqui para falar sobre o casal mais enrolado da nossa família. Não que Esme e Carlisle tenha tido um começo exatamente fácil...

— Emmett — Esme lançou aquele olhar de quem iria puxar a orelha dele. E aposto que dessa vez iria doer muito.

— Eu não vou nem falar do emo e da anã de jardim...

— Eu disse que deveriam deixar só eu falar — comentou Jasper ao meu lado.

— Por que eu não te ouvi? — sussurrei.

— Mas eu e a ursinha somos completamente desencanados e de cara as coisas rolaram e...

— Ok, já pode partir para os elogios! — quase grito, fazendo meu irmão olhar suas anotações.

— Edward, o que eu posso dizer dele? — ele faz uma cara pensativa — meu irmãozinho é uma pessoa bem conservadora e séria. Ele tem uma mania muito chata de sempre saber o que estamos pensando, mas às vezes é legal porque eu consigo irritar ele com mais facilidade. Como por exemplo, sempre deixei claro que tenho muito orgulho da sua persistência e força.

— Ah, não — Edward murmura, olhando incrédulo para Emmett.

— ... por manter-se puro para depois do casamento. E ele nem mesmo é cristão! Só um velhote antiquado mesmo.

Isso gera várias risadas, inclusive minha. Edward me olhou com descrença, mas dei um selinho nele.

— É só uma brincadeira, querido — falo.

— E Pandora também segue a mesma caretisse, mas o lacre quase foi tirado pelo arqui inimigo do Eddie. E não, não estou falando do falecido lobão — mais risadas são ouvidas e um coro de "uhhhh".

— Eu vou matar esse desgraçado! — levanto, sendo segurada por Jasper.

— Não antes dos humanos irem embora — ele diz. Bufo e sento novamente.

— Ah, vamos lá. Não fiquem emburrados — ele sorri, mas depois fica sério — eu amo vocês. E tenho muito orgulho de ser um Cullen, de ter uma família tão incrível. Eu vivi anos incríveis com vocês e graças a você, irmãzinha, eu vou viver o resto da minha vida do lado da pessoa que eu mais amo no mundo, cercado por uma família enorme. Obrigado por fazer isso possível e mesmo que eu me esqueça de vocês, meu coração nunca esquecerá. Eu posso não viver para sempre, mas enquanto viver, será graças a você.

Palmas foram ouvidas enquanto ele desce do palco e eu só consigo chorar pelo irmão que eu perderia para a vida, mas que sempre estará comigo.

Logo depois Rose sobe e eu me preparo para mais lágrimas.

— Serei breve, não se preocupem. Falo menos que meu marido — ela ri — Eu não gostei de Edward no começo. Sempre senti que ele me rejeitava e isso feria a única coisa maior do que minha beleza: meu ego. Pela primeira vez na minha vida eu senti que não era suficiente e isso me deixou muito brava. Desde então eu sempre nutri uma pequena antipatia pelo meu irmão mais velho, mesmo depois de anos. E então Pandora chegou. E eu também não gostei da ideia de mais uma pessoa na família, mas ela... Ela me conquistou. E me deu uma nova chance de ser feliz. É muito mais do que eu poderia pedir. Nunca vou ter como agradecer o suficiente. Eu te amo, irmã. E te amo também, Edward. Vocês são perfeitos um para o outro e eu desejo que sejam tão felizes quanto eu e Emmett.

A loira sai chorando do palco e eu me surpreendo que mesmo humana e chorando, ela continuasse deslumbrante. Ela veio até mim e me abraçou. Ficamos juntas por alguns segundos, até ela se separar e ir sentar-se ao lado de Emmett, algumas cadeiras para o lado.

— Em nome de toda minha família, o clã Denali, eu quero dizer o quanto esses jovens são incríveis. Eu conheço Edward há mais tempo, um músico muito sensível, um garoto de ouro. Minha mais nova sobrinha Pandora também é uma garoto de ouro. E eu, como sua tia preferida — Carmen lançou um sorriso falso para Greta — desejo toda a felicidade do mundo para vocês. Vocês merecem, meus amores.

— Obrigada, tia — sorrio, batendo palmas como os outros. Ela desce e é substituída por Seth.

— Er, oi — ele cora, parecendo super envergonhado.

— Fofo! — grita Irina, o fazendo rir sem graça.

— Eu vim falar em nome de todo o bando... Quer dizer, quileutes. Quer dizer, os que conhecem os noivos, é claro — risadas — Pandora é uma garota bem legal e Edward é bem legal também, então eu acho que eles combinam. Apesar do passado dos nossos clãs não serem dos mais amigáveis, nós desejamos tudo de bom para vocês. Sempre nos lembraremos de você, Pan. Afinal, quase se tornou uma de nós — ele dá um sorriso triste — toda a felicidade do mundo para os noivos.

Bato palmas, sorrindo para o lobinho, que desce do palco.

Charlotte sobe, falando brevemente.

— Eu fico muito honrada em estar nessa celebração tão bonita, com pessoas tão especiais, que eu amo e admiro. Para sempre é muito tempo, mas quando estamos com quem amamos, nem um tempo é o suficiente. Aproveitem cada segundo, pombinhos — ela acena, saindo do palco. O mais novo membro dos Denali sobre correndo e pega o microfone.

— Que o seu amor seja tão grande quanto a cabeça do Edward e duradouro quanto o drama da Pandora. Amém — zoa Garrett, descendo do palco logo em seguida. Não me contenho e acabo rindo.

— Terminou? — pergunto.

— Claro que não — Jasper se levanta junto com Alice. Eles sobem no palco, Jasper pegando o microfone — eu não sou muito bom com palavras, mas quero dizer algumas coisas — ele faz uma pequena pausa — Edward sempre me ajudou a me adaptar a dieta especial da nossa família. Sempre esteve ao meu lado, assim como Alice. Não me levem a mal, toda a minha família é incrível. E quando Pandora chegou, tudo se complicou um pouco mais. Mas surpreendentemente eu não a mat — Ele olhou para as crianças e continuou — quero dizer, eu me adaptei a minha nova irmã e ela se tornou indispensável na minha vida. E claro, deu mais emoção e ação. Estava ficando entediado — outras pessoas concordam, me fazendo rir — torço para felicidade de vocês. Sempre.

— Obrigada — murmuro, sorrindo. Jazz é demais.

— Bom, agora é minha vez — Alice pegou o microfone do loiro — eu avisei. Avisei, Edward. AHÁ! Quem mandou não me ouvir? Eu disse que ela é o amor da sua vida. E acertei, como sempre.

— Eu sei, eu sei — Edward revira os olhos.

— Desejo a vocês tudo de bom, porque merecem. Depois de todo o drama, vem a diversão. Para sempre irmãos e sempre Cullen — ela manda um beijo para nós, colocando o microfone no lugar.

— Querida, é hora da nossa dança — Carlisle anuncia, me convidando a ir dançar com ele. Estou nervosa, mas ele nunca me deixar cair. Esse é meu pai!

·.༄࿔

— Querida, tudo bem? — Edward me pergunta, tocando meu rosto suavemente.

— Apenas lembrando — sussurro.

— De quê?

— Tudo — suspiro, mesmo que não seja exatamente necessário.

Depois do nosso casamento, passamos a lua de mel em uma ilha dada de presente por Jasper, um lugar paradisíaco. Já era esperado que eu engravidasse, é claro. Só não esperávamos que fossem gêmeos, uma menina e um menino. Logo depois do parto eu fui transformada, mas algo deu errado. Meu corpo não permitiu que eu me transformasse completamente, me tornando um tipo de híbrida. Eu não tenho o veneno dos vampiros, mas minha aparência está parada com dezoito anos. Minha pele brilha levemente e não é tão resistente, não tão fria. Meu coração bate tão lentamente, parece que estou quase morta. Papai se diverte tentando me decifrar.

— É bom recordar — diz finalmente o ex tope tudo. Agora seu cabelo está com um novo penteado, que o deixa com cara de mais velho.

— Sim — murmuro — que tal irmos para casa agora? Jake deve estar com saudades.

— Ele deve é estar se divertindo com a madrinha — ri.

— Alice mima muito ele — reviro os olhos, me levantando do campo florido.

— E Seth que não larga Elizabeth? — agora é a vez dele revirar os olhos.

— É o imprinting dele, afinal — falo.

— Acho que tivemos sorte. Poderia ser pior. — ele pega minha mão e começamos a andar rumo a nossa casa.

— Temos sorte por ser Seth — concordo — Liz parece tão feliz com ele.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas desfrutando a companhia um do outro.

— Eu amo você — falo sem pensar, olhando para o meu marido. Ele sorri, me olhando também.

— Vem cá, vamos aproveitar nosso para sempre — ele para de andar, me puxando para si.

— Sempre — beijo ele, sentindo a mais pura felicidade.

Estou feliz como nunca antes. Esse é só o começo da eternidade.