Esposa escrita por A Louca dos Cavalos


Capítulo 1
Até que a Morte nos Separe


Notas iniciais do capítulo

Um conto de tentativa de terror que escrevi e estava mofando na minha pasta de "Projetos não Postados" mas devido um post no grupo do Nyah, me fez querer postá-lo.
Espero que gostem, não é minha zona de conforto mas estou desejando poder criar outras.
Boa leitura! ♥



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Tentei desesperadamente abrir a porta de entrada mas sempre errava a fechadura ou perdia a chave correta nos dedos trêmulos.

 O ruído no andar de cima era incessante, bem como o arranhar das unhas na madeira, que me agoniava e impedia que eu se concentrasse.

 Cedeu e foi impelido para fora e a pilha de tranqueiras que eu havia colocado para impedir a passagem, fez com que ela tropeçasse e caísse.

 Apressei para a cozinha indo pegar alguma faca ou cutelo para arrebentar o trinco. Tamanho meu tormento que havia se esquecido da arma sobre o balcão.

 Em uma queda na escadaria, o corpo balbuciando se achegava mancando e desengonçada.

 Horrorizado retornei ao cômodo pegar a pistola esquecida e pela reação abrupta, derrubei-a.

 Perto, muito perto, minha esposa mexia os dedos descarnados e arrastava os sapatos nos cotocos de osso dos pés pelo chão sujo, tão encardido quanto sua própria roupa de sangue.

 —Querido! —A voz melodiosa e angelical, continuava a mesma. Bem como o rosto de bochechas coradas e olhos enérgicos, com os cabelos chocolate esvoaçantes.

 Imagem costumeira aos olhos, o impedia de vê-la como realmente se encontrava: as bochechas mostravam os ossos e a boca escorrendo líquido negro fétido, os olhos caídos para fora de seus buracos e o cabelo duro de vômito.

 Mirei a arma para a figura que deveria estar morta trajando sua última vestimenta, qual eu mesmo troquei para que se desfalecesse em paz e ao término, se transformara em um deles.

 —Vamos querido! —Sorriu. E esse sorriso me desmontava, completamente! Retribui o gesto tão terno.

 Desnivelei a calibre.45 e esperei-a se ajuntar a mim, encostei na porta esquecida com a chave pendurada.

 Grudou-se e me envolveu com seu abraço caloroso, como senti falta dessa sensação e de seu cheiro. Qual era mesmo? Maracujá com cidreira!

 Roçou a língua áspera em meu pescoço encharcando de saliva ou algo que pingava de seus lábios, seus dentes rasparam a pele e me arrepiei conforme se aprofundaram em minha clavícula, meus braços perderam as forças e as mãos relaxaram.

 Na lajota fosca o tilintar da arma caindo ecoou junto ao grito esganiçado.


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Notas finais do capítulo

Mais um conto escrito por mim, desta vez de um gênero diferente. Eu realmente adorei escrevê-lo e fiquei tão absorta tentando escrever outras coisas do gênero porém não obtive sucesso e me frieie e acabei nem postando este antes.
É isso, espero que tenham gostado e ao menos, dado para sentir um gostinho de "desespero".