À Espreita escrita por EsterNW, Entusiasta


Capítulo 13
Rede de contatos


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Hallo hallo, povo! Como está a curiosidade de vocês pra saber o que Tárcio quer conversar com Heitor, hein? Descobriremos isso... Agora!
E também temos esse aesthetic que eu fiz do Heitor e da Camila (okay que eles não são um exemplo muito bom de casal, mas a música combina :B), quando eu estava testando uns novos modelos de aesthetic.
Boa leitura ;)



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Depois de trocar poucas palavras com Tárcio, desliguei o telefone enquanto colocava o brinquedo que encontrei no sofá dentro do bolso, passando a prestar atenção no ambiente mais uma vez, exatamente na hora que ouvi passos vindos da cozinha.

— Parece que alguém está no mundo da Lua. Faz um tempo que estou…

— Desculpe, Camila — a interrompi, me esforçando para disfarçar o que sentia naquele momento ao levantar do sofá.— Recebi uma ligação de Tárcio e vou precisar sair. Pode ficar com a lasanha.

— Ao menos leve um pedaço com você, vou colocar num pote.

— Não precisa, tenho que chegar logo onde ele está. É um caso urgente.— Abri a porta da casa apressado e Camila veio atrás de mim.

— Querido, espere.

Virei-me para ela e fui surpreendido com um beijo. Em qualquer outro momento de nosso namoro eu não me incomodaria nem um pouco com isso, mas esse não era o caso daquela vez. Não sabia quem era aquela que estava a me beijar. Não mais. Apesar de querer quase desesperadamente fugir, tive que permanecer em seus braços até que ela decidisse me soltar, para evitar suspeitas. Caminhei rapidamente até onde estava o carro e, vendo minha movimentação, Hernandes e García logo fizeram o mesmo.

— O senhor voltou rápido, patrão. Aconteceu alguma coisa?

Pensei por um momento antes de responder a pergunta feita por García. Eu deveria falar para eles tudo o que eu descobri ou aguardar mais um pouco?

— Recebi uma ligação de Tárcio, preciso ir vê-lo rapidamente — respondi, preferindo a segunda opção.

— Então vejo que foi coisa séria. — Hernandes fez um sinal para entrarmos no carro e assim fizemos todos. — Para onde você quer ir?

— Ainda não sei, só… — fiz uma pausa antes de continuar. — Só me tirem daqui.

Com os cotovelos em cima das coxas, curvei-me para apoiar a cabeça nas mãos. Os seguranças não me fizeram perguntas, mas consegui vê-los se entreolharem antes de

García começar a dirigir. Sentia o carrinho de brinquedo em meu bolso, a maior prova de que tudo o que eu negava era realidade. Abominava-o por ter feito minhas esperanças começarem a se despedaçar, por ter transformado minha namorada em… Em quê? Esses pensamentos me deixavam com um aperto no peito. Uma farsa! Quem diria?

No outro bolso, meu celular vibrava. Uma mensagem de meu amigo dizendo o local em que ele me esperava surgiu na tela. Como eu torcia para que as informações que ele conseguiu inocentassem Camila, mesmo que isso fosse contra toda a realidade.

Compartilhei com os seguranças o conteúdo da mensagem enviada por Tárcio e imediatamente passei a ser conduzido à lanchonete que ele indicou.

Vinte minutos depois chegamos a um pequeno estabelecimento quase vazio. Da porta, conseguia ver Tárcio alegre com uma tigela de açaí em uma das mãos e com a outra acenava para mim. Dando as mesmas instruções de mais cedo aos seguranças, entrei abatido pelas portas de vidro.

— Pode sentar. Já pedi um igualzinho pra você. — E bateu com o indicador na tigela, que estava pela metade. — Como tem sido as coisas ultimamente com Natalie?

— Esse nome… — Suspirei. — Me esforcei para seguir sua orientação, acho que ela não reparou em nada.

— Ótimo, rapaz. Você precisa ver o que eu encontrei.

— O que quer que você tenha encontrado, não pode ser mais surpreendente que isso.

Sob o olhar curioso de meu amigo calvo e com contatos misteriosos, tirei o brinquedo do bolso e o deixei em cima da mesa.

— Onde… — Tárcio foi interrompido pelo funcionário da lanchonete, que deixou a tigela de açaí e se retirou rapidamente. Marshmallows, castanhas, granola, leite em pó e aparentemente todo tipo de frutas também faziam parte do que havia sido pedido para mim. — Onde você encontrou isso?

— Fui à casa de Camila há pouco tempo, para descobrir coisas. Íamos jantar juntos. Ela foi para a cozinha e me deixou na sala para assistir televisão. Senti algo atrás de mim e peguei achando que fosse o controle. Não era. Nessa mesma hora você me ligou.

— Então foi em um bom momento — ele disse, segurando o carrinho com uma das mãos.

— Foi uma ótima desculpa para sair de lá. — Suspirei novamente, olhando para o açaí. — Não queria que isso tudo fosse verdade. De repente Camila se transformou em Natalie e eu fiquei sem saber com quem estava namorando. — Finalmente, comecei a comer.

Depois de mais um tempo conversando, Tárcio me contou o motivo de ter me ligado. Suas fontes o entregaram diversos papéis sobre o caso e naquela hora eles foram colocados em cima da mesa.

As xerox coloridas logo chamaram minha atenção: documentos falsos com fotos de Natalie nos mais variados tons de cabelo e nomes diferentes em cada um. O depoimento de uma das funcionárias da escola, dizendo que Natalie foi buscar seu filho na escola em certa data e não voltou mais. O vizinho, que disse não ter percebido nada estranho nela ou alguma movimentação estranha. Por último, o depoimento de Edgar, que dizia exatamente a mesma coisa que tinha me contado no apartamento da pensão.

Olhei para Tárcio impressionado, tanto pelo conteúdo dos papéis como por ele ter conseguido acesso a todas aquelas informações.

— Pode ficar com eles para analisar com mais cuidado em casa, se quiser. Espero que tenham te ajudado com alguma coisa, mesmo com a descoberta desse carrinho.

— Não tenha dúvidas disso, amigo. Eu preciso tomar uma decisão sobre esse assunto, e logo. Cami… Natalie cometeu crimes, você sabe, mas precisa de ajuda. Edgar precisa de ajuda. O filho dos dois precisa de ajuda. Parece que o mundo inteiro depende de mim, me sinto como o protagonista de um dos casos do jornal. — Sorri nervosamente com uma das mãos no rosto.

— Sua história pode aparecer lá um dia, quem sabe?

— Para isso, o caso precisa ser encerrado. Muito obrigado por estar me ajudando com isso, imagino que deve ter sido uma luta para conseguir as cópias desses documentos.

— Ah, nem foi tão difícil assim. — Ele sorriu convencido enquanto mexia a colher dentro da tigela de açaí já vazia. — Gostaria de comer mais alguma coisa? Sei que você não jantou.

— Deveria eu ficar sentado tranquilamente nessa lanchonete enquanto o mundo parece desabar ao meu redor?

— Ora, vamos! Nada de mal vai acontecer se você comer um ou dois salgados comigo, garoto.

Tárcio era muito convincente, como eu já devo ter dito, e me fez aceitar seu convite.

O garçom trouxe nossos novos pedidos depois que terminamos de arrumar a mesa. Foram bons momentos, mas uma hora precisei chamar os seguranças para voltar ao prédio em que eu morava.

Senti-me triste enquanto estava no carro, era como se eu estivesse sendo arrastado para um lugar que eu não queria ir. Mas era preciso encarar os fatos: mesmo não tendo nada a ver com esse caso, acabei me envolvendo até o pescoço na história deles dois, por acidente.

Por que Natalie havia me escolhido, afinal? Naquela época, essa era uma das coisas que eu não sabia.

Um tempo depois de ter chegado em casa, encarei a pasta com os papéis que Tárcio me entregara. As informações que eu tanto havia procurado estavam ali na minha frente, comprovando que tudo aquilo que eu sabia era uma mentira, e que aquele que me atormentou por semanas não tinha as intenções que eu pensei que tivesse. Um homem atormentado, uma mulher com um problema psicológico e uma criança inocente estavam praticamente em minhas mãos, não era hora de me lamentar por ter sido enganado, e sim de agir. E foi exatamente o que fiz.


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Notas finais do capítulo

Ester:
E esse Tárcio cheio dos contatinhos da
época de quando era repórter policial, hein? Hummm, seu Tárcio, você não engana ninguém com seus salgados e seu açaí -q
O que será que menino Heitor vai fazer? Que ele não seja impulsivo D:
Até segunda que vem o/