À Espreita escrita por EsterNW, Entusiasta


Capítulo 3
Tons sombrios em tela


Notas iniciais do capítulo

Entusiasta:
Ficar ao ar livre é sempre bom. Sou grata a vocês, anônimos que estão acompanhando a história! Qualquer coisa a barrinha para comentar está em perfeito funcionamento.
Ester:
Hallo hallo, povo que acompanha essa original! Tudo bem com vocês? Hoje, saíamos do passado de Heitor e Camila e voltamos para o presente, em mais um dia normal desse apresentador que tá ganhando fãs aos pouquinhos.
Então come together, together as Heitor's fans!
Boa leitura ;)



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No sábado da mesma semana em que fiz minha estreia como apresentador do Cidade do Povo, recebi uma mensagem de texto da Camila enquanto estava deitado no sofá após o expediente.

Preciso comprar materiais de pintura. Você poderia me acompanhar?”

Se eu entendesse de tintas, tenho certeza que ela teria pedido para eu ir fazer essas compras sozinho. Minha namorada realmente não gostava de sair de casa, principalmente se tivesse de ir a lugares movimentados como o centro da cidade, que era onde ficava a loja de materiais artísticos.

Claro!”

“Chego aí em uma hora, seu apartamento é mais próximo da loja que minha casa.”

Olhei para a parede da sala, onde tinha colocado o quadro que comprei a ela. Camila era realmente talentosa, e sua pintura colorida tinha dado mais vida às paredes brancas do cômodo. Gostava de observá-lo, embora não compreendesse o que se passava na tela. Devia ser arte abstrata.

• •

Recebi uma ligação de minha namorada, que me informou que estava próxima ao meu apartamento. Quando desliguei o telefone, desci até o térreo pelas escadas.

— Boa tarde, seu Heitor! – Fui cumprimentado pelo gentil porteiro, Manoel.

— Boa tarde! Já disse para não me chamar de "seu", sou mais novo que o senhor.

— Desculpe, eu não vou conseguir me acostumar te vendo todo dia na televisão. Aliás, o sen... você estava ótimo hoje no programa.

— Agradeço o elogio, acho que estou pegando o jeito. Minha namorada está chegando, preciso ir. Até mais!

Continuei meu caminho pelo térreo andando sobre o tapete bege até chegar à porta. Quando a abri, vi que Camila chegava naquele exato momento. Seu moletom aberto tornava possível que eu visse a camisa branca bem ajustada em seu corpo esguio. Uma bolsa transversal completava seu traje discreto, além dos seus longos cabelos negros que sempre cobriam parte de seu rosto. Mas não foi só isso que eu vi.

— Nossa, acho que algum pássaro passou voando bem rápido por aqui. Ao menos eu tive essa impressão. Vamos?

Assim que ela assentiu, pus meu braço direito em cima de seus ombros e fomos abraçados até o estacionamento do prédio onde eu moro.

— O que faltou dessa vez, querida? – perguntei enquanto dirigia à caminho da loja.

— Algumas cores de tinta e telas.

— Fico feliz que você esteja conseguindo vender seus quadros. Parece que as coisas melhoraram depois que você mudou o local onde os vendia, não é mesmo?

Camila concordou com a cabeça e voltou sua atenção para a janela, talvez buscando inspiração para seus próximos quadros olhando para os prédios que aumentavam cada vez mais de tamanho ao longo da estrada, ou então para as árvores que tornavam as ruas mais bonitas. Campos dos Jucás é uma bela cidade, ao menos no lado luxuoso. Preferi não interromper os pensamentos de Camila durante o resto do trajeto, visto que ela carregava em seu rosto uma expressão pensativa. Passamos então alguns minutos de silêncio.

— Pode ligar o rádio? – ela me pediu.

Fiz isso assim que paramos em um sinal vermelho. Um dos grandes sucessos do ano estava tocando: Porto Alegre, do Fresno. Vi um sorriso se formar nos lábios de minha namorada quando percebeu que música era. Camila gostava muito dessa banda, não sei se era só por ela ser emo. Acompanhei o vocalista em certo trecho da música, fazendo ela rir. Meu talento fica só na área jornalística.

• •

— Ah, como eu amo esse lugar! – Camila comentou ao entrarmos na loja com uma empolgação que eu poucas vezes vira nela.

Prateleiras e mais prateleiras estavam cheias de materiais para trabalhos manuais, muitos dos quais eu não conhecia. Minha namorada andou rápido na minha frente pelos corredores quase vazios do local, como quem sabia onde estava tudo o que procurava. Me aproximei dela com uma cestinha de compras em mãos.

— Então, vai ser tinta a óleo?

— São muito caras e demoram a secar – ela me respondeu com uma embalagem de tinta na mão. – Acrílica também serve. – E pôs o que segurava na cesta. — Magenta já foi, agora...

Desviei minha atenção das palavras dela quando percebi uma movimentação estranha não muito longe de onde estávamos, mais perto da porta da loja. Mesmo sem saber o que era procurei com os olhos, mas sem sucesso. Voltei a olhar para Camila quando outra embalagem de tinta foi posta na cesta que eu segurava.

— O que foi?

— Deve ter sido algum funcionário passando, não vi muito bem com o canto dos olhos.

— Você tem visto muitas coisas hoje.

— É verdade – confessei com um sorriso sem graça. – Devo estar ficando paranoico. Ainda faltam muitas tintas?

Camila não parecia prestar atenção no que eu estava dizendo, olhando pensativa para as tintas acrílicas. Por fim, ela pôs duas pretas na cesta.

— Preciso muito dessa cor – ela comentou. – Para meus trabalhos futuros.

— Confesso que prefiro as pinturas coloridas. – Só percebi o quão infeliz foi meu comentário quando sua expressão um tanto animada voltou para a apatia tradicional. Ela assentiu com a cabeça e voltou a olhar para as tintas. – N-não que eu não goste das mais escuras, claro. É que as claras são... é... mais alegres. – Ela pôs mais duas tintas pretas na cesta.

— Terminei aqui. Vamos pegar telas. – E saiu outra vez na minha frente.

— Camila, espere! Eu não disse por mal!

Quando ela entrou em um corredor, vi à minha frente alguém que eu não esperava: meu fã. Pensei em cumprimentá-lo alegremente, mas a sua expressão séria fez com que me sentisse obrigado a desmanchar o esboço de sorriso que se formava em meus lábios. Seus olhos escuros me encararam de maneira penetrante por pouco tempo, mas foi o suficiente para deixar-me paralisado. Não demorou muito e ele sumiu pelos corredores. Era impossível para eu compreender o motivo de tal reação dele e, ainda parado no corredor, comecei a ficar apreensivo. Aproximei-me então de minha namorada, que passava os olhos pelo tamanho das telas ainda com a mesma aparência que eu a tinha feito ficar. Nem me deu atenção quando cheguei.

— Camila, eu vi ele aqui. O meu fã daquele dia no restaurante.

— Que legal. – Fui respondido com ironia.

— Mas ele... estava diferente. Olhou para mim seriamente, e seu olhar era tão intenso que me impediu de sair do lugar. O que será que ele quer?

— Vamos embora. – Inesperadamente, ela pôs várias telas diferentes em cima da cesta, puxando-me pelo braço até o caixa vazio mais próximo. – Não quero passar mais nenhum minuto aqui.

— Mas você estava tão feliz... – Pus os materiais comprados na esteira enquanto a atendente passava os códigos de barras por aquela luz vermelha. Um jovem rapaz já estava  posicionado, pronto para empacotar tudo. A reação de Camila me fez esquecer meus pensamentos anteriores sobre aquele homem. – Eu estraguei tudo, não foi? Me desculpe... Seus quadros são maravilhosos, tanto os coloridos quanto os escuros. Você é tão talentosa, tudo o que faz fica lindo.

A senhora no caixa anuncia o preço a ser pago, e minha namorada entrega a quantia exata para ela. Sem perder tempo, Camila pegou suas compras e se dirigiu à saída, fazendo-me ir rapidamente em sua direção.

— Com licença, senhor – ouvi a atendente dizer e virei meu rosto para vê-la. – O senhor por acaso é o Heitor Fragoso, do Cidade do Povo?

— Sou sim. – "Lá vem", pensei.

— Será que poderia me dar um autógrafo? – A senhora estendeu para mim um caderninho e uma caneta, não pude negar isso a ela.

Assinei rapidamente uma das folhas e deixei uma pequena dedicatória antes de ir depressa ao encontro de minha magoada namorada. Encontrei-a próxima ao carro, ainda com a cara fechada. Passei em sua frente e abri a porta que dava para o banco do co-piloto, mas ela preferiu sentar-se no que ficaria atrás de mim.

Fechei meu cinto de segurança com um suspiro, muitas coisas se passavam na minha cabeça naquele momento. O estresse de Camila somado à estranha aparição do meu fã faziam meus pensamentos se embaralharem, logo seria eu a ficar estressado. Foi então que, em algum momento do trajeto, ouvi o barulho de um cinto sendo aberto e em seguida senti lábios encostarem suavemente em meu ombro direito.

— Não precisa se preocupar – sussurrou ela –, não estou mais com raiva. Tudo que eu queria era sair dali. Não estou muito bem para ficar em lugares públicos.

Sorri enquanto a ouvia retornar para sua posição anterior. Camila podia ser um tanto seca, mas sabia me tranquilizar muito bem mesmo fazendo pouco. Era um peso a menos nas minhas costas. Saber que podia contar com sua companhia me deixava mais confiante para enfrentar outras dificuldades. O que meu fã desejava? Era algo que, naquele momento, eu não tinha como saber.

— Pode me deixar no início do meu bairro, querido? Parece que vai chover.


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Notas finais do capítulo

Ester:
Mas de novo esse cara? Será que ele não tem vida? Será que ele gosta tanto de Heitor? Será que ele só queria comprar tinta? Será que é pavê ou pacumê? Não perca na próxima segunda, na Espreita-Reporter -q
Até mais, povo o/



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